✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩Havia uma multidão em frente à base do FBI. Réporteres, curiosos, jornalistas... Todo mundo estava com câmeras e muitos flashs apontados para mim.Eu queria morrer.Desci do carro de cabeça baixa, com o casaco sobre a minha cabeça. Encarava a multidão de sapatos espalhados a minha volta. Os agentes me levaram para dentro do prédio e, ao passarmos, tudo ficou silencioso outra vez.Foi uma sensação poderosa.—Senhorita Elizab-—Liza. —Pedi, levantando a cabeça novamente após tirar o casaco.—Claro, querida. —Limpou a garganta, caminhando comigo por um corredor longo e frio. —Liza, querida, eu vou precisar lhe fazer algumas perguntas depois que o médico forense vier examiná-la, tudo bem? Sente dor em algum lugar? Está se sentindo bem?Sua enchurrada de perguntas me deixava zonza.Talvez não fossem suas perguntas. Talvez fosse a ausência da minha dose diária de morfina: Wictor Konnor.Meus pés fracassaram na missão de me deixar em pé e eu fui ao chão.Depois disso,
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩A detetive Gemma não parecia alguém ruim, mas sua boa aparência não me enganava. Ela não deixaria o Wictor em paz e eu sabia disso.Mexendo em alguns papeis, ela rabiscou algo e ergueu o olhar para mim.Arqueei as sobrancelhas novamente.—Liza, pode me contar como desapareceu na noite do seu noivado com Bryan Manson? E... Consegue me dizer como esse noivado estava acontecendo?Respirei fundo, cutucando as unhas.—Eu nunca quis me casar com Bryan e, bom, o fato de ele ter um namorado não me incomoda em nada. —Ela engrandeceu os olhos. —Na verdade, esse casamento era algo arranjado por papai para que ele tivesse o poder sobre as indústrias de café, assim como está descrito no testamento deixado por vovô. —Ergui o olhar para ela, sem provocações. —Um casamento, antes do meu, estava sendo arranjado entre o Wic e Mary Jacob, a filha do governador.Gemma se esganiçou em silêncio. Ela era realmente estranha.—Papai queria casá-lo primeiro, mas... Como ele fugiu pra não
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Depois de me deixar sozinho, Salvatori adentrou à sala, substituindo Gemma.Ainda com a mão na porta, ele parou como se organizasse seus pensamentos, e então falou:—Se conseguirmos encontrar Lorenzo Monttene e sua irmã, então você falará com o seu pai ainda hoje, rapaz. Suspirei.Nem conseguia imaginar como deveria estar a cabeça de Elizabeth diante aquela situação.—Cadê a detetive Gemma? —Descruzei os braços, vendo ele trocar alguns passos pela pequena sala enquanto me analisava.—Precisou autorizar a missão e sair pra ter certeza de que vão fazer direito. —Desceu as mãos para dentro dos bolsos da calça e ergueu o queixo para mim, com superioridade. —Tenho ordens pra mandar você de volta à sua sela, mas... Por mim, levaria você á um lugarzinho onde costumam disciplinar riquinhos mimados como você.—Se você conseguir... —Desdenhei, sustentando um meio sorriso nos lábios.Salvatori avançou sobre a mesa e, quando estava prestes a me bater, alguém bateu na por
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Antes que o meu pai pudesse esclarecer as coisas, Gemma retornou àquela sala e as grades se abriram. Papai e eu nos levantamos, ambos nos encarando, e erguemos as mãos para frente. Fomos algemados ao mesmo tempo.—Seja esperto, Wictor. Ou, vai acabar com tudo. —Disse ele e abaixou a cabeça, sendo conduzido para fora da sala.Gemma fez um aceno com a cabeça para que eu saísse e eu obedeci. Já estava algemado.—Matou a saudade? —Brincou, guiando-me pelo corredor frio. Eu sentia enjoo com o cheiro do ferrugem sobre o ferro de algumas grades velhas.—Não foi suficiente. —Virei para ela, atrasando os passos. —Detetive Gemma, o que aconteceu hoje?—Sou a detetive desse caso, e não a advogada dos Konnor. Não se preocupe. Parece que a sua tia lhe mandou um advogado. Ele chega em algumas horas, deve tá estudando o seu caso. Seu tom de voz era embargado com sarcásmo. Ela realmente estava resolvendo o caso de sua vida. Gemma não sabia, mas eu também estava....Voltei
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩Ao chegarmos a casa de titia Claire, os portões se abriram para nós e se fecharam com nossa passagem.Titia parecia preocupada. Juntou as mãos próximas ao peito e nos olhou pela janela. A porta se abriu antes que tocássemos a campainha.Chris e eu adentramos em silêncio. Ainda de pé, titia estendeu a mão em um floreio para que eu e Chris nos sentássemos no sofá, de frente para ela e outro rapaz. Ele tinha uma aparência agradável, mas era velho. Olhos cansados, lábios finos e uma ruga entre as sobrancelhas que não desvencilhou por um único segundo enquanto esteve conosco, deixando seus olhos mais estreitos e suspeitos.—Liza, querida, esse é Vincenzo Romano, o advogado do seu irmão e... Bom, o seu também. —Suspirou, puxando as pontas do vestido antes de se curvar para sentar. Juntou os pés, olhando para nós. —Não se preocupe, Chris. Ele é de confiança.Chris permanecia encarando o senhor Romano com serenidade e um olhar levemente ameaçador.—Bom, sua tia me cham
✩。•.─── ❁Liza❁ ───.•。✩O advogado foi embora após conversar com titia. Chris subiu comigo até o meu quarto e fechou a porta ao passarmos. Ele parecia preocupado com algo, mas cuidou de mim, por um momento.—Não precisa ficar aqui, Chris. Obrigada por ter me acompanhado, mas eu estou acostumada a ficar bem depois que as coisas ruins passam.Olhando através da janela, ele virou a cabeça e me encarou fixamente por cima dos ombros. Era como um pedaço de gelo ambulante.—A sua mãe morreu espancada na prisão. Essa é uma coisa que não passa como você gostaria.Naquele momento eu me lembrei do porquê de odiá-lo.Ele limpou a garganta e verificou a submetralhadora pendurada pela bandoleira em seu pescoço.—Tenho ordens de protegê-la. Estou fazendo o meu trabalho, apenas. Se preferir, posso sair do quarto pra que se sinta melhor.—Não precisa. Se eu ficar sozinha agora, sabendo sobre a morte da minha mãe, não sei como vou reagir a tudo isso. —Limpei o canto dos olhos e me sentei na cama, puxand
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Vincenzo Romano era alguém importante. Claramente importante.Ele fechou a maleta, após revirar alguns papeis, e cruzou as mãos sobre a mesma, olhando para mim, com interesse.—Você pode escolher entre dar um jeito nas coisas, ou... Permanecer aqui dentro enquanto eu vou agindo lentamente. Está tudo nas suas mãos. —Suspirou, esticando as pernas ao se levantar. —Sempre esteve, Wictor Konnor. Você sempre foi ingênuo demais para perceber.—Do que você tá falando? —Bati as mãos sobre a mesa, enrijecendo para com ele.—Toda essa conspiração é real, mas você prefere permanecer adormecido, rapaz. Seja esperto. O Juíz Menezes desembarca amanhã para o seu caso. E.x.c.l.u.s.i.v.a.m.e.n.t.e para o seu caso. —Ele girou para mim, segurando a maleta pela alça. —Se eu tivesse tudo o que você tem, dominaria a porra desse mundo.Suas palavras me atingiram e me assustaram.Naquele momento, eu me senti como um fraco. Impotente por saber, mas temer as consequências de agir com o
✩。•.─── ❁Wictor❁ ───.•。✩Chris esticou as pernas por baixo da mesa e espremeu os lábios—Senhor, alguém entrou pra cuidar da sua segurança e eu não estou de acordo com isso.Recuei a cabeça, mas mantive os olhos nele.Chris sentiu que poderia continuar com seu ponto de reflexão. Ele olhou sobre meus ombros e me encarou outra vez, curvando-se para frente. Baixou o tom de voz.—Enzo entregou as fraudes do governador e os planos dos Manson. Também confessou alguns crimes pequenos, mas de envolvimento nacional que teve ao lado de Lorenzo e agora veio parar aqui. Tudo em prol de um acordo: ficar no mesmo corredor que o senhor e ter os mesmos horários de recreação no banho de sol.Minhas palavras acabaram. Eu temia que Enzo quisesse se vingar, mas eu não havia contado nada sobre ele e Monttene.Engoli. —Ele lhe disse os motivos?—Sim. —Arqueou as sobrancelhas, voltando a afundar as costas na cadeira de ferro. —Ele quer me ajudar a proteger o senhor aqui dentro e só vai conseguir isso se est