Enquanto Francesco se esforçava para alcançar o carro, Leonardo observava o homem por cima do ombro de Mirella, um sorriso no rosto. —Pare o carro! Eu não aguento mais, por favor!— Francesco gritava, mas sua voz estava tão rouca que ninguém conseguia ouvi-lo.Sharannoh, com o GPS ligado, optou pelo caminho mais longo, passando por várias ruas, como se quisesse mostrar ao mundo que aquele homem em estado deplorável era um exemplo do que acontece com aqueles que cubicam a mulher do próximo. As pessoas mal podiam acreditar que aquele ser desolado era o impiedoso Francesco, conhecido por extorquir dinheiro dos comerciantes e moradores com falsas promessas de proteção.Proteção essa que, na verdade, vinha dos próprios homens enviados por ele para roubar sem piedade. Além disso, havia as vidas de pais de família que ele havia tirado como um aviso cruel. Muitos colocavam as mãos na boca em incredulidade diante da cena; outros choravam de alegria. Muitos comentavam: —Deus fez justiça aos pobr
Antes que Giulia pudesse abrir a boca para falar, uma batida forte ecoou na porta do quarto. Era Emma.—Dona Giulia, sua família está aqui e disseram que precisam falar com a senhora—, anunciou.—Avise que estou indo—, respondeu ela, um pouco hesitante.Os olhos de Matteo se escureceram. Ele ainda desconfiava da família dela; não havia como Giulia ter sido sequestrada naquela época sem que alguém de dentro tivesse ajudado. A segurança da casa era rigorosa e todas as investigações só apontavam para sua meia-irmã. Ele respirou fundo ao pensar que, se tivesse se atrasado dez minutos, talvez não tivesse conseguido salvar sua amada.Retornou ao banheiro e tomou o banho mais rápido da sua vida. Vestiu-se rapidamente e desceu as escadas, consumido pela raiva de ter sido interrompido em um momento tão importante de reconciliação.Assim que desceu, avistou Giulia sentada no sofá, com os cabelos ainda molhados caindo sobre os ombros e as pernas cruzadas. Um sorriso iluminava seu rosto. Ele paro
Giulia sentiu uma onda de emoção ao ouvir as palavras do marido. —Eu entendo seu medo, amor, mas precisamos agir com estratégia. Se formos impulsivos, poderemos colocar todos em perigo.E a Mirella não é tão frágil como você pensa. Ela sabe lutar e atirar com perfeição, melhor que muitos dos nossos soldados. Eu mesma a treinei; ela é muito rápida, ágil e aprende rápido.”O olhar de Matteo se iluminou. —O que você está dizendo, Giulia? A Mirella sabe lutar?— perguntou ele, surpreso.—Sim! Eu mesma ensinei ela todos os dias nessas últimas semanas—, disse Giulia com um sorriso satisfeito.Ao perceber que Matteo se preocupava com a segurança da nora, Giulia sentiu-se ainda mais confiante. Matteo parou um pouco e olhou para Giulia, sorrindo. —Espera aí, você me chamou de amor?Ela não respondeu, apenas sorriu enquanto o olhava nos olhos.Matteo pareceu lembrar de algo e continuou: —Você disse que treinou ela todos os dias?—Sim, amor, falei. Mas por que está repetindo as mesmas perguntas?
Ao ouvir as palavras de Nágila, Elisa mudou de cor. Uma raiva tomou conta de sua mente, seus olhos escureceram e ela olhou para o relógio de pulso, como se estivesse esperando algo acontecer.—É melhor deixarmos de papo e treinar—, disse ela com um sorriso falso.—Claro, querida—, respondeu Nágila com um ar de deboche, dirigindo um olhar provocativo para Vincenzo, que deu uma piscadela antes de se acomodar em uma poltrona de couro marrom. Bianca também se juntou a plateia sentando no colo de Vincent enquanto Nágila e Elisa entravam no ringue.Elisa, em um golpe traiçoeiro, atacou Nágila antes da reverência, mas Nágila parecia já esperar por isso. Com um gesto rápido, desviou o corpo e o punho de Elisa passou próximo ao seu rosto. Porém, Nágila não perdeu tempo: lançou um soco direto com a direita e rapidamente respondeu com outro golpe da esquerda.Elisa não conseguiu desviar de nenhum dos ataques e ficou presa entre a fúria de Nágila, que desferiu uma sequência implacável de vinte so
Minutos depois, Giulia levantou-se da mesa, parecendo que algo estava errado. Ela fechou os olhos e se apoiou na mesa.— Você está bem? — perguntou Elisa.— Eu não sei — respondeu Giulia, com a voz trêmula. — Estou me sentindo mal.Matteo também se levantou para ajudar Giulia, mas acabou falhando e caiu na cadeira. O mesmo aconteceu com todos à mesa. Maria, deixando o prato de sopa de lado, correu para auxiliar Giulia, com os olhos cheios de lágrimas.— Giulia, o que você está sentindo? — questionou ela, aflita.Giocomo, ouvindo todos falarem sobre o mesmo sintoma — a visão embaçada, uma agonia no coração e tontura — largou sua tigela de sopa e se levantou rapidamente.— O que você colocou nessa sopa, Elisa? — perguntou ele, encarando a filha.Ela olhou para ele e deu uma gargalhada.— Nada, pai! Nada que eles não mereçam. Sinto muito por você ter tomado da sopa também.— Mas não se preocupe, pai; você vai ficar bem. Amanhã estará recuperado.— Infelizmente, o restante não terá a mesm
— Maria, espera! — Giocomo gritou, mas ela não parou. Ele se sentia perdido, sem saber como corrigir os erros do passado.Enquanto isso, Elisa tentava se recompor, ainda atordoada com a revelação de Emma e o ataque de Giulia. O ambiente estava carregado de uma pressão insuportável e o silêncio era quase perceptível.— Você realmente achou que poderia me derrubar? — Giulia sussurrou, olhando nos olhos de Elisa com desprezo. — Você subestimou não só a mim, mas também a todos nós.Elisa tentou se levantar, mas a dor e a humilhação a deixavam fraca. Olhando para Matteo, ela disse: —Tudo que fiz foi por amor a você. Você me salvou quando eu era criança, e jurei que seria sua esposa. Mas você escolheu a Giulia, não a mim. Você arriscou sua vida por mim naquele dia em que estava sendo espancada. Você disse aos meus agressores que, se ousassem me tocar, iriam se arrepender, que eu não era uma pessoa para ser intimidade. Mas você preferiu a Giulia. Ela te roubou de mim—, disse ela, entre lágri
Reflexão:O silêncio muitas vezes é uma armadilha para mulheres que sofrem abusos psicológicos e físicos. O medo do agressor torna-se uma sombra constante em suas vidas, inibindo qualquer tentativa de buscar ajuda ou apoio. A vergonha e o estigma social são barreiras adicionais que as fazem sentir que suas vozes não merecem ser ouvidas. Elas podem sentir que estão sozinhas em sua dor ou temer as consequências de uma denúncia.Viver com um agressor é como estar preso em uma prisão emocional; cada dia é uma luta para manter as aparências, ocultando cicatrizes invisíveis que se formam ao longo do tempo. O coração dessas mulheres é muitas vezes dilacerado entre a esperança de um futuro melhor e o desespero da realidade atual.É preciso muita força e coragem para essas mulheres denunciarem seus agressores e se libertarem desse ciclo de violência. Cada passo rumo à liberdade é um ato de bravura; cada decisão de buscar ajuda é um grito silencioso por dignidade e respeito. Elas precisam saber
Matteo olhou diretamente para Mirella e, com um olhar sincero, pediu desculpas. —Sinto muito por ter dito aquelas coisas. Eu nunca teria falado isso se soubesse que você estava ouvindo. Não era minha intenção te ferir, e sei que estava errado. Eu amo o Leonardo e deveria ter colocado isso acima das minhas preocupações. Por favor, me perdoe; nunca quis te magoar."Mirella sorriu e o abraçou. —Está tudo bem, senhor Matteo. Não precisa se desculpar. Já esqueci tudo isso; ficou no passado.Leonardo, observando a cena, interveio: —Claro que precisa! Afinal, você chorou muito.— Então, ele acrescentou: —Mas, graças à minha mãe, o senhor já aprendeu a lição e pagou o preço do que fez, não é mesmo, meu pai?Matteo olhou para Giulia, puxou-a pelo braço e lhe deu um beijo. —Sim, isso é verdade—, confirmou ele. —Espero nunca mais passar pelo que passei; já aprendi minha lição.— Todos sorriram, mas o clima ainda estava carregado pelo que havia acontecido.Leonardo então se voltou para Maria e se a