Era quase madrugada quando o Rolls-Royce do governador Juscelino Valadares parou diante do Hospital Dr. Quaresma. Uma pequena multidão, contida por um cerco de policiais, ameaçava invadir o hospital em busca de respostas ante a destruição que deixou mortos e feridos. A interdição policial que impedia o acesso dos parentes das vítimas tornava a situação extremamente tensa, bastando uma fagulha para eclodir um confronto civil.
Este foi o cenário que levou o delegado Pretórios a solicitar uma reunião de emergência com o governador e o chefe de imprensa do jornal de Ouro Preto. Eles sabiam que se esperasse até a manhã seguinte os efeitos das especulações e dos noticiários descontrolados seriam catastróficos. A breve reunião havia acabado de acontecer, onde a história fora planejada para, em seguida, o governador dirigir-se imediatamente
Após dirigirem por alguns minutos, Kron e Santos chegaram à Redação do Jornal de Ouro Fundo, uma antiga mansão reestruturada para comportar a pequena equipe e seu equipamento de produção. Tão logo entraram e cruzaram a sala da recepção, se dirigiram até um enorme salão onde alguns funcionários movimentavam os maquinários. Assim que percebeu a entrada de Santos, o editor chefe do jornal, Sr. Roberto Mendonça, dirigiu-se ao seu encontro.Enquanto andava pela sala parecia gingar com certa dificuldade, dada a sua obesidade. A camiseta de um xadrez em tons de azul estava amarrotada, como de costume. A calça jeans surrada era constantemente puxada para cima, pela ausência do cinto que ele sempre dizia ter esquecido.– Santos! Onde estão as fotos, homem? O jornal precisa ir pra prensa! – Retirou os óculos, permitindo que caísse
Com cuidado, Kron retirou o baú do buraco oculto no chão, colocando-o do seu lado. Encarou, na parte superior, o símbolo talhado que formava um TD. Kron abriu a pasta e espalhou as fotos pelo chão até encontrar a do baú, observando-a para ter certeza de que se tratava do mesmo. Percebeu que estava trancado e, enquanto tentava abrir, apertou o botão do fone sem fio em sua orelha, fazendo com que seu celular discasse para seu contato. Após ser atendido e se apresentar ele foi direto, dispensando as cerimônias:– TD – Kron proferiu apenas estas duas letras e aguardou a resposta.– “Tempus Dominus” – respondeu o homem do outro lado da linha. – Estudei sobre essa organização. Extremamente poderosos, foram a maior ameaça que já enfrentamos. Mas foram extintos na Guerra T.– Então me explique como eles estão aqui
A vitória é obtida antes mesmo de se iniciar a disputa. Um estrategista observa o campo de batalha e traça seu triunfante plano. Tais planos podem assumir quaisquer formas quando o único objetivo é vencer a qualquer custo. Por vezes a história classificou alguns vitoriosos, erroneamente, como covardes. Mas não seria tal acusação a miopia daqueles que são incapazes de empenhar desmedidos esforços em prol da conquista? Quando o objetivo é nobre, o maior dos homens está disposto a corromper sua própria alma; o sacrifício máximo de quem escreveu com seu sangue a história para que ainda houvesse alguma história a ser contada. E que objetivo seria mais nobre que a autopreservação? Ajoelhado sobre o assoalho do pequeno quarto, Kron envolvia em suas mãos o baú rec&ea
Após uma longa caminhada cruzando o lado sul da cidade, Anarina e Choco finalmente chegaram ao exuberante portão de grades da mansão do governador. E tão logo fitaram as grades, tiveram plena consciência do iminente perigo que estavam prestes a correr, pois bem no meio do portão as grandes envergadas deixavam uma enorme abertura no meio, tornando evidente que algo grande as havia entortado ao passar por lá. Os dois se entreolharam assustados, mas antes que Choco pudesse dizer algo, Anarina arqueou as sobrancelhas em uma expressão séria e proferiu em tom decidido: – Nem se atreva a falar sobre desistir! Nós vamos entrar. A garota atravessou em meio das grades retorcidas, seguida pelo relutant
Do alto da ribanceira, Anarina e Choco observavam o silencioso acampamento circense, iluminado pelos últimos raios prateados da madrugada que logo se renderia ao sol dourado da manhã que a se aproximar. Os longos cabelos da ruiva esvoaçaram com uma brisa passageira, assim como seu vestido pincelado em tons rubros como labaredas de fogo. As madeixas avermelhadas descobriram o alvo rosto e os brilhantes olhos verdes que fitavam penetrantes seu objetivo. Em suas costas a mochila de Filipe, repleta do quanto conseguiram carregar de equipamentos. Eles não tinham certeza do que os aguardava, mas por certo sabiam que seria o maior desafio que já haviam enfrentado. A aventura mais perigosa que já tinham embarcado, mas estavam prontos e não voltariam atrás.Ao seu lado Choco mantinha em suas mãos a tão almejada arma criada por Filipe: A bazuca de luz, que ele segurava como um soldado a postos. Sua calça, de u
Respire. Sinta o ar enchendo seus pulmões. Saboreie o doce aroma da vida. Porque ela escoa pelas mãos como as areias na ampulheta do tempo, enquanto você sobrevive fingindo viver desperdiçando cada pôr do sol ignorado sobre sua cabeça. Tentando lembrar o que você fez de bom que não fosse apenas para você. Alguns tentam deixar sua marca na história, mas só importa a marca que deixamos nos outros ao nosso redor. Porque quando a vida terminar de passar você será apenas um eco que já se calou. Mas se você ainda está vivo permita-se viver. Permita-se errar se tentando acertar. Permita-se permitir, mesmo que alguns não entendam seus feitos. E acima de tudo permita-se tocar a vida de alguém. Encare o mundo vestindo sua verdade. Encante o mundo despido da vaidade. Ou, ao final da vida, só restará que se encarem as mentiras que você escondeu por tr&aacut
No interior da delegacia, Kron ainda encarava a mulher aguardando a resposta. As esferas, paradas no ar, emitiam um leve zumbido. E diante da hesitação da mulher o agente bateu na grade fazendo estremecer:– Fale logo! Para quem você trabalha?!– Tempus Dominus! – Gritou a mulher. – Fui enviada do futuro pela Tempus Dominus para destruir os Reparadores, antes mesmo que eles se formem. Eliminando-os enquanto ainda são crianças.A resposta martelou na mente de Kron uma certeza que ele se negava a acreditar: a maior ameaça da agência, a organização Tempus Dominus ainda existia. Ainda perplexo, Kron decidiu começar pela parte mais fácil.– Eu sei que você não está sozinha. Sei que a criatura que vem causando morte e destruição à cidade é um Dúbio. E sei que parte dele é formado por seu comparsa,
No interior do vagão; Fortão, a bailarina Jessy e o mágico Arkanu já haviam sido derrotados. O Mímico fazia a linha de frente na luta contra o Dúbio enquanto Mekanicus tentava inicializar os tubos de imersão e o restante do grupo protegia as crianças ao fundo.Após ter sido atingido e arremessado longe por uma explosão invisível o monstro já havia se recuperado e corria em direção ao mímico que, ignorando a aproximação da gigantesca criatura, fez um gesto com as mãos espalmadas no ar. O monstro já estava há poucos centímetros do seu alvo e o impacto de sua investida parecia iminente. Mas ao invés disso o Dúbio pareceu chocar-se em uma parede invisível. Tentou atravessá-la, mas a barreira que parecia estar bem entre os dois o impedia. Pankada gesticulou com as mãos abertas, passando-as pelo a