Sophie.—Saio do quarto que Lucca disse ser meu, a mente ainda girando com tudo que aconteceu. Ele me deu um apartamento inteiro, um espaço que parece surreal, distante da minha realidade. No entanto, não posso negar a sensação de desconforto que isso me traz. Tudo parece uma jaula dourada, por mais luxuosa que seja. Sinto-me sufocada, como se estivesse perdendo o controle da minha própria vida. Preciso ver meu filho, Bernardo, e meu irmão, Enrico. Preciso voltar à minha realidade, lembrar quem eu sou.Quando chego à porta da saida, encontro dois homens tão grandes que parecem um armario, e lembro que Lucca disse que eu não estarei sozinha. Não gosto disso, não gosto dessa sensação de ser vigiada, de estar cercada. Eles parecem acreditar que têm o direito de me manter aqui, como se eu fosse uma prisioneira.Respiro fundo antes de me aproximar, endireitando a postura. Eu me recuso a ser submissa ou intimidada por esses seguranças, mesmo sabendo que eles estão apenas cumprindo ordens.
Sophie.Já se passaram dois dias desde que saí do apartamento de Lucca. Duas noites sem vê-lo, sem ouvir sua voz ou qualquer explicação para o que está acontecendo. E esses dois dias têm sido uma montanha-russa de emoções. A cada hora que passa, fico mais inquieta, mais confusa.Mais confusa com a transação bancária inesperada de 2.500 euros na minha conta. O valor estava lá, transferido diretamente da conta de Lucca. Minha primeira reação foi de choque. O que significa esse dinheiro? Era para ser algum tipo de pagamento? Mas pagamento porque? Pelo tempo que passei com ele? Pela dança?Eu me senti ofendida. O orgulho que ainda restava em mim gritou que eu não deveria aceitar esse dinheiro, que não deveria ser tratada como uma mercadoria. Mas, ao mesmo tempo, eu sei que a minha situação financeira não é das melhores, já que Lucca me tirou da boate, ele teralmente deve me pagar, não é?Bernardo precisa de mim e esse dinheiro pode ajudar a manter nossa vida estável por um tempo. Então,
Lucca.Estou há dois dias sem conseguir falar com Sophie e a cada hora que passa, a agonia dentro de mim só aumenta. Eu sabia que essa viagem seria problemática, mas não imaginei que me ficaria assim... desconectado.Eu e Felippo precisamos vir para a Rússia as pressas e além do frio infernal o sinal de telefone aqui nesse lugar é um pesadelo. Precisei viajar às pressas para resolver um assunto importante com Ivan, o chefe da Bratva e estou enfiado em um lugar remoto que parece estar à margem do mundo. Mesmo com toda a tecnologia, a conexão é instável. O que piora tudo é a minha ansiedade crescente em não poder falar com ela.Ivan me esperava com urgência. Um problema nas fronteiras que dividimos em certos negócios ilícitos precisava da minha atenção pessoal e eu sabia que esse tipo de situação exigia mais do que conversas por telefone. A irmandade entre a máfia italiana e a Bratva é delicada, e um movimento errado poderia gerar conflitos que nem eu e nem Ivan queremos lidar. A imag
Lucca.Estou sentado à mesa, meus dedos batendo levemente contra o prato enquanto olho fixamente para a comida à minha frente. Não sinto fome, nem sequer consigo me concentrar nas vozes que ecoam ao meu redor. Minha mãe está falando animadamente sobre os preparativos, sobre como tudo precisa ser perfeito para o "grande dia".Minha mãe percebe que estou distraído e me lança um olhar severo. Ela não disse nada ainda, mas eu sei o que ela pensa. Para ela, esse casamento é um passo inevitável, algo que foi decidido há muito tempo, bem antes de eu sequer imaginar que Sophie entraria na minha vida. Não há espaço para sentimentos ou hesitações. No nosso mundo, as coisas são determinadas por alianças e esse noivado é mais uma delas.Olho para o lado e vejo Silvio que era braço direito do meu pai, sempre calmo e imponente, como uma estátua de mármore. Ele não fala muito, mas sua presença sempre impõe respeito. Ele está ali, sentado ao lado da minha mãe, ouvindo atentamente os membros do conse
Sophie.Estou sentada no sofá da sala, com o telefone na mão, lendo a mensagem pela quinta vez. É de Angelo, um dos seguranças que Lucca colocou para me "proteger". Ele diz que Lucca está fora do país, a negócios. O que significa que ele não voltará tão cedo. Um suspiro frustrado escapa dos meus lábios enquanto deixo o celular de lado.Preciso sair, espairecer. Ficar presa aqui não está me ajudando a processar nada e sinto falta da minha amiga Rebecca. Desde que eu sai da boate, raramente temos a chance de nos ver. Mas, por sorte, hoje ela está no Eclipse.Segundos depois a babá de Bernardo chega e decido me arrumar para sair.Opto por uma roupa discreta calça jeans, blusa solta e um casaco preto, nada que chame muita atenção, não quero parecer que estou indo para uma festa ou que voltei a trabalhar lá, coloco os saltos baixos, amarro o cabelo em um coque bagunçado, me despeço de Bernardo, passo no quarto do meu irmão e o vejo dormindo profundamente.Saio pela porta, determinada a não
Lucca.Angelo: Chefe, estamos no radar da senhorita Sophie que está indo para a Eclipse. Depois que cheguei da Russia, eu mal tive tempo para qualquer coisa, minha mãe me arrastou obrigatoriamente para um almoço com o conselho sobre o maldito casamento.Decido também ir a Eclipse e quando entro a cena de deixa enfurecido, aquele homem maldito tentando agarrar Sophie, sinto uma raiva que eu nunca experimentei antes me dominar. Cada fibra do meu corpo reage de forma instintiva e antes que eu possa me controlar, estou em cima dele.Ele não sabe com quem está lidando e isso só torna mais fácil descontar nele toda a frustração acumulada. Cada soco que eu dou no seu rosto é como um golpe de alívio para algo que venho segurando há dias. Eu não deveria me sentir assim por alguém. Nunca me permiti me apegar a mulher nenhuma, mas Sophie... ela me desperta algo que eu não consigo entender.Enquanto eu o espanco, ouço a voz de Sophie. Ela me pede para parar e por algum motivo, sua voz corta a
Lucca MorettiMais uma reunião terminada com sucesso, todos os negocios estão indo bem, meu Don Guiseppe vai mandar mais um carregamento de veneno de escorpião, é a melhor substância para torturar alguém, a dor é intensa. deixa a pessoa alucinada, dividida entre o que é real e o que é imaginação, e em alguns casos pode levar a asfixia. Eu raramente uso, mas nosso Don gosta que tenhamos sempre um bom estoque.Tudo estava indo muito bem até que os intregantes do conselho, inclusive meu Don começaram a encher o meu saco para arrumar uma mulher e um filho, com a desculpa de que estou ficando velho e que posso ser atacado por estar em uma posição confortavél..Logo eu, eu sou um homem respeitável, todos na minha área sabem que não se deve mexer Lucca Moretti..— É chefe, não vai ter jeito a não ser casar. Levantaram até o nome de das filhas do capo Rossi para o senhor se casar.— Felippo meu subchefe vem falando atrás de mim, Felippo é um cara em que confio minha vida, é um dos melhores to
SophieEu caminho pela calçada úmida de uma rua estreita e mal iluminada, observando o nevoeiro que se espalha pela cidade como um véu de mistério. As luzes fracas dos postes piscam, projetando sombras longas e distorcidas que parecem se estender até o infinito.Estou indo em direção ao Eclipse, um clube noturno conhecido por sua clientela exclusiva e pelo que acontece lá dentro, longe dos olhos curiosos.Minha respiração forma pequenas nuvens de vapor no ar gelado da noite. Sinto um arrepio percorrer minha espinha, mas não é apenas por causa do frio. É a expectativa. O nervosismo que me corrói por dentro. Ainda assim, mantenho minha expressão neutra, treinada para esconder qualquer traço de vulnerabilidade. Afinal, neste mundo, fraqueza é um luxo que não posso me permitir.O letreiro do clube surge à minha frente, com suas letras néon roxas pulsando em um ritmo lento e hipnótico. Pego minha bolsa e puxo a alça sobre o ombro, erguendo o queixo enquanto subo os degraus.Dois seguranças