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— Para onde vocês estão me levando? - o desespero estava estampado em minha face. As mãos fortes dos policiais me puxavam de um jeito nada agradável. Parecia que eu era a criminosa, enquanto eu era somente a pessoa que ajudou a vítima. — Me soltem!Eles me empurram para uma sala medonha, onde caberia apenas 10 passos. Sou dirigida a sentar na cadeira. Coloco as mãos em cima da mesa, e logo o guarda destrava as algemas. Solto uma lufa de ar. Não estou entendendo nada.— Bom dia. Sou a delegada Michele Álvares. Como está senhorita Soraya?— Assustada. Me trouxeram aqui como se eu fosse uma fugitiva da cadeia. Eu não fiz nada.— Engraçado que todos dizem o mesmo. Eu sou inocente, eu não fiz nada.— Realmente não fiz nada. Eu tenho certeza que Sebástian deve ter visto quem atirou nele. Não fui eu! Assim que ouvi o disparo, caminhei para a parte externa e pude ver uma pessoa correndo.— Quem?— Não consegui identificar. No mesmo momento eu fui ajudar a vítima e identifiquei que tratava do m
Sebástian— Não é possível que ele não vai acordar! Passou mais de oito horas e nada dele sequer demonstrar um sinal de esperança!— Tenha calma. Ele irá despertar na hora que ele estiver que despertar! Não precisamos ter pressa. O mais importante é que os policiais conseguiram prender Soraya. Tenho certeza que ela nunca mais irá nos perturbar.Ouço um suspiro pesado.— Eu não tenho certeza disso, sogra. Na hora eu acabei confirmando a sua versão, pois estava muito nervosa. Realmente a senhora viu Soraya disparando?— Não está acreditando em mim?Aperto os olhos. Aos poucos as minhas pálpebras vão se distanciando. A luz se faz presente, incomodado, pisco algumas vezes. A garganta está seca. Passo a língua sobre os lábios, eles também estão ressecados e ásperos.— Meu amor.Com um pouco de esforço eu consigo responder.— Soraya. - minha cabeça continua girando muito. Tento me mexer, mas não consigo. Sei que estou a sentir os meus braços e pernas, mas o cansaço que está sobre o meu corpo
- Tem sorte por ele te libertar. A acusação é muito grave senhor Sebástian, sabe que a sua mãe e sua esposa poderiam ser presas por falso testemunho, não sabe?Concordo com a cabeça.- Incriminar uma mulher inocente é um ato de covardia, ainda mais sendo a mãe dos seus filhos. Dessa vez eu não irei fazer nada por consideração ao senhor e pela sua amizade com meu pai. Se isso ocorrer uma próxima vez, eu não darei liberdade.- Sim senhora. Isso não vai mais se repetir.Ela suspirou fundo.- Gostaria que o senhor pudesse nos relatar o que aconteceu no dia em questão. Há algum suspeito? Alguém que o senhor tenha criado uma rivalidade, ou algo parecido.- Não. - internamente, tento entender quem poderia agir de tamanha crueldade. Não consigo pensar em ninguém. - Acredito que seja algum dono de terra querendo me ver fora da concorrência.- Tudo bem. Estaremos investigando o real culpado. - ela ergue o corpo e estende a mão em cumprimento. - Os senhores estão liberados.//Em todo o trajeto a
SorayaAinda sorrio quando lembro da cara de espanto de Sebástian quando me viu saindo das águas. Ele estava constrangido. Não sei o porquê disso, se tantas vezes me viu nua. Nada daquilo era novidade. Naquela noite eu queria sair de todo o estresse causado, e o lugar apropriado para aquilo era o riacho escondido. Ainda lembro quando íamos foragidos de nossos pais, para nos encontrar.Eu não nutria sentimentos por ele na época, mas adorava os encontros de dois adolescentes rebeldes. Acredito que o fator de não avançar com os meus sentimentos foi a obrigação de me casar com ele. Eu queria alguém de alto nível, e me ver entrelaçada com um homem que não era isso, me causou espanto. Talvez se não fosse toda a pressão dos nossos pais, principalmente dos meus, estaríamos juntos até hoje.— Estamos na segunda audiência pela guarda das crianças Selene e Suel. Vamos ouvir o relato das testemunhas. Senhora Geane, por favor.— Bom. Eu conheço Soraya desde criança. Ela sempre foi ambiciosa. Seu so
SebástianAo ver os meus filhos irem com Soraya, foi um choque. Eu realmente não imaginava que ela voltaria, e com as intenções que apresentou. Eu realmente acreditei que o seu destino era permanecer casada com homens mais velhos, e nunca mais quisesse saber das crianças. Me enganei. A única coisa que eu espero, é que ela não os magoe como fez comigo. Sei que todos merecem uma chance, porém brincar com os sentimentos dos meus filhos, não tem perdão.— A janta está servido, amor. - sorrio para Diana. — Eu sei que você está muito tenso. Quer conversar?Minimizo os olhos para minha esposa quando ela rodeia a mesa de jantar e começa a massagear os meus ombros. Ultimamente nossas conversas frequentes são a base de discussões e acusações sem motivo. Realmente queria que tivéssemos uma vida de paz e tranquilidade, eu espero que isso possa ocorrer.— Estou preocupado com as crianças. Eu nunca fiquei afastado delas. Essa é a primeira vez e logo sobre a supervisão de Soraya. Não sei se eu posso
Junto as sobrancelhas, com uma pontada estalando minha cabeça. Sinto meu corpo extremamente desconfortável, e, ao mesmo tempo, confortável, como uma sensação de paz. Assim que acordo, olho rapidamente ao lado procurando meu filho, e ele está deitado com um leve cobertor em cima do seu corpo.Aconchego-me novamente e abraço algo. Quando o perfume amadeirado invade as minhas narinas, imediatamente arregalo os olhos. Estou encolhido em um sofá pequeno dividindo um lençol minúsculo com Soraya. Ela está com seu rosto repousado em meu peito, e os braços rodeando minha cintura.Não consigo me recordar em qual momento adormecemos. Delicadamente retiro o seu corpo de cima do meu, e aos poucos vou saindo de seu enlaço. Caminho até o refeitório do hospital. A comida até que é apetitosa. No cardápio estão salgados variados e sucos de todos os sabores. Escolho pão com queijo para Soraya, ela ama isso. Também compro um misto quente para meu filho e eu.Para beber, escolho um café bem quente, um suco
Era tarde da noite do outro dia, quando cheguei em casa. Mesmo sobre os meus protestos, Selene correu para o quarto e se trancou. Preferi deixar minha menina no tempo dela, não é fácil passar pelo que ela está passando. Lembro-me da cena de Soraya e Selene. Nem preciso falar o quanto foi emocionante presenciar as duas abraçadas, enquanto a emoção tomava conta do ambiente. Não sei se o coração de Soraya se tornou puro, mas o amor que sente pelos filhos é inegável.— Você acha que iria passar despercebido?— Diana.— A sua traição me dá nojo. - junto as sobrancelhas. — Em um hospital, onde sua filha estava internada, em tratamento. Não tem vergonha?— Eu realmente não estou disposto a discutir com você. Quantas vezes tenho que falar que sou fiel? Não quero ter que ficar afirmando a todo instante que eu não teria coragem de trair você.— Isso já aconteceu. Fiquei alguns segundos prestando atenção no seu envolvimento com sua ex mulher. Estava nítido como vocês ainda se amam. Eu realmente t
Novamente, aquele cheiro invade o meu corpo. Umedeço os lábios, eles estão ressecados. Mesmo que a sensação seja agradável, faz cócegas em minhas costas. Incomodado, levanto, pisco algumas vezes e percebo ser o feno que estava espetando-me.— O que eu fiz? - coloco as mãos na cabeça quando vislumbro o corpo desnudo de Soraya repousado em meio ao chão, rodeado por roupas e palhas. Lembranças da noite passada invadem a minha mente. Uma dor terrível se espalha. Tento levantar, a dor me impede.Eu traí a minha esposa! Essa frase martelava minha cabeça. Quando raciocinei um pouco melhor, indaguei a mim mesmo se isso teria sido uma traição. Diana havia pedido o divórcio, então o meu erro não foi tão ruim assim. Talvez eu quisesse me isentar da culpa, não consegui.— Sebástian. - a voz rouca e, ao mesmo tempo, suave de Soraya ecoou pelo ambiente. O sorriso preguiçoso estava estampado em sua face. Parecia satisfeita e talvez... feliz? — A noite de ontem foi mágica.— Esqueça o que aconteceu on