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A Intensidade do Verão.

O sol da tarde de agosto derramava um brilho quente e preguiçoso sobre o jardim de Hayley, onde ela e Sara estavam deitadas em espreguiçadeiras lado a lado, o silêncio que antes pairava na casa agora substituído por uma atmosfera de calma cúmplice. As crianças estavam em sua última semana na colônia de férias, e a ausência delas havia criado um espaço peculiar entre as duas mulheres, uma bolha de tempo e intimidade que parecia suspensa na rotina habitual.

Sara suspirou suavemente, quebrando o silêncio enquanto seus dedos traçavam círculos invisíveis no braço de Hayley.

— Sabe, às vezes me esqueço de como é o silêncio... de verdade. Sem os pequenos correndo e gritando. É quase... estranho.

Hayley sorriu, os olhos semicerrados sob a luz do sol. — É uma bênção disfarçada. Adoro meus filhos mais que tudo, mas confesso que esses dias têm sido... revigorantes. Consegui ler um livro inteiro pela primeira vez em anos!

— Ah, qual você escolheu? — perguntou Sara, virando a cabeça para encarar Hayley, um sorriso curioso nos lábios.

— "O Jardim Secreto". Uma nostalgia da infância. E você, tem aproveitado o silêncio para fazer algo especial?

Sara hesitou por um instante, um leve rubor colorindo suas bochechas. — Tenho... pensado muito. E passado mais tempo com você, é claro. Isso tem sido... muito bom para mim, Hayley. Você não imagina o quanto.

Hayley sentou-se, a encarando com um olhar suave. — Digo o mesmo, Sara. Você chegou na minha vida como um raio de sol em um dia nublado. Sério. Eu estava me sentindo tão... sozinha, sabe? Presa em uma rotina que parecia não ter fim. E de repente, você estava ali, com seu sorriso fácil e sua disposição para ajudar.

Sara também se sentou, seus joelhos quase se tocando. — É engraçado como a vida nos coloca no caminho de quem precisamos, não é? Eu também estava me sentindo um pouco perdida quando chegamos aqui. David... ele tem os próprios assuntos, e às vezes me sinto um pouco isolada. Você me fez sentir acolhida, Hayley. De verdade.

Um longo momento de silêncio se seguiu, carregado de uma compreensão mútua que transcendia as palavras. Hayley pegou a mão de Sara, apertando-a suavemente.

— Somos duas ilhas em um mar de maridos ausentes, não é? — disse Hayley, um toque de amargura em sua voz.

Sara suspirou novamente, o olhar fixo em suas mãos unidas. — É triste, não é? Você olha para casais por aí, trocando carinhos, rindo juntos... e parece que a gente vive em um filme diferente.

— Exatamente! Às vezes me pergunto onde foi parar aquele Marcos apaixonado que me cortejava... parece outra pessoa. O trabalho o consome tanto, e quando chega em casa, está tão exausto que mal me nota. As noites... são tão frias, Sara. Tão vazias.

As palavras de Hayley ecoaram na quietude do jardim, carregadas de uma vulnerabilidade palpável. Sara apertou sua mão em resposta.

— Eu sinto muito, Hayley. De verdade. Ninguém merece se sentir assim. David... ele também tem seus momentos de ausência. As viagens de trabalho dele são cada vez mais frequentes, e quando está em casa, parece sempre preocupado com alguma coisa. A gente quase não conversa mais como antes. A intimidade... se perdeu em algum lugar no caminho.

As duas mulheres permaneceram em silêncio por um longo tempo, cada uma imersa em seus próprios pensamentos, na dor compartilhada da ausência emocional em seus casamentos.

Naquela noite, depois de prepararem um jantar leve juntas e assistirem a um filme na sala escura, a atmosfera entre Hayley e Sara havia se tornado ainda mais íntima e confidencial. Estavam sentadas no sofá, sob um cobertor macio, seus corpos próximos, o calor uma da outra reconfortante em meio à quietude da casa.

Hayley suspirou, recostando a cabeça no ombro de Sara. — Sabe, esses dias com você... têm sido tão diferentes. Eu me sinto... cuidada. Entendida. Algo que não sinto há tanto tempo...

Sara envolveu Hayley em um abraço suave, apertando-a contra si. — Você também me faz sentir assim, Hayley. Especial. Importante. É como se... a gente se entendesse em um nível diferente.

Um longo silêncio se seguiu, quebrado apenas pela respiração suave de ambas. Hayley se aconchegou mais perto de Sara, o calor de seu corpo emanando uma sensação de conforto e segurança que ela não sentia há muito tempo.

— Sara... — sussurrou Hayley, a voz hesitante. — Às vezes... às vezes eu sinto que...

Ela parou, incapaz de encontrar as palavras para expressar a confusão de seus sentimentos. Sara inclinou a cabeça, seus olhos encontrando os de Hayley na penumbra da sala.

— O que você sente, Hayley? Pode me dizer.

Hayley tomou uma respiração profunda, o coração batendo um pouco mais rápido. — Eu sinto... uma conexão tão forte com você. Uma... um carinho que... que eu não sinto nem pelo Marcos às vezes. É estranho, eu sei. Somos amigas... mas...

Sara segurou o rosto de Hayley entre as mãos, seus polegares acariciando suas bochechas suavemente. Seus olhos brilhavam com uma intensidade suave.

— Não é estranho, Hayley. Eu sinto o mesmo. Desde que nos conhecemos, senti que havia algo especial entre nós. Uma... uma afinidade. E nesses dias... essa conexão só se intensificou.

Seus rostos estavam perigosamente próximos, a respiração de ambas se misturando no ar. Hayley sentia o calor das mãos de Sara em seu rosto, o perfume suave de sua pele invadindo seus sentidos. Por um instante, o mundo ao redor pareceu desaparecer, restando apenas a intensidade do olhar de Sara.

Lentamente, quase hesitante, Sara inclinou-se, seus lábios roçando suavemente os de Hayley. Foi um toque leve, quase um roçar de pétalas, mas que incendiou um turbilhão de emoções em ambas. Se separaram lentamente, os olhos fixos um no outro, um misto de surpresa, desejo e uma ponta de apreensão em seus olhares.

— Sara... — sussurrou Hayley novamente, a voz embargada.

— Shhh... — respondeu Sara, colocando um dedo suavemente nos lábios de Hayley. — Não diga nada. Apenas... sinta.

E naquela noite, sob o manto estrelado do verão e a quietude da casa vazia, a amizade intensa entre Hayley e Sara se transformou em algo mais profundo, algo que ambas ansiavam em seus corações solitários. A ausência de seus maridos havia criado um vácuo, e naquele momento, elas encontraram consolo e um novo tipo de carinho nos braços uma da outra. A intensidade daquele verão prometia deixar marcas profundas em suas vidas, muito além do retorno das crianças da colônia de férias.

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