Lorenzo Salvatore Minha mesa era um verdadeiro campo de batalha. Documentos espalhados por todos os cantos, relatórios empilhados, planilhas abertas no notebook — uma verdadeira confusão enquanto eu tentava organizar as finanças da empresa. Suspirei, passando a mão pelos cabelos, e decidi me dar uma pausa.Levantei-me e fui até o pequeno bar no canto do escritório. Peguei uma garrafa de uísque envelhecido, servi uma dose generosa e deixei o líquido dourado deslizar lentamente pela garganta. O calor do álcool trouxe um breve alívio, mas minha mente logo se voltou para um pensamento recorrente: Giulia.Hoje, ela estava indo com Liz ao médico para fazer um ultrassom. Preferiu ir direto a esse exame para não deixar espaço para dúvidas ou a possibilidade de um resultado falso. Desde que conversamos sobre essa possibilidade, minha cabeça não parava de imaginar como seria essa nova fase de nossas vidas.A ideia de ser pai, que antes me assustava profundamente, agora parecia quase um sonho.
Giulia Ricciardi Estávamos sentadas na recepção da clínica, e a cada segundo que passava, eu sentia meu coração bater mais rápido. Minhas mãos suavam, meu peito subia e descia com uma respiração descompassada, e aquele frio na barriga insistia em me lembrar da importância daquele momento.Liz estava ao meu lado, apertando minha mão com carinho, transmitindo uma tranquilidade que só ela conseguia. Ela não dizia nada, mas seu olhar sereno me dizia que tudo ficaria bem.— Vai dar tudo certo, amiga. Estou aqui com você. — Sua voz era baixa, mas firme, o suficiente para me acalmar um pouco.Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu.— Giulia Ricciardi — chamou a enfermeira, com um sorriso profissional, olhando diretamente para mim.Me levantei com um misto de ansiedade e expectativa, ainda segurando a mão de Liz.— Venham comigo — pediu a enfermeira, nos guiando por um longo corredor até uma sala iluminada e acolhedora. No centro, uma maca e ao lado, o aparelho de ultrassom.A médi
Lorenzo SalvatoreLevantei da cadeira e fui até a janela, observando o céu tingido de tons alaranjados enquanto o sol começava a se pôr. A paisagem estava linda, mas meu coração estava inquieto. Respirei fundo, tentando conter a ansiedade que se instalava em meu peito.Foi quando ouvi batidas na porta.— Pode entrar! — falei, me virando lentamente.Assim que vi Giulia e Liz entrando, percebi de imediato que algo havia acontecido. Elas estavam sorridentes, com aquele brilho nos olhos que só aparece quando algo importante está prestes a ser revelado. Giulia caminhou até mim e me envolveu num abraço apertado, aconchegando-se contra meu peito.— O que foi, princesa? — perguntei, sentindo meu coração disparar.Olhei para Liz, que nos observava com um sorriso cúmplice.— Comprei um presente para você. — Giulia disse, afastando-se um pouco, mas mantendo suas mãos nas minhas.Arqueei a sobrancelha, intrigado, enquanto um sorriso curioso surgia no meu rosto.— Um presente? — brinquei.Ela me f
Giulia Ricciardi Assim que chegamos em casa, senti um alívio imediato. A tensão que apertava meu peito começou a ceder quando Lorenzo disse que dormiria ali essa noite. Era como se, com ele ao meu lado, eu tivesse uma âncora que me mantinha firme. A ideia de ficar sozinha me aterrorizava, temendo que uma nova crise me derrubasse outra vez.— O que acha de um banho de piscina? — Lorenzo sugeriu, com um sorriso tranquilo. — Pode te ajudar a relaxar um pouco e esquecer tudo por um momento.Olhei para ele, grata por conhecer exatamente o que eu precisava.— Acho uma ótima ideia. — Sorri de leve e ele entrelaçou nossos dedos, apertando minha mão com carinho.— Ótimo! — Ele me puxou suavemente para mais perto. — Enquanto você troca de roupa, vou conversar um pouco com seu pai.Assenti, e ele depositou um beijo suave na minha testa antes de se afastar.Subi as escadas devagar, sentindo cada passo como uma tentativa de me reconectar comigo mesma. Ao entrar no meu quarto, fui direto até o clo
Lorenzo SalvatoreAlguns dias se passaram desde a tentativa frustrada de sequestro de Francesca e Matteo. Depois que Domenico explicou o plano de Giulia para eles, Francesca foi a primeira a aceitar. Cega de raiva por Celeste, ela queria vingança a qualquer custo. Matteo hesitou por alguns instantes, preocupado com os riscos, mas logo concordou. Ele sabia que essa era nossa chance de acabar de vez com Celeste.E hoje era o grande dia.O plano estava em andamento, cada detalhe cuidadosamente calculado. Durante os últimos dias, fizemos parecer que Francesca e Matteo ainda estavam em Madrid, escondidos, fingindo aproveitar a cidade antes de voltarem. Mantivemos uma rotina planejada, dando pistas suficientes para que Celeste acreditasse que eles estavam vulneráveis e desprevenidos.As informações que conseguimos acessar indicavam que Celeste tinha caído na armadilha. Ela e seus homens estavam monitorando cada passo de Francesca e Matteo e, pelo padrão de movimentação, sabíamos que hoje te
Giulia RicciardiMeus olhos estavam cravados na tela, acompanhando cada ponto luminoso no localizador, representando os carros que se aproximavam do prédio abandonado. Cada segundo parecia se arrastar, a tensão pulsando no ar como uma tempestade prestes a desabar.Através das câmeras, eu via nossos soldados se espalhando, como predadores silenciosos cercando sua presa. Eles assumiram suas posições estratégicas, bloqueando todas as saídas e avançando com precisão implacável. Moviam-se como sombras, armas firmes, olhares atentos. A invasão era rápida, cirúrgica, sem espaço para erros.O ambiente ao meu redor estava mergulhado em um silêncio tenso, contrastando com o caos prestes a se desenrolar do outro lado da tela. Minhas unhas cravavam na palma da mão, a ansiedade latejando em meu peito.Então, minutos depois, a voz que eu tanto esperava ecoou pelo rádio:— Pegamos ela, chefe!Um sorriso se formou em meus lábios, lento e cruel. Finalmente. Celeste estava nas nossas mãos.Olhei para m
Lorenzo Salvatore Saí da sala ao lado de Giulia, em silêncio. Ela estava diferente. Algo nela havia mudado, como se uma marca invisível tivesse sido cravada em sua alma. Eu entendia. Celeste foi a primeira vida que Giulia tirou, e isso não era algo que simplesmente se esquecia. Aquela noite ficaria para sempre na memória dela—e, a partir de agora, ela nunca mais seria a mesma.— Vamos para o meu quarto? — Sua voz soou baixa, mas firme.Apenas assenti.Subimos as escadas, e ao entrarmos em seu quarto, fechei a porta atrás de mim. Giulia caminhou até o guarda-roupa, pegando uma roupa e uma toalha.— Vou tomar um banho e já volto.— Tá bom, princesa.Ela desapareceu no banheiro, e eu me sentei na cama, permitindo que minha mente revisse os momentos de pouco antes. Celeste, inerte na cadeira. Giulia, com o rosto impassível e resquícios de sangue manchando sua pele. Ela não hesitou. Não tremeu. Não fugiu. Foi precisa, determinada.Como uma verdadeira Ricciardi.Acho que essa frieza já nas
Giulia Ricciardi Um mês depois...Hoje finalmente chegara o momento de contar à minha família sobre a gravidez. A expectativa fazia meu coração disparar, uma mistura de ansiedade e empolgação que tomava conta de mim. Minha barriga ainda não estava muito evidente, mas ao me olhar no espelho, percebia o sutil volume se formando. Para evitar qualquer suspeita antes da hora, passei a usar roupas leves e mais folgadas, escondendo qualquer indício da transformação que acontecia dentro de mim. Liz, sempre perspicaz, sugeriu que eu aproveitasse a ocasião do seu aniversário para dar a notícia. Ela estava organizando uma festa na mansão dos Moretti, um evento mais íntimo, apenas com a presença de sua família e da minha. Era a oportunidade perfeita para revelar a novidade, e tanto eu quanto Lorenzo concordamos que não havia momento melhor. Além de nós dois e de Liz, apenas mais uma pessoa sabia do meu segredo: Francesca. Era impossível esconder algo tão grandioso da minha irmã. Assim que ela