Capítulo 8. Jade narrando.— Estou bem, filho? — pergunto para o meu pequeno ao alisar o meu vestido preto na frente do espelho. Eu tenho o costume de me vestir com peças de roupas mais casuais, que consistem em vestidos longos, saias confortáveis e croppeds que deixam minha barriga à mostra, porque nunca tive problema com o meu corpo, mas como darei aulas em uma universidade preciso estar elegante. Estar em uma universidade é diferente de ministrar aulas em um estúdio de artes para uma escola particular como fazia em Paris. Essa é a capital de Solari. A universidade considerada a mais prestigiada por vários países. Por querer causar boa impressão, fiz uma maquiagem leve no meu rosto e prendi os meus cabelos em um rabo de cavalo elegante para parecer mais séria. Escolhi um vestido preto justo, mas não tão justo e que alcança metade das minhas coxas. Ele tem mangas curtas e quase não se vê um decote. É o suficiente para me fazer parecer uma professora competente de trinta e três
Capítulo 9. Jade narrando. — Eu estou tentando fingir costume, mas é muito difícil lidar com o fato de que o reitor da universidade é nada menos do que o príncipe Javier. Você tem noção disso? Acho que estou sonhando… — Parecendo uma adolescente com sua primeira paixão, a professora senta-se ao meu lado e fala baixo perto do meu ouvido. Cynthia, a professora de literatura e gramática do curso de letras que conheci há pouco na sala dos professores, está claramente caída pelo príncipe. Ela e todas as outras mulheres de Solari, até mesmo as que são casadas. É algo irritante, porque não preciso lidar com uma mulher dando chilique por causa desse homem, não quando eu mesma tenho que me controlar para não esquecer que ele não vale o arroz que come. — É só um homem normal com um título de nobreza. — Dou de ombro, como se não fosse nada de mais. Até parece que homem normal e título de nobreza fazem sentido na mesma frase. Não fazem. É patético até mesmo para mim. Porra! Esse
Capítulo 10. Jade narrando. A palestra de boas-vindas começa e termina sem que eu perceba. Enquanto Javier se despede de todos e antes que diga a última palavra, já estou me levantando e saindo do auditório. Respiro profundamente quando chego do lado de fora, porque a sensação é de que estava prendendo a respiração o tempo todo. Andando rapidamente sobre os meus saltos altos, como se estivesse fugindo do próprio capeta, vou até a sala onde darei as minhas aulas e ensinarei meus alunos sobre a arte nas telas. A pintura foi algo que surgiu depois que deixei o país e fui morar na França. Sempre gostei de desenhar, mas acreditava que não era tão boa. Meu pensamento mudou quando entrei na universidade e comecei o curso de artes plásticas. Meus professores me fizeram enxergar que eu era boa e que a minha técnica poderia me tornar uma pessoa milionária quando fosse aperfeiçoada. Eu só precisava pintar quadros. O problema é que, apesar de amar desenhar e fazer minhas pinturas,
Capítulo 11. Javier narrando.JAVIER – 18 ANOS DE IDADE. — Como é possível que fique melhor a cada dia que passa? — Ainda com a respiração curta, comento com a minha namorada, que está suada e gostosa deitada ao meu lado na cama. Nós acabamos de transar tão intensamente que senti como se fosse a nossa última vez. Tem muita paixão entre a gente e nunca pude negar esse fato desde que os meus sentimentos pela minha preciosa mudaram, mas hoje realmente nos tocamos e nos olhamos como se existisse a ameaça de algo prestes a nos separar. Mas sei que não há nada errado. Fico bravo comigo mesmo quando esse tipo de insegurança invade a minha mente, porque sempre que acontece, sinto vontade de destruir o mundo inteiro, simplesmente porque não existe a menor chance de viver sem essa garota perto de mim. — Tenho que concordar com você, meu príncipe. — Jade se aproxima e beija docemente o meu peito. Como sou viciado nela, o inocente gesto da sua boca macia tocando a minha pele faz com que o
Capítulo 12. Javier narrando.— Você quer se casar comigo? — O quê?! A forma como seus olhos arregalam e sua boca se abre em formato de um O gigante é cômica. Por alguma razão, as suas bochechas ficam avermelhadas, mas depois da surpresa um sorriso surge no seu rosto novamente. Até mesmo eu estou surpreso pelo que acabei de falar, mas não voltaria atrás se tivesse a chance. Não estou brincando. — Quero saber se você vai se casar comigo. — Elabore melhor essa frase, porque acho que não estou entendendo exatamente o que está querendo dizer. — As palavras significam exatamente o que parecem. Eu te amo mais do que a minha própria vida e quero que se torne a minha esposa, minha princesa. — É claro, no futuro a gente… — Eu quero me casar com você agora, minha Jade. Meu coração erra a batida com as minhas palavras, mas as mesmas palavras se assentam no meu interior e percebo que é realmente isso o que eu quero. Desejo me casar com a mulher que amo agora. Aos dezoito anos de ida
Capítulo 13. Jade narrando.Você é patética. Acreditou mesmo que poderia se casar com um príncipe? Uma pobre coitada sem sobrenome cujo pai não passa de um servo do meu pai?Essas frases ecoam sem parar na minha cabeça. Elas rodopiam e fazem com que eu sinta tontura. As malditas frases, sempre as malditas frases. Foram palavras ditas por ele e que nunca mais saíram da minha cabeça. Não foram as piores frases que ouvi naquele fatídico dia. Mas foram essas as frases que ficaram na minha mente durante tantos anos e que nunca pude esquecer. Dezesseis anos depois e ainda não consegui superar. Quando a minha pele arrepia e a vontade de vomitar vem, sinto o meu corpo sendo sacudido com leveza, mas não consigo parar. É um vício.Como ser viciada na loucura, na tortura e na dor. Você é patética.Você é patética. Você é patética.— Mamãe… acorda. Mamãe, estou com fome. — Ouço a voz do meu menino, que vai ficando cada segundo mais nítida e agoniado. Então, lutando contra a minha mente
Capítulo 14. Jade narrando.Depois de prepararmos o café da manhã e nos alimentarmos na mesa pequena que fica posicionada na cozinha do papai, uma cozinha muito organizada para pertencer a um homem, voltamos para a sala e nos ocupamos com as nossas coisas por um tempo. Enquanto meu filho brinca de massinha e lego, termino de organizar o meu material para as aulas mais tarde. Após mais ou menos duas horas, colocamos os nossos aventais e voltamos para cozinha para prepararmos o almoço. Enquanto trabalhamos, falamos sobre o seu avô e o meu menininho diz que está ansioso para vê-lo. Por termos morado na França durante a sua vida inteira, ele não teve muito contato com a minha família, então está em êxtase pela possibilidade de conhecê-los melhor. Claro que Rodolfo lembra do avô, porque pelo menos uma vez por ano ele faz visitas rápidas. Todavia, não conhece as duas tias tão bem, considerando que ambas são ocupadas com suas próprias famílias e não ligam com tanta frequência. Mas sei
Capítulo 15. Jade narrando.Quando volto para casa está quase perto do horário de preparar-me para o primeiro dia de aula na universidade. Com o coração na mão depois de deixar o meu menino com a sua babá, faço a viagem até o campus que dura apenas quinze minutos. Fico sem graça por estar andando com motorista como se eu fosse uma milionária, mas também não posso recusar, não quando sei que ter alguém à minha disposição ajudará bastante. Além do mais, o senhor de cinquenta e cinco anos de idade é um querido e não quero o deixar sem emprego. Sérgio contou que o meu pai o contratou exclusivamente para levar-me e trazer para onde eu quiser. Como não é a primeira vez e estou acostumada a lidar com jovens, apresento-me quando começo a minha primeira aula e felizmente os alunos são tranquilos. Pelo menos os da primeira turma são, o que é um bom começo.Sendo esse o meu primeiro dia, não passo nenhum conteúdo e ficamos apenas conversando sobre as nossas vidas pessoais. Eles se apresent