Amber
O cenário era exatamente o mesmo.
A mesma sala. A mesma postura controlada. O mesmo homem.
Minha mente estava plena, ativa, desperta para tudo que havia sido roubado de mim. Durante três anos, vivi na ignorância. Quando ele me encontrou, acreditei nas meias verdades, nos olhares suaves de Leonardo, nas promessas sussurradas no escuro. Mas agora, tudo estava claro. Cada peça se encaixava, e eu via a mentira em sua forma mais crua.
Eu estava grávida dele. De novo.
E, de novo, ele tentava me manipular.
Respirei fundo, lutando contra a onda de fúria que me consumia, e bati a porta atrás de mim com força. O som ecoou pela sala, quebrando o silêncio pesado que pairava entre nós. Leonardo não reagiu imediatamente. Apenas soltou o ar lentamente, como se tentasse reunir todas as provas antes de falar.
"Entre e sente-se",
LeonardoPermaneci ao lado dela enquanto os acessos continuavam, seu corpo estremecendo a cada onda de náusea. Sua respiração vinha entrecortada, o peito subindo e descendo de forma irregular. Mas, aos poucos, ela foi recuperando o controle, os tremores diminuindo até que apenas s
MartinaA voz de Amber ecoava nos meus ouvidos como um maldito martelo batendo contra minha cabeça.
AmberO silêncio dentro do carro era insuportável.Leonardo estava ao meu lado, com os braços cruzados e o maxilar travado, enquanto eu permanecia o mais distante possível, com os olhos fixos na paisagem do lado de fora. Cada curva da estrada passava sem que trocássemos uma única palavra, mas o peso do que havia acontecido ainda pairava no ar como uma tempestade prestes a desabar.Magnus, ao volante, parecia o único consciente do quão sufocante o clima estava.E pela primeira vez desde que o conheço, ele parecia incomodado.Seu olhar alternava entre mim e Leonardo pelo retrovisor, analisando cada expressão tensa, cada suspiro pesado, como se estivesse prestes a intervir.Ele limpou a garganta, tentando quebrar o gelo."Bom, pelo menos a enfermeira disse que está tudo bem com o bebê, né?"Nada. Nenhuma resposta.
LeonardoAmber suspirou, soltando as mãos de minha avó e erguendo os olhos para mim."Com licença, preciso ver as crianças", disse baixinho.De imediato, dei um passo à frente. "Eu também vou..."Mas antes que pudesse continuar, sentio golpe firme da bengala de Nonna Rosa acertando minhas canelas, me fazendo travar no lugar."No, ragazzo", (Não, garoto) ela disse, sem hesitação.Minha mandíbula se contraiu. "Nonna, eu..."Ela bateu a bengala com mais força, me obrigando a dar um passo para trás."Temos assuntos a resolver antes."Soltei um suspiro irritado e observei Amberaproveitar a distração para subir as escadas sem olhar para trás.Ótimo.Mais um momento em que eu queria estar com ela eela me evitava.R
AmberO quarto estava mergulhado na penumbra, iluminado apenas pelo abajur ao lado da cama. O silêncio da noite envolvia o ambiente, interrompido apenas pelo som da respiração tranquila dos gêmeos ao meu lado.Pisquei algumas vezes, tentando me situar de onde eu estava e garantir que tudo estava bem, e foi então que o vi.Leonardo estava sentado no chão, encostado na parede, a cabeça inclinada para o lado, dormindo profundamente. Seu corpo estava tenso, como se mesmo em seus sonhos ele não conseguisse relaxar.Meu peito se apertou.Ele estava exausto.Eu sabia quenão era só euque estava carregando o peso de tudo isso.Por mais brava que eu ainda estivesse,vê-lo ali, sozinho, vulnerável, partiu meu coração.Me levantei da cama com cuidado, certificando-me de que Bella
AmberO sol começava a despontar no horizonte quando finalmente desviei os olhos da tela. Meus ombros estavam tensos, minha visão cansada e minha mente pulsava com a enxurrada de informações que eu havia absorvido ao longo da noite.O dossiê sobre Martina.Cada prova, cada acusação, cada testemunha.Leonardosabia tudo. Eleinvestigou cada detalhe, reuniu cada evidência, montando um quebra-cabeça sombrio sobre a mulher que vinha assombrando nossas vidas.E agora,eu entendia o que ele estava fazendo.A dor da mentira ainda era um peso no meu peito, mas… depois de ver aquilo,eu não podia negar que ele tinha um motivo.Os crimes de Martina iam além do que eu imaginava.Corrupção, lavagem de dinheiro, suborno, agressão,
LeonardoEu ainda tentava absorver tudo o que Amber havia descoberto.Peter estava infiltrado na MGroup o tempo todo, desviando milhões, e, por mais que eu tivesse dezenas de auditores e especialistas em segurança,foi Amber quem encontrou a brecha.A mente brilhante que, mesmo depois de tudo, ainda estava ao meu lado, ajudando a proteger o que construí.Soltei um suspiro pesado e cruzei os braços, apoiando o quadril na beira da mesa."Qual é o próximo passo?"Amber ergueu os olhos da tela do computador, seus dedos ainda pairando sobre o teclado. Seu olhar era afiado, determinado.Ela já tinha um plano."Vou voltar para a empresa e colocar o Projeto Sombra em ação."Minha coluna se enrijeceu no mesmo instante."O quê?"El
LeonardoAssim que saí pela porta da frente, os flashes das câmeras dispararam em minha direção.Os repórteres ainda estavam ali,famintos, esperando por qualquer migalha de resposta.“Sr. Martinucci, o senhor vai se pronunciar sobre o vazamento da gravidez?”“Como está sua amante depois da polêmica?”“Os boatos de que o senhor e a senhorita Ricci estão voltando são verdadeiros?”Não parei.Não dei sequer um olhar para eles.Apenas segui direto para o carro, onde Magnus já me esperava ao volante. Assim que fechei a porta, o vidro escurecido abafou o caos do lado de fora.Magnus deu partida no carro e logo saímos da propriedade, deixando os jornalistas para trás.Ele olhou para mim pelo retrovisor, medindo minha expressão.&nb