Priyanka ficou onde estivera nos últimos minutos, entre a cama e o guarda-roupa. Pegou o vestido azul, uma coisa simples de algodão, um dos últimos vestidos a serem feitos para ela antes da morte de seu pai, que dificultou a capacidade de comprar mais enfeites, adornos, novos vestidos, luvas e rendas. Todas as coisas que pertenciam a um mundo do qual não fazia mais parte. Aliás, para Adele não existiu essa dificuldade…
Ela nunca se preocupou em admitir para si mesma que depois de Gustaaf, ela nunca se casaria. Sua preocupação sempre fora Adele, responsabilidade deixada por sua mãe antes de partir. Foi treinada para isso. Sua vida era única e exclusivamente para o bem-estar de Adele.
Quando sua irmã deu à luz e rapidamente lhe entregou as responsabilidades de criar um filh
— Como os outros conseguem começar o dia tão cedo? — Taani perguntou, seu cabelo liso refinadamente arrumado em sua cabeça, diferente dos cachos rebeldes de Priyanka que saltavam ao redor de suas orelhas. Taani estava vestida com musseline lilás, as mangas compridas e com um decote alto, que apenas acentuava seu pescoço longo e esguio. — Duvido que conseguisse soletrar meu nome corretamente quando abri os olhos e descobri que ainda não eram nove horas!Enquanto Taani continuava a falar e hesitar sobre quantas fatias de torrada ela queria em seu prato, Priyanka olhou para Theodore. Ele ainda mantinha seu olhar nela, e Priyanka se perguntou se ele tinha nem sequer olhado para sua irmã desde que ela entrou na sala. Percebeu isso em seus olhos, um brilho que lhe disse, sem palavras, que a conversa anterior não estava de forma alguma ence
Ele a desejava. Não tinha mais dúvidas.Theodore havia lutado, por um bom tempo. Não era concebível e ele não estava em suas condições normais para desejar tanto essa mulher, uma simples camponesa que não havia nenhum tipo de atrativo quanto se mencionava beleza. Haviam mulheres mais belas. Haviam mulheres mais refinadas. E isso quando ou por quê? Talvez desde que se encontrou pela primeira vez em sua presença, desde que ela cuspiu fogo e o chutou de sua casa, ele se sentiu atraído por ela.E agora ela era uma convidada em sua casa. Ela e seu sobrinho ilegítimo.A conversa continuou sobre temas banais até a chamada para o jantar. Theodore acompanhou às duas mulheres até a sala de jantar, sua irmã em seu bra
Ele era um idiota. Era um idiota e não conseguia se forçar a ir atrás dela. Resolveu que falaria com ela pela manhã, provavelmente durante um café da manhã estranho com sua irmã se esforçando para ouvir as palavras que trocaram entre eles.Mas, naquele momento, percebeu o dano causado por simplesmente copiar o comportamento de seu falecido pai. Desde a morte dele, continuou a fazer tudo ao seu alcance para esconder todos e quaisquer crimes de seu irmão, em uma tentativa equivocada e desatualizada de não permitir que uma única partícula de escândalo manche o nome da família. E ele sabia que Priyanka fazia o mesmo a sua maneira.Bem, ele já se ofereceu para permitir que o filho bastardo de seu irmão fosse criado na casa da família e fez uma oferta
Priyanka não estava confortável com a situação. Na verdade, ela queria fugir. Fugir com Neville para que nem a sua irmã ou a família Davoglio os encontre. Inconscientemente, passou a tremer e Taani segurou-lhe o braço gentilmente. Pôde sentir no seu olhar uma calmaria e uma força que precisava. Da certeza de que poderia decidir o que fosse e estaria segura.— Não queremos ser um fardo…— Ora! — Soltou Taani indignada, deixando as mãos caírem nas suas coxas. — Claro que não penso dessa maneira. Como já disse, desejo realmente ser sua amiga. Você não poderia chamar-me pelo meu nome, Taani? Não é um nome muito comum, mas é muito fácil de se pronunciar. — brincou. Theodore resistiu à tentação de erguer seu irmão pelas pontas do colarinho ridiculamente afiadas e jogá-lo no lago. Sua mão se fechou em um punho ao lado do corpo, forte o suficiente para deixar sua palma vermelha, mas ele bateu os nós dos dedos contra a coxa ao invés do rosto de Tonny enquanto espreitava o progresso de seu irmão pelo gramado.Suspirou fundo para tentar manter um controle mínimo, ele próprio achava ridículo sua perda de temperamento repentino no que se dizia respeito a Sra. Belovica e seu sobrinho. Todas as situações onde sua raiva começava a borbulhar, era quando Priyanka estava presente. Claro que não colocava a culpa na moça, mas sim em si mesmo, e em sua incapacidade de manter suas emoções presas dentro de si mesmo. Theodore estava parado na porta da sala de estar de sua irmã, uma mão ainda na maçaneta enquanto observava a cena diante dele. Ele não tinha pensado em bater ou anunciar sua presença de forma alguma, sua recente entrevista com Tonny ainda zumbia como um enxame de insetos irritados dentro de sua cabeça. E então ele subiu as escadas, corredor abaixo, pronto para reclamar com Taani sobre o comportamento de seu irmão infernal.Mas ao invés de Taani, encontrou Priyanka. Ela se sentou em um sofá delicado, cercada por estofamento rosa e almofadas rosa e mais renda e franjas do que deveria ser permitido em um único espaço. Tinha um Neville dorminhoco contra o peito, a cabeça do bebê descansando em seu ombro, uma pequena gota de baba encharcando a manga de seu vestido enquanto um pequeno ronco escapava da criançaCapítulo 22
Capítulo 23
O clima não estava muito agradável à mesa de jantar, mesma mesa usada no primeiro jantar, dia de chegada de Priyanka. Theodore bebia seu vinho com olhar carrancudo, enquanto Tonny e Taani socializavam com Priyanka. Taani havia pedido a uma das empregadas que cuidassem de Neville para que ela pudesse jantar tranquilamente, mas, na verdade, Priyanka queria usar Neville como desculpa para não comparecer a este jantar.Priyanka sentia certo incomodo. Não somente pelo fato de estar jantando com o pai de Neville, pessoa que poderia lhe tirar a criança que tanto ama e dar amor, quanto pelo simples fato de Tonny olhar para ela com malícia.Ela não se achava bonita, não como a irmã que é jovem, pele alva e delicada, de olhos verdes vibrantes, cabelos sedosos e loiros. Sua mãe sempre a el
Uma batida na porta despertou Priyanka de seu cochilo. Por incrível que pudesse parecer, Neville estava acordado, mas não fazia barulho. E ela mesma nem acreditava ter conseguido dormir um pouco. Aparentemente percebeu a aflição de sua mãe falsa. Mãe falsa… pensar assim a fez sorrir melancólica. — Ah, desculpe. Achei que ainda estava dormindo. — Anne disse ao entrar no quarto. — A senhora realmente acorda muito cedo. — Priyanka não esboçou nenhuma emoção, o que deixou a garota um tanto inquieta. — Deixe-me ajudá-la a se arrumar. — disse por fim. — Na verdade, desejo que me ajude a arrumar as minhas malas. Anne a olhou surpresa. Por um breve momento ficou sem se mexer. — Mas antes, poderia levar Neville para comer? — Foi até o berço da criança para verificar se ele es