CAPÍTULO 123 Valéria Muniz 15 dias depois O tratamento continua, são tantos remédios, diversos colírios, mas hoje é o grande dia... estamos no hospital novamente, só que mal consigo controlar a minha ansiedade. — Val, está tudo bem, minha menina! A gente não vai desistir se a sua visão não voltar, eu sempre estarei do seu lado. — senti o calor do beijo do Vinícius nas minhas mãos, e tentei me controlar para que ele não se preocupasse, mas a verdade é que eu estava a ponto de ter um colapso, completamente sensível, ansiosa e vulnerável. — Tá bom, meu tenente... vai ficar tudo bem. — tentei convencer a ele e a mim mesma. . Ao entrar no consultório, eu via na minha mente as coisas que ouvi na consulta anterior, quando eu também não vi com o outro olho, e o desespero estava tomando conta de mim. Senti a faixa sendo retirada do meu olho, e por mais que o doutor pedisse para abrir os olhos, eu estava com medo, muito medo. Vinícius segurou na min
CAPÍTULO 124 Valéria Muniz Meu coração batia forte, enquanto apenas era guiada por Vinícius, deixando de contar qualquer passo. Quando entramos, ouvi um grito animado: — VOCÊ VEIO TIO! E TROUXE A TIA VAL, COMO PROMETEU! — senti a pequena, agarrada às minhas pernas, assim que bateu seu corpo pequeno no meu com a velocidade em que veio. — Sim, minha linda! Você está bem? — imediatamente me abaixei, a abraçando. — Feliz, tia Val, muito feliz! — sorri com a alegria da criança hoje, que ficava passando a mão e arrumando meus cabelos. — Joaninha, conta para a Val, a novidade! Ela não sabe, veio até aqui para que a gente contasse! — Vinícius disse empolgado, e fiquei emocionada... eu já imaginava o que seria, mas ouvir me traria uma alegria muito maior. — Tio Théo conseguiu a minha adoção! Ele disse que vou pra casa de vocês! — ela quase gritou seu contentamento, pulando no meu pescoço e a abracei muito forte. Eu não conseguia ver além do se
CAPÍTULO 125 Valéria Muniz Eu fiquei com muito medo que aquilo acabasse, e a minha visão desaparecesse, era desesperador. — Deus, não me tire a visão de novo, eu suplico! Eu quero muito ver, não me deixe no escuro outra vez! — falei em voz alta, e em lágrimas, porque já havia passado de três segundos e eu ainda estava vendo. — Eu estou num sonho? — TIA! UMA MULHER BONITA TÁ CHAMANDO POR VOCÊ! — olhei para um outro ângulo, e vi uma menininha, acho que era a menina mais linda que poderia existir, cabelinho perto dos olhos, escuro e brilhoso... “ela se parece comigo?“ — não era só de coração, Joaninha realmente é parecida comigo. — Você é tão linda, meu anjinho... sussurrei e ela sorriu, caminhando alguns passos até a mim, acho que me ouviu ou leu meus lábios. — Eu não falei tia! Papai do céu deixou seus olhos novinhos, não foi? — seus traços ainda ficavam embaçados pra mim de uma hora pra outra, mas seu sorriso e rosto delicado não me passaram
CAPÍTULO 126 Valéria Muniz Era tudo tão estranho, novo, e tão emocionante ao mesmo tempo. Estranhei os degraus, era como se aquela não fosse a casa que eu vivia diariamente na minha cabeça, era deslumbrante, linda demais! De repente vi meus irmãos correndo na nossa direção e quando os olhei, Adan saltou. — Você está me vendo? — ele pulou no meu colo, precisei me abaixar porque não posso segurar peso, por causa da cirurgia recente, ele reconheceu o meu olhar que deveria estar muito diferente, e acho que nunca o senti tão próximo de mim como agora, ele simplesmente me abraçou como uma criança da idade dele abraçaria, não como o Adan que foi instruído por Aaron e Raquel durante esses anos. — Sim, meu amorzinho! — respondi, e Abel também pulou, percebi que Vinícius me apoiou quando me abaixei mais para abraçá-los, e foi maravilhoso tê-los assim. Até que a nossa mãe falou: — E, a mamãe? Vocês não conseguem se lembrar? — eles olharam diferente pra ela, Adan con
CAPÍTULO 127 Valéria Muniz Aquele senhor estava inquieto... eu também estava, acho que todos estavam. Ele andava de um lado para o outro, Abel veio no meu colo, então quando viu a reação do menino, começou: — De certa forma, a culpa sempre foi minha! Negligenciei a minha única filha, e um qualquer a levou de mim. Errei novamente quando não a levei de volta arrastada, e não prendi em casa, porque eu já sabia que aquele homem não era boa pessoa, eu sentia! — havia dor nas palavras dele, sentou no sofá, pressionando a mão sobre as pernas, e soltando repetidamente. — Pai, fui eu quem errou, pare de se culpar! — a minha mãe falou pra ele, que negava com a cabeça. — Eu poderia ter evitado, não evitei. Deixei para uma menina, resolver! Olha o resultado! Quando descobri parcialmente que havia tido filhos dele, eu não voltei mais atrás, deixei Joana sozinha. Antes de morrer a minha esposa contou que investigou, e o mais velho era adotado, pensei que Raquel era
CAPÍTULO 128 Valéria Muniz Quando aquele senhor saiu, foi uma mistura de sentimentos. Minha mãe sentou do meu lado, e com cuidado a ajudei a explicar para os meninos o que aconteceu, de forma mais simples possível, porquê além de estarem confusos, tinham o pai como um homem bom, e não fazia sentido fazer com que eles pensassem diferente, agora que ele já morreu. Adan e Abel entenderam, mas não ficaram tão próximos dela como já estão de mim e Vinícius, mas tenho certeza de que logo ficariam, nossa mãe é boa. — Você passou por tantas coisas, mãe... e o pior é que Aaron ficou pior que nosso pai. Tenho muitas cicatrizes por culpa dele. — contei quando os meninos levantaram e foram atrás do Vinícius, ela ficou bem triste. — Eu cuidei tão bem daquele menino, como se fosse meu. Também cuidei da Raquel, eram como se realmente fossem meus filhos, ensinei de forma correta, não pensei que fariam tanto mal assim. — Sente falta deles, mãe? — Sim, eu poderia vê-los? — Claro. Eu tenh
CAPÍTULO 129 Valéria Muniz As coisas ficaram muito mudadas, era como se eu não conhecesse a casa, agora que consigo ver, como se todos estivessem diferentes, embora quem havia passado por mudanças era eu. Quando fomos até a cozinha, vi a minha mãe na frente do fogão, tomando o lugar da bela mulher loira de cabelos longos que a olhava curiosa ao ver minha mãe conduzir o fogão. — Edineia? — chamei com cautela, mas por dentro eu já imaginava que era ela, a minha companheira de sempre, tão amável e prestativa, que tanto me ajuda desde que nos conhecemos. — Ai, que alegria de saber que você voltou a ver! — ela veio me abraçar, e fiquei impressionada com aqueles olhos azuis tão bonitos. — Eu estou muito feliz, realmente! Agora a minha mãe está aqui, são tantas coisas boas! — olhei para Edineia tão bonita, sorrindo pra mim. — É, pelo que vi, vou perder o cargo, ela cozinha muito bem! — Edineia falou sorrindo, porém seu olhar era para minha mãe, en
CAPÍTULO 130 Valéria Muniz Quando chegamos em casa, estávamos rodeados com as crianças, a minha mãe sentada no chão, encostada na mesinha de centro, Edineia do outro lado. Começamos a conversar e a nos divertir com as gargalhadas das crianças, então Vinícius se levantou. — Minha menina, você pode vir comigo um momento? — estranhei, mas seu semblante era tão tranquilo que não me preocupei. — Claro. — ele esticou a mão e me ajudou a me levantar. Me puxou me abraçando de lado, e deixei que me conduzisse, chegando até o quarto. — Tenho algo que guardei pra você. — O que é? — Será que comprou mais roupas? Porque já percebi que me visto muito mal. — Espera aqui na cama... — o vi ir até as gavetas, fiquei esperando. Quando menos esperei, vi Vinícius vindo com algo que parecia pesado nas mãos, ajeitei os óculos, tenho dificuldades em enxergar a uma certa distância com clareza, mas era um álbum de fotos. — Oh, meu Deus! Isso é o que estou pensando? O