KATHERINESua boca sorria, mas eu estava com medo, era como uma réplica de mim mesma. Dei um passo para trás, assustada.Seu olhar, de repente, se tornou triste. Ela abriu os lábios, falava comigo, mas eu não conseguia ouvir nada.O tempo estava acabando, eu sabia.Num piscar de olhos, a vi pular pela janela de vidro do segundo andar. Estendi a mão em pânico, fragmentos brilhantes, como milhares de borboletas voando, nublaram minha visão.Ela vai morrer se se jogar daqui!»—Não! —Acordei de sobressalto, minha mão estendida como no sonho, tentando agarrar aquela... mulher tão parecida comigo.Algo molhava meu rosto e, ao tocar minhas bochechas com a ponta dos dedos, senti as lágrimas.Isso foi um sonho? Estranho demais, vívido demais e um pouco assustador.Olhei ao redor, tentando me acalmar, mas não vi Elliot ao meu lado, e isso fez minha ansiedade voltar.—Elliot? —chamei enquanto me sentava, movendo-me até a borda do tapete.Achei que estaria em pedaços pelo esforço físico, mas, na
KATHERINEEntão eu fiz. Tomando uma respiração profunda, agarrei a borla com a mão e puxei a corda para baixo.Track track track!— Ai! — soltei um grito e pulei para trás, assustada, quando uma escada de mão antiga caiu do teto com um barulho estrondoso.Uma nuvem de poeira logo inundou o corredor, e comecei a tossir quase até sufocar, abanando a mão para dissipar um pouco o ar carregado.Finalmente, consegui focar nas alturas, onde um buraco escuro havia se aberto.Dava um arrepio na espinha, como se a qualquer momento olhos pudessem me espreitar das trevas.Baixei o olhar para a escada suspensa à minha frente. Os degraus estavam desgastados, e cupins se espalhavam corroendo a madeira.Mesmo assim, aquele instinto me impulsionava a explorar, como quando segui Francis; uma magia poderosa puxava minha alma.Decidi correr o último risco e subir.Coloquei as mãos nos suportes laterais com certo nojo, levantei o pé e me certifiquei de não cair logo no primeiro degrau.Comecei a subir, po
KATHERINEHesitei um pouco antes de colocar a mão novamente naquele espaço desconhecido.Observei a ponta do meu dedo, que já estava se curando.A ideia maluca de que apenas com o meu sangue ou o da minha irmã esse esconderijo secreto se abriria passou pela minha mente."Se já está no meio do caminho, continue até o fim", pensei, fazendo uma careta sarcástica, enquanto tomava o último risco e rezava para não perder a mão.Enfiei a mão no buraco e senti uma superfície dura e metálica. Agarrei com firmeza. Parecia uma pequena caixa, pesada enquanto a ergui.Através da pouca luz, entre sombras e minhas pupilas se estreitando para focar, percebi que havia encontrado um pequeno porta-joias.Os detalhes em bronze brilhavam lindamente, a superfície semelhante ao ônix me lembrou daquele colar que dei a Elliot.Estava tão concentrada observando que não percebi a mudança no ambiente: a luz da lua desaparecia atrás das nuvens tempestuosas, o ar viciado ficava mais denso, as trevas me cercavam.T
KATHERINEBAM! BAM!—AAAHHH! — gritei em puro pânico, quase podia sentir a respiração em minha nuca. A maldit4 janela não parava de bater.Me levantei com as pernas bambas, mas corri como uma louca, apertando o pequeno cofre contra o peito.A luz da saída parecia tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.Acreditei ouvir passos me perseguindo, os panos brancos ao meu redor pareciam mãos e monstros me cercando, me prendendo nessa maldição.Joguei o cofre pelo buraco da entrada e pulei logo atrás dele.Com os olhos semicerrados, me sentei no chão e desci as pernas, agarrando-me à escada, com medo de ver algo bem diante do meu rosto.Seu rosto. Aquele rosto acusador, cheio de ódio e sede de vingança.Meu pé escorregou na pressa de escapar, e um dos degraus se quebrou pela metade.Agarrei-me com as unhas na madeira, tentando encontrar equilíbrio, mas a sensação de cair no vazio tomou conta dos meus sentidos.Tentei agarrar o ar, desesperada, abrindo os olhos apenas para ver o quadrado escuro
KATHERINE—Es... espera, Vorath... — tentei me afastar ao sentir sua respiração quente contra minha pele sensível.Seus braços possessivos se apertaram ainda mais ao meu redor.“Quando vamos brincar de novo como hoje, Kath? Prometo que não vou ser bruto, neném. Vou te montar bem devagar e gostoso... mmm”Seus dentes roçaram perigosamente meus mamilos, que já despertavam excitados.Seu corpo inteiro exalava um calor envolvente e embriagante, com um aroma de bergamota.“Vou te penetrar cada vez mais fundo. Minha forma animal pode te dar tanto prazer... sei que você gostou, pequena... e te engravidar fica muito mais fácil...”Sua mão apertava minhas nádegas com descaramento, enquanto a outra sustentava a curva da minha coluna, e sua cabeça se perdia no meu decote.Soltei um suspiro abafado com o calor subindo pelo meu ventre, meus punhos se fechavam em seu pelo, mas eu não podia me deixar levar de novo pelos instintos primitivos do nosso laço.Abri a boca para dizer algo, mas alguém se a
BRENDAAgachada em minha forma de loba e protegida pela escuridão, nos infiltramos por uma abertura na madeira da cabana de pesca, deteriorada pela umidade.Escondida entre dois barcos, observei a poucos metros a figura de dois homens conversando.Obviamente, um era Thesio, e o outro parecia um cavalheiro alto, elegante, de cabelos negros curtos.Tudo nele exalava uma aura misteriosa.Minha loba farejou o ar, algo parecia estranho, uma suspeita pairava em nosso peito.Aguçamos os ouvidos para escutar a conversa.—...Preciso de mais da sua magia barata para encobrir meus rastros nos roubos às terras de Elliot Everhart — Thesio disse com autoridade, mas dava para notar seu nervosismo.— Esses bichos precisam desaparecer, da mesma forma que você os criou com aquele pó negro.— Os insetos morrerão em menos de 15 minutos após a abertura dos depósitos, você sabe disso. Quanto ao resto, não posso ajudá-lo tão facilmente — respondeu o homem com frieza.— Você ousa me foder, criatura?! — Thesi
BRENDAAgachada, fui rastejando para trás sobre as frias lajotas, tentando evitar ser descoberta.Entrei pelas portas que haviam sido deixadas entreabertas e corri até o espelho, examinando-me para garantir que não havia folhas da floresta ou qualquer coisa que pudesse me denunciar.Com o coração disparado, praticamente me joguei na cama, ouvindo as botas ecoando pelo corredor.A porta se abriu e o Duque Thesio entrou no quarto.Seus passos vieram diretamente até mim.Regulei minha respiração enquanto ele parava na beira da cama, me observando atentamente, até se certificar de que eu dormia e então seguiu para o banheiro.Abri os olhos, cheios de cálculos na escuridão.Maldito idiota, de que adiantava ser um Duque se não passava de um elemental? Nunca estariam à altura dos poderes dos seres sobrenaturais.Amanhã, eu me encontraria com aquele vampiro.Os dias de Thesio estavam contados.*****NARRADORAA vários quilômetros da capital do Ducado de Thesio...—Droga, achei que ia bater as
KATHERINEQualquer que fosse o mistério que aquele mini cofre guardava, eu teria que descobrir depois.Primeiro, porque precisávamos voltar para casa.E segundo, porque não era tão fácil de abrir, como era de se esperar.—Mamãe, é seguro sair? A... a Sra. Prescott, ela não vai estar na floresta com o filho mau? — Lavinia segurava minha saia com nervosismo, olhando para o jardim em ruínas e além da cerca.—Fique tranquila, filha, eu estou aqui para protegê-las. Ninguém jamais vai te machucar — Elliot respondeu por mim, pegando-a nos braços com proteção.Meu coração nunca esteve tão aquecido.—Mas, pai Duque, tem um monstro lá fora, você precisa ter cuidado, ele é... ele é muito feroz... — revirei os olhos ao ouvi-la.Filha, esse “monstro” é exatamente o que está do seu lado, seu papai postiço!Um sorriso sutil apareceu nos olhos de Elliot, que me lançou um olhar rápido.—Lavinia, não vimos nenhum monstro, deve ter sido um animal grande e você se confundiu por causa do medo — ele explic