Lorenzo Salvatore

O silêncio do quarto era quebrado apenas pela leve brisa que entrava pela janela entreaberta. Mas, em minha mente, não havia silêncio. Não naquela noite.

As imagens começaram a tomar forma. Tudo parecia tão real, como se eu tivesse sido arrastado de volta no tempo.

Eu estava em uma moto, voltando para casa após um longo dia de trabalho. Era uma noite fria, e o cheiro de chuva no ar era intenso. Assim que parei na frente de casa, ouvi os gritos. Minha irmã mais nova estava gritando, seu tom desesperado cortava a noite como uma lâmina.

Meu coração disparou, e eu corri até a porta, abrindo-a com força. Lá dentro, o caos tomava conta. Minha irmã estava chorando, agarrando o braço de meu pai, que estava sobre minha mãe. Ele berrava insultos enquanto socava o rosto dela, que já estava inconsciente.

— Sai de perto dela! — gritei, mas ele parecia nem me ouvir.

Minha visão ficou turva. Tudo ao meu redor parecia sumir, exceto aquela cena. Minha mãe, ensanguentada, imóvel. Minh