Andrew permaneceu em silêncio, sua mente fervilhando com as informações que Marcos havia acabado de lhe contar. Escritor? Ele? Como isso era possível? Ele não lembrava de nada. Andrew apoiou os cotovelos na mesa e passou as mãos pelo rosto. Ele sentia a cabeça latejar com todas essas informações.— Você está me dizendo que... eu escrevia livros de contos eróticos? — Ele perguntou, ainda incrédulo.Marcos assentiu, cruzando os braços suspirando, observando o amigo em um conflito interno evidente.— E não só escrevia. Você era um dos autores mais vendidos do gênero, cara. Seu pseudônimo era um segredo bem guardado, mas parece que alguém resolveu vazar essa informação agora. — Eu sei que é muito para processar, mas precisa acreditar em mim. Eu acompanhei tudo. Você publicava sob pseudônimo e mantinha isso escondido da sua família porque sabia que eles nunca aceitariam. Agora que a verdade está vindo à tona, talvez seja a hora de encarar isso.Andrew bufou, fechando os olhos por um momen
Enquanto isso, Bridget, Vitória, Camila e Maxwell estavam no carro, retornando do shopping. Bridget tamborilava os dedos no assento do carro enquanto Maxwell dirigia de volta para a livraria. A conversa animada entre Camila e Vitória no banco de trás a mantinha distraída, o clima no grupo ainda estava leve, apesar do encontro tenso com Andrew e Laura. mas algo ainda a incomodava.— Eu ainda não acredito que aquela mulher teve a audácia de tentar te humilhar daquele jeito, Bridget — Vitória bufou, cruzando os braços. — Mas você lidou muito bem.— Obrigada — Bridget sorriu, mas havia algo no olhar dela, como se ainda estivesse digerindo tudo o que aconteceu.— E aquele seu tombo quase épico? — Camila riu. — Se não fosse o Maxwell, você teria beijado o chão do shopping!— Ah, obrigada por me lembrar disso... — Bridget rolou os olhos, envergonhada.Maxwell, que dirigia, lançou um olhar divertido para ela pelo retrovisor.— Eu deveria ter deixado você cair, só para aprender a olhar por ond
Ao voltar do café, Andrew resolveu retornar a empresa, enquanto atravessava o saguão da empresa sentindo os olhares pesados sobre si. Alguns funcionários ainda cochichavam, e ele sabia exatamente sobre o que era."Será que é verdade?" "Um CEO escrevendo contos eróticos?" "Eu li os livros! Agora tudo faz sentido..."Ele cerrou os punhos. Isso era um pesadelo.Ele mal havia processado a revelação, e agora sua própria empresa estava virando um campo de fofocas.Quando entrou em sua sala e fechou a porta, soltou um longo suspiro.— Que inferno.O celular tocou novamente. Ele olhou o nome na tela e sentiu o estômago revirar.Mãe.Ele passou a mão pelo rosto antes de atender.— Alô.— QUE ABSURDO É ESSE, ANDREW?!A voz trovejante da mãe quase estourou seu tímpano.— Mãe, eu posso explicar—— Explicar? Explicar o quê? Que meu filho, o futuro da empresa, estava secretamente escrevendo romances vulgares?!Andrew apertou os olhos, sentindo a paciência se esvair.— Isso foi antes da empresa, a
A sala de reuniões da Editora Jones Entretenimento era uma visão de poder e sofisticação. O espaço amplo era iluminado por uma parede inteira de vidro, que oferecia uma vista impressionante da cidade. A mesa de reunião, feita de mogno escuro, refletia a luz dos lustres modernos pendurados no teto.Andrew entrou na sala com passos firmes, seguido de perto por Marcos. Seu semblante era sério, mas seus olhos carregavam algo diferente… um peso de lembranças fragmentadas e uma ansiedade que ele tentava disfarçar.Laura já estava ali, sentada ao lado da CEO, com uma expressão preocupada — mas ao ver Andrew, ajeitou o cabelo e sorriu suavemente.Foi então que a porta se abriu novamente, e ela entrou.Bridget Jones.Ela parecia intocável. Vestia um conjunto de blazer e saia de cintura alta em um tom de azul-marinho, que realçava sua silhueta esguia e elegante. O cabelo estava preso em um coque solto, com algumas mechas caindo suavemente ao redor do rosto, e seus saltos ecoaram pela sala confo
Andrew saiu da reunião com a cabeça a mil. O encontro tinha sido um caos, e ele não conseguia esquecer o olhar de Bridget. O jeito que ela o desafiava, como se ainda enxergasse algo nele que nem ele mesmo conseguia ver.E Laura… Aquela maldita jogada com o copo d’água não passou despercebida.Ele entrou no elevador e afrouxou a gravata, soltando um suspiro frustrado.Após a reunião Andrew retornou para a empresa da família, ele caminhava pelo saguão da empresa com passos pesados. Ele sentia os olhares sobre si. Sussurros surgiam de todos os lados.— Você viu as notícias?— O CEO Miller, escritor de contos eróticos?— Isso vai ser um escândalo na família dele.Ele manteve o olhar fixo no elevador, ignorando os comentários. Mas por dentro, seu sangue fervia. Ele não sabia se era raiva por estarem falando dele ou pelo fato de não lembrar dessa parte da sua própria vida.Quando as portas do elevador se fecharam, ele fechou os olhos por um instante, respirando fundo.Assim que chegou ao se
Após a conversa com Marcos, Bridget sentia um peso no peito, mas não estava disposta a dar espaço para esses sentimentos. O que quer que Andrew sentisse ou não, já não era mais problema dela.— Quer uma carona para casa? — Marcos perguntou, destravando o carro.Bridget abriu a boca para responder, mas seu celular vibrou em sua mão. Ela olhou a tela e viu o nome de Maxwell.— Eu me viro — disse, atendendo a ligação. — Maxwell?— Onde você está?Ela sorriu de leve. — Do lado de fora da editora.— Ótimo, não saia daí. Estou passando para te buscar.— E para onde exatamente vamos?— Surpresa.Bridget franziu a testa. — Não estou vestida para surpresas.— Você está sempre vestida para surpresas — ele retrucou, divertido.Antes que ela pudesse insistir em uma resposta, Maxwell desligou.— Maxwell? — Marcos perguntou com um sorriso malicioso.— Maxwell — Bridget confirmou, guardando o celular.— E eu que achei que ele estava brincando quando disse que tinha interesse em você.Ela revirou os
Em outro lugar da cidade…Callie estava sentada na beirada da cama, com o olhar vazio fixo na parede. O quarto ao seu redor parecia um reflexo da sua mente: bagunçado, sufocante e caótico. Papeis rasgados espalhados pelo chão, anotações confusas e rabiscos sem sentido. A luz do abajur piscava, projetando sombras distorcidas pelo cômodo.Ela passava as mãos pelo cabelo, respirando de forma irregular, o peito subindo e descendo com uma ansiedade crescente. Desde que começou a tomar os novos remédios prescritos por seu psiquiatra, algo dentro dela parecia estar… errado.A inveja que sentia de Bridget sempre esteve lá, como uma ferida aberta, mas agora, parecia ter ganhado uma nova forma. Ela não conseguia parar de pensar em como tudo sempre dava certo para Bridget. Como Taylor—seu próprio pai!—tinha se aproximado mais da irmã do que dela. Como Andrew ainda olhava para Bridget, mesmo depois de tudo. Como até Maxwell, que mal a conhecia, parecia estar do lado dela.Era insuportável.E entã
A manhã amanheceu fria e chuvosa, refletindo o clima de tensão que ainda pairava sobre todos. Bridget acordou com uma leve dor latejante no braço engessado e um suspiro pesado escapou de seus lábios.A lembrança da semana anterior ainda era vívida. Callie foi levada pela polícia, e agora estava internada em uma clínica psiquiátrica. Bridget nunca imaginou que tudo chegaria a esse ponto.Ao lado de sua cama, sua avó Nívea ajeitava o travesseiro com um olhar cheio de ternura.— Como está se sentindo, minha menina? — Nívea perguntou, passando a mão suavemente pelos cabelos de Bridget.— Melhor do que ontem, vovó — Bridget sorriu, mesmo com um leve desconforto.Cida entrou no quarto com uma bandeja repleta de comida e um copo de suco natural.— Você tem que comer bem, menina. Nada de se negligenciar, viu? — Cida alertou, colocando a bandeja no colo de Bridget com um olhar firme, mas cheio de carinho.Bridget riu fraco. — Eu prometo que vou me alimentar direitinho.Antes que pudessem conti