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"O amor é como o vento, você não pode ver, mas pode sentir."

— Nicholas Sparks.

Dois dias depois, Gregório Villa-Lobos ligou para Eduardo e deu-lhe notícias inesperadas.

— A filha pródiga voltou ontem. Fernando ainda está muito irritado, mas por causa do coração da sua esposa, ele decidiu perdoar a filha.

— Então, o que acontece agora? Será que vamos esquecer esse negócio de casamento? — Eduardo perguntou, segurando o telefone entre o queixo e o ombro enquanto tirava a roupa para tomar banho na suíte presidencial do seu hotel no Rio.

— Hmm... Fernando não prossiguiu mais com essa questão. Camila discorda vigorosamente do casamento. Ela não entende como isso é importante para nós. Ainda é jovem, na verdade, vinte e dois anos e se graduou agora em Gestão. Nós concordamos que devemos dar um tempo para ela amadurecer.

— Bem, eu não estou com pressa também. Estou curtindo minha vida agora. — Eduardo disse, mas dentro dele, sentia-se rejeitado por Camila.

Ele não queria realmente se casar, mas a negação dela mexeu com seu ego. Os últimos dois dias foram uma tortura. Sua mente e corpo ansiavam por ela. Tudo sobre ela, especialmente seu delicioso aroma, o perturbava. Ele não conseguia nem pensar direito mais, seu cérebro estava nublado com sua imagem. Eduardo estava desapontado porque Camila não se preocupou nem ao menos em ligar para ele. Ele estava esperando há dois dias e duas noites inteiras, sem nem soltar seu celular para o caso de ela ligar. Ele sentia-se como um idiota, um adolescente apaixonado estúpido à espera de nada.

Então Eduardo decidiu não voltar para os Estados Unidos sem ver Camila novamente. Ele tinha que vê-la o mais rápido possível e começar a conhecê-la melhor. Ele queria chamá-la para sair e realmente passar uma noite com ela. Não, uma noite não seria suficiente, talvez uma semana ou um mês ou até que a atração potente que ele sentia por ela desaparecesse. Ela podia ser jovem, mas não era inocente. Eles poderiam ter uma aventura casual, em seguida, dizer adeus.

De repente, ele lembrou-se do triste rosto de Camila, quando ela lhe contou sobre seu ex-namorado. Eduardo gemeu. Ele não gostava da idéia de ela estar ferida por causa de alguém. O que isso significava? Que ela estava tentando seguir em frente? Ou será que isso significava que ela ainda amava seu ex? Droga! Eu poderia quebrar o pescoço do maldito por machucá-la. O ciúme, de repente tomou conta de Eduardo. Naquele momento, ele queria de verdade ajudá-la a apagar todos os sentimentos que ela tinha pelo imbecil.

— Então, sem problemas, filho. Nós podemos voltar para os Estados Unidos amanhã e fechar o negócio na Califórnia. — Seu pai respondeu-lhe, trazendo a mente embaçada de Eduardo de volta ao presente. Ele caminhou até o banheiro e tirou a toalha branca que estava em torno de seus quadris.

— Eu não posso, pai. Eu ainda estou de férias. Além disso, já instruí Louis a reprogramar a nossa viagem para a Califórnia.

— Ok, se é isso que você quer. Mas eu apreciaria se você pudesse vir com a gente.

— O que “a gente” significa? Você está viajando com alguém? — Eduardo ficou surpreso. Talvez seu pai tivesse conhecido uma mulher, uma nova namorada talvez. Desde que sua mãe morreu há dez anos, seu pai nunca saiu ou pensou em se casar com ninguém novamente.

— Sim. Camila virá comigo. Fernando concordou em não prosseguir com a questão do casamento com uma condição. Que ela passe por treinamento para aprender a lidar com um negócio como o nosso, de forma que daqui a poucos anos a partir de agora, ela possa gerir o seu próprio.

— O que? — Eduardo não podia acreditar no que acabara de ouvir. Uma sensação quente e estranha fluiu profundamente de dentro do seu coração.

— Sim, filho. Decidimos que a melhor pessoa para treiná-la é você. Então, o que você acha?

Sim! Seu sorriso se alargou em aprovação, mas tentou não mostrá-lo a seu pai.

— Bem, eu não tenho escolha, certo? Você tomou a decisão mais uma vez, sem me consultar primeiro.

Seu pai riu.

— Você está certo, você não tem uma escolha, filho.

Naquele momento, ele sentiu como se as portas do céu se abrissem e ele ouvisse legiões de anjos cantando. Aleluia!

— Vou sentir muito sua falta, Camila. Quando você vai voltar? — Antônio, ou Toni disse, olhando para Camila, que estava revirando seu guarda-roupa.

Toni era o melhor amigo de Camila desde o primário.

— Vou sentir falta de você também, Toni. E é claro, da Alessandra. Eu não sei quando vou voltar, talvez em três meses. — Camila suspirou, apertou as mãos finas juntas e olhou para os amigos deitados em sua cama.

— Oh Camila, você vai me fazer chorar. — Alessandra limpou a umidade em seus olhos. Toni riu.

— Você é tão mole, Alê. Três meses é um tempo tão curto. 90 dias apenas.

Alessandra era prima de Toni. Ela era um ano mais nova que ele e Camila. Mas porque os três frequentavam a mesma escola quando crianças, eles instantaneamente se tornaram amigos íntimos.

— Vou sentir falta das nossas farras, ir para algum barzinho e das nossas noites loucas.

Camila abriu a mala vazia e começou a colocar suas roupas dentro. Ela estava arrumando tudo para o vôo que iria para Nova Iorque no dia seguinte.

— Claro, e toda a nossa diversão com o pessoal da imprensa. Deixando-os acreditar que íamos a festas só para irritar seu pai... mas aí ele foi se lembrar desse casamento arranjado de novo. — Toni disse e abraçou um travesseiro em forma de coração.

— Eu fazia isso de propósito para que todos deixassem de lado essa história de casamento. — Camila resmungou.

— Hmm... mas não funcionou, o cara ainda quer casar com você. — Alessandra levantou uma sobrancelha e encolheu os ombros.

— Sim, por causa do seu egoísmo e ambição. Ele quer controlar a fortuna da nossa família. Ele já é tão rico, e ainda não está satisfeito. — Camila pegou algumas de suas roupas na gaveta, com raiva.

— Mas ele é tão bonito, Camila! Parece com uma estrela de cinema de Hollywood! — Toni riu.

— Ian também é. — Camila revirou os olhos e dobrou umas roupas.

— Mas Eduardo Villa-Lobos é um pacote completo. Alto, inteligente e lindo... Certo, Alê? — Toni saiu da cama para ajudar Camila a dobrar seus vestidos antes de colocar dentro da mala.

— Eu não sei. Ambos são lindos, mas o Sr. Villa-Lobos tem mais dinheiro do que o Ian. Além disso, Ian é um idiota. Ele traiu a Camila, transando com aquela cadela. — Alessandra disse com desgosto em seu rosto.

Camila de repente sentiu-se magoada ao lembrar-se do seu rompimento com Ian há três semanas. Ela e Ian estavam no início do namoro quando o incidente com Marjorie aconteceu. Marjorie Lima, uma atriz conhecida por seus papéis sensuais e atitude ousada. Ela tinha um cabelo loiro encaracolado longo, com seios grandes e cintura fina. Ian Domingues foi o produtor do primeiro papel dela. E foi durante o comunicado de imprensa do filme que Marjorie divulgou que dormiu com ele.

Sua declaração saiu em todos os noticiários no dia seguinte, fazendo dela a mais falada da cidade e do seu filme, um grande sucesso! Camila confrontou Ian no momento em que ouviu a notícia e imediatamente rompeu com ele. Ian explicou que estava bêbado no dia. E ainda culpou Camila pelo que aconteceu, por ela ter se recusado a transar com ele.

— Você é a culpada. Nunca quis transar por causa dessa besteira de ainda ser virgem. Fiquei excitado! Eu sou um homem, Camila. Eu tenho necessidades como qualquer outro. E ela se ofereceu de bom grado pra mim. Eu não podia recusar. Ela vivia me tentando.

Camila se recusou a ouvir as suas explicações por mais tempo. Durante dias, Ian tentou reconquistá-la, mas ela estava determinada a não reatar com ele.

— Você teve sorte que a imprensa não sabia sobre você e Ian, ou então o seu nome seria arrastado para essa sujeira. Eu não posso nem imaginar que título seria. — Toni disse, mostrando simpatia por sua amiga.

— Bem, os tablóides aqui vão ficar muito chatos sem você pra ser notícia, dar festas selvagens e sair com os rapazes. Tão irônico, já que só sai com homens gays. — Toni disse e Camila riu.

— Sim, eu amo meus amigos gays. Eles são verdadeiros amigos e nós nos divertimos muito. E a imprensa está sempre exagerando sobre mim, criando rumores que não são verdade. — Toni riu.

— Nem vem. Muito do que eles dizem é verdade sim. Nossas farras selvagens sempre são verdade. E ah, nossas bebedeiras também.

Camila finalmente terminou de arrumar suas coisas. Os três estavam prontos para dormir quando Alessandra perguntou a ela.

— Então, o que vai acontecer se você se apaixonar por este príncipe Villa-Lobos encantado?

Camila de repente começou a rir com a pergunta da sua amiga.

— Eu? Oh meu Deus, isso não vai acontecer, Alê. Eu não gosto do cara. Ele é um jogador. Arrogante. Controlador. E manipulador. Ele pode ser bonito como o Ian, mas eu já estou imune a rapazes bonitos. Além disso, ele me disse que eu não sou o tipo dele.

— O quê? Ele disse isso? Ele é louco ou... — Toni ficou tão chocado que não terminou o que pretendia dizer.

— Sim, ele disse isso. Na verdade, eu estou contente que não há atração entre nós. Então, não há perigo de nós nos envolvermos em nenhum tipo de relacionamento. — Camila disse com orgulho.

— Tenha muito cuidado, Camila, ou você pode se queimar. Seja forte e ignore quaisquer avanços dele. Sempre se lembre de que ele é um playboy de carteirinha e não confie nele, ok? — Toni avisou sua amiga.

—Eu sei, não se preocupe, Toni. Ele pode ser irresistível, mas eu sou resistente. Eu não vou me render a ele. — Camila disse com firmeza e determinação. — Mas, no caso de eu precisar ser resgatada, certifiquem-se de estarem disponíveis quando eu pedir ajuda.

— Claro, é pra isso que servem os amigos. — Alessandra respondeu. Os três se abraçaram como irmãos.

Naquela noite, antes de Camila dormir, um monte de perguntas se formou em sua mente. E de repente ela se sentiu com medo. O que iria acontecer em três meses? E se ela se apaixonasse por Eduardo? E se ela não pudesse resistir a ele? E se... Ela se lembrou da manhã em que ele foi atrás dela, puxou-a para si e seus corpos colidiram. Ela sentiu uma onda de excitação indesejável dentro si naquele momento. O próprio ar ao redor deles parecia eletrificado, e a maneira como ele a olhava deixou seus joelhos como geléia.

Oh, droga... ela percebeu que talvez, precisasse de toda ajuda possível.

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