Priyanka afastou uma mecha de cabelo ruivo do rosto antes de se inclinar sobre o pequeno berço de madeira. Neville ficou na ponta dos pés, ambas as mãos se estendendo em sua direção, seus dedos gordos faziam movimentos de agarramento no ar.— Não acha que está um pouco grandinho para ser carregado, hum? Que tal começar a andar para dar descanso as minhas costas? — Brincou ela. Em resposta, a criança riu o mais forte dos sorrisos. — Certo, certo. Com essa carinha, realmente não dá para recusar!Assim que suas mãos o agarraram, a criança soltou um gemido terrível de prazer, seus olhos cinzentos brilhando quando Priyanka o balançou em um círculo completo no ar antes de finalmente colocá-lo em seu quadril.— Você dormiu bem? — O som de sua voz apenas aumentando o sorriso do menino, sorriso que exibia dois pequenos dentes na gengiva inferior.Priyanka trocava sua fralda e colocava roupas limpas. Falava com ele sobre o que sonhara enquanto dormia, do sol que brilhava pela janela e das rosas-
Ela não era nada do que esperava. Ele havia encontrado um bom número de mulheres iludidas por seu irmão ao longo dos anos. Esboçou o que supôs ser um retrato bastante preciso antes mesmo de sair da carruagem. A moça em quentão seria uma tola, mas com uma luz de avareza em seus olhos, olhos que ele esperava que brilhassem ainda mais assim que explicasse o que o trouxera até aquele lugar esquecido por Deus.A viagem fora longa, e não havia nada além de chuva lama, estradas ruins e pousadas piores. Seu corpo doía e ele desejava mais do nunca fechar os olhos e voltar para sua casa, tinha a perspectiva de dormir em sua própria cama esta noite.A observou atentamente, Priyanka pousando a bandeja de chá, com as mãos cuidadosas. Nenhuma vibração perdida, nenhu
Havia uma quantidade excessiva de cartas deslizando para fora de suas pilhas bem organizadas à mesa de Theodore, na Capital. A maioria era convite, um fato que o irritou infinitamente. Bailes, encontros, festas e chás da tarde, onde se esperava que lidasse com as atenções de um grande número de mulheres das quais mais pareciam abutres atrás de uma boa presa.Ele pegou a pilha de cartas e as jogou no lixo insatisfeito. A pilha tinha letras muito finas e floridas, aroma perceptível que emanava do papel, como se tivesse sido polido com água de rosas antes de ser enviado, o que já lhe dizia sobre o conteúdo. Theodore entendia o interesse delas por ele. Ele era um nobre solteiro e possuidor de uma grande fortuna. Um nobre herdeiro e poderoso com muitos contatos. Era sinônimo para todo tipo de evento e convites dos abutres que desejam um pouco
Dia seguinte chegou, um vento frio e uma massa de nuvens cinzentas e pesadas era a paisagem daquela manhã. Não choveu, porém, Priyanka enrolou um xale bem apertado nos ombros, colocou sobre o cabelo ralo de Neville uma touca e partiu em direção ao centro da pequena cidade.A cidade estava situada a cerca de alguns quilômetros da porta da cabana em que Priyanka fazia de lar, a maioria dos edifícios se espalhando nas paredes do castelo de Berany, um forte decadente que passou os últimos dois séculos curvado à vontade do vento e das ondas que batiam contra ele.O castelo ficava cada vez maior a cada passo ao longo da estrada esburacada e lamacenta, suas paredes desmoronando contra o céu cinza e gélido. Priyanka colocou uma das mãos no chapéu enquanto olhava para ele, s
Theodore ainda não havia deixado Berany. As estradas estavam muito molhadas para facilitar uma partida imediata após sua entrevista com aquela mulher, Sra. Belovica. Os riachos e canais locais eram muito altos. Várias das pontes que ele precisaria cruzar foram tornadas intransitáveis por uma tempestade que ocorreu dias atrás, alguns quilômetros para o interior, cujos efeitos só agora estava visitando sua destruição na pequena cidade e suas áreas periféricas.Essa, é claro, foi a explicação de porquê ele, em contraste, experimentou poucas dificuldades em sua jornada para Berany. Havia um pouco de lama e um dos cavalos havia atirado uma ferradura, mas, fora isso, nada mais do que um pequeno inconveniente havia prejudicado seu avanço.E ele queria retornar o mais rapidamente para casa, consultar seus advogados e definir uma maneira de calar aquela mulher. Voltar para seu escritório e poder acomodar-se com maior conforto em seu escritório, com seu teto pintado com todos
Priyanka segurou Neville no colo, seus dedos agarrando a ponta desgastada do xale. Acima deles, as nuvens começaram a se desfazer, enquanto a brisa agitava os fios de seus cabelos rebeldes. Esperava que Neville dormisse durante toda a caminhada da mansão até em casa, mas o barulho de uma carruagem o perturbou, e então tentou mantê-lo feliz e distraído pelas várias paisagens e sons que o exterior tinha em exibição.À sua frente, notou a forma desajeitada da pousada e perto de sua entrada, a figura familiar do reverendo Dung. Ele estava vestido com seu preto usual e o que ela podia ver em sua expressão através da distância entre eles, era que parecia particularmente severo, ainda mais do que frequentemente era forçada a suportar durante os cultos matinais de domingo. Fazendo uma curva rápida, contornou a la
Como havia ameaçado, Lady Nanachi havia enviado uma carruagem para buscar Priyanka após dois dias passados e ela ainda não ter comparecido a sua residência. Priyanka, por mais que não tivesse muitos pertences, ainda precisava empacotar algumas coisas e principalmente, finalizar alguns dos trabalhos de bordado que acabaram se acumulando por conta da mudança em sua rotina dias atrás.Ela deixou os empregados fazerem sua tarefa de organizar sua bagagem na carruagem, coisa que realizavam de maneira rápida e sem ruído. Acabou encontrando um pedaço de pano em um canto do quarto de Neville. E então lembrou-se do presente que estava preparando para Lady Nanachi e que ainda faltava uma peça de linha seu bordado. Decidiu deixar Suzette ir primeiro com Neville e providenciar a linha em seu caminho a pé, a mansão de Lady N
Tonny permitiu que seu irmão o guiasse até o par de portas que se abriam para um terraço bem iluminado. Havia algumas outras pessoas passeando pelos jardins, principalmente casais, alguns deles procurando as regiões menos iluminadas entre os labirintos de arbustos, o que lhes proporcionaria um pouco mais de privacidade.— Theo?! Isso é algum tipo de piada? Vendo você em um baile… Nunca pensei que viveria para testemunhar o dia!E encostou-se na balaustrada, o ombro inclinado enquanto olhava na direção do salão de baile. Havia um sorriso malicioso em seu rosto, uma expressão que Theodore aprendeu ser quase permanente das feições de seu irmão.— O que você está fazendo aqui? — ele perguntou a