Eu observava a expressão nos rostos dos pais de Letícia enquanto olhavam para Murilo com certo rancor. Não sabia qual era a relação entre eles após o desaparecimento dela, mas claramente não parecia boa. Murilo, ainda próximo a mim, chamou por Sônia, e uma mulher que se aproximou se revelou muito parecida com Letícia. Ela era claramente a mãe dela.一 Sônia. - Murilo começou, a voz dele tensa. 一 Letícia está fazendo exames agora. Os médicos devem vir logo para nos dar mais informações.Sônia olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas, a ansiedade e a dor evidentes em sua expressão. 一 Onde ela está? Quero ver minha filha!Antes que Murilo pudesse responder, o pai de Letícia se aproximou, sua expressão séria e os olhos fixos em Murilo. 一 Isso é culpa sua. - ele disse, apontando um dedo acusador na direção de Murilo. 一 Se minha filha está nessa situação, é por sua causa. Achamos que ela tinha morrido e agora, ela retornou mas doente?Senti Murilo ficar tenso ao meu lado. Puxei l
(Murilo) Acordei com um leve incômodo na cabeça e, ao abrir os olhos, percebi que Erica não estava na cama. Sentei-me, passando a mão na cabeça, e a dorzinha chata trouxe de volta as lembranças e confusões do dia anterior. Suspirei pesadamente, sentindo o peso das últimas horas.Não tinha dúvidas de que amava Erica e queria continuar minha vida ao lado dela. Sabia que a aparição de Letícia traria um turbilhão de emoções. Ainda assim, era difícil processar que ela havia estado doente todo aquele tempo sem me contar nada. Como eu não descobri? No passado, quando suspeitei que ela me traía, contratei pessoas para segui-la, mas ninguém mencionou visitas frequentes ao hospital. Outro suspiro pesado e me levantei, indo até o closet para vestir uma roupa mais casual.Foi então que vi a caixinha sobre o puff, entreaberta, e um sorriso involuntário surgiu em meu rosto. A caixinha que Erica havia preparado para mim. Claro, fiquei feliz com a notícia da gravidez, mas tudo poderia ter sido
(Murilo)Cheguei em casa e avistei Erica no jardim, concentrada em um livro. Meu coração apertou ao pensar na conversa que precisávamos ter.Subi para o quarto, tomei um banho rápido e vesti uma roupa confortável. Quando saí do closet, notei que Erica havia entrado no quarto.Suspirei, sabendo que era o momento certo.Fui até ela e, com a voz firme. 一 Amor, precisamos conversar.Ela levantou os olhos do livro, um pouco insegura. 一 É sobre Letícia? Você tem notícias dela?Balancei a cabeça. 一
(Erica)Estava sentada em minha mesa na empresa, trabalhando em alguns relatórios enquanto Murilo estava em uma reunião.O dia estava tranquilo, e eu aproveitava para colocar em dia algumas pendências. De repente, meu celular vibrou.Era uma mensagem de Adriely, seguida por um link. Confusa, abri o link e meu queixo caiu.Era uma reportagem sobre a advocacia de Stenio, detalhando seus projetos ilícitos, ajudando criminosos e aceitando pagamentos ilegais.Assisti à reportagem, vendo imagens da polícia invadindo a mansão onde eu morei.Eles estavam apreendendo co
Os meses passaram rapidamente e a minha gestação trouxe uma alegria indescritível para mim e para Murilo.Ele se transformou em um verdadeiro pai babão, sempre acariciando minha barriga e conversando com o bebê antes de dormir.Era reconfortante sentir seu amor e entusiasmo crescendo a cada dia. Todas as manhãs, ele me dava bom dia com um beijo e depois se abaixava para falar com o bebê.Era um ritual doce que se tornou a parte mais especial do meu dia.Hoje era o dia do chá revelação, e a empolgação estava no ar. Lívia, com sua energia contagiante, estava organizando tudo.Vesti um vestido verde e rosa, as cores escolh
Eu fui levada para a sala de preparação de parto, e logo a Dra. Raquel veio para fazer o toque. Murilo estava ao meu lado, segurando minha mão e tentando parecer calmo.一 Como está, doutora? - ele perguntou, visivelmente preocupado.A Dra. Raquel sorriu de forma encorajadora. 一 Erica está indo muito bem. Ela já dilatou bastante, mas ainda precisamos de mais alguns centímetros.Murilo franziu a testa. 一 Ela não vai ganhar agora?一 Não, ainda não. - respondeu a Dra. Raquel. 一 Erica está saudável e tem boa passagem para um parto normal. Vamos esperar mais um pouco até que Clarissa esteja pronta para vir ao mundo.Ele suspirou e olhou para mim com ternura. Eu sabia que ele estava preocupado, mas também sabia que estava ali para me dar força.Uma enfermeira veio e me entregou uma roupa, enquanto outra entregou um conjunto para Murilo. Nós nos trocamos, e ele permaneceu ao meu lado a cada segundo, segurando minha mão enquanto eu gemia de dor e suava com cada contração.一 Doutora, isso
Paris estava deslumbrante naquela tarde de primavera. A cidade do amor parecia ainda mais mágica, especialmente considerando o que estava por acontecer. Adriely havia fofocado para Murilo que eu sempre sonhei em me casar aqui e quando ele me contou que o casamento seria aqui, quase surtei. Eu estava no meu quarto de hotel, terminando de me arrumar para o grande dia. Olhando pela janela, a vista da Torre Eiffel parecia um cartão-postal, tornando o momento ainda mais perfeito.Adriely e Lívia estavam comigo, ajudando a me acalmar enquanto a maquiadora e a cabeleireira faziam os retoques finais. Eu mal conseguia conter a emoção.一 Você está deslumbrante, Erica. - Adriely disse, ajustando o véu no meu cabelo. 一 Este vestido é simplesmente perfeito.Eu sorri nervosa, olhando para o reflexo no espelho. 一 Obrigada, Adri. Só espero que tudo corra bem. E se algo der errado?Lívia se aproximou, segurando minhas mãos. 一 Erica, tudo vai ser perfeito. Você planejou cada detalhe com tanto cari
— Sua imprestável, olha o que você fez! - Gritou Stenio, fazendo com que meu coração acelerasse no momento em que se levantou. Dando passos para trás, parecia que já era possível sentir o arder o tapa que meu rosto recebeu segundos depois. Minha mão pousou na área que agora estava sensível. — Te dou um teto, comida e estudos pagos e é assim que você devolve? Estragando o meu terno de 12 mil reais? Estremeci quando ele pegou a xícara e jogou o restante do café no chão, fazendo a pequena peça de porcelana cair em pedacinhos. — Eu… sinto muito. - Disse sentindo-me cansada de tudo isso. — Não quero saber de desculpas! Saía da minha frente agora. Gritou e sem esperar muito, virei-me para correr para o mais longe dali, mas parei os passos ao avistar minha mãe parada na porta, com um sorriso no rosto. Meu coração, que já estava machucado, feriu um pouco mais ao vê-la. — Você não presta nem para servir uma xícara de chá. O que vou fazer com você, Erica?Não a respondi, passei direto