— Sua imprestável, olha o que você fez! - Gritou Stenio, fazendo com que meu coração acelerasse no momento em que se levantou.
Dando passos para trás, parecia que já era possível sentir o arder o tapa que meu rosto recebeu segundos depois. Minha mão pousou na área que agora estava sensível.
— Te dou um teto, comida e estudos pagos e é assim que você devolve? Estragando o meu terno de 12 mil reais?
Estremeci quando ele pegou a xícara e jogou o restante do café no chão, fazendo a pequena peça de porcelana cair em pedacinhos.
— Eu… sinto muito. - Disse sentindo-me cansada de tudo isso.
— Não quero saber de desculpas! Saía da minha frente agora.
Gritou e sem esperar muito, virei-me para correr para o mais longe dali, mas parei os passos ao avistar minha mãe parada na porta, com um sorriso no rosto. Meu coração, que já estava machucado, feriu um pouco mais ao vê-la.
— Você não presta nem para servir uma xícara de chá. O que vou fazer com você, Erica?
Não a respondi, passei direto para o corredor e me tranquei em meu quarto. Minha mente estava pesada e um gosto amargo havia surgido em minha boca. Eu já teria fugido daqui, se esses desgraçados não tivessem controle sobre a minha vida. Eles sabiam do erro que eu cometi e tinham noção que com apenas uma ligação, minha vida estaria ainda mais perdida do que agora.
Não durei muito tempo aqui, logo tive que me arrumar para ir trabalhar. Preparei minha bolsa e saí de casa sem ao menos tomar café da manhã, entrei na grande fila do metrô e depois de um bom momento, consegui pegar meu caminho.
Cheguei à empresa sem cabeça para ser feliz com meus colegas de trabalho, mas não conseguia ser ignorante com os outros. Por isso, quando Adriely se aproximou toda sorridente, forcei um sorriso no rosto também.
— Você não vai acreditar! - Disse se sentando ao meu lado.
— Em quê?
— Eu estou noiva! - Praticamente gritou chamando a atenção dos nossos colegas de trabalho.
Um sorriso verdadeiro se formou no meu rosto e a puxei para um abraço carinhoso, feliz por ela realmente ter realizado seu sonho.
— Que felicidade, torço muito para que os dois sejam felizes.
— Obrigada, minha amiga. Também torço para que você encontre alguém que lhe faça feliz.
Um sentimento ruim tomou conta de mim. De jeito nenhum conseguiria me livrar da minha mãe e Stenio para poder encontrar um homem. Ele com a influência que tinha, iria infernizar nosso relacionamento. Só seria possível se fosse alguém influente ainda…
Claro que não encontraria ninguém assim.
Volto a sentar em minha mesa e nós duas focamos em nossos trabalhos. Depois de muita insistência por causa de Adriely, Stenio deixou eu vir trabalhar na agência da minha amiga. Hoje, eu era a sua assistente e feliz por essa oportunidade, porque assim tinha algo a me envolver além daquela casa de outro mundo.
Depois do almoço, finalizei minhas coisas e consegui ir mais cedo. Não que eu quisesse, mas sabia que Stenio iria receber uma pessoa importante e ordenou que eu fosse fazer o jantar.
O mesmo processo de vir, foi de volta. Quando cheguei em casa, tomei um banho e me arrumei para cozinhar. Preparei os pratos que minha mãe escolheu, sabendo que a pessoa era importante quando Stenio chegou com um vinho bem caro.
Organizei a mesa e estava prestes a ir lavar a louça quando meu meio-irmão, Theo, apareceu. Em seu rosto, continha uma expressão fechada sem um mínimo de felicidade.
— Aconteceu alguma coisa? - Perguntei confusa.
Geralmente nesses jantares, eu apenas fazia a comida e me retirava para o quarto depois de deixar a cozinha limpa.
— O papai disse que você deverá se arrumar e descer para o jantar.
O olhei confusa, mas a frieza em seu rosto fez meu sangue gelar. Deixei o copo na mesa para não cair no chão e me afastei lentamente.
— Ele não vai fazer isso, né?
— Sinto muito, Erica. Tentei conversar com ele, mas o papai está decidido.
Sinto as lágrimas surgirem nos meus olhos e olho para minhas mãos trêmulas.
— O nome dele é Murilo Medeiros Lombardi, ele tem 32 anos e atualmente está no comando da corporação Lombardi. Ele morava em Londres e se mudou para o Brasil há cinco anos…
— Mas… por que alguém tão importante? Por que ele não faz a Natália se casar com ele? - Um soluço deixou meus lábios.
— Por que… - Ele fez uma causa que me deixou ainda mais com medo. — Dizem que esse Murilo é um homem bruto, que perdeu a única mulher que amou em um acidente no mar e nunca mais se atreveu a ficar com outra mulher. - Franzi o cenho, limpando as lágrimas que rolavam no meu rosto.
— Então porque ele está aceitando se casar comigo?
Theo se aproximou mais, limpando a lágrima que escorreram no meu rosto. Respirei fundo enquanto esperava sua resposta.
— Eu não sei te dizer. Ele não contou o motivo para o meu pai, apenas disse que para resolver os assuntos das dívidas, que meu pai cederia uma de suas filhas para se casar.
Meu estômago se revirou em agonia e apoiei-me à mesa. Theo mantinha a expressão séria e se afastou quando ouvimos passos.
— Olha, não quero isso. Sabe que meu plano era assumir as coisas do papai e te tirar daqui, mas agora…
— O que eu faço?
— Você pode fazer o que ele pede e se casar. Não se preocupe, vou arrumar um jeito de te tirar dessa vida.
Acenei confirmando e comecei a me afastar, ouvindo a voz de Natália chamando o nosso irmão. Subi para o quarto e puxei o ar com força antes de me deixar chorar até não aguentar mais.
Uns minutos passaram e minha mãe bateu na porta, atrás de saber se eu estava pronta. Neguei e corri para tomar um banho e me arrumar. Já pronta, me olhei no espelho sentindo uma ânsia me tomar.
A batida na minha porta chamou minha atenção e a voz da minha mãe trouxe um arrepio à minha coluna.
— Erica, está na hora. Murilo já está esperando na sala de jantar. Não o faça esperar.Engoli em seco e desci as escadas, cada degrau parecia mais pesado que o anterior. Ao entrar na sala de jantar, meus olhos encontraram um homem alto e imponente, de terno escuro, olhar sério e uma aura que transmitia poder. Era Murilo Medeiros Lombardi.— Erica, que bom que você decidiu se juntar a nós. - Stenio disse com um sorriso falso no rosto, enquanto Natália apenas me lançava um olhar superior.— Boa noite, senhor Lombardi. - Murmurei, tentando esconder minha angústia.Ele apenas assentiu com a cabeça, sem expressão.O jantar foi um tormento, cada garfada parecia se transformar em chumbo descendo pela minha garganta. Stenio e Natália conversavam animadamente, enquanto Murilo observava tudo em silêncio. Eu estava ali apenas como parte de um acordo, uma mercadoria trocada para resolver dívidas.Após o jantar, fui conduzida até o escritório de Stenio. Ele me olhou com desdém e sussurrou:— Não e
09-07-2022Após a festa suntuosa, Murilo e eu fomos conduzidos até o jatinho particular que nos levaria a minha nova vida. O zumbido do motor anunciou o início da jornada, enquanto eu observava as luzes da cidade desaparecendo sob as asas da aeronave.Chegando ao Rio de Janeiro, o jatinho particular pousou em um aeroporto exclusivo. Descemos e, em um carro luxuoso, seguimos para a mansão de Murilo,no Jardins Dourados, localizada em um dos bairros mais nobres da cidade, . A casa majestosa se erguia imponente, rodeada por jardins exuberantes.Ao entrar na mansão, Murilo agiu como se eu não estivesse ali, seguindo diretamente para o quarto. A casa parecia um labirinto de corredores impecáveis e salas grandiosas. Sem ter para onde ir, fui abordada por uma empregada elegante, que se apresentou como Maria.— Senhora Erica, seja bem-vinda à residência dos Lombardi. Posso guiá-la até o seu quarto e apresentar-lhe a casa?Assenti, agradecendo pelo gesto e me sentindo um pouco melhor. Eu não e
14-07-2022Passei esses três dias nessa casa enorme e minha mente estava me deixando depressiva. Sempre me pegava em profunda tristeza, pensando em como a minha vida era antes do meu pai morrer e como se tornou depois daquele dia terrível. Forçando-me a levantar da cama, tomei um banho e desci para almoçar. Maria cozinhava muito bem e eu descobri que ela não dormia nessa casa, seu turno começava às 07hrs da manhã e finaliza às 19hrs da noite. Ou seja, depois disso, eu teria que me virar sozinha na presença de Murilo. Esses dias têm sido fáceis, até porque ele não estava em casa, mas Maria já me informou que Murilo retornaria na sexta-feira e eu estava me sentindo ansiosa desde agora. — O seu remédio, senhora. - Maria estendeu dessa vez uma pílula gelatina com uma cor dourada. Eu tinha pesquisado sobre esses remédios e realmente eram para ajudar na fertilidade. Suspirei, pegando o remédio e bebendo antes de me levantar. Olhei pela grande parede de vidro da sala de estar e vi que o
16-07-2022O sol começava a se pôr sobre o Jardim Dourado quando ouvi um carro estacionar e ao olhar para a garagem, pude ver Murilo descendo e Carlos tirando sua bagagem do porta malas.Eu estava sentada na beira da piscina, esperando justamente esse momento, mas agora que ele chegou, uma sensação ruim se apoderou do meu peito. Pronta para correr, quando a voz firme de Murilo ecoou atrás de mim.— Erica. - Ele pronunciou meu nome, uma sentença que me fez estremecer. Lembranças das palavras dele sobre a noite que se aproximava se materializaram, fazendo com que eu me levantasse abruptamente.Com pressa, olhei em seus olhos e corri para dentro da casa, tentando escapar do inevitável, mas meus passos foram seguidos de perto por Murilo. Ao chegar no meu quarto, eu mal tive tempo de tentar fechar a porta antes que Murilo me detivesse com um gesto rápido.— Não pense que pode escapar, Erica. Você sabia que esse momento chegaria. - Murilo declarou, sua voz cortante como uma lâmina.O deses
17-07-2022Acordei com o meu corpo dolorido e sentindo um peso profundo em meu coração. Percebendo que não estava no meu quarto, levantei-me, apenas para notar que eu estava sozinha na cama. Suspirei, forçando o meu corpo a se levantar. Peguei minhas roupas no chão do quarto e as vesti rapidamente, indo correndo para o meu. Peguei meu celular, que estava descarregado e o coloquei para carregar antes de ir tomar banho. Limpei meu corpo enquanto sentia as lágrimas rolando pelo meu rosto. Não estava me sentindo assim porque Murilo foi um monstro comigo, nem foi isso, ele foi um pouco paciente e não tão brutal como achei que faria. Mas… eu não pensei que minha primeira vez fosse acontecer assim e por isso o peso caia sobre mim, também teve a questão de que mesmo eu sentindo uma sensação boa, ainda não era o suficiente para sentir prazer. Se for assim até eu engravidar… 一 Oh, meu Deus! Será que eu já vou engravidar dessa noite? Me olhei no espelho sentindo meus olhos lacrimejar e susp
Dias depois… 27-07-22 Theo havia me convidado para nos encontrarmos esta noite, pois ele estaria na cidade a trabalho. Depois de me arrumar, o encontrei em um café popular, mas que nessa hora estava menos movimentado e por isso podíamos conversar sem o risco de alguém nos atrapalhar. Com um olhar ansioso, iniciei a conversa: — Theo, você conseguiu descobrir algo que possa nos ajudar a sair dessa situação? - Notei suspirar e negar com a cabeça. — Erica, eu tenho tentado de todas as formas, mas até agora não encontrei uma solução. Precisamos ter um pouco mais de paciência. Não podemos agir de forma impulsiva. Abaixei o olhar, sentindo-me desanimada com a resposta, mas sabia que precisava confiar no irmão. — Eu sei, Theo, mas cada dia que passa parece uma eternidade nessa casa. Eu não sei quanto mais consigo suportar. Theo colocou a mão sobre a minha, transmitindo-me um pouco de conforto. — Eu entendo, Erica. Mas precisamos manter a calma e a cautela. Vou continuar procurando uma
Acordei cedo na manhã seguinte com um propósito especial em mente. Era o aniversário de Adriely, e eu queria fazer algo especial para celebrar a ocasião. Com cuidado para não acordar minha amiga, preparei uma pequena surpresa na cozinha, colocando velas em um delicioso bolo que eu mesma havia preparado na noite anterior. Quando tudo estava pronto, me aproximei do quarto de Adriely e suavemente abri a porta. A luz suave do sol da manhã banhava o quarto, e Adriely ainda dormia serenamente em sua cama. Me aproximei dela com um sorriso suave nos lábios e comecei a cantar baixinho os parabéns. Adriely mexeu na cama, despertando lentamente do seu sono pesado. Seus olhos se abriram lentamente, e ela me olhou surpresa, enquanto eu continuava a cantar suavemente. Quando terminei a música, Adriely me olhou com admiração e surpresa. — Erica, o que é tudo isso? Sorri e me aproximei da minha amiga, segurando o bolo com as velas acesas. — Feliz aniversário, Adriely! Queria fazer algo especial
29-07-2012 Virei-me para ver Murilo, seu rosto contorcido pela raiva, olhando para mim com fúria contida. — Erica, o que você pensa que está fazendo? - Ele rosnou, sua voz dura e autoritária. Tentei protestar, com o álcool me dando coragem, mas Murilo mal me deu a chance antes de arrastar-me para fora da balada e em direção ao carro. Ele praticamente me jogou no banco do carona, enquanto por um momento eu me sentia confusa e irritada com a atitude dele. — Murilo, me solta! Eu sei me cuidar sozinha! - Retruquei, minha voz embargada pela mistura de emoções. Murilo apertou