seis

Ayla e a tia de Adam seguem até a cozinha onde a garota se senta em uma cadeira próxima a mesa e a senhora procura uma panela e os ingredientes para o brigadeiro, Ayla então inicia o assunto.

- Você parece ser bem jovem, os seus pais engravidaram cedo não é? Ou é genética? - questiona Ayla com curiosidade.

- As duas coisas, eu sou a irmã mais nova e éramos um casal, eu e o pai do Adam - explica ligando o fogão - Ele é anos mais velho mas só morreu por ter uma vida desregrada mesmo, sabe?

- Como o filho... pressupõe com um certo receio.

- Não, ele era pior. Para você ter uma ideia, em 60 anos de vida ele só pisou no hospital ou clínica quando nossos pais morreram e só, não fazia exames nem exercícios e tinha vários problemas - explica abrindo o pote de achocolatado.

- Meu deus... Ele não foi ver a mulher ganhando neném? - confirma horrorizada.

- Não, na verdade ele nem queria que o Adam nascesse. O seu sonho era ter uma menina por que assim ele não perderia o poder - explica e ela fica assustada.

- Ele era um monstro, isso sim! - xinga sem pensar - Desculpa, era o seu irmão...

- Eu concordo, sendo sincera, ele foi pior que o meu pai e eu achei que fosse impossível isso - pontua mexendo a panela.

- Como o Adam reagia a tudo isso? Eles brigavam muito? - indaga com curiosidade.

- Não porque ele não vivia em casa, a mãe dele o colocou em um colégio interno integral e particular, um dos mais caros da cidade justamente para ele só vir para casa nos finais de semana e também feriados, que era quando ele não estava em casa - explica pegando uma colher e um prato.

- Ela não criou ele... Coitado - lamenta entristecida.

- Ela só veio ter contato em si de mãe e filho quando ele completou dezoito anos e veio para mansão de vez, aí ele ficaram um bom tempo juntos até que ela morresse - explica colocando o brigadeiro na panela - Ele ficou extremamente mal e não foi exatamente com a morte da mãe mas sim com o motivo, quando ele descobriu os podres do pai ele o expulsou da mansão com um ódio extremo, eu vi os olhos deles queimarem de raiva e ele não era assim - finaliza colocando a panela na pia.

- E o pai dele morreu muito tempo depois? - questiona pegando uma colher.

- uns meses depois, deixou a empresa praticamente afundada e isso obrigou ele a se unir com um velho nojento chamado Aidan Velcorver - explica e ela arregala os olhos.

- O meu pai? - confirma confusa.

- Você é filha do Aidan? Ah! Lembrei do contrato... Realmente eu esqueci que ele tinha uma filha - pontua surpresa - Eu te vi ainda bebê, nos braços da sua mãe uma só vez e depois disso nunca mas... Você estava naquele inferno - lamenta olhando para garota.

- Sim, eu cheguei lá com um ano e só sai agora... Graças a Deus eu já estava planejando fugir - pontua olhando para o corredor - Só que eu desisti porque há uns casos de roubo muito violento por lá, então fiquei com medo.

- No meu tempo também era assim, nessa época aceitavam meninos lá e eu tinha um melhor amigo que era um demônio, sabe? Ele um dia decidiu fugir comigo e uma amiga nossa, conseguimos sair só que pegamos uma chuva muito forte, sabe? Ele já tinha tido bronquite quando pequeno e pegou novamente com uma pneumonia e acabou morrendo. As mães espalharam que o espírito travesso dele rondava o lado de fora como um aviso para que ninguém fugisse - explica e ela fica assustada.

- Nossa, coitadinho... Enfim, eu queria saber mais sobre o Adam e também sobre você. Gostei muito de ti - pontua animada.

-Vamos começar pela mais bonita que sou eu - brinca rindo - Eu tenho quarenta anos e sou formada em psicologia, também fiz faculdade de moda e estética por isso sou tão conservada. Eu tenho um consultório e também uma boutique próxima a empresa e sou uma das poucas acionistas mulheres lá só que o Adam cuida dessas ações, pretendo vender a ele no momento oportuno - explica comendo o brigadeiro.

- Nossa, tão jovial eu jurava que você tinha uns 20 sério... Não parece ter quarenta anos - elogia e ela dá um sorriso - E sobre o Ryan, o que tem a me falar sobre ele ?

- Ele é um rapaz legal, sério, impaciente e também tem gostos, bem estranhos. É teimoso pra caramba e como você percebeu vive desregradamente - pontua preocupada - Ele tem cicatrizes no coração e as vezes parece bem duro e tóxico porém ele apenas tenta não repetir o mesmo "erro" - gesticula a deixando confusa.

- Que erro? - indaga a menina.

- Ele só se apaixonou uma vez na vida e a garota fez um inferno na vida dele, se você acha que a secretária dele dissimulada tinha que conhecer a tal Bianca Monteschio. Eles se conheceram na faculdade e da parte dele foi amor à primeira vista, logo noivaram e ela engravidou... Ele brilhava e eu nunca tinha visto daquele jeito, ele comprou esse apartamento para eles viverem juntos e um dos quartos que tem aqui era o da bebê... Só que no dia do aniversário dele o Henry acabou pegando ela e o Piter Boldersen juntos acho que aqui na cozinha, logo ele descobriu que a bebê era filha do Piter e um plano dos dois para que ambos ficassem com a empresa - explica a deixando surpresa.

- Meu deus... E o que aconteceu depois?

- Ele surtou, nessa época ele e o Adam ainda eram amigos só que isso causou uma guerra entre os dois, ele se afundou em uma vida de bebidas e até drogas, ele chegou a ter uma overdose e por muitas vezes quem o salvou foi o Henry, aí que eles se aproximaram e se hoje ele está minimamente bem eu devo isso a esse garoto - afirma orgulhosa - Ele sim é o melhor amigo que o Adam poderia ter.

- Eu percebi que eles eram unidos como irmãos, sabe? Eu gostei disso porque Henry parece ser bem mais centrado que o Adam - pontua e ele diz :

- Ah, obrigada, eu realmente sou não é Isla? - confirma com a senhora que dá um sorriso.

- Um pouco Henry, não exagere. Às vezes os dois completam os neurônios que faltam um no outro - zomba rindo .

- Eu não tenho neurônios a menos, ele que tem - pontua Adam entrando na cozinha - Ah, fizeram brigadeiros e não deixaram pra gente? - indaga magoado - Nossa, me senti traído.

- Adam não exagere, ainda tem ingredientes para fazer mais - afirma Isla enxugando os pratos.

- Pois nós dois vamos fazer brigadeiro agora e não iremos dividir com vocês - inicia Henry pegando uma panela.

- Não queremos mesmo - desdenha Isla indo até Ayla - Vamos Ayla, vamos deixar os senhores com seus brigadeiros calóricos aí - zomba a mulher saindo da cozinha com Ayla.

- Meu deus eu queria ter chegado mais cedo para comer o brigadeiro que a sua tia faz caramba! - lamenta batendo a panela - Esse que eu faço não fica tão bom mas dá para comer, o que será que ela põe de diferente? - questiona pensativo.

- Ela é mulher Henry, nunca saberemos e consequentemente tudo que elas cozinham fica bom.... Não sei como, mas é a regra das coisas - pontua Adam sentado na cadeira.

- Tudo? Tudo mesmo? - confirma olhando para ele e rindo.

- Não me lembre disso sério, por favor não estrague a minha tarde - repreende tentando não lembrar da macarronada maluca que Melissa tentou fazer.

- Eu sinceramente não sei como você não pegou um câncer de estômago comendo aquilo - zomba rindo - Sério eu realmente fiquei com pena de você.

- Tanta pena que nem se predispos a comer comigo né? Eu sei bem que pena você teve - começa a rir - Realmente eu não sei como eu sobrevivi aquilo, mas o que importa é que eu consegui.

- Aquela macarronada sim, mas ao surto dela quando descobrir que você vai se casar e não é com ela eu acho improvável você sobreviver - relembra o deixando tenso.

- Ela sempre soube que eu não iria ficar com ela e se pensa ainda nisso a culpa não é minha - afirma pegando uma colher - Mas eu realmente tenho que ver como contar a ela por que algo me diz que ela não aceitaria de primeira.

- Nem de primeira, nem segunda nem na milionésima vez Ryan, eu te avisei que essa mulher seria uma pedra no seu sapato um dia, mas você não me escuta nunca - repreende comendo o brigadeiro.

- Pode até ser uma pedra no meu sapato agora, mas antes era ela foi outro tipo de pedra que eu gostei muito - pontua pegando outra colherada de brigadeiro.

- Gostei? Não gosta mais?

- Não, e eu espero que ela realmente entenda isso - finaliza se levantando.

- E se não entender? - cogita e ele dá um longo suspiro e diz:

- Não será mais problema meu - sai da cozinha e Henry diz :

- Pode não ser o seu mas será o da Ayla - pontua raspando o prato.

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