Olivia Bucker -
Três dias se passaram e Emma virá buscar Liz em alguns minutos. Apronto-a e assistimos à televisão enquanto esperamos. O dia está nublado e cinzento, estranho e desanimador. O desenho favorito de Liz começa, o que a deixa profundamente animada. De repente, a campainha toca.
"Deve ser Emma", penso.
Corro para abrir a porta. Nos cumprimentamos, com um leve abraço e um beijo no rosto. Emma entra e rapidamente se vira para mim. Ela está de cabelo preso, o que a deixa diferente, mas bonita. Me encarando, Emma se dirige a mim.
- Liv, não quero demorar muito, vim apenas buscá-la. Antes de qualquer coisa, porém, preciso dos documentos dela.
- Ahm... Claro. Vou buscá-los e volto pra te trazer. - digo.
Eu não sei ao certo onde estão os documentos, mas deduzo que estão junto às coisas de Megan. Entro no quarto e começo a procurar em seu armário. Está bagunçado, o que me faz derrubar algumas coisas durante o processo. Não encontro nada lá, partindo para a cômoda. No topo, estão apenas alguns cosméticos e um abajur. As gavetas estão repletas de roupas e alguns objetos pessoais de Megan. Também sem sucesso, decido procurar em sua escrivaninha. Em cima, estão vários papéis espalhados, notas fiscais e algumas vezes contas, menos os documentos de Liz. Resolvo então abrir a gaveta. Lá, não há nada que se assemelha a um documento. Alguns cabos de USB, dois livros e um CD. Ao fundo da gaveta, porém, avisto algo parecido com uma carta. Não resisto à curiosidade, pegando e começando a ler. Era uma carta com a letra de Megan :
" Ninguém nunca soube o quanto eu já chorei a noite. Ninguém nunca sentiu aquele medo horrível de não conseguir ser alguém melhor. Ninguém soube o quanto é ruim ouvir seus pais e sua família te rotularem como orgulho, enquanto não sabiam aonde você estava todo sábado a noite, ninguém nunca sentiu aquela angústia horrível por mentir para proteger quem você ama e por fim escutar " Não confio mais em você " .
Ninguém nunca me entendeu quando eu dizia que eu preferiria não ter nascido, do que ter vivido e ouvir que eu era a infelicidade, de quem lhe deu a vida. Na verdade, eu sempre sou que eu era a pessoa mais medrosa do mundo mas que por alguns minutos, pois um escudo na frente de todas aquelas palavras que me machucaram tanto. Ouvir um "isso é uma aberração, é uma vida de sofrimento" enquanto meu coração doía e gritava por aceitação.Eu nunca entendi o quanto os valores da igreja eram maiores que o meu próprio valor."Você tem que esquecer o seu amor e viver uma vida certa" era o que eu ouvia toda noite, talvez nunca tivessem sentido a indiferença da sua própria mãe, ou como ela me olha agora e não perde a oportunidade de dizer" Não acredito que por tudo o que eu te faço, é assim que você me agradece".As vezes, levar um tapa na cara é menos doloroso.Talvez, ninguém saiba sobre o que eu estou escrevendo, ou saiba e esteja vivendo o mesmo que eu mas a verdade é que mesmo que for errado eu vou lutar por quem eu amo. Até o fim.Megan Acaster
Após ler a carta, fiquei me perguntando se o motivo de eu nunca ter conhecido a família de Megan ou alguém próximo a ela, e até tinha me esquecido de Emma e Liz que estavam me esperando na sala.
Peguei então os documentos que estavam de baixo da carta e fui até o encontro delas:- Aqui está! - disse entregando os documentos para Emma.
- Liv, eu quero que saiba que você pode visita-la sempre que quiser.
- Eu sei disso, Emma. Ela é minha filha e eu nunca vou abandona-la. Nunca.
Peguei Liz no colo e ela me abraçou muito forte - A mamãe vai te buscar logo, eu prometo - disse baixo em seu ouvido.
- Liv, temos que ir - Disse Emma estendendo os braços e pegando Liz no colo.
- Tudo bem.
Emma levou Liz para o carro e ao entrar abanou as mãos enquanto eu as observava pela janela. Fiquei olhando elas irem com um aperto horrível no meu coração.
Elas foram e então vi o carro de Bryan estacionando na esquina e então ele subiu até o meu apartamento:
- Liz já foi? -perguntou ele me abraçando.
- Já sim!
- Ótimo, porque tenho que te contar uma coisa...
*meu celular toca*
- Alô? Senhora Parker?
- Olivia, tem algo de errado com a Kimberlly!
...
Eu e Bryan resolvemos ir à casa de Kimberlly ver o que está acontecendo com ela. Chegando lá, ela mesma nos atende. Está com os olhos inchados, como os de quem passou horas chorando.- Liv, Bryan, é tão bom ver vocês! - ela diz, com a voz rouca.- Kim, o que está acontecendo...? - pergunto, preocupada.- Precisamos conversar... Algumas coisas que venho tentando ignorar desde a infância estão vindo à tona... Eu não aguento mais esses sentimentos...Olho para ela com dúvida. Eu não entendi o que ela queria dizer com aquilo.- Tudo bem, eu vou tentar ser mais direta - diz Kim - assim, voc&eci
Acordo um pouco atordoada por conta de tudo o que Kimberlly está passando, olho ao lado e Megan já tinha saído da cama. Me levanto, passo a mão em meus cabelos tentando arruma-los um pouco e vou até ao banheiro escovar os dentes e lavar meu rosto inchado de sono.Ao terminar, desço até a cozinha onde vejo Megan de costas preparando seu café da manhã, chego perto sem fazer barulho e á abraço por trás dando um beijo em seu pescoço, ela se vira de frente para mim, sorri e me beija enquanto me empurra até o sofá, onde sento e ela senta em cima do meu colo, ainda me beijando :- Uau! Você não me beijava assim à dias! - diz Megan enquanto dava leves beijos em meu pescoço.- Eu sei, meu amor. Me desculpe! Ult
Megan me liga, avisando que fechou a livraria, e vou buscá-la para a levar ao seu restaurante favorito. A avisto de longe. Desço do táxi e pegamos o carro. Ela está muito bonita.- Amor, você está linda... - digo, toda apaixonada.- Obrigada, amor. - ela cora e me dá um beijo demorado - vamos lá, estou com fome, mas não vamos demorar muito. Tenho uma surpresa pra você em casa - ela me olha com um sorriso safado.Beijo seu pescoço e começo a dirigir, indo em direção ao restaurante. Chegando lá, estaciono, descemos e vamos em direção à entrada. Peço pela reserva que fiz mais cedo e uma garçonete vem nos acompanhar até nossa mesa.
- ... É... O que? - pergunto gaguejando .- Ah, você não sabe o que é isso, Olivia? - pergunta Megan, mostrando o papel para mim - Então eu vou ler para você:Eu quero ser aquela que você pensa antes de dormir. Aquela que domina seus sonhos. Aquela que te acerta a memória. Aquela que arranca sorrisos. Aquela que você espera. Aquela que você sempre procurou. Quero ser quem te conforta, quem te consola, quem TE AMA. Eu quero ser a saudade que assola os seus pensamentos. A sua saudade mais profunda . O seu sorriso mais ardente. Aquela pelo qual você se orgulharia em dizer "Ela é tudo o que eu sempre quis".Eu quero ser aquela que você não trocaria por nada, nem agora e nem em um milhão de anos.
O despertador toca. Me levanto e vou ao banheiro. Prometi à Megan que cuidaria da livraria enquanto ela viaja, então preciso ir trabalhar. Tomo um banho e me arrumo. É estranho estar aqui sem a Megan, sozinha. Tudo fica silencioso demais, o que me faz ter mais saudade dela ainda. Vou para a cozinha tomar café, sem demorar, escovo os dentes e pego o carro para ir à livraria.Dirijo alguns quarteirões, chego lá, estaciono e a abro. Está linda, como sempre. A Megan é muito dedicada e cuidadosa, então deixou tudo já limpo e arrumado. Vou para trás do balcão.Logo cedo, alguns clientes começam a entrar para olhar ou comprar livros, nada de anormal. De repente, avisto uma viatura de polícia estacionando bem em frente à Rowling Story. Um policial sai dela, entra na livraria e vem em minha direção. Não dei
Era manhã e eu já tinha acordado bem cedo para fazer compras no mercado aqui próximo, pois noite passada prometi para Kimberlly que passaríamos o dia todo juntas até dar a hora dela ir para Los Angeles.Me arrumei e esperei ela chegar, o apartamento estava quieto e então fui para cozinha preparar algumas coisas para nós irmos beliscando durante a tarde.Depois de 20 minutos, quando eu já estava toda suja de farinha e açúcar, a campainha toca e eu vou atender:- Tá atrasada! - digo limpando as mãos em um pano.Kimberlly entra sorrindo carregando 4 malas para dentro, nas costas ela estava usando uma mochila da onde tirou uma tequila:- Isso é uma festa ou não é? - pergunta K
No dia seguinte, acordei sentindo uma ressaca de leve pela noite passada e para arrebatar aquela dor chata de cabeça, tomei uma bela xícara de café forte e então eu fui trabalhar na livraria. O dia estava lindo e eu estava de bom humor, apesar de um garoto ter derramado milk shake na sessão de livros do Star Wars. Tudo estava bem, pessoas entravam e saiam pela porta, o que não era nada fora do comum. Para falar a verdade eu não parava de pensar no Jacob e então decidi mandar uma mensagem para ele ir me visitar, mandei o endereço e logo após fui limpar toda aquela bagunça.Os minutos iam passando e enfim o Jacob havia respondido meu sms dizendo que estava vindo para cá. Ótimo! Continuei organizando os livros na prateleira quando duas garotas chegaram perto de mim:- Com licença, aonde fica o banheiro? -perguntou uma delas.
Acordei em minha cama, com a cara amassada e algumas toalhas de papel em volta de mim. Aparentemente, eu tinha chorado até de noite e acabei dormindo sem perceber. Megan ainda não tinha voltado para casa, então eu estava, mais uma vez, sozinha. Logo tirei minha roupa e me enfiei debaixo do chuveiro. Fiquei um bom tempo pensativa, deixando a água cair em minha cabeça enquanto raciocinava sobre o que tinha acabado de acontecer. Uma tentativa de assassinato a mim acabara de destruir algo que construí com Megan. Não tinha sido algo exatamente fácil de se fazer. Comecei a chorar de novo. Eu estava arrasada e sentia muita falta dela, mal esperava o momento de ela voltar. Também sentia falta de Liz... Liz!Decidi que iria até a casa de Emma para visitá-las. Fazia algum tempo desde que não via ela. Saí do chuveiro, comi alguma coisa, me arrumei e fique