AiyraSorrio feliz, ao ver Live e Vangory dançando na pista de dança, seus olhares conectados, com um sentimento doce circulando entre elas. Talvez amanhã, metade de Nova Iorque fique no pé de Live, tentando descobrir seus podres. Talvez ela comece a receber mensagens odiosas nas redes sociais de todo tipo de gente estúpida demais para mantar as bocas fechadas. Talvez ela comece a receber mensagens boas também de apoio, pois por mais que pequena que seja, as reações contrárias a maldade sempre se levantam.Muitas coisas podem sair dessa demonstração pública de amor que elas dão agora, mas nenhuma dessas as impede de mostrar para o mundo que se amam.Faço uma prece silenciosa pela felicidade das duas, torcendo com todo meu coração para que só o melhor prevaleça entre as duas. Viro meu olhar pela festa, vendo as pessoas sorrindo, conversando ou só bebendo. Já faz algumas horas que a festa está rolando. Já tivemos diversas apresentações, algumas mais reflexivas, outras mais alegres. Cant
AiyraSaio do teatro, minhas lágrimas não sendo notadas pelas pessoas, por causa da finalização do show de Nick. Meus passos soam duros pelo estacionamento e só quando estou no centro dele, eu percebo que vim com Ethan. Vejo o Audi preto de Isobell a alguns metros e caminho até ele.Os olhos acinzentados de Isobell se arregalam ao olhar para meu rosto. Ela verifica cada membro do meu corpo, percebendo um tempo depois que meu choro é por algo emocional.— O que aconteceu? — Ela questiona, o tom gentil.— Eu casei com um completo idiota. — Respondo e me sento no banco passageiro.Relanceio o olhar pelo carro, procurando pela figura enorme de Klaus, mas não o vejo. Isobell percebe quem eu procuro e sorri.— Ele não estava muito bem hoje. — Ela diz, um olhar estranho passando por seu rosto.— Sei que sua função é me proteger, mas será que poderia me tirar daqui, por favor? — peço, um soluço irrompendo.— Quer que eu te leve para casa? — ela pergunta.Penso em cada dia que passei ao lado d
AiyraMinhas mãos tremem enquanto seguro o palitinho. O banheiro que estou parece ainda maior do que é. Toda minha vida começando a se resumir a um pequeno pedaço, pois eu sei que se esse teste der positivo cada ação minha a partir de agora vai se concentrar nessa criança.— E aí, Dakota? — Ouço Live me perguntar, pela segunda vez.Rolo meus olhos, não acreditando que ela está mais ansiosa com isso do que eu mesma. Faz um pouco menos de duas horas que liguei para Live e perguntei se poderia ir até sua casa.Ela saiu da festa e me recebeu com um olhar feroz de quem sabia que eu estava chorando. Isobell que gentilmente bancou minha psicóloga e também meu chofer, sentou-se no sofá, o olhar atento nos observando. Mostrei o teste para Live e pedi que ela esperasse. Desde então, estou aqui dentro com o coração a mil e tentando não mandar que Live pare de me encher.Respiro profundamente, me preparando psicologicamente para olhar o resultado e encaro o teste. Uma mistura dolorosa de sentimen
AiyraAbro a porta do apartamento, o silêncio soturno do lugar me causando estranhamento. Faz quase uma semana que não volto para casa e por mais que meu cérebro me mandasse voltar, dizendo que eu tinha que encarar Ethan e os nossos problemas, meu coração magoado se recusava a isso.Eu entendo o que ele fez..., mas esquecer já é muito diferente.Um miado dengoso no chão me faz mirar Elvis com carinho. Eu o pego no colo, percebendo só agora o quanto ele cresceu.— Eu também senti sua falta meu lindo... — Murmuro, ouvindo seu ronronar.Repouso ele no chão e ando pelo corredor que leva aos quartos, mas paro quando escuto um ressoar baixinho das cordas do violino de Ethan. Paraliso, sentindo toda dor que a música emite.Ele não melhorou... ficou perfeito.Caminho devagar até a porta de seu quarto, que com o passar do tempo se tornou nosso. Um profundo ressentimento vai me tomando ao perceber como Ethan teve diversas oportunidades para me contar. As diversas vezes que nos encaramos nesse q
Aiyra— Ethan? — Chamo e ele nem pisca.Olho bem para seu rosto paralisado, a forma como todo seu corpo parece ter ido a um lugar distante.— Querido... devo chamar uma ambulância? — brinco, começando a achar graça do seu estado catatônico.— Eu...Você... — ele tenta articular, os olhos se desviando do meu rosto para meu ventre.— Isobell me explicou que existe caso de gravidez quando usamos antibióticos. O anticoncepcional deve ter falhado. — Explico devagar, sabendo como deve ser difícil para ele entender como foi para mim.— Aiyra... isso é ... — Ethan pausa a expressão estranha.Um aperto em meu peito espalha toda a insegurança que antes eu achei não existir. Até agora, eu não tinha cogitado a possibilidade de Ethan não estar preparado para ser pai.E se ele não quiser um filho? E se toda aquela minha suposição de que Ethan me apoiasse até o fim nisso for só uma ilusão? Cacete... eu vou perder meu chão.— Eu não mereço isso. — Ethan completa finalmente, a voz rachada.Olho surpres
AiyraO vento bate furioso por meu sobretudo e eu piloto por entre os carros com o máximo de cuidado que consigo. Hoje antes de sair de casa tive uma discussão acalorada com Ethan por causa de minha moto, mas me mantive firme e disse que só deixaria de pilotar quando a gravidez me impedisse de fato de subir na moto. Ele ficou muito contrariado, mas não deixei que ele ganhasse nessa, pois eu nunca poria meu filho ou filha em risco e Ethan deveria saber disso.Por fim, eu assegurei que teria o dobro de cuidado e ele teve que lidar com isso. Agora eu mato a saudade ainda acumulada dos dias que fiquei de cama. Quando a gravidez avançar sei que sentirei muitas saudades.A nossa consulta com o médico me fez rir pelos dias que se seguiram. Ethan fez tantas perguntas, que acho que mesmo o médico sendo um homem paciente, até ele ficou exasperado. Com o exame devidamente feito, o doutor nos deu a certeza que eu já contava nos dedos em casa: Minha gestação está para completar dois meses ainda. O
Aiyra Meu coração palpita no peito descontroladamente. Esse é meu primeiro ultrassom, de verdade. Nem Ethan e eu, sabemos de verdade a forma do nosso bebê ainda. Eu posso dizer com toda certeza que estou nervosa, mas Ethan, ele está enlouquecendo. Primeiro ele acordou muito mais cedo e o flagrei olhando pela vidraça, os pensamentos tão longes que fiquei com medo de o assustar. Eu entendo de verdade que ele está ansioso, mas temo que ele possa ter uma crise nervosa de tanto que ele pensa nisso. A cerca de um mês atrás eu o peguei pesquisando livros de como ser pai de primeira viagem. É fofo demais... só acho que se ele relaxasse mais, talvez ele não se sentisse tão pressionado a ser o melhor pai do mundo. Ethan sempre foi assim na verdade, tudo que ele se considera responsável, sua dedicação beira o insano. Eu já lhe disse que ele pode relaxar, mas é quase impossível o fazer pensar de forma racional quando começa com isso. Minha esperança é que ele relaxe um pouco depois que ver a
AiyraA escuridão vai competindo com a consciência, imagens confusas e dolorosas se misturando.“Você precisa acordar!” Ouço bem ao fundo, uma voz suplicante me pedir. Não consigo discernir muito bem a voz e isso me confunde.Eu estava com homens perigosos... Minha vida está em risco... Meus filhos!Meus olhos se abrem com rapidez, qualquer medo sendo substituído pela necessidade primal de preservar a vida que cresce em mim.Uma tonteira nauseante me domina e viro meu rosto, vomitando com força. Pouca coisa sai de meu estômago e pisco tentando enxergar na semiescuridão onde estou.Uma forma se agiganta a minha frente e recuo até bater as costas na parede as minhas costas, o grito paralisado em meio a minha garganta.— Sou eu, Dakota. — A voz ofegante de Isobell chega a mim.Pisco e depois estreito os olhos, conseguindo ver o rosto pálido dela, os lábios tão secos que chegam a estar rachados. Meus braços a envolvem, pois o medo que ela estivesse morta, junto a necessidade de ter um con