Capítulo 6. Javier narrando. Faz mais ou menos meia hora que cheguei a majestosa construção que engloba os prédios da universidade de Solari. A mesma meia hora em que Nila, a secretária da reitoria, está olhando para mim como se estivesse vendo o próprio Jesus Cristo na sua frente. Não sou de agir como se não soubesse que sou um dos príncipes de Solari, o que me faz parecer inalcançável para a maioria das pessoas que moram na capital e em todo país. Também estou ciente de que as deixo nervosas quando estão perto de mim. Todavia, nesse caso em especial, a mulher está no seu local de trabalho, que em breve será o meu local de trabalho e ela precisa se controlar. A senhora que deve ter por volta de cinquenta anos parece bastante competente pela forma como vem falando comigo, apesar da surpresa e do nervosismo por estar na minha frente. Minha futura secretária exala confiança ao me explicar o que preciso saber e isso me deixa contente, pois preciso de alguém assim para ajudar-
Capítulo 7. Javier narrando.Ambos estão casados com as mulheres que amam, mas ainda encontram tempo na agenda para encherem o meu saco sempre que podem. Não julgo, pois provoquei Rhuan e Ignácio tanto quanto pude quando ambos se apaixonaram e correram atrás das suas mulheres como se fossem cachorrinhos carentes. Além do mais, eu teria agido como eles se tivesse visto suas garotas antes e me apaixonado por elas. A princesa Elena e a princesa Gabriela são duas mulheres lindíssimas não só na aparência, mas também na personalidade. E se um dia a vida me der a oportunidade de voltar a me apaixonar e formar uma família, espero ter o dedo tão bom para escolher a mulher perfeita como eles tiveram. Mas essa mulher já existe e eu a tive nos meus braços, não é? Tive e perdi. Os babacas definitivamente acertaram e agora estão felizes com suas filhas e suas mulheres. No fim das contas, a tentativa do papai de impor e opinar em algo a respeito de com quem meus irmãos deveriam se relacionar
Capítulo 8. Jade narrando.— Estou bem, filho? — pergunto para o meu pequeno ao alisar o meu vestido preto na frente do espelho. Eu tenho o costume de me vestir com peças de roupas mais casuais, que consistem em vestidos longos, saias confortáveis e croppeds que deixam minha barriga à mostra, porque nunca tive problema com o meu corpo, mas como darei aulas em uma universidade preciso estar elegante. Estar em uma universidade é diferente de ministrar aulas em um estúdio de artes para uma escola particular como fazia em Paris. Essa é a capital de Solari. A universidade considerada a mais prestigiada por vários países. Por querer causar boa impressão, fiz uma maquiagem leve no meu rosto e prendi os meus cabelos em um rabo de cavalo elegante para parecer mais séria. Escolhi um vestido preto justo, mas não tão justo e que alcança metade das minhas coxas. Ele tem mangas curtas e quase não se vê um decote. É o suficiente para me fazer parecer uma professora competente de trinta e três
Capítulo 9. Jade narrando. — Eu estou tentando fingir costume, mas é muito difícil lidar com o fato de que o reitor da universidade é nada menos do que o príncipe Javier. Você tem noção disso? Acho que estou sonhando… — Parecendo uma adolescente com sua primeira paixão, a professora senta-se ao meu lado e fala baixo perto do meu ouvido. Cynthia, a professora de literatura e gramática do curso de letras que conheci há pouco na sala dos professores, está claramente caída pelo príncipe. Ela e todas as outras mulheres de Solari, até mesmo as que são casadas. É algo irritante, porque não preciso lidar com uma mulher dando chilique por causa desse homem, não quando eu mesma tenho que me controlar para não esquecer que ele não vale o arroz que come. — É só um homem normal com um título de nobreza. — Dou de ombro, como se não fosse nada de mais. Até parece que homem normal e título de nobreza fazem sentido na mesma frase. Não fazem. É patético até mesmo para mim. Porra! Esse
Capítulo 10. Jade narrando. A palestra de boas-vindas começa e termina sem que eu perceba. Enquanto Javier se despede de todos e antes que diga a última palavra, já estou me levantando e saindo do auditório. Respiro profundamente quando chego do lado de fora, porque a sensação é de que estava prendendo a respiração o tempo todo. Andando rapidamente sobre os meus saltos altos, como se estivesse fugindo do próprio capeta, vou até a sala onde darei as minhas aulas e ensinarei meus alunos sobre a arte nas telas. A pintura foi algo que surgiu depois que deixei o país e fui morar na França. Sempre gostei de desenhar, mas acreditava que não era tão boa. Meu pensamento mudou quando entrei na universidade e comecei o curso de artes plásticas. Meus professores me fizeram enxergar que eu era boa e que a minha técnica poderia me tornar uma pessoa milionária quando fosse aperfeiçoada. Eu só precisava pintar quadros. O problema é que, apesar de amar desenhar e fazer minhas pinturas,
Capítulo 11. Javier narrando.JAVIER – 18 ANOS DE IDADE. — Como é possível que fique melhor a cada dia que passa? — Ainda com a respiração curta, comento com a minha namorada, que está suada e gostosa deitada ao meu lado na cama. Nós acabamos de transar tão intensamente que senti como se fosse a nossa última vez. Tem muita paixão entre a gente e nunca pude negar esse fato desde que os meus sentimentos pela minha preciosa mudaram, mas hoje realmente nos tocamos e nos olhamos como se existisse a ameaça de algo prestes a nos separar. Mas sei que não há nada errado. Fico bravo comigo mesmo quando esse tipo de insegurança invade a minha mente, porque sempre que acontece, sinto vontade de destruir o mundo inteiro, simplesmente porque não existe a menor chance de viver sem essa garota perto de mim. — Tenho que concordar com você, meu príncipe. — Jade se aproxima e beija docemente o meu peito. Como sou viciado nela, o inocente gesto da sua boca macia tocando a minha pele faz com que o
Capítulo 12. Javier narrando.— Você quer se casar comigo? — O quê?! A forma como seus olhos arregalam e sua boca se abre em formato de um O gigante é cômica. Por alguma razão, as suas bochechas ficam avermelhadas, mas depois da surpresa um sorriso surge no seu rosto novamente. Até mesmo eu estou surpreso pelo que acabei de falar, mas não voltaria atrás se tivesse a chance. Não estou brincando. — Quero saber se você vai se casar comigo. — Elabore melhor essa frase, porque acho que não estou entendendo exatamente o que está querendo dizer. — As palavras significam exatamente o que parecem. Eu te amo mais do que a minha própria vida e quero que se torne a minha esposa, minha princesa. — É claro, no futuro a gente… — Eu quero me casar com você agora, minha Jade. Meu coração erra a batida com as minhas palavras, mas as mesmas palavras se assentam no meu interior e percebo que é realmente isso o que eu quero. Desejo me casar com a mulher que amo agora. Aos dezoito anos de ida
Capítulo 13. Jade narrando.Você é patética. Acreditou mesmo que poderia se casar com um príncipe? Uma pobre coitada sem sobrenome cujo pai não passa de um servo do meu pai?Essas frases ecoam sem parar na minha cabeça. Elas rodopiam e fazem com que eu sinta tontura. As malditas frases, sempre as malditas frases. Foram palavras ditas por ele e que nunca mais saíram da minha cabeça. Não foram as piores frases que ouvi naquele fatídico dia. Mas foram essas as frases que ficaram na minha mente durante tantos anos e que nunca pude esquecer. Dezesseis anos depois e ainda não consegui superar. Quando a minha pele arrepia e a vontade de vomitar vem, sinto o meu corpo sendo sacudido com leveza, mas não consigo parar. É um vício.Como ser viciada na loucura, na tortura e na dor. Você é patética.Você é patética. Você é patética.— Mamãe… acorda. Mamãe, estou com fome. — Ouço a voz do meu menino, que vai ficando cada segundo mais nítida e agoniado. Então, lutando contra a minha mente