Harry levanta a arma, e aponta com a cabeça para Natan e Will. Eles formam uma espécie de círculo em torno da porta, armas apontadas e prontas para atirar. Meus joelhos estão frios, entorpecidos; mas meu corpo está em alerta. Harry gira a maçaneta. Meu coração parece que vai saltar do peito. A porta se abre e Jason entra.
— Levante as mãos — Harry manda. Seu tom neutro e calmo. Jason obedece.
— Está armado? — Harry pergunta.
Fazendo que sim com a cabeça, ele puxa uma arma de um coldre de ombro, vestido por dentro da jaqueta. Coloca a arma no chão, e Natan avança, chutando-a para longe.
— Eu estou do seu lado, Harry — Jason diz.
Harry continua com a arma apontada para Jason e acena para Natan e Will. Eles saem pela porta de trás para verificar o perímetro.
Olhando essa interação, percebo que estão familiarizados com situações como essa. Eles se comunicam com o olhar.
Quando os rapazes voltam dizendo que o perímetro está seguro,
— Harry! Não! — sussurro, com um travesseiro nas mãos. — Você não vai me fazer cócegas! Jogo o travesseiro nele e ele ri. Uma sensação calorosa, como sol em pele nua, me preenche. Ele está rindo. Um sorriso se espalha no meu rosto enquanto eu o observo. Está sem camisa. Não consigo tirar meus olhos do seu corpo perfeito e do seu lindo rosto. E esse sorriso? Parece um sonho, mas é real. — Você não vai reclamar de ter que dormir na cama comigo, não é? — Harry pergunta, e eu reviro os olhos. Na verdade, não ia mesmo. — Não, não vou reclamar. A cama é grande o suficiente para nós dois — respondo com um sorriso tímido. Mas fico ali parada, na frente da porta ainda, olhando para meus pés.Com um meio sorriso no rosto, ele pega o travesseiro que arremessei no chão e o posiciona no meio da cama, como uma ideia de barreira. — Pronto. — Harry deita com as mãos atrás da cabeça. — Agora você pode dormir tranquila e em seg
Uma janela se estilhaça e sangue espirra diante de mim. Jason cai para frente, levando-me com ele. Bato contra a borda rígida dos degraus, perdendo o ar dos pulmões. — Jason? Eu o sacudo, mas não há resposta. Quando o empurro, seus olhos estão arregalados, sem piscar. Sem ver. Há um buraco aberto de bala em sua testa. Alguém me agarra por baixo dos braços e sou arrastada e levantada. O sangue encharcou minha roupa. Sangue e outras coisas. Quando percebo o que é, balanço a camiseta, tentando removê-las. Firmo meus lábios. Aguente firme! Não vomite! Angela gira em direção à escada enquanto a porta da frente explode em lascas. Outro barulho de tiro ecoa e Angela cai de joelhos. Harry me puxa para trás enquanto eu grito para onde ela: — Angela! Angela! — tento descer as escadas, mas Harry não me solta. — Levante-se, Angela! Levante-se! — grito com toda a força. Outro tiro a acerta no ombro, e ela desaba para trás, descendo os pouc
— Não — soluço. Eu confiei nele. Achava que era meu amigo. Minha visão fica nublada. — Will? Não quero acreditar. Parece que fui partida ao meio. Ele nos enganou. E fez um bom trabalho. Eu nunca tinha questionado sua lealdade. — Ouviu isso, princesa? — Roy se inclina para mim, seu sorriso perverso. — Seu namorado está morto. Ele se foi. Nunca vai voltar. Ele não vem te resgatar... acabou. Engulo o nódulo que se forma na minha garganta, e afasto meus olhos do homem nojento. Algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto, e ele continua a zombar de mim pela morte de Harry. — Ah, você está chor... — Pare, Roy! — Will grita. — Pare de ser um idiota! Deixe Grace em paz. Ela vai ter torturas suficientes de Derek. Roy ri debochadamente, mas se afasta. Will sai do galpão sem nem sequer olhar para trás. Em momento algum ele olhou para mim. Abaixo a cabeça e choro. Meus cabelos, sujos e desgrenhados, cobrem o meu rosto. Harry... ele se
GRACE A condição brutal em que meu corpo está, me impede de ficar em alerta. Colocaram-me em uma sala fechada e estou amarrada nesta cadeira há horas. As cordas cortam meus pulsos. Minha cabeça dói e sinto que estou fraca, muito fraca. O cheiro de sangue em mim atinge um ponto no meu estômago que me faz querer vomitar. Estou com fome e sede. Ouço a porta ser aberta e levanto a cabeça para olhar. Will se aproxima. O peso da traição é forte, mas mordo a língua para me impedir de falar algo. Minha garganta dói e minha boca fica mais seca ainda quando vejo um copo de água em suas mãos. Mexo meus punhos e quase silvo quando a corda os aperta e sinto a sensação de queimadura. — Eu trouxe água para você. É tudo o que posso conseguir por enquanto. N
NataN? Minha mente se esforça para fazer sentido à conversa, do fato de que ela está ocorrendo entre um dos homens que nos capturou e Natan. Ele é tão próximo assim deles? Ou ele realmente não tem ideia do que está fazendo? Natan pede algo a mais. Sua voz sai com desespero. Mas ainda não consigo ouvi-lo direito. — Não seja estúpido! Essa é a pior coisa que poderia fazer. Buscar a morte dela com certeza. Enquanto ela estiver viva, eles vão mantê-lo vivo como isca. Derek a quer viva e Chase quer matá-la! Consegue entender? — Will exclama. Will! Empurro a porta e tropeço na sala. Vejo Will ao lado de um outro cara que não conheço e um Natan em péssimo estado. Estão sentados em poltronas, em torno de uma mesinha com refeições. A luz do dia penetra na janela, e ao longe consigo ver o topo de uma grande floresta. Nós estamos em um prédio. Bem alto. Encaro Will. — Onde está Harry? — assobio para ele. — O corpo dele foi levado por Chase e seus
Encaro-o furiosa e aperto as mãos em punhos ao meu lado, sem saber o que dizer. Quem ele pensa que é para m****r em mim? — Você insiste? E como é que você vai fazer isso? Hum? Vai me obrigar, Will? — digo, dando um passo à frente para ficar cara a cara com ele. — Hey, hey, me escutem — Natan intervém, ficando no meio de nós dois. Continuo encarando Will com muita raiva. — Olha, Grace, todos nós queremos encontrar Harry, ok? Estamos juntos nessa. Mas eu acho que nós poderíamos ter um pequeno descanso também, certo? Eu sei disso porque fico muito irritado se eu dormir menos de nove horas, então vamos nos acalmar e vamos tirar um cochilo. Aí você se acalma. Ok? Eu só estou irritada porque não dormi e porque não consigo encontrar Harry. Não estou sob efeito de drogas. Não posso estar. Se não estou, por que sinto que tem algo de errado comigo? — Vocês têm duas horas — respondo. Passo por eles e ouço Natan soltar um suspiro de alívio.
Labaredas ardem atrás dos meus olhos. Nunca na minha vida eu iria derrotar um lutador como esse que está na minha frente. Um tailandês baixinho e musculoso. Estou em um ringue de areia, com muitas pessoas em volta para assistir e fazer suas apostas. E eu não posso ficar parada aqui esperando ele me atacar. Corro até ele e agarro seus pulsos quando ele os levanta. Sinto seus músculos se contraindo quando ele solta o punho e o lança em minha direção, mas desvio a cabeça bem a tempo. Arquejo, mas acerto um chute em suas costelas e giro seu pulso para o outro lado o máximo que consigo. Encaro seus olhos pequenos e escuros por um segundo antes de ele acertar um soco no meu queixo. Minha cabeça é lançada para o lado e cambaleio. Não posso cair, por que se eu cair, ele vai me chutar e isso será pior, bem pior. Ignoro a dor no meu queixo e chuto sua barriga, mas ele agarra meu pé e me puxa, fazendo com que eu caia sobre o meu ombro ferido. A dor faz com que minha visão perif
Volto a apontar a arma para sua cabeça, ignorando a pontada de culpa que sinto no peito. — Agora que você já percebeu o seu erro, vou lhe dar mais uma chance de me dizer o que quero saber, antes que eu atire em algum lugar pior. Ele vira a cabeça e me encara com um de seus olhos abertos. Seus dentes mordem o lábio inferior e ele exala o ar de maneira trêmula. Depois inala e exala novamente, da mesma maneira. — Eles estão escutando — Devon diz, rispidamente. — Se você não me matar agora, eles matarão. Eu só falo se você me ajudar a sair daqui. — O quê? — Me leve... ai... com v-você — Devon diz, com uma careta de dor. — Você quer que eu leve você, a pessoa que sempre me odiou... comigo? — Quero — grunhe ele. — Se você quiser uma resposta para a sua outra pergunta. Parece ser uma escolha, mas não é. Cada minuto que eu gastar encarando Devon, pensando em como ele assombra meus pesadelos e como me fez mal, significa a morte