Leonardo deixou os dois presos no galpão de torturas e fechou a porta, colocando a chave na fechadura. Ele se dirigiu até o quinteto.— Ajax, ligue a projeção e torture-os psicologicamente.— Sim, chefe! — respondeu Ajax, com um sorriso sádico, enquanto seus dedos dançavam sobre o teclado do computador.De repente, Dante e Kiara estavam em apuros. Dante estava amarrado a uma coluna fria, sem camisa, levando trinta chicotadas do próprio pai. A voz do homem ecoava em seus ouvidos:— Você pegou o doce do seu irmão. Como ousa pegar o que é dele?— Não fui eu! — murmurou Dante, sentindo a dor aguda em suas costas ensanguentadas.— Você não presta! Estou cansado de você! Já chega!O pai continuou a chicotear, cada golpe fazendo o desespero de Dante aumentar.— Você terá que pagar tudo que roubou do seu irmão. Como não tem dinheiro porque é um vagabundo e não trabalha, vou te vender. Encontrei um homem que gosta de homens e mulheres. Você vai ser o brinquedinho dele — disse o pai com um sorr
Dante, no galpão, continuava a gritar, mesmo sabendo que reviver aquelas lembranças era doloroso. No entanto, Leonardo não se importava; a única coisa que ocupava sua mente era Vincent, ferido e Vincenzo internado devido às torturas que sofrera. Se Vincent não tivesse invadido o local onde Dante estava sendo mantido prisioneiro, o pobre homem teria sido castrado.Leonardo entrou no galpão com um aparelho de choque. Assim que a projeção foi desligada, o corpo de Dante e Kiara recebeu uma descarga elétrica, intensificando ainda mais a dor das agulhas cravadas em suas peles e fazendo seus corpos se impulsionarem para cima.Os gritos ecoaram pelo espaço, misturando-se em um clamor de desespero e sofrimentoKiara gritava, pedindo misericórdia. Ela não suportava mais a dor e implorava: "Por favor, me mata logo! Tenha misericórdia!" Leonardo, imperturbável, não demonstrava nem uma centelha de compaixão. Continuou a aplicar choques e, achando que isso não era suficiente, arrancou as unhas dos
Mirella arregalou os olhos ao ver a sua mãe sentada no colo de um homem, rindo e beijando-lhe o queixo. Os dois pareciam tão felizes, copos de bebida em uma mão e um cigarro na outra, enquanto a fumaça se entrelaçava com risadas desmedidas. Aquelas risadas ecoavam como facadas em seu coração. O lugar que outrora era preenchido com o amor de seu pai agora estava tomado por uma estranha alegria que ela não conseguia entender.Caminhando com passos hesitantes até onde o som estava ligado, Mirella desligou a música com um gesto abrupto, sentindo a raiva borbulhar dentro dela. —Mãe, o que está acontecendo aqui? Quem é ele?— perguntou, sua voz tremendo, inocente e cheia de desespero. A proximidade do homem com sua mãe a incomodava profundamente; aquele sofá era o mesmo onde seu pai a abraçava com ternura, e agora ela via sua mãe nos braços de outro.A raiva crescia dentro da menina, misturada à tristeza profunda que invadia sua alma. O sorriso em seu rosto se desfez ao ouvir as palavras cor
Mirella estava em seu quarto, as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto olhava um álbum desbotado pelo tempo, repleto de fotos de seu pai dos momentos lindos que viveram. Cada imagem trazia à tona memórias de um tempo em que ela era tratada como uma verdadeira princesa, rodeada pelo amor e carinho que ele lhe oferecia. Agora, a estante que antes guardava seus brinquedos estava vazia, despojada de tudo o que representava a felicidade e a inocência da infância. Os brinquedos que ele lhe dava todos os dias, os bombons que trazia em suas visitas, tudo isso parecia ter sido arrancado dela por Benício, deixando apenas vestígios de um sorriso apagado pela dor do tempo.A solidão daquela estante vazia fazia seu coração sangrar como se uma faca estivesse sendo cravada em sua alma. Hoje era seu aniversário de 20 anos, mas ao invés de celebrações, ela sentia que sua vida só piorava. Apesar de sua beleza florescente, mesmo vestida em trapos, os olhos do maldito Benício estavam sempre sobre ela.
Na Itália, Leonardo entrou na cozinha da casa com um olhar sóbrio, a raiva pulsando em suas veias.— Oi, filho — disse Giulia. — Você sabe o paradeiro do Stefano?— Sim, mãe, mas as notícias não são boas. Ele foi encontrado morto no hotel, e Guido está desaparecido. Porém, o Shane conseguiu a imagem do hotel. Imagine quem esteve com ele por último?— Não sei, querido. Quem?— O Alessandro — respondeu Leonardo. — Você acha que foi ele quem o matou? — perguntou Vincent.— Eu não sei. Para descobrir quem é o traidor, preciso investigar de perto — disse Leonardo.— Se você quiser, eu posso ir em seu lugar — ofereceu Vincenzo.— Se você quiser, tio, pode me acompanhar. Mas eu já conheço o Brasil e tenho um amigo que pode facilitar as coisas pra mim.— Tudo bem, eu vou com você. Vamos descobrir o que aconteceu com Stefano e se Guido também está morto — afirmou Vincenzo.— No que está pensando, filho? — perguntou Matteo ao ver Leonardo com o olhar distante.— Tem algo intrigante... Esses dia
Os três saíram do hotel, conversando animadamente. Bruno falava sorridente e, para surpresa de Vincenzo, ele era o único que conseguia falar como um tagarela e não irritar Leonardo — algo que raramente acontecia, pois o rapaz nunca teve paciência para ouvir ninguém.—Ainda bem que você não mora na Itália, — comentou Vincenzo de repente, fazendo Bruno parar de falar e olhar para ele com curiosidade.—Por que diz isso? O que fiz de errado?—perguntou Bruno, um pouco frustrado e se perguntando por que o homem que acabara de conhecer já parecia não suportá-lo.Notando o desconforto de Bruno, Vincenzo sorriu e disse: —Tire essa cara de confusão, rapaz. Digo isso pelo seu bem. Se você morasse na Itália, seria um alvo fácil. Parece que você é a fraqueza do Leonardo.Leonardo lançou um olhar fulminante para o tio. —Acho que essas vinte horas sem mulher te deixaram louco, tio! Ou você está cortejando a morte? O que houve? Está cansado de viver para falar uma merda dessas?—Deixa pra lá,—respond
Ela não parou de falar, suas mágoas fluindo como um rio descontrolado, refletindo a dor que carregava há tanto tempo.— Até a comida para mim é negada — desabafou, a voz embargada. — Só posso comer pouco, uma vez por dia. Vivo em péssimas condições... Minha recompensa é dormir no quarto da despensa fria, sobre um colchão rasgado. Sem lençol quente, apenas trapos velhos.Os olhos de Leonardo se arregalaram ao ouvir aquilo. Ele sentia um nó se formando em sua garganta enquanto ela continuava.— Todos os dias me levanto bem cedinho, e a luta começa... Faço café, almoço e janta, limpo a casa. E minha mãe sempre reclama! Quanto mais me esforço para fazer tudo direito, mais ela procura defeitos em mim. Me xinga e me põe de castigo! Depois do almoço eu lavo os pratos... Meu padrasto me odeia e não vale nada! Ele é um homem sem coração vive batendo em mim com a permissão da minha mãe!A cada palavra dela, Leonardo sentia uma raiva absurda crescendo dentro dele. Como alguém poderia ser tão cru
Leonardo saiu de dentro do carro angustiado. Ele correu até o banco da praça, olhando para todos os lados, mas não havia sinal da jovem. A ansiedade o consumia.Ele ligou para Vincenzo, mas ele não atendeu. Então, discou para Bruno.— Olá, Leonardo! Agora se lembrou que eu existo? Poxa, falei com você e parecia que você não estava nesse mundo!— Onde você está? — perguntou Leonardo, impaciente.— Vim comprar uns salgados para você experimentar! Já estou indo, já estou no caixa.— Certo, Bruno, venha logo! Preciso ir a um lugar agora. Descobri algo muito importante e preciso resolver essa questão com urgência.Assim que Bruno chegou, suas mãos estavam cheias de vários tipos de salgados e alguns doces. Ele entregou tudo a Leonardo, mas este não parecia estar com fome.As lembranças das palavras daquela jovem ainda ecoavam em sua mente: "Meu padrasto e minha mãe não me deixam comer; tenho que comer pouquinho uma vez por dia." A tristeza apertou seu coração ao pensar como alguém poderia m