Jordan parecia se divertir com minhas palavras e olhou para os seus amigos que estavam a suas costas.
"Achei que tivesse lhe dado uma impressão melhor aquele dia." ele cruzou os braços e os outros se afastaram, deixando-nos sós.
"Muitas coisas aconteceram depois daquele dia." falei me levantando para não parecer tão frágil perto dele.
"Vocês humanos tem a péssima mania de querer justificar tudo." ele parecia entediado com as minhas palavras e segurei seu braço atraindo sua atenção para mim.
De alguma forma ele percebeu que eu não era mais a mesma. Meus cabelos já não eram tão cumpridos e minha expressão não era tão confiante.
"Diga o que quer de uma vez e vá embora." falou seco, perdendo a paciência comigo.
"Vamos para outro lugar, por favor." supliquei tentando fazê-lo entender a urgência que eu sentia.
"Greyson?" ele olhou para o garçom atrás de nós que lhe entregou uma chave prateada. "Por aqui." andamos até o fundo do bar onde uma pequena porta se escondia. Ele a destrancou e me deu passagem.
Ao entrar na sala, percebi que ali era um escritório pequeno. Com uma mesa estreita e uma poltrona grande. No canto um sofá de couro marrom finalizava a decoração.
"Não me diga que só veio aqui para conversar." Jordan estava colado as minhas costas com seu nariz em meus cabelos. Sua mão direita estava em minha barriga, colando meu corpo ao seu.
Me afastei tentando manter a atração enorme que eu ainda sentia por ele.
"Não posso." falei me virando para ele e vendo seu semblante ficar contrariado.
"Então fale de uma vez o que quer e vá embora." Sua resposta me deixou irritada, mas tentei conter as palavras que se formavam em minha garganta.
"Preciso de sua ajuda." falei de uma vez. Analisei seu rosto e me irritei ainda mais com a expressão de deboche.
"Achei que você tinha dinheiro." ele passou por mim e se soltou na poltrona se virando de frente para mim.
"O que eu preciso o dinheiro não compra." falei mordendo o lábio para não chorar em sua frente. " Se fosse isso, eu nunca viria te procurar." falei com raiva.
"Não sei como posso ser útil." ele cruzou as mãos na mesa me encarando.
Tirei meu celular do bolso e abri em uma foto. Nela estava eu e Benjamim em seu aniversário de um ano. Pousei o celular na mesa e empurrei em sua direção.
"Ele precisa da sua ajuda." Jordan olhou para a foto sem entender nada e depois me olhou, como se as peças começassem a se encaixar.
"Você está querendo dizer que esse filhote é meu?" meu sangue ferveu ao ouvir ele chamar meu filho de filhote. O que ele estava pensando ao se referir ao Ben assim.
"Dobre a língua seu idiota. Não chame meu filho dessa forma." bati a mão com força na mesa e um sorriso cruel apareceu em seus lábios.
"Não acho que ele seja meu." reforçou empurrando o celular de volta para mim e se encostando novamente na poltrona.
"Você não tem que achar, eu tenho certeza e isso me basta." ele se levantou apoiando as mãos na mesa e ficando cara a cara comigo.
"Se não precisa de dinheiro, o que quer?" me afastei pegando o celular novamente e pulando para outra foto, uma onde Benjamin estava internado com tubos presos em seu nariz e sondas em seu corpo. Novamente empurrei o celular para ele.
"Meu sangue não é compatível." ele pegou o celular nas mãos e analisou aquela foto com mais atenção do que antes. "Ele tem uma leucemia rara, os médicos não sabem dizer o que é." seus olhos se voltaram para mim. "Meu filho está morrendo e você é o único que pode salvá-lo."
Jordan pousou o celular na mesa e se afastou pensando sobre minhas últimas palavras.
"Se quiser cobrar, ou fazer qualquer acordo, eu estou disposta. Eu faço o que você quiser, só salve o meu filho." Ele se virou olhando novamente para o celular ainda pensativo.
"Como pode ter certeza que ele é meu?" aquelas palavras me irritaram, mas eu precisava que ele me entendesse.
"Eu nunca mais estive com homem algum, depois daquela noite." ele se virou completamente para mim. "Assim que descobri a gravidez, eu fiz de tudo por ele. Não tenho interesse em mais nada desde que Ben adoeceu."
"E só pensou em me contar sobre a existência dessa criança agora? Parece um pouco ilógico. Vou pensar." falou dando de ombros e indo em direção a porta.
"Pensar?!" falei em choque.
"Acha mesmo que vou acreditar em suas palavras, humana? Farei minha própria investigação, caso ele seja mesmo meu filho, eu o ajudarei." ele abriu a porta, mas passei a sua frente e a fechei.
"Não acredita em minhas palavras?" falei em choque, me encostando na porta para evitar que ele saísse.
"Não." ele falou aproximando seu rosto do meu. "Não acredito em humanos." ele me farejou e algo despertou seu interesse. "Seu cheiro também mudou." ele emitiu um estralo com o maxilar. "Como não percebi." ele parecia ter ficado mais irritado.
"Jordan, por favor." me ajoelhei a sua frente. "Por favor, eu não sei mais o que fazer." levantei meu rosto para encará-lo e um ar de superioridade se instalou no ar. "Eu faço o que você quiser." falei com a voz embargada.
"Levante-se, humana fraca." ele se afastou me deixando tombar para frente com força. "Eu disse que irei avaliar a situação por minha conta. Me mande os exames do garoto que levarei para um médico de minha confiança e se, entendeu? Se esse garoto for meu filho, farei o que for necessário." me levantei tentando segurar o choro. "Mas com certeza isso terá um preço." meus olhos se conectaram ao dele.
"Que preço?" falei sabendo que não gostaria de sua resposta.
"Se esse garoto for meu filho, ele será criado por mim." meu queixo caiu no mesmo instante. "Você é fraca demais para treiná-lo." fiquei em choque com suas palavras.
"Ele não é um cachorro para ser treinado." bufei irritada indo em sua direção.
"Mas é filho de um Alpha e deve ser treinado como tal."
"Alpha? Do que ele estava falando?" As palavras de Jordan ecoaram em minha mente, deixando-me confusa e atordoada."O que quer dizer com isso?" consegui articular, apesar das minhas pernas bambeando e do choque que me envolvia. "Você vai tirar meu filho de mim?" perguntei, resignada, mas com uma pitada de desespero em minha voz."Se ele for meu, sim! É isso que farei." O sorriso diabólico retornou ao rosto de Jordan, alimentando seu prazer com a situação."Vá para o inferno!" Estremeci e me apoiei na mesa. "Você e seu maldito sangue. Nunca precisei de você e agora você me ameaça? Não se incomode, eu darei meu jeito." Enquanto me afastava, Jordan segurou-me com força, trazendo-me de volta."Deveria ter pensado nas consequências antes, Celine. Agora descobrirei a verdade, quer você queira ou não." Sua voz estava repleta de ódio, e ele me encarou com intensidade."Eu ordeno que fique longe de nós." Disse, com acidez, encarando-o diretamente, mas o brilho desafiador em seu olhar pareceu a
POV Jordan"Quer que eu vá atrás dela, meu Alpha?" Hector, meu beta me questionou."Não." falei baixo vendo seu jato decolar. "Ela é mais poderosa do que eu pensava." me virei para encará-lo. "Quero que descubra a verdade sobre o que ela diz. Se essa criança for minha, somente eu tenho o poder para curá-lo e o quero sob o meu poder." Hector concordou e se afastou me deixando sozinho nos espaço vazio do aeroporto.Voltei caminhando para alcateia ainda em minha forma humana, tentando lembrar em que parte eu me deixei levar e acabei fecundando aquela mulher.Foram raras às vezes que me senti atraído por alguém daquela espécie. Eles sempre foram fracos e mesquinhos, cheios de regras e medos. Eu podia sentir suas fraquezas, somente pelo cheiro, mas com Celine foi diferente, minha atenção foi captada no exato momento em que ela entrou no meu bar. Ninguém se atreveu a olhá-la por que sentiram que eu a queria. Ela tinha um poder que poucas humanas possuíam e aquilo mexeu com meu lobo.Tê-la e
POV JordanTrês malditos dias, foi o tempo que precisei esperar para que os relatórios sobre Celine e o filhote chegassem. "Paciente: Benjamin Jones Data de Nascimento: 09/05/2022Idade: 1 ano, cinco meses e 7 dias.I. Antecedentes Médicos Benjamin Jones nasceu no dia nove de maio de dois mil e vinte e dois, em perfeitas condições de saúde de parto natural. No momento do nascimento, apresentou as seguintes características:Peso: 3,2kAltura: 48cm.Apgar Score: 9/10Características Físicas: Benjamin apresentava todas as características típicas de um recém-nascido saudável, com reflexos e respostas adequadas ao nascimento.II. Primeira Entrada no Hospital: Benjamin deu entrada no hospital no dia 30 de março de 2023, com a idade de 10 meses. Nesse momento, a mãe do paciente relata preocupações com a saúde de Benjamin, devido a sintomas como:LetargiaPalidezHematomas inexplicadosFebre intermitentePerda de pesoIII. Quadro de Saúde Atual (1 ano e meio) Atualmente, Benjamin Jones tem
Pov CelineBenjamin me encarava tão sereno naquele momento, que me senti poderosa. De alguma forma ele queria me dizer que tudo ficaria bem. Assim que ouvi a voz poderosa de Jordan, eu me virei e o vi conversando com um homem que eu nunca tinha visto antes.A partir daquele momento eu tive certeza que as coisas ficariam bem. "O papai chegou, meu amor." falei para o Ben enquanto tentava segurar as lágrimas vendo a pose dura de Jordan do outro lado do vidro."Senhora, quem é aquele homem?" uma enfermeira chamou minha atenção. Tinha certeza que ela tinha ouvido o que eu tinha dito para o bebê, mas precisava da confirmação."É o pai do Ben, vá. Faça-o ser esterilizado e o deixe entrar." a mulher concordou com a cabeça e saiu apressada conversando rápido com o homem que não tirava seus olhos de nós.Ele a seguiu e por alguns minutos agradeci mentalmente a qualquer divindade que estivesse disposta a me ajudar a salvar meu filho."A dor vai parar querido, agora tudo ficará bem." falei emba
Pov JordanSorri satisfeito quando seu sorriso desapareceu, dando espaço para o medo. Eu queria que ela entendesse quem eu era de uma vez por todas."Como fez isso?" sua mão segurou a minha e a levou para perto de seus olhos. Transformei minha mão inteira, na minha forma de Lycan e ela ficou assustada. "Como?Olhei convencido e voltei minha mão para a forma humana, sentindo o l
Pov CelineVer os médicos que Jordan trouxe, examinarem o meu bebê me deixava aflita. Percebia o cuidado que eles tinham, ainda assim, ficava receosa.Se eles eram como ele, eles sentiam tudo o que Jordan dizia sentir e eu observava cada reação dos três."Preciso dar uma palavrinha com a senhora." O médico do hospital me chamou de lado e ouvi um rosnado de Jor
Pov JordanO jeito que ela segurava o bebê era diferente. Seu toque era extremamente delicado e suas feições cansadas e tristes sumiam em segundos.Aquela mulher sabia o que precisava ser feito em cada situação e isso a deixava em completo estado de alerta, tentando prever o que aconteceria a cada segundo.
Pov CelineMe recostei no carro tentando assimilar tudo o que Jordan me dizia. Suas palavras eram cheias de agressões e frieza. Tudo parecia muito simples para ele e, ao mesmo tempo que isso me assustava, me dava uma segurança estranha."Aonde Benjamin for, eu vou. Não tem como me manter longe dele." cruzei meus braços e olhei pela janela, observando as pessoas correrem de um lado a outro.
Último capítulo