Quatro dias sob as garras de um demônio que desconhecia a palavra descanso. Até mesmo um reserva como Jake não conseguiu escapar do árduo treino. E enquanto os rapazes em seus vinte anos corriam e se exercitavam, um sujeito mascarado cuidava dos preparativos para o almoço.
Ao meio dia em ponto o alfa já aguentava mais pular pra treinar saque ou ter que correr pela chácara atrás da bola. Jake pegou a toalha que estava dando sopa numa cadeira e secou o suor, tentando saber se a sua alma já tinha saído do corpo. Mesmo de bermuda e regata, a sensação de estar num forno permanecia.
— Pô, nem trouxe minha garrafa, capitão?
— Sou seu burro de carga não, vá pegar na geladeira — Brigava Matheus, dan
Depois do almoço, o treinador dividiu os jogadores na tarefa de lavar a louça e arrumar a cozinha. Livre por um momento, Nathaniel subiu para o segundo andar indo direto para a suíte que dividiria com Guilherme.Assim que fechou a porta, pôde relaxar o corpo.As suas pernas tremiam mal podendo se aguentar em pé. Escorando na parede, Nathaniel escorregou até se sentar no chão, se sentindo estranho de novo. A respiração estava pesada e o seu corpo estremecia tendo diversos calafrios.Puxando a blusa fina que usava até o rosto, sentia o aroma amadeirado.Eram os feromônios de Jake.— Haaa… O que tá acontecendo comigo?
A maioria dos feromônios de um ômega eram doces e suaves para seduzir o alfa sem que fosse notado. Eram cobras sorrateiras prontas para envolver o seu alvo numa armadilha, sendo um aroma gostoso de ser sentido aumentando a excitação mais tarde.Isso era algo que todo alfa sabia sobre ômegas. Seria escolha deles de se envolverem ou não.No entanto, os feromônios que Jake sentia naquele banheiro eram completamente diferentes.A sua intenção era apenas ver se Nathaniel não tinha ficado chateado com a reação dos seus colegas de time. Como não sabia a forma que ele lidava com os rumores, Jake imaginou que poderia fazê-lo se sentir melhor caso explicasse que seus amigos eram naturalmente sem noção.
Fazia tempo que Nathaniel não dormia tão bem.Pensando bem, da vez que voltou da festa de boas vindas da Rapoxia, ele conseguiu dormir por quatro horas seguidas, acordando por causa dos pesadelos. No entanto, dessa vez foi diferente.Não sonhou com nada.A sua cabeça estava tão leve, que demorou um tempo para Nathaniel se situar. Estava zonzo e com preguiça, a posição em que estava deitado era confortável e não passava calor mesmo coberto com lençol. Se ele mexesse um tiquinho que fosse, poderia perder todo aquele conforto gostoso.No entanto, algumas lembranças o fizeram pular na cama.Nathaniel lembrava de ter ido para o quarto no instante e
Nathaniel o encarava silenciosamente. Ter aqueles olhos misteriosos sobre si deixavam o alfa ligeiramente ansioso, mas não desistiria de ter uma resposta.Apesar de já imaginar o que ele diria.Se não fosse pelo treino, teria procurado por Nathaniel assim que o viu acordado. Só que na primeira tentativa de se aproximar, foi completamente ignorado.Nem sequer tentou outra vez, já que o coringa fugia de si se parecendo ocupando com alguma outra coisa. Estava tão na cara que estava o evitando mesmo que tentasse disfarçar. E também… havia um outro problema.Descendo os olhos para o peitoral de Nathaniel, Jake engolia em seco tentando se controlar. Apesar de ser uma camisa com proteção solar, ela era
Aquele beijo foi mágico.Em toda a sua vida, não conseguiu entrar em um relacionamento já que estava focado em treinar box enquanto morava nos Estados Unidos. Apesar dele ter se sentido atraído por algumas garotas durante sua adolescência, não significava que ele tinha coragem de chamá-las para sair em um encontro.Além disso, nunca cogitou se relacionar com garotos.Para a surpresa de Nathaniel, ele não se sentia tão estranho em relação a Jake.Era confortável estar do seu lado. Só de conversarem era o suficiente, mas agora que o beijou duas vezes... Bem, era meio difícil não ficar pensando naquilo.Ainda podia sent
Um dia, Jake morreria de calor.Treinar em um dia quente deveria ser um crime.— Vamos lá, seus bandos de molengas! Vocês ainda precisam treinar o saque.Os rapazes da Rapoxia resmungavam em uníssono. Para a felicidade deles, o assistente pediu por um intervalo e distribuiu água gelada para os jogadores, sendo chamado de novo Messias.Aproveitando para fugir do ginásio abafado, Jake pegou a sua garrafa d’água e escapou para fora, onde a brisa gelada o fazia se sentir vivo novamente. A deliciosa sombra da imensa árvore poderia ser disputada se mais alguém quisesse fugir do calor, por isso o alfa correu para reivindicá-la. Se sentando no gramado, ele finalmente poderia respirar livremente.
Ele estava ciente que qualquer ômega poderia escolhê-lo como alfa, Jake não seria idiota de não saber que era bonito e popular. A questão é que até então isso pouco importava. Em toda a sua vida, só houve uma pessoa que Jake considerou seriamente em morder, mas no fim ele acabou perdendo aquela pessoa para outro. Desde então, não saiu com mais ninguém, já que todos pareciam um bando de amoebas sem nenhum charme.Não importava até agora.Voltando para a faculdade, ele pôde conhecer uma pessoa misteriosa e curiosa. Alguém que chamou a sua atenção por se destacar mesmo querendo se esconder desesperadamente.Jake foi escolhido.Escolhido para ser
— Aqui, beba.Erguendo a cabeça, Jake pegou a lata de coca-cola que estava gelada. Abrindo um sorriso em agradecimento, o alfa abriu a latinha e bebeu um gole saciando a sua seden— Valeu.Nathaniel se sentou do seu lado abrindo a sua latinha e bebendo um gole. Mergulhados no silêncio, ambos pareciam presos em seus próprios pensamentos.Bem, era meio difícil saber como agir depois de terem dados uns amassos nos arbustos do campus. Parecia que estava vivendo perigosamente de novo, escondendo a sua relação de todos e tentando encontrar um canto onde pudessem ficar juntos.No final das contas, Jake teria voltado para os seus dezessete anos?Último capítulo