Capítulo 4

Bianca Bernardes

Quando percebi, já estava a uma quadra de distância da empresa, e guardando o celular na bolsa, o senti vibrar, mas já estava descendo pela pequena escadaria e alcancei a calçada quando vejo Emy se aproximando.

— Oi, Bia.

Com seu tom de voz animado, sorri assim que minha colega parou ao meu lado e entrelaçou nossos braços e comprimentando-a, eu respondo.

— Bom dia, amiga.

Juntas, começamos a andar rumo ao hall de entrada da empresa quando Emy diz ao me olhar minuciosamente.

— Hoje você está mais arrumada que o normal. O que eu perdi?

Com a sobrancelha arqueada, eu logo perguntei.

— Estou feia?

Negando com a cabeça, Emy revirou os olhos e respondeu.

— Muito pelo contrario. Esta linda.

Dando de ombros, eu respondi.

— Tenho dois motivos.

Ergui a mão gesticulando e ela assentiu calada.

— Já contei para você como eu me vestia no passado e sempre sonhei em me vestir assim.

Ela concordou com um gesto e perguntou.

— Qual o segundo motivo?

Eu sorri tímida, de repente me arrependendo de falar sobre isso.

— Mandei mensagem para aquele homem que me ajudou na faixa de pedestres.

Rapidamente a expressão de Emy mudou e então ela perguntou demonstrando a sua curiosidade.

— Você vai ve-lo?

Eu dei de ombros e respondi.

— Só mandei mensagem, vou ver se consigo resolver isso ainda hoje. Não quero ficar devendo nada a ele. É injusto.

Ela franziu a testa enquanto abria a porta para nós duas passar e eu prossegui.

— Eu me pergunto se ele não está precisando desse dinheiro da mesma forma que eu precisava e não tinha.

Ela assentiu e respondeu após encostar seu crachá na catraca de identificação e liberar sua entrada.

— Eu entendo a sua preocupação. Você está certa.

Assentindo, coloquei meu crachá em volta do meu pescoço enquanto me direcionava para o elevador, parando em frente ao painel, o gancho do crachá grudou no meu colar e tentando ajeitar vi o exato momento em que alguém atravessou ao meu lado e esticou o braço o suficiente para apertar no botão do 20° andar.

Aquele gesto despertou uma memória em mim. Como se eu já tivesse visto aquele gesto antes.

Olhando distraidamente para o braço, encontrei um relógio prateado, de tamanho médio, que me parece muito caro e um tanto conhecido.

Franzindo a testa, desviei a atenção para o homem que estava de costas e o celular em mãos a minha frente e não disse uma única palavra enquanto o elevador não chegou, e completamente paralisada, senti meu coração acelerar no peito.

Será que…

Neguei com um gesto não acreditando na possibilidade.

Emy que estava mexendo no celular a poucos segundos, de repente se aproximou e disse com um tom de voz inseguro.

— Bia, você está pálida. Tudo bem?

Eu assenti enquanto engolia em seco e respondi.

— O elevador…

Ela assentiu e disse enquanto me direcionava para o outro lado.

— Sim, o próximo já está vindo.

Negando com a cabeça, afastei os pensamentos que pareciam insistir com aquela impressão.

Quais seriam as chances de ver Igor aqui?

Absolutamente nenhuma. Zero chances.

Atravessando a porta, fui direto para minha sala quando senti meu celular vibrar na bolsa e quando eu iria pega-lo, Emy me chamou.

— Amiga, vou pegar um café, você quer?

Assentindo, sorri em resposta e me direcionei até minha mesa. A tela do computador já estava ligando quando Emy entrou com um copo descartável cheio de café expresso e sorrindo, agradeci e logo começamos a trabalhar.

Depois de responder e-mails, agendar reuniões e organizar as planilhas de planejamento semanal, Emy surgiu na porta com um sorriso ansioso e com os olhos arregalados, olhei para o relógio ao lado da minha tela e vi que haviam se passado 3 horas desde que comecei a trabalhar.

As 11h em ponto iríamos encontrar o novo Ceo para as boas vindas e eu já estava ansiosa para voltar para a mesa para trabalhar.

Assim que me levantei, passei a mão pelo tecido do meu vestido tentando desamassa-lo e me direcionei até a porta. Emy estava tagarelando ao meu lado enquanto eu tentava focar no momento, quando de repente uma porta foi aberta e através dela surgiu um homem muito alto e musculoso. Para meu completo desespero, era o mesmo tamanho que me lembrava só que dessa vez, estava trajando um terno sofisticado demais para passar despercebido.

Paralisei quando ele pareceu me reconhecer. Seu pomo de adão sacudiu lentamente, me fazendo estremecer internamente.

Em sua expressão demonstrava o quanto havia ficado surpreso. Na verdade, tão surpreso quanto eu e se desculpando, Emy murmurou.

— Desculpe, Senhor.

Ela me alcançou gentilmente e me guiou até a sala de reuniões e perguntou num sussurro.

— O que foi isso?

Ela estava estranhando a situação mas eu ainda estava em choque por encontra-lo aqui. Vestido dessa forma. Parecendo ser tão importante. Parecendo imponente e inalcançável. Tão diferente do dia em que ele mesmo havia me ajudado.

Será que ele também trabalha aqui?

Meu Deus, que constrangedor.

Eu simplesmente paralisei.

Que espécie de advogada sou eu para paralisar desse jeito?

Arregalando os olhos, me apavorei com a ideia de ele ser um cliente em potencial.

Merda.

Não demorou muito para que os demais contratados atravessassem a porta e me ajeitando na cadeira, fixei a atenção na mesa escura quando de repente todos a minha volta se levantaram e eu fiz o mesmo e assim que meus olhos se direcionaram para a porta, encontrei Igor com uma expressão inelegível. Atravessando a porta, ele abriu um botão do blazer e olhou a volta impassível e quando nossos olhares se encontraram, pude ver seus olhos brilharem, mas a sua expressão permaneceu a mesma.

— Olá, pessoa. Agradeço a todos pela presença.

Voltei a pensar corretamente quando ouvi a voz de Mari, nossa gerente de RH falar e desviei a atenção de Igor, que também estava me olhando por segundos incontáveis.

— Vamos nos sentar e fazer uma breve apresentação e depois o senhor Carter irá falar pessoalmente com cada um.

Nesse momento senti minhas pernas estremecerem, não acreditando que Igor, o homem que havia me ajudado a meses atras é o Igor Carter.

O homem mais poderoso do país.

Que humilhante.

Levei 5 meses pra juntar um valor com juros sendo que esse homem faz isso a cada 1

hora.

Mais constrangedor que isso, só se ele de fato lembrar da minha aparência no dia do acidente.

Droga, se ele respondeu a mensagem, vou fazer questão de depositar o dinheiro na conta bancária e fingir que não o conheci antes.

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