Naiara ficou estática ao saber o nome do jovem que cuidava dos feridos. Era o mesmo nome e sobrenome de seu avô. Após encara-lo por um tempo, ela pergunta: - Desculpe... como disse que é o seu nome? - Fernando Dominguez! Nós nos conhecemos? - Não, é só que... você tem o mesmo nome de uma pessoa muito querida para mim! - Sinto muito se isso te traz más lembranças! - responde Fernando. - Não, não! Na verdade, é muito pelo contrário!Neste momento, Alexandre intervém: - Acho melhor nos apressarmos, Naiara! Você e Fernando conseguem cuidar dos feridos? Juliana e eu iremos até o Lado Leste! - Sim, deixe conosco! Faremos o que pudermos! - É verdade! - exclama Fernando - Eu tenho poucos medicamentos, mas se juntar com os de Naiara, podemos ter bons resultados por aqui! - Você quer ficar com o meu rifle? - pergunta Alexandre. - Não será preciso! - responde Naiara, enquanto colocava bandagens em um ferido - Eu não sei usar armas e tudo o que precisamos está ao alcance de nossas mãos
Ninguém podia acreditar no que estava vendo, exceto Juliana e Alexandre, que já haviam estado antes no Lado Leste de Montserrat. Era um ambiente incrivelmente diferente de onde estavam. Uma grande paz parecia reinar naquele lugar; naquele momento, parecia fazer sentido Juliana e os outros não terem visto o primeiro terremoto, visto que não havia nenhum sinal de destruição naquele local. Pelo contrário: As plantas exalavam uma beleza sem igual, a grama parecia tingida com o mais belo tom de verde, e o canto dos passarinhos compunha uma orquestra inigualável. A família resgatada olhava para o ambiente e ficava encantada com o que apreciava. - Isso parece um sonho! - exclamou a mãe do bebê que Juliana carregava em seu colo. - Como pode existir um lugar assim em Montserrat? - indagou Abraham - Por que em todos esses anos nunca o encontramos? - Talvez, por se tratar de uma lenda, ninguém se interessou em atravessar a montanha para contestar a verdade - respondeu Alexandre. - Ninguém se
Naiara e Fernando permaneciam cuidando dos feridos do terremoto que abalou Montserrat. Eram ferimentos terríveis de se ver. Naiara não deixou de se impressionar com o carinho, a atenção e também com a frieza com que Fernando exercia sua tarefa. Conversava com cada pessoa, confortava a todos os que gemiam aflitos. Brincava com as crianças, arrancava sorrisos onde superabundavam lágrimas. A jovem enfermeira sentia-se inspirada a se doar por aquelas pessoas, se sentia na incumbência de diminuir ao máximo a dor dos moradores da vila. Após alguns momentos de extrema atenção, Naiara finalmente consegue novamente respirar um pouco aliviada e pergunta a Fernando:- Faz muito tempo que você mora aqui?- Não, eu não moro nessa vila! - responde o outro enfermeiro, também secando o suor do rosto - Na realidade, não sei como vim parar nesse lugar! Pra ser sincero, não me lembro de nada do que me aconteceu pelo menos nas últimas semanas! E quanto a você?- Também não me lembro de nada a não ser o a
Jackson Ventura não acreditava no que estava vendo: Aquela criança, de aproximadamente sete anos ou menos, que aparentava estar muito amedrontada em virtude de todos os acontecimentos recentes, virou-se para ele com uma expressão muito feroz. Ela vinha ao seu encontro, com um olhar vazio, o que era totalmente incomum vindo de uma menina. Galahad também não estava compreendendo, mas a única reação que ele foi capaz de ter foi alertar Jackson:- Para trás! Algo está acontecendo com essa menina!O jovem, seguindo a recomendação do cavaleiro, mantém certa distância da criança. No entanto, ela continua se aproximando, sem medo algum... Parecia completamente obcecada:- Me responda! Onde está o Tesouro de Deus?Galahad intervém:- Garota, pare de brincar com essas coisas! Afaste-se, temos uma tarefa a cumprir!- Vocês não vão lugar algum! Me digam onde está o Tesouro de Deus!- Ela não parece estar brincando, pessoal! - Exclama Jackson, afastando-se ainda mais - É melhor tomarmos cuidado!-
A paz que reinava no interior da casa de Felipe foi substituída por uma grande euforia. Jackson Ventura e os cavaleiros de Galahad chegaram afoitos com uma criança desacordada em seu colo. Rapidamente, o sofá foi desocupado e a menina foi deitada com muito cuidado. Incrivelmente, ela não adotava mais a expressão agressiva de outrora; agora, parecia que ela estava com seu interior tranquilo. Seu rosto estava com a pele calma e uma luz de bondade, que antes não era possível de enxergar, emanava de seu ser. Felipe finalmente levantou-se de sua cadeira e com muita dificuldade, caminhou até onde estava a menina. Todos abriram caminho para que ele pudesse passar. Permanecendo em silêncio, ele observou atentamente a criança. Parecia estar analisando cada traço do seu rosto que pudesse estar contaminado. Juliana, Alexandre e os moradores da vila olhavam com espanto. Então, após alguns minutos, Felipe retorna à sua posição e diz a todos:— Ela está bem! Realmente estava sob domínio das Trevas
A manhã estava chuvosa e fria. O quarto de Juliana Mazato estava com um ar ainda mais gélido. Não necessariamente pelo clima do lado de fora, mas pela sensação de abandono e solidão. Estava prestes a fazer uma longa viagem contra a sua vontade. Não que ela não gostasse da avó. Pelo contrário, ela o amava. Porém, as circunstâncias da viagem é que não agradavam Juliana. Seus pais não queriam que ela suspeitasse o objetivo do projeto no qual eles estavam intensamente concentrados. Juliana considerava aquele projeto uma maldição que destruiu por completo a união de sua família. Queria deixar claro para seus pais que não estava nem um pouco interessada naquele trabalho, mas eles pareciam tão obcecados com o sigilo que compraram secretamente as passagens aéreas para Sydney sem se preocupar com a opinião da filha. Para Juliana, aquele foi o maior ato de covardia que seus pais poderiam ter com ela. Não conseguia conter suas lágrimas. Sua única companhia era a obra de Júlio Verne, Viagem ao Ce
O grito do menino por socorro moveu instantaneamente todas as pessoas do grupo que estavam na casa do lado leste de Montserrat. Mais do que depressa, pegaram o homem com o maior cuidado e o deitaram lentamente no sofá. Vendo o alarde de todos, Felipe intervém:— Não se preocupem mais! Vocês conseguiram trazê-lo até aqui, e isso já é o bastante. Juliana também orientou às pessoas que se afastassem do homem para que ele tivesse mais espaço para respirar. O garoto se aproxima e aflito, tenta enxergar a situação do pai. Alexandre também se aproxima e pergunta:— Você conseguiu ver quem atacou o seu pai?— Não vi muito claramente. Era um homem alto e forte... Apareceu de repente, estava procurando pelo tal tesouro de Deus!— Esse pesadelo parece não ter fim! - exclama Alexandre - E quanto a você, te machucaram?— Não! Quando eles iam me atacar, os enfermeiros apareceram e me ajudaram a fugir!— A situação parece estar mais complicada do que nunca! - exclama Fernando - Ninguém está sendo p
Os moradores de Montserrat ficaram pasmos com a cena que presenciaram: O pai, que antes estava desacordado e totalmente dependente dos cuidados do filho, acabara de aplicar-lhe um golpe no rosto. Atordoado com a violência, Javier vai ao chão. Paolo, sem a menor compaixão, continuou:— Eu disse diversas vezes a você! Mandei não se distrair, pois estavam nos atacando de todos os lados!— Fomos pegos de surpresa, Pai! Quando percebi, já haviam te atacado, foi tudo muito rápido!— Cometi um grande erro ao confiar em você! Não consegue prestar atenção em nada que acontece ao seu redor!Naiara não conseguiu se conter e interveio:— Não trate ele assim! Se não fosse por Javier, o senhor sequer estaria vivo para agir com essa grosseria!— E quem você pensa que é, garota?— Sou uma das pessoas responsáveis pela saúde e segurança das pessoas deste lugar! - respondeu Naiara, sem alterar a voz - E fique o senhor sabendo que seu filho foi quem correu para pedir nossa ajuda e não saiu do lado do se