E com Abel também.
– Simon... – chamou Dante.
– Sim?
– Será que depois do almoço... Eu e o Abel podíamos dar uma volta na cidade?
– Na cidade? Mas a essa hora as ruas devem estar lotadas, tem certeza?
– Eu já fui lá várias vezes. Não se preocupa, nós só vamos ficar de bobeira lá – era obvio que era mentira. Eles iriam, na verdade, para um lugar secreto que só o ruivo conhecia naquela cidade, mas não falaria isso ao irmão, pois, obviamente, ele não permitiria – Então? Pode ser?
– Humm... Acho que tudo bem. Rodrigo?
– Por mim tudo bem também. Deixe os meninos se divertirem um pouco. Mas lembrem-se que vocês têm que voltar antes do
Nos dois dias que se passaram, Dante e Abel estavam passando por uma situação muito tênue. Por um lado, estavam felizes com a presença um do outro, querendo ter um contato mais próximo e aproveitar daquilo que sua amizade lhes fornecia. Mas, por outro lado, estavam mergulhados em duvidas crescentes sobre seus sentimentos, enchendo-os receio pelo que poderiam acontecer, e, ao mesmo tempo, desejando muitos mais um do outro.Para os dois adolescentes, perder aquela felicidade não era mais uma opção.Ambos precisavam um do outro em suas vidas.Tantas coisas aprendidas. Tantas coisas a se compartilharem e tanto pelo que dividir. Eles haviam encontrado um no outro o que precisavam para serem completos. Um laço forte que surgira em tão pouco tempo, e que não poderia ser quebrado.Mas, admitir o que realmente senti
– Ah... Está bem.Abel sorriu, e ficou a pensar naquela conversa incessantemente.Ele segue o amigo até o chalé da família Barbosa, em silencio. Durante o caminho todo, eles não trocaram uma palavra sobre o assunto de antes, preferindo falar de outras coisas ou apenas andando sem dizer nada. O jovem de cabelos bicolores se perguntava no que tinha acabado de acontecer, no que aquilo podia significar.E no que viria a acontecer.***No dia seguinte, na hora do almoço, todos se reuniram na cozinha para almoçarem juntos e curtirem uma última volta na cidade. Era a véspera do retorno para São Paulo.Desde a noite passada, Dante parecia estranhamente distante de Abel. Era educado, trocava algumas palavras de vez em quando, mas não parecia querer conversar sobre a
No instante em que ia virar a página de seu livro, ouve-se o som da porta do quarto se abrindo. Dela, aparece Dante com o olhar mais perdido que Abel já vira em toda a sua vida. O mesmo havia saído a uma hora atrás para respirar fundo do lado de fora da casa, mas, ao entrar de repente no recinto, Abelardo ficou com uma sensação estranha.– Dante? Oi cara... Está tudo bem?– Tudo...Abel se endireita na cama, ficando sentado e vendo como o amigo parecia desorientado e retraído. A princípio pensou que ele estivesse apenas cansado, mas era evidente que ele continuava com a mesma distância de antes. Por instinto, ele se levanta e vai se aproximando do ruivo, querendo ver se eles estava bem mesmo.– Está tudo bem mesmo? Não aconteceu nada, não é?&ndas
Nem em um milhão de anos o jovem Gonçalves cogitaria uma opção tão absurdamente ridícula como aquela.Abandonar Dante seria o mesmo que arrancar um pedaço grande e dolorido de sua alma. Não mais pensando com a razão, e sim com o coração, ele simplesmente mandou tudo o que havia pensado e prometido a si mesmo pro inferno, lembrando daquilo aquilo que Rodrigo havia lhe dito: conquistar aquilo que queria. E Dante podia espanca-lo e xinga-lo de qualquer coisa, mas nada mudaria o que ele sentia por Dante.Então, em uma ação de extrema coragem, Abel, com o rosto vermelho e olhos fechados, vai se aproximando de Dante, um passo de cada vez. O outro não percebe, a princípio, o que o menor estava fazendo. Até que, em uma ação totalmente inesperada, Abel levanta a cabeça...E
Simon havia saído do quarto assustado, ao ouvir gritos vindo do quarto dos meninos.Ao sair pela porta, via Dante correndo apressado até a porta da frente e sair de casa noite adentro, para o meio da floresta.– Dante! – ouve-se a voz de Abel, indo atrás do ruivo.– Mas que diabos está acontecendo?! – perguntou Simon, assustado ao interceptar Abelardo – Pra onde o Dante foi?!– Eu não sei! Preciso ir atrás dele! – mas, antes que o jovem pudesse correr para a porta, ele é segurado por Simon.– Mas o que houve?! – diz Rodrigo, saindo apenas com uma toalha enrolada na cintura e com o cabelo molhado – Por que toda essa gritaria?– E-eu não posso dizer...– Abel... – tentou dizer Simon.
– A verdade, é que eu tinha vergonha de estar gostando de você desse jeito também... Eu tinha medo, de que você sentisse nojo de mim e se afastasse. Você se tornou meu melhor amigo, uma das pessoas mais queridas de minha vida, e não queria te perder... Mas, com o passar do tempo, não teve como não me sentir atraído por você e...Acho que acabei me apaixonando por você, Dante.Os olhos do ruivo se arregalaram, com um brilho intenso.Ouvira direito? Apaixonado? Isso era chocante para o ruivo, que nunca se sentiu tão feliz.– Não brinca com isso Abel, que eu estou com o coração na mão nesse momento...– Nunca brincaria com algo assim, bobão. Eu to apaixonado por você – disse sorrindo, com risos meigos e emocionados.<
No dia seguinte, todos acordaram cedo. Estavam ansiosos pela viagem de volta para casa.Os rapazes foram arrumando suas malas e suas mochilas, deixando todo o quarto arrumado e limpo. Depois de tomarem banho e comerem um delicioso café da manhã, desciam com as coisas para fora da casa e colocavam tudo dentro do porta-malas do carro de Simon.Foi uma viagem muito feliz e incrivelmente mágica. Com certeza os dois casais enamorados não a esqueceriam por um bom tempo.Logo estavam com tudo pronto, com os idosos gentis juntos para se despedir.– Foi um prazer em te conhecer Abel, muito mesmo! – disse a senhora Anna Barbosa, o abraçando forte e sorrindo com alegria, assim como o jovem de cabelos bicolores – Volte sempre que quiser meu querido.– Voltarei sim, com certeza! – ele a abraça mais, ri
– Pode deixar! – falou animado, rindo com os cabelos todos desalinhados. Ele ajeita os cabelos de novo, olhando então para Dante.O ruivo se aproxima de Abel, e, assim que Patrícia se distancia um pouco para continuar a falar com os outros dois adultos, Dante sorria e falava bem próximo do rosto do outro:– Eu... Nem sei como me expressar nesse momento... Eu ainda to meio perdido nas palavras... – eles soltam uma risada sem jeito, mas Dante continua – Bem... Obrigada. Por ter vindo com a gente e... Por tudo. Por estar comigo.– Sempre estarei. É o único lugar que quero estar – disse sincero, fazendo o maior corar como um tomate. Ele ficava tão fofo daquele jeito! – Você... Não quer ficar um pouco? E depois te acompanho até em casa? – deu o convite, que para o ruivo era bem tentador.