Porquê você está me ligando? Se enganou no número? Ou está bêbado? - Falei com raiva.
- Não fale assim comigo, eu ainda sou seu pai. - Eu conseguia sentir o seu sorriso. Revirei os olhos. - Da última vez fingiu que não era! Mas qual é a novidade? - Eu não disse que me orgulho disso. Não disse que me orgulhava de ser seu pai! - Fechei os olhos. Aquilo doía de diferentes maneiras. - Então não ligue para mim! - Desliguei. Estou cansada disso. Ele só faz isso para me afetar. Me odeia tanto assim? O que eu fiz para que ele me odiasse? Eu sou inocente nisso tudo. Ouvi os passos de Michele voltando para a sala. Ela olhou para mim e limpou suas lágrimas. Olhei para o celular. - Não me diga. Seu pai. - Infelizmente. Não entendo porquê ele faz isso. Eu não fiz nada a ele. - Eu sei amiga. Mas há pessoas muito cruéis, por isso não vale a pena pensar muito nisso. - Ela tinha razão. Ele não podia me afetar assim, mas afetava. Ele é meu pai. - Você já ligou para o Valentino? - Perguntei tentando mudar de assunto. - Ainda não.- Suspirou. - Ele me disse muitas coisas. Disse que seus pais estão mortos e que vive com a sua avó que está doente, e que gosta de mim. Mas como ele que é mecânico pode... - Ela sacudiu a cabeça para livrar os maus pensamentos. - Eu tenho gostos caros. Ele não é a pessoa certa. - Olha Michele , vocês se conheceram ontem, por isso não acredito muito que ele goste de você, e também não acredito que você está chorando. Vocês não passaram tanto tempo juntos assim. - Você não entende, Gabriela. Quando eu estava com ele, era diferente. Parecia que todo em nossa volta era perfeito. - Revirei os olhos. - Então ligue para ele, sei lá, tentem se conhecer melhor e com o tempo vocês vão descobrir. - Quem diria que é possível receber conselhos de uma pessoa que nunca teve um namorado. - Revirei os olhos novamente. - Esse assunto não me interessa. - Interessa sim! Eu sei. Eu te conheço. Você só tem medo de sentir algo por alguém e acontecer o mesmo que a sua mãe. Você se afasta dos homens por isso. Você se afasta do bonitinho do Caleb por isso. - Não é isso. É que eu ainda não encontrei alguém que faça o meu tipo! - Simples assim. Ela arqueiou uma sobrancelha e sorriu para mim. Eu não queria tocar naquele assunto tortuoso, por isso fui para a cozinha e ainda assim, ela me seguiu. - Você não precisa esconder nada de mim, Gabriela. Você sempre diz as coisas não na sua totalidade. Você me disse sobre sua mãe, e consigo perceber como isso te afeta. Sou uma ótima psicóloga. - E se for? Estaria errada por pensar assim? - Você precisa entender que os homens não são todos iguais. Alguns são os homens que toda a mulher sonha e outros são um pesadelo. - Ela cruzou os braços e franziu o cenho. - A propósito, qual é o tipo de homem que você gosta. - Olhei para ela. - Eu não sei. - Sério, eu sou sua amiga, pode me dizer tudo. - Eu estou falando sério! Eu não sei. Eu não me preocupo em saber. Eu só quero me afastar. - Eu sabia! Finalmente você admitiu. - Eu não sei se consigo confiar em algum homem. Eu não sei se algum dia vou confiar. É difícil para mim. - Você tem que saber que: Todos os homens são iguais; O Valentino é homem, logo é igual a todos. Isso é tão falso que nem a própria falsidade. Todo mundo é diferente. - Aulas de Lógica? Não Michele dispenso! Vá tomar um banho por favor! - Ela estreitou os olhos e saiu da cozinha. - A CONVERSA AINDA NÃO ACABOU SENHORITA .- Ouvi ela do quarto. Revirei os olhos e comecei a preparar o pequeno almoço. ***** - Eu vou sentir muitas saudades suas. - Michele me abraçava tão apertado que quase sufoquei. - Me liga para me dizer tudo o que acontecer na sua vida. Eu tenho a certeza que você vai conhecer o homem perfeito para você. - Eu acho que você fala demais e infelizmente vou ter saudades disso. - Eu vou sentir tanto a sua falta! - Ela me largou e olhou para mim com os olhos vermelhos. - Você promete que vem me visitar? - Sempre que eu poder! - Então, depois nos falamos? - Até depois amiga. - Disse me afastando dela pelo o aeroporto. Ficar em Bueno Aires foi divertido, mas já está na hora de voltar para a casa e para a minha mãe. E o seu noivo. Sentei ao lado de muitas pessoas que esperavam o voo. Meu corpo ainda estava em Bueno Aires, mas a minha cabeça já estava em Chicago com a minha mãe e seu noivo. Como será que ele é? Ele faz a minha mãe feliz? Ele é como ou diferente do meu pai? Preciso conhecer esse homem.Já no avião, eu tentei relaxar e não pensar muito, apenas tentei ficar calma e aguardar o que aí vem. Uma vida nova (ter um padrasto) me espera. - Você não acha que as pessoas são muito estranhas? - Olhei ao meu lado e vi um homem loiro de olhos azuis sorrindo para mim. Ele estava com um livro nas mãos. - Eu tenho a certeza disso, e a prova são dos que me rodeiam. - Falei me encostando no assento, e fechando os olhos. - Você não gosta muito de conversar não é? - Acertou em uma parte. - Não gosta de conversar é com certas pessoas!- Ele corrigiu. - Isso mesmo. Se nota tanto assim? - Eu não sei, foi só uma opinião. - Senti ele fechando o livro. - Que tipo de pessoas você gosta de conversar? - Vários! - Ok. Que tipo de pessoas você não gosta de conversar? - Hipócritas, mentirosos, arrogantes, sem escrúpulos,
Olhei para o homem que dizia ser o noivo da minha mãe. Ele devia ter uns 29 quase trinta, já para não falar que ele é muito... muito atraente. Eu sabia que não havia problema em ele ser atraente, mas algo não batia certo. Não sei porquê mas isso me incomodava de diferentes maneiras que eu não sabia explicar. Depois de tanto olhar para ele finalmente respondi: - Olá, eu sou a Gabriela . - Sua mãe fala muito de você! - Ele tinha lindos olhos azuis, para pior a situação. Piorar, porquê? - Foi o que eu disse! - Lohan colocou as mãos no bolso divertido. Eu ainda estava com as malas na mão. - É bom saber! - Eu disse. - Deixa que eu levo as suas malas para o quarto. - Santiago olhou para as minhas malas, sorriu e pegou nelas. Eu não conseguia fazer nada a não ser olhar. - Santiago gosta de agradar! - Lohan falou. Santiago era bom comigo. Um homem me tratava bem. Não era
Minha mãe tinha saído antes que eu podesse conversar com ela, e infelizmente, Santiago ficou aqui comigo. Estava no escritório trabalhando. Entrei no quarto deles, e era duas vezes mais grande que o meu. Tinha uma King Size de madeira cinza, e mesas de cabeceira da mesma cor. Fui até o closet. Ele era grande, muito grande. Vi uma caixa cinza, grande e abri. Lá tinha o vestido de noiva da minha mãe. Ele era lindo. Muito lindo. Tirei da caixa e olhei para ele em mim no espelho. Rodopiei e quando voltei a olhar no espelho, vi Santiago na minha trás. Que vergonha! Coloquei o vestido dentro da caixa numa questão de segundos, e encarei Sebastian. - O que te deu para entrar aqui? - Perguntou. Eu nem conseguia olhar nos olhos dele. Olhava em sua boca. - Eu não sei. Eu não quero... - Não sabia o que dizer, por isso, tentei fugir, mas ele não deixou. - Nem pensar! Você n
Santiago p.o.v Finalmente chegou o dia. Eu ia me casar com a mulher da minha vida, e íamos adotar os nossos meninos com o tempo, visto que Celina já não podia engravidar. Também havia Gabriel. Ela não tinha estofo para ser minha filha, e ainda assim tinha que a tratar como tal, e isso não ia ser coisa fácil, porque ela não era fácil. Ela era uma menina bastante estranha. Ela parecia ter medo de mim, das vezes que eu estive por perto. Reparei muito bem. Já para não falar que nunca me chamou pelo nome. Ontem foi a primeira vez. E aquilo soou estranho. Fui para a sala e vi Celina lendo um livro distraída. Ela notou a minha presença e sorriu. Sentei ao seu lado. O que eu gostava nela? O seu rosto lindo, sua competência, sua independência, e sua habilidade de resolver qualquer problema. Sempre gostei de mulheres únicas, e Cecília era inigualável. A mulher mais perfeita para mim. - Você está nervosa? - Perguntei passando a mão pelo cabelo loiro dela. Ela me encantava por completo. -
O fim de semana foi o mais longo da minha vida. Santiago e minha mãe estavam em lua de mel e eles chegariam a qualquer momento. Não sabia porquê a lua de mel não durou mais tempo, mas não importava. A partir de agora, eu ia viver com o meu padrasto. Eu vim para Los Angeles para viver com a minha mãe, e não para viver com a minha mãe e o marido dela. Ele vivia o tempo todo me chamando de "princesa" e de "pequena Gabriela ", e aquilo me irritava. Já estava esperando há três horas no aeroporto, completamente impaciente, quando vi que Santiago se aproximava com a sua mala. Ele estava vestido com uma calça jeans, uma camisa azul escura dobrada até os cotovelos, e o cabelo bagunçado do jeito que era "normal". Procurei por todos os lugares para encontrar a minha mãe, mas nada! Nenhum sinal dela. Santiago estava sozinho. Infelizmente para mim. Levantei e ele se aproximou de mim sorrindo. - Olá pequena Gabriela! - Revirei os olhos e cruzei meus braços. - Olá papai! - Disse com voz de crian
Santiago p.o.v A minha noite já foi um tédio completo sem Celina . Eu não sabia quanto tempo mais eu ia aguentar ficar sem sexo. Não conseguimos aproveitar a nossa breve lua de mel, e agora ela tinha de viajar por quatro dias. Estava ficando desesperado. Estava no meu escritório de advocacia, atendendo alguns clientes, mas também pensando no castigo para Gabriela. Qual seria o castigo perfeito para aquela menina rebelde? Tentei me concentrar na mulher ruiva na minha frente, e no que ela dizia. E não na minha enteada. - Não é justo que ele faça isso! Eu não posso dar a guarda do meu filho para ele. Ele nunca quis saber da gente, nunca deu nada para ele, isso só começou agora. Ele disse que ia tirar ele de mim. Você acha que está correto senhor Welles? - Então, seu ex nunca quis ser pai, abandonou você e seu filho, e depois reaparece começa a ser um pai mais presente e diz que quer a guarda da cri
Acordei, mas não tinha vontade de levantar. Fiquei embrulhada nos lençóis olhando para o nada. Infelizmente as lembranças de ontem a noite não saiam da minha cabeça. Meu traseiro ainda estava dolorido por causa de ontem. O mais estranho disso tudo, foi que eu gostei um pouquinho. Olhei para o despertador e me levantei. Só sairia do quarto quando ele fosse embora, decidi. Não ia demorar muito. Ele saia sempre às 07:30. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro. Tirei minha roupa e deixei que a água quentinha me tocasse, e escorresse preguiçosamente pelo meu corpo. Ainda não acreditava que Santiago tinha me tocado daquele jeito. Ele parecia ser um homem... bem, que gostava de Celina. Não pensei que me castigaria daquela maneira. Terminei o banho e comecei a me secar. Vesti um vestido camisa jeans e sequei o meu cabelo. Quando terminei fui para a janela do quarto ver o carro de Sebastian indo
SANTIAGO p.o.v Gabriela aproximou mais os lábios para que eu podesse beijá-la. Eu observei cada parte do seu rosto, e eu confesso que naquele momento, eu quis muito, mas eu me afastei. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas tudo que eu tinha que fazer era me afastar. Eu era um homem casado. Estava casado com a mulher que eu amava, não devia ter esse tipo de pensamentos. Mas Gabriela tinha um efeito poderoso sobre mim. Ela abriu os olhos, e se afastou, levantando. Não acreditava que quase nos beijamos. Eu era o padrasto dela, não devia fazer isso. - Santiago eu posso ficar sozinha? - Ela olhou para as pétalas de rosas no chão do seu quarto. - Claro que sim. - Levantei. - Qualquer coisa, é só me chamar. - Obrigada. - Ela disse limpando as lágrimas e eu saí do seu quarto. Desci os degraus, voltei para a sala e vi meu celular tocando. Era