Levantei-me da cadeira e fui caminhar pelo jardim. Eu gostava do cheiro de grama molhada; na verdade, era um dos meus cheiros favoritos. Enquanto caminhava, acariciava meu ventre; meu pequeno menino ficava muito inquieto quando eu dava esses pequenos passeios. Era óbvio que ele também gostava do cheiro.— Como você está linda! — disse Erick atrás de mim.Eu fiquei paralisada; aquela voz me fazia querer correr para longe.— Agora podemos estar juntos, nós três — disse Erick.Eu me virei imediatamente e olhei para ele. Ele estava tão mal, não era nem a sombra do homem que eu conhecia.— Do que você está falando? — perguntei. Erick sorriu de orelha a orelha.— Eu o matei — disse. Eu balancei a cabeça imediatamente; isso não podia ser verdade.— Vamos, meu amor — disse ele enquanto me oferecia a mão. Eu resisti a pegar sua mão. Meu coração batia forte, e a confusão se apoderava dos meus pensamentos. Olhei fixamente nos seus olhos, procurando algum sinal de que isso era uma piada de mau go
O alvoroço na casa continuava. Eu estava trancada no escritório de Samuel com a senhora Adelaide e Amelia. Todos os criados corriam de um lado para o outro, já que Erick havia tentado escapar, mas graças a Deus o haviam capturado. Ele continuava gritando coisas no jardim.— Logo a guarda virá e o levará — tentou me acalmar Adelaide. Embora suas palavras tentassem acalmar meus nervos, eu não estava tranquila. Queria saber onde estava Samuel.— Já mandaram alguém buscá-lo? — perguntei. A senhora Adelaide assentiu com a cabeça. A porta do escritório se abriu, e um dos criados entrou.— Trouxeram o Duque — nos informou. Saí rapidamente do escritório e então me desmoronei. Caí no chão e comecei a gritar e chorar. Samuel estava deitado no chão, em uma poça de sangue. Arrastei-me até ele e comecei a acariciar seu rosto pálido.— Não me deixe, por favor — supliquei. Adelaide e Amelia me afastaram do corpo de Samuel.— O médico já está a caminho — disse Amelia. Neguei com a cabeça. Queria fica
Assim que fiquei sozinha no quarto, aproveitei para levantar-me da cama. Meu filho dormia tranquilamente em seu berço, então, com muito esforço, caminhei para fora do meu quarto. Fazia horas que ninguém me dizia nada sobre a saúde de Samuel, e eu precisava vê-lo. Queria saber se ele ainda estava vivo.Caminhei lentamente até chegar à porta do quarto onde ele estava. Coloquei a mão na maçaneta e a girei lentamente; meu coração batia forte. Embora não estivesse preparada para enfrentar uma possível má notícia, me enchi de coragem, decidida a enfrentar qualquer coisa que o destino reservasse para nós.Quando abri a porta completamente, pude ver Samuel deitado na cama. Estava imóvel, parecia estar dormindo, então me aproximei dele lentamente e o observei por um longo tempo.— Nosso filho já nasceu, ele é igual a você — contei.Eu podia ver seu peito subir e descer, e isso me tranquilizava muito.— Quando você o conhecer, vai se apaixonar perdidamente por ele — disse.A porta se abriu e Ar
Uma semana havia se passado desde o ocorrido e Samuel ainda não havia despertado. Eu morria de angústia cada vez que alguém entrava no meu quarto; imediatamente pensava o pior, mas me acalmava quando me diziam que Samuel estava um pouco melhor. Naquela tarde, entrei no quarto onde Samuel estava. O quarto estava nas penumbras e parecia tão frio. Fui até as cortinas e as abri. Quando voltei a olhar para ele, pude notar sua pele ainda mais pálida do que o habitual. Aproximei-me dele e olhei para o seu rosto. Estava consideravelmente magro, com manchas escuras debaixo dos olhos, e seus lábios estavam pálidos. Ajoelhei-me diante da cama e coloquei minha cabeça em seu peito; queria ouvir seu coração, precisava saber que ele ainda estava comigo.— Acorda, por favor — supliquei.A porta do quarto se abriu e minha mãe entrou. Ela me olhou e caminhou lentamente até mim; depois, ajudou-me a levantar.— Você não deveria estar aqui — repreendeu.Mas o que ela queria que eu fizesse? A incerteza est
Acordei assustada com o choro agudo de Sam. Meus olhos se abriram de repente, e num instante já estava de pé, correndo em direção ao seu berço. Eu o peguei nos braços e voltei para a cama, mas meu coração parou ao ver Samuel com os olhos abertos, me olhando com confusão.— Oi — eu cumprimentei, sentindo minha voz entrecortada pela surpresa e preocupação. Meus braços tremiam ligeiramente enquanto eu tentava manter a calma. As lágrimas corriam pelo meu rosto como uma cachoeira, mas eu lutava para parecer tranquila.— Você está bem? — perguntei a Samuel, mas ele não pronunciava palavra alguma. Simplesmente me observava com olhos inquisitivos. Lentamente, me aproximei dele e com muito cuidado subi na cama. Samuel olhou para o nosso filho e depois para mim.— Eu ouvi você — ele disse com a voz rouca, confirmando que as palavras que eu havia pronunciado haviam chegado até ele. Ficamos ali, em silêncio, absorvidos pela magia daquele momento tão esperado.Samuel começou a tossir, e rapidament
Um mês depois,Samuel havia se recuperado completamente, mas eu ainda continuava cuidando dele. Tinha tanto medo de que, por um descuido meu, ele pudesse recair. Eu morreria se isso acontecesse de novo.— Aonde você vai? — perguntei assim que o vi se vestindo.Ele me olhou e sorriu.— Vou verificar algumas coisas com o meu contador — disse.Me aproximei dele e o abracei com força.— Por favor, cuide-se e volte para mim — pedi.Samuel me afastou e olhou nos meus olhos.— Lamento ter te preocupado tanto, mas juro que nunca mais os deixarei sozinhos — disse para me tranquilizar.Abracei-o novamente. Sabia que ele estaria bem, mas ainda assim não conseguia deixar de me preocupar toda vez que saía. Tinha tanto medo que Erick saísse do lugar onde estava e nos machucasse novamente.— Você vai demorar muito? — perguntei.Samuel me afastou de seu corpo novamente, segurou meu rosto entre suas mãos e me deu um beijo nos lábios.— Voltarei o mais rápido que puder, então não se preocupe. Agora vá
A viagem de Londres para Norwich acabou sendo incrivelmente longa; fomos obrigados a parar em várias pousadas ao longo do caminho, já que continuar era difícil e perigoso. Luisana reclamava constantemente, e eu não podia culpá-la; ficar sentado por horas era cansativo, especialmente com um bebê tão pequeno. No entanto, depois de muitos dias, finalmente chegamos ao nosso destino.Fui o primeiro a descer da carruagem e então ajudei Luisana a descer. Ela observou o lugar com um sorriso enorme, e sua felicidade era contagiante. Eu sabia que ela adoraria este lugar.— E isso? — perguntou, seus olhos brilhando de curiosidade.Silenciosamente, levei-a para dentro da casa.— É o seu lugar dos sonhos — respondi quando entramos.Ela virou-se para me olhar, e seus olhos se encheram de lágrimas.— Eu quero que você viva em paz, e sei que em Londres isso nunca acontecerá. Então, se você quiser, podemos ficar aqui — propus.Ela não disse nada e começou a explorar o lugar. Antes do incidente com Eric
Año 1840As aulas de piano eram tão entediantes. Eu queria estar lá fora, explorando o jardim como faziam meus irmãos, mas o vestido pesado que eu usava nem mesmo permitiria que eu pulasse uma poça de água.Respirei fundo com resignação. Eu teria que ficar aqui o resto do dia, com a amargurada Senhorita Herlinda e minha mãe muito grávida, que estava sentada em uma cadeira bordando coisas para meu próximo irmãozinho.— Quero sair para brincar — disse à minha mãe, que parou de bordar e me olhou com consternação.Odiava ser mulher, tudo implicava ficar em casa, com tediosas lições de piano, culinária e bordado. Eu queria ir e explorar o enorme jardim. Desde que chegamos aqui, nunca havia saído ao jardim sozinha. Minha mãe dizia que agora eu era uma senhorita da sociedade e precisava me comportar como tal.A Senhorita Herlinda sempre esteve conosco. Na verdade, ela foi a institutriz da minha mãe e, por isso, quando nasci, minha mãe a procurou para que também me educasse como fizera com el