cinco.

Ao acabar a conversa com o amigo e sair daquele lugar pavoroso, Adam decide voltar para casa pelo mesmo caminho que fez no dia da enchente, ele sabia que não reencontrar aquela menina novamente porém queria apenas como era a sua vida por um momento.

Quando ele salvou aquela garota ele ainda não havia descoberto a verdade sobre o pai e nem fazia ideia de que a mãe estava em um estado terminal, ele simplesmente se entregou a um breu eterno quando o preto do luto tomou as suas roupas e o seu coração para sempre.

Ele simplesmente estaciona o carro e se deita sob o volante onde chora por algum tempo e depois se recupera, ele gostava de ter esses "surtos" sozinho para que ninguém visse a sua fraqueza, afinal ele era um lobo impetuoso, ou deveria fingir ser.

O celular toca e ele de início ignora, mas ao ver que era o segurança que foi com Ayla ele atende imediatamente.

- Alô?

- Senhor a garota sumiu, antes que me xingue ou se exalte ela foi até o banheiro e mesmo eu estando na porta eu não a vi sair de lá... Me envergonho de dizer, mas eu invadi o banheiro e ela não estava lá senhor, eu juro que não me distrai algum minuto.

- Como caralhos ela evaporou do banheiro, cara? Onde você está? - questiona ligando o carro.

- No shopping mais próximo da empresa, eu farei uma ronda aqui com alguns amigos e te mantenho informado - avisa e ele diz :

- Acho bom você encontrar ela e que ainda esteja no shopping - ameaça bravo pisando fundo no acelerador para chegar o mais rápido possível ao shopping.

Ao adentrar o local ele procura o banheiro feminino julgando que o segurança estaria lá e ele realmente estava, com isso ele se aproxima e o homem apresenta um amigo que diz :

- Foram vistos uns homens suspeitos saindo do banheiro quando ele entrou para procurar ela, Provavelmente ele estava escondido com ela e saíram sem que ele tivesse visto - pontua deixando ele tendo - Mas todas as entradas e saídas estão com seguranças, não tem como sair daqui sem ser revistado.

- Acho bom, acho muito bom porque se levarem a minha noiva eu faço uma besteira! - ameaça com ódio se esquecendo que ela ainda não era noiva dele.

- Senhor, encontramos um carro suspeito tentando sair pela ala C, venha até aqui - ordena um homem pela escuta.

- Me sigam - ordena indo a frente e eles vão junto com o homem.

...

- Senhor, por favor abra o porta malas para nós revistarmos - pede um segurança com educação.

- Eu não tenho a chave e estou apressado - acelera o carro - Me deixem sair por favor - pede e o homem diz.

- É uma ordem que nos passaram, ninguém sai sem revistarmos o porta-ma...

- Socorro! - alguém grita batendo no porta malas - Alguém me ajuda - grita uma voz feminina desesperada.

O homem acelera o carro, porém Henry vira o seu carro na saída do estacionamento, impedindo que o homem saia, os seguranças cercam o carro armados e logo Adam chega com o seu segurança e o amigo dele.

- Desce já do carro! - grita um homem sem paciência e armado.

O homem obedece e o amigo também, eles conseguem abrir o porta-malas do carro e lá estava Ayla amarrada pelas pernas e com uma corda no pescoço que provavelmente estava na boca.

- Ayla - Adam se aproxima dá um abraço nela - Eles não te machucaram, não é? Me diz que não, por favor - implora e ela nega com a cabeça.

- Vamos embora por favor - pede com os olhos lacrimejando.

- Ok vamos. Henry leva ela pro meu carro que eu vou resolver uma coisa - pede entregando ela ao amigo.

Ele vai até o segurança e lhe fala algo e após isso ele acompanha Henry que a deixa com ele no carro e depois vai tirar o seu da entrada do estacionamento, ambos chegam juntos no apartamento de Adam e ele a leva até a porta dele e fica conversando no corredor com o amigo.

- Que caralho foi isso mano? Literalmente iam levar a menina... Assim do nada? - questiona surpreso.

- Não foi do nada, isso tem dedo do pai dela no meio - certifica com ódio.

- Ele seria capaz de dar um susto nesse na menina? A troco de nada? Olha o jeito que ela tá Adam - aponta da porta.

- Não me faz relembrar aquela cena que só de imaginar o que eles iriam fazer com ela me sobe uma vontade de quebrar o pescoço de cada um ao meio - ameaça dando um soco na porta do outro apartamento.

- Eu apoio, não faria uma sujeira dessa bem se fosse com a Melisse. A coitada deve ter achado que iria ser... Você sabe - pontua e a raiva nele só aumenta.

- O que aconteceu Ryan? Por que estão aqui no corredor? - indaga a tia dele que estava chegando para visitar ele.

- É uma história longa, mas eu vou pedir uma coisa para você tia, acalma ela e se possível tenta dar um banho pra ela relaxar ok? Eu vou sair, qualquer coisa me liga - ordena e Henry estranha, porém segue o amigo.

- Ok... Mas quem é ela? - indaga a mulher confusa.

- Minha noiva! - grita fazendo a curva do corredor, sem pensar, mas já estava acostumada em chamar ela assim.

- Oh... Acho que estou ficando velha - pontua com um sorriso e entrando no apartamento.

Saindo do prédio Henry acompanha o amigo e lhe pergunta :

- O que você vai fazer? - questiona e o homem apenas olha para o rapaz e ele diz - Adam não, você jurou que não ia mais fazer isso - repreende preocupado.

- Eu jurei que não faria sem motivos ou por acidente! Sequestraram ela por acidente? Não, então eu vou sim - abre a porta do carro e entra.

- Eu vou com você, mas a gente não vai chegar no estágio final, ok? É só um susto - afirma colocando o cinto.

- Ok, tomara que dê certo - dá partida no carro.

Enquanto no apartamento a tia de Adam tentava a todo custo animar Ayla e também se aproximar da jovem.

- Querida, o que houve para estar assim? - se aproxima dela - Quer algo para melhorar?

- Não precisa se preocupar, é uma crise, Jajá passa - afirma disfarçando.

- Me deram como ordem cuidar de você e eu farei isso até o fim meu bem, por favor... Desabafe comigo - pede com carinho.

- Você é mãe do Ryan? - questiona com curiosidade.

- Não, a mãe dele morreu com um câncer terminal há uns três anos - explica a deixando perplexa.

- Ele não tem ninguém? Além de você? - questiona surpresa.

- E você também, é noiva dele então vocês tem um ao outro - pontua e ela dá uma risada.

- É um contrato, não tem importância para ele - desdenha se levantando.

- Se não tivesse ele não estaria preocupado, poucas coisas o deixam assim, então provavelmente ele sente algo sim - insiste e ela dúvida :

- Ele se pega com uma secretária cavalona e toda cheia de coisas, olha pra mim... Não daria certo, eu sei exatamente o que ele vê em mim e é bom que continue assim, eu não quero me machucar - afirma deixando a senhora surpresa.

- Se pensa assim, eu não sou ninguém para discordar por que a vida é de vocês mas eu vou lhe contar uma história um pouco antiga - afirma com um sorriso - Eu fui entregue para um senhor bem mais velho no lugar da minha irmã e eu odiei, fiz a vida dele um imenso inferno por que na minha cabeça ele só queria a herança... Só que com o tempo eu fui percebendo que mesmo com ela nas mãos dele ele insistia em querer se aproximar só que eu pensava como você, até que um dia ele não aguentou e contou tudo, tentamos e realmente deu certo... Foram os melhores seis meses da minha vida - finaliza um pouco triste.

- Por que só seis meses? - indaga curiosa.

- Ele morreu, estava com um câncer terminal como a mãe do Adam só que o dele foi descoberto exatamente no dia em que ele começou a tentar me conquistar, o melhor amigo dele me contou que ele tinha como objetivo morrer sendo amado por mim e ele morreu não só sendo amado como também o único homem que eu amei na vida - finaliza emocionada.

- Ok, isso me deixou com medo... Quer dizer que o Adam pode ter essa doença terminal? - confirma preocupada.

- Não querida, pelo amor de deus não se desespere - conforta enxugando as lágrimas - Eu quero dizer que às vezes relutar a um amor pode ser algo ruim, entende?

- Mas ele não me ama...

- Como sabe? Você tem um contrato com ele e querendo ou não é uma vida inteira juntos meu bem. Tente fazer dessa a melhor vida possível caso não dê siga em frente - incentiva alegremente.

- Ok... E meus pêsames pela história triste, mas você é tão linda, por que não tenta recomeçar? - sugere e ela diz :

- O amor que eu tenho é meio impossível e é bom que continue assim, não quero arriscar me quebrar novamente, dói muito - afirma indo até a cozinha.

- Poderíamos tentar juntas... Você tenta o seu e eu ele, trocando experiências entre outras coisas. Podemos ser amigas talvez, eu não tenho nenhuma - lamenta entristecida.

- Eu também não tenho... Cresci em um convento então era mais uma competição do que amizade - pontua indignada.

- Qual convento? - indaga animada.

- Rosas do Sul, conhece? - confirma e ela acente.

- Eu também cresci lá, finalmente alguém além de mim que tenta saído viva daquele inferno - fica animada e ela também.

- Digo o mesmo... Quer saber? Vamos fazer um brigadeiro, aí colocamos o assunto em dia - segue até a cozinha e ela vai junto.

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