Aiyra Pisco meus olhos doloridos, meu cérebro ainda pegando as memórias de antes e jogando em mim com rapidez. Me levanto abruptamente e percebo que estava deitada no colo de Ethan, sua coxa firme me servindo como um travesseiro.Em algum momento ele me deitou no sofá e me pôs deitada com a cabeça sob as suas pernas. Ele está sentado, os braços esticados no encosto do sofá, cabeça arriada, um leve ressoar saindo dele. Ele nem deve ter parado para descansar da viagem antes de vir aqui...Como se sentisse minha inspeção, ele levanta o olhar avermelhado pelo cansaço para mim, entre suas sobrancelhas escuras, uma ruguinha de preocupação se formando.— Você acordou. — Ele diz, a voz rouca pelo sono.Assinto e esfrego meu rosto, sem saber como agir depois de lhe mostrar um lado tão deprimente de mim mesma.Ethan se ajeita no sofá, se virando completamente para mim e atenção focada em meu rosto. Sei o que ele está fazendo. Me analisando e buscando uma forma de me abordar. Ele faz iss
Aiyra Entro no cômodo, sentindo cada parte de meu corpo pedindo por descanso. Meu orgulho está ferido, meu coração machucado com uma ferida antiga e a única coisa que passa por minha cabeça é dormir.Acendo a luz, observando o cômodo espaçoso, a iluminação bem distribuída e de um tom verde delicado. A cama enorme tem lençóis fofinhos na cor creme, parece muito convidativa. Apago a luz, retiro as minhas roupas e deito-me somente de roupa íntima. Repouso minha cabeça no travesseiro e aspiro o cheiro de limpeza deles. Preciso de poucos segundos para fechar os olhos e deixar o cansaço me levar de vez.“Minha mãe e eu olhávamos as ondas quebrarem na areia, o som nos embalando. A mão magra dela repousava na minha, nossa pele tão parecida era um dos traços que eu mais amava. Eu olhei para seu rosto, as olheiras, os ossos da face tão pronunciados pela doença. Essa seria nossa última vez na praia. O médico nos deu meses agora. O tecido roxo que ela enrolou em sua cabeça, contrastava be
AiyraNossas respirações ofegantes ressoam pelo quarto. Deitados um do lado do outro, cada um tentando voltar a respirar em um ritmo normal, após o sexo quente que fizemos.Como pode ser tão bom, toda vez?Levanto-me e vou em direção ao banheiro. Tomo uma ducha rápida, dando atenção especial ao meu sexo e quando me sinto limpa saio, me secando.Ainda enrolada na toalha, volto ao quarto, vendo a figura de Ethan deitado, quase na mesma posição em que eu o deixei. Suas duas mãos repousam embaixo da cabeça, o belo corpo nu relaxado na cama. Todo seu rosto exala serenidade, os olhos fechados e músculos faciais descontraídos.Uma ternura quase sufocante toma meu peito com sua imagem. Ele é tudo que uma mulher poderia querer e eu sei que se me permitisse ama-lo, seria irremediável. Algo ainda mais forte do que já experimentei com August e infinitamente mais perigoso.Me aproximo, não conseguindo manter minhas mãos longe dele. Na verdade, é mais do que isso. É a aura de segurança que o envolv
AiyraPisco meus olhos, o sono deixando aquela névoa em que a realidade e os sonhos ainda se encontram. Percebo bem devagar que adormeci na cama de Ethan. Enrolada em seu edredom me sento, vendo que estou sozinha no quarto. Um pequeno bilhete laranja no travesseiro ao lado, chama a minha atenção. Leio a letra arrojada de Ethan, com um sorriso bobo se esticando em meu rosto.“Tive que ir a empresa, abasteci a geladeira com bastante comida e o resto você já conhece. Sem cerimônias Dakota, a casa é sua.Ps: Você fica ainda mais deliciosa quando dorme.”Me jogo nos travesseiros, uma candura sem limites me dominando.Como posso resistir com algo tão fofo?Levanto-me, um sorrisinho ainda persistente em meus lábios e já me preparava para sair do quarto, mas ao olhar para a cômoda do outro lado, eu caminho para lá.Diversas fotos estão espalhadas em molduras por elas. Fotos de Ethan com seus pais, algumas com seu irmão August. A imagem de meu antigo noivo, em seu sorriso luminoso e tão carism
AiyraEncaro o olhar provocador de Live a minha frente, a vontade de esganá-la, só crescendo. Ela chegou aqui tem algum tempo e conversamos seriamente sobre as ameaças dos Farrey. Ela me aconselhou a aceitar a oferta de Ethan e eu não a respondi, gerando mais uma discussão.Passado um tempo, ela decidiu mudar de tática e esse sorrisinho em seu rosto me mostra exatamente do que ela vai falar.— Então... Como anda o seu plano de não se apaixonar pelo Ethan, transando com ele? — ela pergunta, sua voz tão cínica, que fico dividida entre a risada e a raiva.— Está indo bem. — Minto e cruzo meus braços.— Dakota... — ela começa, seus olhos inteligentes me avaliando.— Ta legal! — exclamo, minhas mãos indo para o alto em rendição — Está cada vez mais difícil. O sexo com ele é algo que nunca experimentei. Depois do August, eu só transava para me satisfazer, mas com Ethan... cara é muito diferente.— Desembucha. — Ela pede, seu tom grave, se tornando gentil.— E o sexo nem é tudo. Ele é atenci
Aiyra A área isolada do lado esquerdo em que estamos, tem uma meia cobertura interessante, nos dando uma ampla visão do palco. Mesas redondas com identificação estão distribuídas pelo lugar. Garçons com gravatas borboletas e uniformes pretos circulam apressados, atendendo as mesas que começam a ficar cheias.Eu me sento na cadeira macia, procurando por Live e percebo que ela ainda não chegou. Ethan se senta ao meu lado, chamando o garçom.— Uma soda por favor. Dakota? — ele pede ao garçom e me chama — Quer algo?— Uma água. — Lhe respondo, vendo o garçom sair.— Ninguém nunca fica te achando uma participante dos alcoólicos anônimos, quando você diz que não bebe? — Ethan me pergunta, um sorriso sardônico em sua face.— Você não tem nem ideia. Às vezes, as pessoas me olham até com pena. Uma vez, na reunião de final de ano, uma senhora me disse que oraria para que eu pudesse sair dessa vida. — Rolo meus olhos, lembrando da cena.Ethan solta uma risada forte, seus olhos divert
Aiyra— Dakota... ela não é... — Ele tenta explicar.— Não, Ethan. Você não precisa me explicar nada, não me deve nada. — Eu o interrompo, minha voz tão indiferente que até eu me surpreendo.Ethan paralisa, seu olhar se tornando duro, o maxilar tensionando.— Eu quero explicar, Dakota. Ela só queria remoer coisas antigas. — Ethan explica, a tensão dominando os músculos da face.— Ela gosta de remoer assuntos antigos de um jeito bem diferente, não é? — Eu solto, ácida e me arrependo de imediato.Algo passa pelos olhos de Ethan, uma compreensão que parece diverti-lo.— Você está com ciúmes. — Ele afirma, seus olhos me avaliando.— É claro que não. Eu não tenho esse direito. — Lhe respondo, meus punhos se fechando com a raiva.— Você não tem ideia do que significa para mim, tem? — ele questiona incrédulo.— Eu sou a pessoa que já foi muito sua amiga e que agora você fode. É isso que somos e qualquer desvio disso, seria a pior decisão possível. — Retruco, minha resposta soando dura até pa
AiyraA sala de reuniões na sede em que Ethan geralmente trabalha está cheia. Toda a equipe de produção, marketing e relações públicas. Não entendo muito bem o motivo da minha presença ter sido solicitada, mas eu aguardo, sentada na mesa e olhando como as equipes se misturam em um mix de conversas paralelas.Uma garota ao meu lado conversa animadamente com um rapaz desengonçado, mas que se não caprichasse tanto no perfume, talvez fosse até atraente.— É o evento anual, certeza. Algumas pessoas da contabilidade estão dizendo que esse ano vai ser ainda maior que no ano passado. — A menina com o cabelo curto e rosa choque fofoca, um sorriso esperançoso no rosto.— Eu não sei se quero ir Nina... — o rapaz a responde, sua voz assumindo um tom queixoso — É tudo muito chique, sempre gasto quase meu salário inteiro nos ternos alugados.— Gasta por ser teimoso, a empresa disponibiliza uma loja onde conseguimos descontos nas roupas. — Ela retruca, os olhos rolando com exasperação.— Fica muito