Joana abriu os olhos. Demorou para que reconhecesse o lugar em que estava. Piscou algumas vezes para se dar conta de que era a casa de sua tia. Ela tentou esparramar o corpo pela cama, mas, esqueceu-se que era uma cama de solteiro e quase caiu de cara no chão. Naquele momento, sentiu falta do corpo quente e macio de Théo, no qual se abraçava todas as manhãs como um ritual para que o dia começasse bem, e não pode deixar de se perguntar se, com a quebra daquele ciclo, aquele dia seria tão bom quanto foram os dias passados. O celular dela tocou e ela sabia que era hora de trabalhar. Colocou o travesseiro
Diferente do dia anterior, naquele dia Joana não acordou só. Daquela vez ela estava aquecida, não pelo corpo de Théo, mas, pelo de Edgar. Os olhos dela se abriram lentamente com preguiça, mas, antes disso, ela sentiu a sua pele sobre a dele. Ela abriu os olhos e viu que eles estavam na fazenda, como sempre sonharam que seria – o que a fazia crer que aquilo, talvez, fosse apenas um sonho. Ela ergueu o corpo na cama e fechou os olhos por alguns instantes pensando que a qualquer momento poderia despertar, mas, quando abriu os olhos viu que ainda estava ali, ao lado dele. Não era um sonho. Ela sorriu, depoi
Por mais que se esforçasse para tentar se convencere que a situação em que estava envolvida era completamente errada, Joana falhava miseravelmente, pois, ela via Edgar dar o melhor de si para que ela quisesse estar ali e, de alguma forma, ele conseguia fazer com que toda aquela loucura valesse a pena. Eles tinham uma vida que Joana poucas vezes se permitiu ter ao lado de Théo: saíam para cavalgar, explorando as belezas naturais da fazenda ou preenchiam as terras com música e dança. em alguns períodos, no entanto, a casa era preenchida pelo trabalho de Edgar enquanto Joana resolvia as coisas da e
O quarto do hotel era pequeno, um pouco desproporcional para o tamanho da cama, que era imensa, mas, Joana estava bem daquele jeito, ou chegava o mais próximo possível de estar bem. Esperava que as paredes do quarto pudessem de, alguma forma, comprimir seus pensamentos. Ainda estava em choque com o que acontecera. Ligou a TV para tentar esquecer da realidade e ficou trocando de canais, mas, não escolheu nada para assistir – há quanto tempo não fazia aquilo? Violeta correu para a sala sendo chamada, aos gritos, por Mirtes. Alguma coisa “nova” deveria ter acontecido no mundo da política - Mirtes adorava essas coisas enquanto ela não entendia absolutamente nada sobre o tema, mas, ainda assim, tentava acompanhar a esposa em sua paixão. Quando, finalmente, alcançou a sala viu que a notícia tinha acabado de passar, mas, ela conseguiu ver a imagem de Théo com seus óculos aviador passando pela tela. Não era política, então… Edgar tentou ligar algumas vezes para Joana, mas, ela não o atendeu. Em um momento seu celular vibrou, mas, era apenas uma mensagem dela dizendo que não poderia ligar para ele, pois estava com Théo e que, mais tarde, eles iriam conversar. Ele pegou o celular e quase o jogou na parede, mas, ainda lhe restava alguma racionalidade, então, ele suspirou e pôs o celular no aparador. Decidiu que o melhor a fazer era aguardar Joana chegar para que, como ela dissera na mensagem, eles pudessem conversar. Para Joana, o velório de Sampaio foi triste por Théo, e, ao mesmo tempo, cheio de tensão, pois, do outro lado, Daniel olhava para ela de soslaio a cada instante que se aproximava de Théo. Ela, no entanto, não se deixou abater pelos olhares desagradáveis do ex-cunhado. Jamais deixaria que qualquer tipo de ameaça a afastasse de Théo no momento em que ele mais precisava dela e em um momento em que ela poderia oferecer para ele todo o conforto que ele lhe deu no período em que Torres estava doente. Ela percebeu, com alívio, que Théo já não chorava como antes; o queSE CORTAM OS FIOS
SAÍDA DE EMERGÊNCIA
FORMAS DE DIZER ADEUS
Depois de muito tempo, Edgar sentia que tinha feito a coisa certa da maneira certa. Agora ele estava em paz consigo e estava feliz por isso, afinal, há muito tempo não se sentia desse jeito. Estava na casa das tias. Optara ficar ali, pois, queria aproveitar com elas o tempo que ainda tinha no Brasil, até porque ele sabia muito bem que elas não iriam tão cedo para o Japão e ele esperava nunca mais ter que voltar ao Brasil. Contou para elas da decisão de se manter definitivamente longe de Joana, ocultando, é claro, a parte da bebida e do sangue. Falou, ainda, que estava aguardando a confirma&ccedi
Sem saber bem o porquê Joana tinha optado por desistir da venda do apartamento e resolveu voltar a habitá-lo. Logo que chegou percebeu que a ausência deles durante aqueles meses fizeram com o que antes era um lar, carregasse, agora, um aspecto fantasmagórico. Ela suspirou pensando na trabalheira que teria para ressignificar aquele lugar. Levou alguns dias para que, por si só, pusesse tudo em ordem e, finalmente, pudesse parar para apreciar o mar que embelezava a sua janela - como sempre fizera. Foi nesse momento que percebeu que, mesmo com tudo no lugar, a casa ainda estava sem vida. “É isso”