ALDRICDe repente, Zarek caminhou até a beira da cama e, pegando-nos de surpresa, ajoelhou-se sobre um joelho.—Eu, até agora o último descendente da linhagem dos Vlad, herdeiro da casa real Von Carstein, me sinto profundamente envergonhado pelas ações dos meus pais. Embora eu não seja diretamente responsável, tentarei remediar seus erros como puder.Ele golpeou o próprio peito com força, demonstrando a honra de um guerreiro.Tudo isso é denso demais.—Então, eu também devo pedir perdão pelas Selenias. Sempre vi como uma injustiça sermos sacrificadas. Por que só nós, entre todas as criaturas sobrenaturais? —Gabrielle acrescentou.—Agora entendo o motivo. O poder traz responsabilidades que não cumprimos.Um silêncio tenso preencheu o quarto.Celine ajudou Zarek a se levantar, Quinn abraçou sua companheira, e nós continuamos consolando nossa pequena.—Eu sei como evitar a catástrofe… só preciso do apoio de vocês —Sigrid falou, de repente, em voz baixa.—Não —respondi imediatamente, sem
ALDRIC—Vou para a luta com minha mãe. Vamos apoiar Sigrid. Você sabe que eu não posso ficar aqui de braços cruzados —ouço a voz suave de Valeria no escuro, deitada sobre o meu peito.—Aldric, se esse mal não puder ser contido, não haverá lugar seguro neste mundo.Ambos estamos prontos para dormir, mas nenhum de nós consegue fechar os olhos.Quinn partiu para o território dos lycan para proteger aquelas terras.Ninguém sabe quando essa bomba vai explodir.Cada vez mais espectros estão escapando. Precisamos lutar contra eles sempre que aparecem.A cada ataque, eles parecem mais fortes.Sigrid nos disse que os espectros remanescentes nesta terra não eram nada comparados aos que estavam selados.Pensar em um enxame dessas criaturas, segundo ela, gigantescas, deixaria qualquer um com os nervos à flor da pele.—Está bem. Mesmo se eu te acorrentasse na masmorra, sei que você daria um jeito de escapar —a aperto contra meu peito largo, suspirando com relutância.—Eu só tenho que proteger você
NARRADORAPor trás de grades, magia poderosa, selos e correntes, além da Ilha das Selenias e da névoa sombria, cruzando as nuvens de tempestade e os gritos espectrais, uma civilização inteira havia sobrevivido.Uma que se acreditava extinta.Baltazar, o Regente do Reino, estava em plena reunião com seus conselheiros quando as portas do salão foram abertas de repente, e um dos guardas entrou ofegante, com o rosto tomado pelo pânico.—Espero que o que você tenha a dizer seja realmente uma questão de vida ou morte —ele disse friamente, seus olhos castanhos afiados fixos no homem.—S-Sua… sua senhoria… Recebemos vários relatórios das fronteiras do reino… —O homem tentava explicar, gaguejando e suando.—Fale de uma vez, maldito!—A névoa… A névoa dos limites… Ela está recuando! —O guarda soltou a frase de uma vez, o suor escorrendo pelo rosto.Baltazar entendeu imediatamente a gravidade do que estava acontecendo.Saiu correndo e empurrou com força as pesadas portas da sacada.Seus olhos ex
NARRADORAAldric se virou, observando a névoa escura que começava a se agitar violentamente.Redemoinhos se formavam em seu interior, subindo em espiral até o céu, começando a cobrir tudo acima deles.A luz do dia, de repente, parecia ser sugada pelas trevas, restando apenas escuridão e medo, ódio e vingança.As águas do lago se agitaram violentamente, escurecendo cada vez mais, como se veias negras surgissem em sua superfície, formando teias sombrias.O lago começou a endurecer, solidificando-se como uma barreira final que os separava do que quer que estivesse prestes a emergir daquela prisão."Azarot, precisamos dar todo o tempo possível para nossa filhote."Aldric se manteve erguido no topo da colina, seus olhos cinzentos como a tempestade fixaram-se em uma direção mais afastada, para a retaguarda, longe do perigo da linha de frente.Lá estavam as três Selenias, aguardando seu momento.Ele e seu exército precisavam ganhar tempo."E se ela falhar, Aldric? Não vou vê-la em perigo e n
NARRADORACeline observava a batalha à distância.Seu papel era proteger as três Selenias de qualquer ataque surpresa.Mesmo sabendo que seu companheiro era incrivelmente poderoso e contava com todos aqueles soldados destemidos, não conseguia evitar a preocupação.—Mãe, não se sobrecarregue! —o grito de Valeria ecoou, tirando-a de sua vigília sobre o combate feroz abaixo de seus pés.—Vovó!—Continuem o encantamento! Eu aguento! Estamos no ponto crítico. Vamos, Valeria, lute pela sua filha, assuma o controle!Celine ouviu através do véu iridescente que cercava as Selenias a voz de Gabrielle, que as incentivava com força.Os cantos dos lábios da antiga Selenia estavam manchados de sangue, mas seus olhos vibravam de um azul intenso e brilhante.Ela havia recuperado sua visão, e as cicatrizes que marcavam seu rosto se curaram à medida que seu poder retornava.Valeria fechou os olhos e decidiu assumir o comando do feitiço.Sua mãe já estava esgotada pelo desgaste contínuo.Celine viu entã
ALDRICLevantei-me rapidamente, um pouco atordoado pelo impacto.Sobre a grama e a terra, manchadas de sangue, suor, morte e sombras escuras, permaneci em alerta, observando o que havia acontecido.Uma guerreira em uma armadura dourada, com imensas asas douradas de corvo nas costas e duas espadas cintilantes erguidas sobre a cabeça, bloqueava o ataque que se dirigia às minhas costas.Seus cabelos curtos dançavam de forma indomável, seus olhos fixos em seu alvo... em seu companheiro.Eu podia sentir as emoções intensas que atravessavam seu coração."Sigrid, vou te dar a chance que me pediu, mas se eu te vir em perigo, só uma vez...""Não vai acontecer, pai. Ele vai me reconhecer. Não interfira, por favor, confie em mim."Ela me assegurou, e tudo o que pude fazer foi depositar minha confiança nesse amor que eu sequer compreendia."Esse homem, que emanava pura maldade e ódio... como poderia ser o dono de tanta luz?"Rugi, avançando com fúria sobre o espectro mais próximo, liberando minha
NARRADORASigrid soube antes mesmo de que ele tocasse sua pele: era puro veneno.Ela ergueu a mão e centenas de corvos invadiram as trevas escuras, atravessando o vendaval, fundindo-se uns com os outros, endurecendo-se para formar um escudo gigante que protegia seu povo.No entanto, o escudo estava defeituoso: havia um enorme buraco, exatamente sobre ela.«Sigrid, o que você está tentando fazer?!» Aldric rugiu, tentando correr para socorrê-la, mas sua filha o bloqueou completamente com uma barreira.Valeria, à distância, observava em pânico como o poder das Selenias, que tanto se esforçaram para refinar e reunir, protegia o exército, mas não sua filha."Sigrid, não, filha, não, por favor," começou a chorar e a chamá-la através do vínculo, mas Sigrid não a ouvia, apenas olhava para o homem acima dela.—Eu sou sua e você é meu. Você não é Umbros, nem Gray, você é Silas. Apenas o meu Silas —seus lábios tremiam com as últimas palavras, ditas em sussurros, mas ela sabia que ele a ouvia.As
NARRADORAEles riam e choravam; pareciam dois loucos apaixonados que tinham sentido a falta um do outro por uma eternidade.—Eu... esta é minha forma original, eu sou... eu sou assim —Sigrid sussurrou contra seus lábios, com as bochechas coradas.Ela já não podia se esconder atrás do corpo de Electra; agora era ela por completo, em corpo e alma.—Eu sei... sonhei tantas vezes com você, e nem se compara. Nada faz justiça à sua beleza. Você é... simplesmente perfeita —o dedo de Silas contornou seu lábio inferior, tão cheio, engolindo o desejo que ressurgia em seu corpo.Seus olhos ávidos percorriam os traços delicados, a pele de porcelana, os olhos expressivos e luminosos.Suas mãos acariciavam as costas suaves, seguravam-na pela cintura estreita, puxando-a para seu corpo, sentindo suas curvas, desejando tocar sua pele sob a armadura.Ambos se fitavam, carregados de paixão, seus hálitos misturados.Sigrid estava um pouco envergonhada; Silas só pensava em beijá-la, em tomá-la para si e n