Enquanto encarava os meus saltos pretos sujos de lama, a raiva só crescia. O barro agora seco, estragou um dos meus saltos preferidos. Eu duvidava muito de que ia conseguir deixar ele tão limpo quanto foi um dia. O barro grudado na barra da calça, começaram a desmanchar e a cair no chão conforme eu ia andando até a sala de Ben Cooper.
Como um furacão, como uma tempestade sem aviso prévio eu entrei na sala sem bater. Ben Cooper teve a ousadia de erguer a cabeça, me olhar por um segundo e voltar sua atenção para o computador. Como se eu não existisse, como se eu não tivesse importância.E isso me irritou ainda mais.Fui em direção a mesa e joguei a pasta com os documentos em cima da mesa dele. O objeto escorregou e acabou caindo no chão, abrindo e espalhando os papéis.O homem olhou para a bagunça no chão e ergueu o rosto, me olhando de forma cética e arrogante.─ O que significa isso? ─ Perguntou.Eu forcei uma risada curta.─ Você me enviou para lá de propósito, não tinha necessidade de eu ir e você sabe disso! ─ Eu quase gritei.Mas Ben Cooper não se abalou com a minha crise.─ Você é minha secretária e eu te enviei para fazer um trabalho. O que tem de errado?Eu respirei fundo.─ Foi para isso que me contratou? Achou que eu ia vim, que você ia me mandar para um lugar cheio de lama e eu ia voltar te pedindo desculpas pelo o que falei ontem? ─ Fui até a mesa, apoiando minhas mãos nela e me inclinando para a frente. ─ Pois saiba que agora eu só tenho a certeza de que estava completamente certa. Não vou me desculpar por te falar umas verdades que, aparentemente, todo mundo concorda, apenas tem medo de dizer. Mas eu, eu não tenho medo de você.Ficamos nos encarando. Ele estava com raiva, tinha fúria nos olhos dele embora tentasse não demonstrar.Eu me afastei, finalmente me sentindo em paz como se tivesse tirado um caroço da garganta, pude voltar para o meu tom habitual.─ Como o senhor pode ver, eu estou com os pés e roupa cheios de lama por conta de um serviço no trabalho. Por esse motivo, sairei mais cedo hoje. Foi um ótimo primeiro dia, Sr Cooper.Sai da sala imediatamente, quase correndo. Ignorando a ira dele que queimava as minhas costas. ____________●●●___________No dia seguinte o meu coração batia tão forte que eu estava com medo de ter um ataque cardíaco. Enquanto andava em direção ao elevador, me perguntava se hoje seria meu último dia. No calor do momento fui grosseira com o Sr. Cooper e ainda me dei a liberdade de sair mais cedo. Eu estava ferrada. Ele iria me massacrar assim que me visse.─ Segura o elevador! ─ Eu gritei ao perceber as portas se fechando.Para a minha sorte, o homem que havia acabado de entrar pôs a mão, impedindo que as portas se fechassem. Eu corri até ele, agradecendo infinitamente.─ Você é a nova secretária do Ben, não é? ─ Ele perguntou.Confirmei com a cabeça antes de dizer em palavras.─ Sou sim. E você ?Ele sorriu. O homem alto e moreno tinha uma barba desenhando o seu rosto e trazendo charme.─ Sou Thomas Jordan. Sócio e amigo do Ben, prazer. ─ Ele esticou a mão para mim.Eu apertei; surpresa.─ Aquele cara consegue ter amigos? Impressionante.─ Ele é difícil no começo, mas vai ficar melhor. Você verá.Neguei com a cabeça.─ Não vou não. Tenho certeza que ele vai me demitir hoje.─ Por que?─ Ontem ele aprontou uma comigo, eu fiquei com raiva e falei algumas coisas para ele, e ainda me dei o direito de sair mais cedo.Ele sorriu.─ Eu fiquei sabendo ontem sobre a secretária do Ben chegar na empresa com os pés cheios de lama. Tem algo a ver com isso, por acaso? ─ Ele estava rindo.Eu apertei os olhos com força. Quis morrer! Aquilo não podia ser verdade, quanta gente fofoqueira!Eu confirmei com a cabeça, envergonhada.─ Não se preocupe. Ben não vai demiti-la.─ Como tem certeza?─ Demitir você seria admitir que ele cometeu um erro ao querer contrata-la. E Ben Cooper não comete erros. Tenho certeza que ele tem até reação alérgica.Eu ri com ele.─ Você o conhece tão bem assim? ─ Perguntei.─ Desde a faculdade.As portas se abriram e Thomas saiu no segundo andar.─ Boa sorte. ─ desejou enquanto ia pelo corredor.Na sala do Ben, após deixar o café em cima da mesa, eu apertava o termômetro na mão, tentando decidir se passaria ou não por essa humilhação. A resposta surgiu logo em seguida na minha cabeça: Não!Se Thomas, o amigo dele, estiver certo, então Ben não vai me demitir por puro ego. Nesse caso eu tenho duas opções. Uma: Vou me comportar e fazer o possível para termos uma boa convivência. Dois... Vou perturbar o juízo dele tal como merece.E é óbvio que eu escolho a segunda opção.Decidida eu sai da sala, jogando o termômetro em uma das gavetas da minha mesa.O loiro elegante chegou minutos depois. Como se estivesse com pressa, ele falava no celular quando passou pela minha mesa, indo em direção a sua porta. Nem uma olhada para o lado, ou sequer um bom dia.Ben Cooper... Você está tão ferrado comigo.Ele abriu a porta do seu escritório, mas antes de entrar, deu meia volta e veio até mim. Me coloquei de pé imediatamente.─ Conta 10 minutos e venha até a minha sala. ─ Já estava de costas outra vez antes mesmo de completar a exigência. Eu respirei fundo. Não tive a oportunidade de responder, então voltei a focar no meu trabalho no computador.Não precisei contar 10 minutos. Na verdade, creio que não se passou nem cinco. Um Ben Cooper muito irritado apareceu na porta, já não estava mais no telefone e segurava com força o copo de café.Céus... Que não seja o que eu estou pensando.─ O que significa isso? ─ Ele tentava controlar o tom de voz.Usando uma força excessiva, colocou o copo em cima da mesa.─ Imagino que seja o café que o senhor exige toda manhã.Aqui a minha coragem já tinha ido embora. A presença dele era esmagadora nesse momento, parecia que ele iria me jogar pela janela assim que tivesse a oportunidade.─ Isso está... ─ Ele fez uma pausa abrupta, fechando os olhos com força. Quando voltou a me olhar, até parecia outra pessoa, estava escondendo a sua raiva. ─ Esse café está frio, Anahi Lopez.Mesmo estando em um confronto, por um segundo eu me dei conta de que essa era a primeira vez que ele pronunciava o meu nome. E mesmo que não fosse a minha intenção, não pude deixar de notar como a sua voz grossa soava sexy enquanto falava o meu nome.E isso me trouxe de volta para o meu outro estado de espírito. Eu não tinha medo dele e sua arrogância não me assustava.Fingindo costume eu assenti com a cabeça. Ignorando seus olhos que me fuzilavam eu peguei o café, retirei a tampa e tomei um gole.Levei um longo minuto fingindo estar apreciando o sabor e temperatura. Ben me olhava com surpresa e descrença.─ Parece estar ótimo para mim. ─ Respondi colocando o café na frente dele outra vez.O homem alto respirou fundo e pesado, passando uma mão no rosto demonstrando impaciência.─ O café está abaixo da temperatura exigida, Anahi.Eu respirei fundo, demonstrando impaciência também.─ Senhor Cooper. Graças a sua insônia, o senhor passou a noite me enviando, trabalhos, arquivos e revisão. Então eu tenho muita coisa para fazer hoje. Se o senhor acha que o seu café está abaixo da temperatura que o senhor julga ideal, então sugiro que o senhor vá buscar um novo. Eu não tenho tempo para ficar desfilando pela empresa e cafeteria.Suas sobrancelhas grossas estavam erguidas e a descrença estava estapada na cara dele. Não só isso, o ódio estava ainda maior.Serio? Ninguém nunca mandou ele ir buscar o próprio café antes? Tá explicado porquê ele é desse jeito.─ Você é a minha secretária. Fazer o que eu mando faz parte do serviço. ─ Ele está me ameaçando?Juntei as minhas mãos em baixo do queixo antes de lhe responder:─ Está livre para me demitir se acha que cometeu um erro ao me contratar.Ele balançou a cabeça, ainda desacreditado. Coçou a barba por fazer e me deu as costas voltando para a sua sala.O café ficou na minha mesa.Passei o resto da manhã sem ver ele. Diferente do dia anterior, não me fez nenhuma exigência. Perto do horário de almoço, ele finalmente saiu da sala, e parecia desgostoso em ter que falar comigo.─ Quando voltar, marca uma reunião com o Ian Patterson. Ou você não pode fazer isso também?Eu segurei um sorriso.─ Claro que posso senhor, é o meu trabalho. ─ Respondi já anotando em um papel para não esquecer quando voltasse.Ben se virou e saiu. Finalmente pude acabar sorrindo sozinha.:Foi uma ótima manhã, Anahi. Parabéns. Tenho certeza que ele teria esmagado a sua cabeça se pudesse.Minutos depois eu arrumava a minha bolsa para poder descer, foi quando escutei uma voz familiar.─ Com licença, Ben Cooper está?Aquela voz mansa e aveludada me teletransportou para anos atrás, para o ensino médio. Eu não precisei olhar para ter certeza de que se tratava dele.─ Henry? ─ Perguntei, encarando o homem.Sim. Um homem. Incrível como quatro anos fizeram diferença, de um adolescente magro para um homem feito. Ele não tinha barba, o rosto ainda era tão liso quanto no ensino médio, mas ele ainda era bonito.─ Não brinca, Anahi? ─ Nesse momento ele já estava dando a volta na mesa para me abraçar.─ Faz tanto tempo que eu não o vejo. O que está fazendo aqui? ─ Eu perguntei com minha voz sendo abafada pelo peito dele.Ele me apertou um pouco mais e se afastou.─ Eu trabalho aqui. Você é a secretária nova do Ben?Eu confirmei com um balanço de cabeça.─ Sim. Eu comecei ontem. Aliás, ele já foi almoçar.Ele pareceu refletir.─ Caramba eu sinto muito por você, aturar o meu tio não é para qualquer um.Eu levantei as sobrancelhas em surpresa. Não, não é possível que o meu amigo da escola é sobrinho de Ben Cooper.— Desculpe, fiquei muito surpresa. ─ Eu disse sem jeito, massageando a têmpora com os dedos. ─ Não consigo acreditar que você é sobrinho daquele homem!A personalidade não é uma questão de família, e isso é um ótimo sinal. Mas a beleza sim deve ser hereditária. Embora Henry não tenha cabelos loiros como seu tio, ainda é muito bonito. Com os cabelos castanhos e os traços bem definidos, posso dizer que há sim semelhanças físicas entre os dois, mesmo que sutis.─ Não se desculpe. Você já tem planos para o almoço? ─ Perguntou confiantemente.Henry, confiante, tinha seu próprio charme.Havia combinado de almoçar com Mike e o restante do pessoal no mesmo restaurante de ontem. Mas agora que encontrei Henry, Mike terá que me desculpar mais tarde.─ Na verdade, sim, mas não é nada demais. Posso ir com você.─ Ótimo.No elevador, observei silenciosamente quando ele apertou o botão do estacionamento.─ Vou levá-la a um lug
─ Bom dia, mãe! ─ O homem que havia acabado de descer para o café da manhã, deu um beijo carinhoso no topo da cabeça de sua mãe enquanto passava por perto. ─ O que você tem planejado para hoje? ─ Se acomodou na cabeceira da mesa.A mulher dos cabelos castanhos, perfeitamente lisos e curtos, abaixou a xícara de café antes de lhe responder.─ Bom dia, meu filho. Até agora, não tenho nenhum plano para sair de casa. ─ Ela fez um biquinho com seus lábios preenchidos com botox. Ben Cooper quase sorriu. ─ Aliás, você não gostaria de almoçar com a sua querida mãe hoje? ─ Ela terminou a frase com um sorriso encantador. Ben, com seus cabelos loiros perfeitamente penteados para atrás, sorriu enquanto servia-se com uma xícara de café preto.─ Me desculpe, mãe. Hoje estarei ocupado. Vou visitar um cliente em uma ilha e acredito que passarei a maior parte do dia lá.O sorriso alegre da mulher desapareceu e suas mãos, antes agitadas, caíram em decepçã
Depois de me dar água dentro da casa luxuosa, a Sra. Smith me acompanhou até o lado de fora novamente. Dessa vez, fomos para a lateral da casa, e agradeci imensamente a Ahani sonolenta que escolheu nossa roupa hoje de manhã. Felizmente, não inventei de usar salto, minha mente funciona bem mesmo quando estou com sono. Um tênis branco funciona em qualquer situação, até mesmo na areia de uma ilha."Uau."Ao lado da casa, uma barraca de palha erguia-se majestosamente em meio ao cenário tropical de uma ilha particular. Com suas laterais abertas, permitia que a brisa suave do oceano adentrasse livremente, trazendo consigo os aromas frescos da exuberante vegetação ao redor. Seu telhado de palha entrelaçada fornecia uma sombra agradável e proteção contra o sol escaldante.No centro da barraca, uma mesa rústica e charmosa estava posta com um café da manhã irresistível. Sobre a superfície de madeira polida, havia uma toalha branca. Frutas tropicais suculentas e exóticas, como abacaxis dourados e
— Que idiota! Quem ele pensa que é para falar assim com você? — Chloe estava indignada.— Eu imagino que ele seja o chefe dela? — Mike usou um tom óbvio.— E daí?— Gente... — tentei intervir.— Ele é o chefe, não o dono. Os caprichos e frescuras dele devem ser responsabilidade só dele. Ela está lá para ajudar no trabalho do arquiteto, não do folgado por trás.— Eu não estou surpreso com seu posicionamento, Chloe. Você nasceu em berço de ouro, nunca teve a necessidade de trabalhar.— Gente...— Como é? — A mulher ficou de pé. — Eu não tenho culpa pelos meus pais terem dinheiro, e eu não dependo do dinheiro deles, você sabe muito bem disso.— Ah, claro que não. Vocês são duas teimosas.— Já chega! — falei alto, atraindo a atenção de todos no restaurante. — Senta, Chloe. E você... — me virei para Mike. — Deixa de ser chato, vocês sempre voltam para esse assunto.Chloe se jogou em sua cadeira.Ao olhar em volta, percebo todos no restaurante me olhando, como se eu fosse a louca e não os m
Seus olhos azuis desafiadores fitavam-me. Ele sabia exatamente para o quê eu olhava e aguardava para ver se eu teria coragem de admitir.Ben, você não me conhece, pensei.— Estava reparando no seu corpo, desculpe a intromissão, mas essa camisa não está um pouco apertada para você dormir? — Fingi costume.O canto de sua boca, bem desenhada, subiu em um discreto sorriso.— Tão ousada quanto no dia em que bebeu o meu café — acusou ele.— Você devia parar de me desafiar — ameacei.— E você devia parar de brincar com fogo.Eu ri.— Fogo? Você está mais para um cubo de gelo ou um conjunto de engrenagens robóticas.Suas sobrancelhas grossas se levantaram, descrentes.— Já entendi. — O homem se afastou da mesa e sentou-se em sua cadeira, relaxado, com as pernas abertas. Os braços cruzados sobre o peito realçavam ainda mais na camisa.Prendi a respiração. Maldito período fértil.— Então, na sua narrativa, eu sou o vilão. Sou o chefe arrogante e frio — concluiu ele.Meu Deus, é exatamente isso.
O café da manhã na casa de Ben foi silencioso. Sua mãe sempre o olhava, com a boca semiaberta, era evidente que tinha algo para falar com ele. No entanto, ele estava mais ocupado com o celular, sem prestar atenção na mãe. Será que eles estariam conversando se eu não estivesse aqui? Ou o café da manhã sempre era silencioso?— Meu filho, poderá almoçar comigo hoje? — A Sra. Cooper tentou esconder sua expectativa quando finalmente falou.Ben terminou de mastigar o bolo de laranja antes de responder.— Não sei ainda. Henry terá uma reunião importante hoje, preciso estar lá para supervisionar.— Supervisionar? Você deveria dar um voto de confiança para ele. Já é um homem adulto e muito responsável. — A Sra. Cooper gesticulava com as mãos no ar.— Eu confio nele, mas será um cliente importante.— Para você, todos são importantes, e está certo em pensar assim, mas não fique tanto em cima do rapaz, ele precisa de espaço para crescer.Do outro lado da mesa, Ben bufou.°°°Ben me levou para o t
A reunião foi demorada, mais do que eu pensei que poderia ser. O Sr. Martin não estava sozinho, e acredito que por isso o tempo esteja sendo prolongado. Não estão apenas o convencendo, tem mais alguém na jogada.Em um momento de loucura, eu parei atrás da porta, tentando ouvir.- Sei, já me falaram isso. - provavelmente era a voz do senhor Martin.- E não está convencido ainda? - Henry, falando gentilmente.- A fachada nova, me fale dela mais uma vez. - Sr. Martin.Me distraí completamente ouvindo a reunião, principalmente quando o Sr. Cooper começou a falar, tão confiante e inteligente, eu seria facilmente convencida por ele.Claro, pode fazer o meu hotel desse jeitinho aí mesmo! Mesmo que eu não tenha um dólar para pagá-lo, mesmo que eu não faça a menor ideia de como cuidar de um hotel. E o mais importante: Mesmo que você seja um completo babaca fora das reuniões com clientes.- Que coisa feia escutando atrás da porta. - Dei um pulo quando a voz de Mike surgiu atrás de mim. - Ele te
- Eu ainda não entendi. - Chloe tomava seu sorvete. - Estávamos falando mal dele esses dias. Você o xingou de tudo o que é nome e agora vai acompanhá-lo? Por livre e espontânea vontade em um sábado à noite? - Não, não! Mas eu ainda o odeio! - me defendi. - Acredita que hoje ele jogou todo o café no lixo? Aquele troglodita foi tão rude! E outra... - fiz uma pausa. - Ele não me deixou ir almoçar com o Henry, do nada tirou um pendrive da gaveta e me fez imprimir 100 documentos inúteis! Só para implicar comigo. Chloe soltou o ar ao lado, e não precisei me virar para entender que ela tinha revirado os olhos. - E em qual dessas situações você decidiu sair com ele amanhã? - Depois de todas. Vai rolar alguma coisa importante e eu quero estar lá para ver. Hoje ele estava surtando com um tal de Chris, o ameaçou e tudo. Depois ficou cochichando com o Thomas. Após eu aceitar o cartão, Ben gentilmente me liberou 3 horas antes do expediente para que eu pudesse comer e comprar meu vestido. Desde