─ Querida, pense mais uma vez, podemos dar um jeito. ─ A voz baixa da minha avó continuava insistindo. ─ Eu já pensei, vó! ─ Respondi enquanto passava por ela. ─ Querida, todo mundo fala mal desse homem. Eu tenho medo. Ele parece ser o próprio diabo! ─ Ela se benzeu. ─ Foca nos seus estudos, espera uma oportunidade melhor. Eu respirei fundo, desistindo de me olhar no espelho e caminhando até a minha avó. A senhora baixinha, dos cabelos grisalhos, estava apenas preocupada com o meu futuro. Mesmo não sendo uma idosa fragil, ela ainda era idosa, não precisava arrumar mais preocupações do que já tinha. ─ Vovó. ─ Segurei suas mãos entre às minhas. ─ É apenas uma vaga como secretária. Irei fazer a entrevista pois precisamos do dinheiro. Se a senhora tivesse me contado antes que o restaurante não vai bem, se tivesse me consultado antes de pegar o empréstimo... ─ Fechei os olhos. Não era hora de fazer ela se sentir culpada. ─ Eu preciso ir e fazer o meu melhor para ficar com a vaga, caso
Durante a manhã eu caprichei para estar apresentável. Meus cabelos loiros ficaram soltos, usei uma calça preta, um corset, um blazer e saltos altos. Eu iria me esforçar para estar o mais apresentável possível todos os dias, não ia deixar ele me colocar no automático como fez com a Melissa. Cada dia eu estaria mais linda e ele seria obrigado a conviver com isso. Desci as escadas com cuidado, o salto fazia barulho à cada degrau. Na sala de jantar, simples porém muito bonita, minha avó havia preparado um banquete para o café da manhã. Ela fazia isso apenas em datas especiais, eu havia me esquecido de alguma coisa? Quase congelei. ─ Eu perdi alguma data especial, vovó? ─ Perguntei me sentando na mesa. Ela balançou a cabeça enquanto colocava uma cesta de pão junto com as outras coisas na mesa. ─ Não, não. Agora que você vai trabalhar com o mesmo chefe do Mike, terá que tomar um café reforçado todos os dias, não quero ele te estressando como faz com o jovem Mike. Mike perde a cabeça fác
Enquanto encarava os meus saltos pretos sujos de lama, a raiva só crescia. O barro agora seco, estragou um dos meus saltos preferidos. Eu duvidava muito de que ia conseguir deixar ele tão limpo quanto foi um dia. O barro grudado na barra da calça, começaram a desmanchar e a cair no chão conforme eu ia andando até a sala de Ben Cooper. Como um furacão, como uma tempestade sem aviso prévio eu entrei na sala sem bater. Ben Cooper teve a ousadia de erguer a cabeça, me olhar por um segundo e voltar sua atenção para o computador. Como se eu não existisse, como se eu não tivesse importância. E isso me irritou ainda mais. Fui em direção a mesa e joguei a pasta com os documentos em cima da mesa dele. O objeto escorregou e acabou caindo no chão, abrindo e espalhando os papéis. O homem olhou para a bagunça no chão e ergueu o rosto, me olhando de forma cética e arrogante. ─ O que significa isso? ─ Perguntou. Eu forcei uma risada curta. ─ Você me enviou para lá de propósito, não tinha nece
— Desculpe, fiquei muito surpresa. ─ Eu disse sem jeito, massageando a têmpora com os dedos. ─ Não consigo acreditar que você é sobrinho daquele homem!A personalidade não é uma questão de família, e isso é um ótimo sinal. Mas a beleza sim deve ser hereditária. Embora Henry não tenha cabelos loiros como seu tio, ainda é muito bonito. Com os cabelos castanhos e os traços bem definidos, posso dizer que há sim semelhanças físicas entre os dois, mesmo que sutis.─ Não se desculpe. Você já tem planos para o almoço? ─ Perguntou confiantemente.Henry, confiante, tinha seu próprio charme.Havia combinado de almoçar com Mike e o restante do pessoal no mesmo restaurante de ontem. Mas agora que encontrei Henry, Mike terá que me desculpar mais tarde.─ Na verdade, sim, mas não é nada demais. Posso ir com você.─ Ótimo.No elevador, observei silenciosamente quando ele apertou o botão do estacionamento.─ Vou levá-la a um lug
─ Bom dia, mãe! ─ O homem que havia acabado de descer para o café da manhã, deu um beijo carinhoso no topo da cabeça de sua mãe enquanto passava por perto. ─ O que você tem planejado para hoje? ─ Se acomodou na cabeceira da mesa.A mulher dos cabelos castanhos, perfeitamente lisos e curtos, abaixou a xícara de café antes de lhe responder.─ Bom dia, meu filho. Até agora, não tenho nenhum plano para sair de casa. ─ Ela fez um biquinho com seus lábios preenchidos com botox. Ben Cooper quase sorriu. ─ Aliás, você não gostaria de almoçar com a sua querida mãe hoje? ─ Ela terminou a frase com um sorriso encantador. Ben, com seus cabelos loiros perfeitamente penteados para atrás, sorriu enquanto servia-se com uma xícara de café preto.─ Me desculpe, mãe. Hoje estarei ocupado. Vou visitar um cliente em uma ilha e acredito que passarei a maior parte do dia lá.O sorriso alegre da mulher desapareceu e suas mãos, antes agitadas, caíram em decepçã
Depois de me dar água dentro da casa luxuosa, a Sra. Smith me acompanhou até o lado de fora novamente. Dessa vez, fomos para a lateral da casa, e agradeci imensamente a Ahani sonolenta que escolheu nossa roupa hoje de manhã. Felizmente, não inventei de usar salto, minha mente funciona bem mesmo quando estou com sono. Um tênis branco funciona em qualquer situação, até mesmo na areia de uma ilha."Uau."Ao lado da casa, uma barraca de palha erguia-se majestosamente em meio ao cenário tropical de uma ilha particular. Com suas laterais abertas, permitia que a brisa suave do oceano adentrasse livremente, trazendo consigo os aromas frescos da exuberante vegetação ao redor. Seu telhado de palha entrelaçada fornecia uma sombra agradável e proteção contra o sol escaldante.No centro da barraca, uma mesa rústica e charmosa estava posta com um café da manhã irresistível. Sobre a superfície de madeira polida, havia uma toalha branca. Frutas tropicais suculentas e exóticas, como abacaxis dourados e
— Que idiota! Quem ele pensa que é para falar assim com você? — Chloe estava indignada.— Eu imagino que ele seja o chefe dela? — Mike usou um tom óbvio.— E daí?— Gente... — tentei intervir.— Ele é o chefe, não o dono. Os caprichos e frescuras dele devem ser responsabilidade só dele. Ela está lá para ajudar no trabalho do arquiteto, não do folgado por trás.— Eu não estou surpreso com seu posicionamento, Chloe. Você nasceu em berço de ouro, nunca teve a necessidade de trabalhar.— Gente...— Como é? — A mulher ficou de pé. — Eu não tenho culpa pelos meus pais terem dinheiro, e eu não dependo do dinheiro deles, você sabe muito bem disso.— Ah, claro que não. Vocês são duas teimosas.— Já chega! — falei alto, atraindo a atenção de todos no restaurante. — Senta, Chloe. E você... — me virei para Mike. — Deixa de ser chato, vocês sempre voltam para esse assunto.Chloe se jogou em sua cadeira.Ao olhar em volta, percebo todos no restaurante me olhando, como se eu fosse a louca e não os m
Seus olhos azuis desafiadores fitavam-me. Ele sabia exatamente para o quê eu olhava e aguardava para ver se eu teria coragem de admitir.Ben, você não me conhece, pensei.— Estava reparando no seu corpo, desculpe a intromissão, mas essa camisa não está um pouco apertada para você dormir? — Fingi costume.O canto de sua boca, bem desenhada, subiu em um discreto sorriso.— Tão ousada quanto no dia em que bebeu o meu café — acusou ele.— Você devia parar de me desafiar — ameacei.— E você devia parar de brincar com fogo.Eu ri.— Fogo? Você está mais para um cubo de gelo ou um conjunto de engrenagens robóticas.Suas sobrancelhas grossas se levantaram, descrentes.— Já entendi. — O homem se afastou da mesa e sentou-se em sua cadeira, relaxado, com as pernas abertas. Os braços cruzados sobre o peito realçavam ainda mais na camisa.Prendi a respiração. Maldito período fértil.— Então, na sua narrativa, eu sou o vilão. Sou o chefe arrogante e frio — concluiu ele.Meu Deus, é exatamente isso.