Capítulo 3

Bianca Bernardes

Hoje consigo respirar aliviada por ter alcançado meu maior objetivo de vida. Sou a mais nova advogada habilitada da cidade. Me formei com honras e fui contratada pelo escritório que almejei desde o início da minha carreira.

Soube por alto que teve uma troca de sócios recente, mas nada afetou minha chegada na empresa e já tenho até uma amiga que compartilha suas experiências comigo no nosso intervalo e obviamente isso me deixa muito feliz pois sempre fui muito solitária.

Desde que coloquei na cabeça o que queria fazer e o desejo cresceu em meu coração, me vi focada em uma única direção. Trabalhar e estudar arduamente para conseguir indicação para uma empresa que realmente valece o esforço e quando pus meus olhos na empresa que hoje pertence ao grupo Carter, minha ambição e vontade só cresceu.

Não vejo a ambição como um pecado, quando ele é movido a muita força de vontade e trabalho duro. Pessoas comuns iguais a mim sabem o quanto é sofrido ter algo grande a qual possa se orgulhar. Um trabalho, um diploma, objetos de valor, qualquer que seja esse objetivo se torna algo a se orgulhar então deve seguir com a cabeça erguida quando finalmente alcançar esse desejo.

Se lutar pelos meus sonhos e por uma vida digna para minha família seja considerado ambição, então sim, aceito ser ambiciosa, desde que seja pelos princípios certos e não porque outra pessoa entendeu da forma errada e quer me julgar sem saber o tanto que abdiquei para chegar onde tanto queria.

Tenho minha carteira da Ordem dos advogados com apenas 24 anos e dedico essa conquista aos meus pais, que me acolheram até onde conseguiram e que hoje podem contar comigo. Com uma fonte de renda de verdade.

Com um sorriso no rosto, lembro da reação dos meus pais de quando cheguei com a carteira de advogada em mãos. Ambos me abraçaram e choraram comigo. Pela minha, nossa conquista.

Hoje completa um mês que comecei a trabalhar com o grupo Carter, e iremos receber o novo Ceo da empresa, e pelo que soube, é um homem brilhante.

Sentindo meu peito palpitar por alegria, desviei a atenção para a penteadeira e encontrei o bilhete que eu havia deixado ontem.

Depois de tantos meses, finalmente tenho dinheiro sobrando, mesmo que seja pouco e recente, consigo pagar o valor que eu devo para aquele estranho que havia sido tão gentil comigo.

Com um suspiro, lembro do jeito hábil e gentil em que ele cuidou de mim. Como se fosse o culpado por eu ter me machucado.

Desde aquele dia, tenho evitado sair atrasada de casa, não por que desejava esquecer aquele dia, e sim, por que sei que poderia me machucar mais vezes e não ter a mesma sorte de encontrar alguém como ele mais uma vez para me ajudar e por isso, passei a me atentar nos horários. Hoje em dia, não chego mais atrasada e muito menos saiu apressada de casa. Tudo está em sincronia, desde meus objetivos até meus horários.

Sou grata a ele por isso.

Vi que ele tentou me ligar algumas vezes mas fiquei com tanta vergonha de não ter completado o dinheiro 3 meses depois do acidente, que acabei recusando e prometi a mim mesma que iria procura-lo quando tivesse o valor total com juros.

Então hoje é o dia de procura-lo. Pensei que em uma sexta-feira seria a melhor saída pois dessa forma, eu entregaria o dinheiro e sumiria, considerando que ele deve ter seus próprios compromissos e que eu vou reaparecer do nada.

Esboçando um sorriso, sinto que meu plano está perfeito desse jeito e voltando minha atenção para o espelho, peguei o bilhete e o coloquei junto do meu celular e em seguida fui até meu guarda roupa escolher minha roupa do dia, grata por encontrar minhas roupas mais alinhadas e elegantes. Consegui abrir uma linha de crédito e comprar boas roupas para o trabalho, assim como sapatos.

Meu escolhido de hoje foi um vestido tubinho preto, com uma fenda na coxa que sobe um palmo acima do joelho.

Completamente vestida, fui até o espelho e peguei minha escova secadora, com as madeixas molhadas pelo banho, comecei a modelar meus cabelos conforme secaram e se alinhavam. Meus cabelos castanhos escuros são longos e descendo até a cintura, já está mais do que na hora de cortar um pouco. Passando óleo finalizador nas pontas, os joguei para tras dos ombros e me olhei no espelho mais uma vez, feliz pelo resultado do cuidado.

Satisfeita por hoje conseguir me vestir melhor e me cuidar do jeito que eu queria.

Saindo do quarto com meus pertences e os sapatos em mãos, encontrei minha família reunida na cozinha e com um sorriso, os cumprimentei.

— Oi, família. Bom dia.

Minha irmã se virou e sorriu ao olhar para mim e disse.

— Bia, você está linda.

Eu me encolhi ao receber o elogio e agradeci enquanto depositava um beijo em sua bochecha e meu pai disse.

— Bom dia, Querida.

Ele depositou uma xícara com café para mim e minha mãe logo me entregou uma bolsa térmica preta e disse.

— Meu amor, aqui está seu almoço. Tem um lanche também.

Agradecida, calcei meus sapatos e tomei o meu café e murmurei.

— Você é um anjo, mãe. Obrigada.

Me levantando, eu olhei para minha família e disse.

— Eu amo vocês acima de tudo.

Todos eles me olharam e como se fosse combinado, se levantaram juntos e vieram em minha direção. Em um abraço apertado, me senti acolhida, protegida e amada por eles. Sabendo que a cada dificuldade que eu encontrasse, iria receber apoio e ajuda deles.

Após muitos beijos e abraços, consegui sair de casa. Pegando minha condução, me sentei no mesmo acento de sempre e peguei meu celular, procurando por agenda, encontrei o nome do homem que havia me ajudado. Ele salvou seu número como Igor motorista. Reconheci o contato depois de ver que ele havia feito uma ligação para ele e meses depois ele mesmo me ligou.

Pensando em uma forma de falar com ele, digitei e apaguei várias vezes os textos em que considerei uma forma correta de falar com ele até que finalmente enviei a mensagem.

“ Olá, eu sou a moça do incidente da faixa de pedestres.”

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