POV Linnea O silêncio dominou o quarto, apenas a profunda respiração de Kael podia ser ouvida. Eu estava nervosa, pois em nenhum momento ele havia acreditado em mim, porém, se eu realmente quisesse ter uma chance, se eu quisesse ser livre, precisaria da ajuda do alpha diante de mim. Segundo ele, sua maldição poderia ser desfeita usando a joia em meus olhos, se isso realmente fosse possível, eu estaria livre daquela maldição e poderia viver em paz, longe do meu antigo mestre e de toda a dor. Só via uma maneira de fazer com que Kael acreditasse em mim e entendesse o quão perigosa a joia que eu carregava comigo era. Toquei suas mãos, sentindo o aperto se desfazendo. Esfreguei meus braços e Kael rosnou alto, sua fúria fazendo o chão tremer ao nosso redor. Respirei fundo, entendendo que qualquer modificação em meu humor poderia ser captada por ele de alguma maneira. Me sentei na beirada da cama apertando o tecido grosso em minhas mãos. ― Os filhos da lua não foram os únicos amaldiçoados
POV Linnea Sentei na cama, tentando ouvir o ambiente, perceber as mudanças, mas não havia nada. Tudo o que eu conseguia perceber eram as batidas frenéticas do meu coração atordoado. O som dos passos de Kael se afastando e então a batida forte da porta se fechando me assustaram. Continuei em silêncio, sentada no meio da cama, até que entendi que fui deixada sozinha naquele lugar estranho. ― Kael, está aí? ― Perguntei com a voz trêmula. Lentamente abri meus olhos, a fraca luz de um abajur no canto era a única fonte de luz daquele cômodo. Do nado de fora, a escuridão era total. O som de algo se partindo do lado de fora me assustou, fazendo com que eu me encolhesse, cobrindo meus ouvidos e fechando os olhos com força. Será que Kael voltaria para me punir? Sai da cama, ainda sentindo uma leve ardência na minha intimidade, sem compreender direto o que tinha acontecido. Os toques de Kael me deixavam confusa, eu não entendia suas intenções e nem se realmente poderia confiar nele. Desci d
POV Linnea O movimento suave do carro me embalou e acabei dormindo poucos minutos após iniciarmos nossa viagem. Kael havia me dito que a tal bruxa vivia de forma reclusa, apenas seu círculo mais íntimo sabia sua localização. Aquilo voltou a mexer comigo. Kael era um homem conhecido, invejado por todos, muito mais poderoso do que meu antigo mestre. Era apenas natural que ele conhecesse muitas pessoas, mas algo na forma como ele falava da tal bruxa, seu tom de voz vibrava e eu até podia imaginá-lo passando a ponta de sua língua pelos lábios antes de passar qualquer informação referente a mulher, aquilo me irritava. Uma leve mordida em meu pescoço me fez despertar. Abri meus olhos lentamente, notando que o interior do carro parecia mais escuro do que quando entrei e que algo pesado havia sido porto sobre o meu corpo. Voltei a fechar meus olhos e tateei, sentindo o tecido macio, seu corte me fez perceber que se tratava do blazer que Kael estava usando quando saímos da sua casa. Apurei m
POV: Kael Assim que me beta saiu com Linnea, algo dentro de mim se agitou, meu lobo não parecia nada satisfeito com a distância que eu estava impondo aquela mulher. Enquanto Fiora parecia muito feliz em ficarmos sozinhos. Em outras ocasiões, eu teria aproveitado sua companhia, afinal apenas um imbecil não sentiria atração por aquela mulher. Seu corpo era um deleite para os olhos e a bruxa sabia como satisfazer um homem. Porém, naquele momento, eu não conseguia sentir nada por ela, até mesmo seu cheiro estava me causando fortes dores de cabeça. Os belos olhos purpuras brilharam de malícia enquanto a bruxa passava sua língua pelos lábios volumosos, mas aquela cena não causou absolutamente nada em mim. Meu lobo a rejeitava, querendo ir até Linnea a qualquer curto. Contive seus desejos e me foquei no assunto principal, empurrando as mãos atrevidas de Fiora de cima do meu corpo. ― Não tenho tempo para isso. Você disse que tinha as informações, então fale. ― Disse com a voz firme, mante
POV Linnea A venda em meus olhos dificultava um pouco que eu enxergasse muito longe, então eu corri grande parte do caminho as cegas, entrando em becos e ruas vazias. Parei por um momento, tentando perceber se alguém estava vindo atrás de mim. Não conseguia respirar corretamente, então me sentei encostada em uma parede de tijolos. As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto, eu não tinha nenhuma chance de ser livre. Abracei meus joelhos, meu corpo tremia ao lembrar dos toques gentis de Kael e como suas palavras encheram o meu coração de esperança. ― O que eu faço? Se voltar para aquele lugar eu serei morta, mas se não me esconder o mestre vai me achar. Por que acreditei nele? Aquele lobisomem não é diferente do mestre, ele vê apenas a joia e seu poder, o que pode conseguir com ela. ― Sons de passo me assustaram, então me encolhi mais no canto, apertando minhas costas contra a parede. ― Você está bem? ― A voz gentil de um homem chamou. De maneira automática, eu ergui meus olhos. D
POV KaelComo uma mulher tão pequena e frágil conseguiu fugir tão rápido? Farejei ao redor, mas seu cheiro já havia dissipado. Voltei para a casa de Fiora, onde meus homens começavam a se aglomerar. Me aproximei do beta, que ainda tinha um fio de sangue escorrendo de seu lábio.― Encontrem aquela mulher, agora. ― Ordenei com a voz tomada pela raiva. Todos começaram a se mover imediatamente. ― Precisava bater no pobre Carter? O lobo está ao seu lado desde antes de você se tornar o alpha. ― Rosnei na direção da bruxa, que ergueu suas mãos com um sorriso debochado em seu rosto. ― Se acalme, querido, não fui eu quem assustou a menina.Ignorei Fiora e peguei meu telefone, mandando mensagens para outras frentes sob meu comendo para iniciarem buscas em outros pontos daquele bairro. A bruxa se mantinha por perto, seu cheiro estava me confundindo e irritando.― Tem mais alguma coisa para falar, ou só quer me irritar cercando como a droga de um carniceiro? ― a mulher colocou a longa unha sobre
POV Linnea Todo aquele lugar tinha um cheiro estranho, algo ferroso misturado com o perfume forte de produtos de limpeza. Estava tão assustada que me recusava a erguer meu rosto, mesmo com os olhos fechados. O homem que me puxava pelo caminho resmungou. ― Por que o chefe pegou essa mendiga? Ela está fedendo a cachorro. ― Sabe como o senhor Kairos gosta desse tipo de coisa. Logo ele vai se livrar dessa também e vamos ter de limpar a bagunça. Não demorou para que eu fosse jogada contra o chão, que tinha o mesmo cheiro enjoativo do restante da casa. Meus cabelos foram puxados para trás com violência e as lágrimas rolaram pelo meu rosto, enquanto eu levava minhas mãos até minha cabeça, em uma tentativa de me libertar. ― Bem-vinda ao inferno. ― O homem me soltou e logo os sons de trancas preencheram o ambiente. Busquei um canto do quarto onde pudesse me esconder. Engatinhei pelo chão, tateando com as mãos trêmulas. Tentei me acalmar e pensar com clareza. Aquele lugar era perigoso, s
POV Kael Aquele lugar estava impregnado com o cheiro de Linnea. Me aproximei do carro e notei resquícios de sangue na porta. Todo o meu corpo vibrou, meu lobo desejava saborear a carne daqueles que ousaram tocar no que era meu. Minha sanidade estava por um fio, tentei conter minha raiva, eu precisava encontrá-la primeiro e deixá-la em segurança. ― Kael! ― O grito de desespero vinha do segundo andar da casa. Me virei e logo um grupo de homens marmados surgiu. ― Não me toque! Pela primeira vez, eu permiti que a loucura me dominasse, permito que meu lobo tomasse conta e como presente, ele me permitiu assistir à destruição de todos que estavam em nosso caminho. Seus corpos não passavam de pedaços podres de carne, o sabor de seu sangue enchia minha boca, minhas garras poderosas dilaceraram corpos, um após o outro. Os sons que vinham do andar de cima, o cheiro do medo dela misturado com o de um humano podre eram tudo no que eu conseguia me focar. Arranquei a porta com um simples movimen