NARRADORASussurros de passos eram ouvidos na floresta, a luz da lua revelava silhuetas que se moviam com sigilo e cautela, escondendo-se e esperando.— Mais à frente está a entrada do cemitério...— Não, iremos por outro lugar — Dante disse de forma firme à híbrida que era sua carta na manga. — Siga-me.Ele ordenou, e Celine, embora hesitante, seguiu seus passos rápidos em silêncio, até que o som de água alcançou seus ouvidos.Dante a guiou através de um riacho cheio de pedras, seguindo a corrente até entrarem em uma vegetação alta que impedia a visão mais adiante.Quando o vampiro afastou a grama, Celine ficou surpresa ao ver que a água saía de um enorme buraco redondo, como a saída de um antigo aqueduto.— Venha, entraremos por aqui. Esta área ainda está fora da influência do castelo, Zarek não a controla, e é mais segura que o cemitério. Vamos.Ele fez um gesto com a mão, e ambos entraram no escuro buraco, chapinhando na água com as botas.O cheiro de umidade, de coisas antigas e
NARRADORAEnquanto vampiros e feiticeiros lutavam até a morte, os lobos avançavam pela floresta até chegarem aos limites do cemitério.As nuvens se moviam velozmente no céu, cobrindo a luz da lua, impulsionadas pelo vento que balançava violentamente as copas das árvores; o cheiro de umidade impregnava o ambiente.Ao longe, relâmpagos iluminavam a noite. Um céu negro de tempestade pairava sobre o castelo do príncipe vampiro, e, a qualquer momento, a chuva torrencial cairia, como se fosse a manifestação de seus próprios sentimentos.— Zarek está furioso — anunciou Gabrielle. Não precisava de seus olhos para saber disso; a ira de Zarek parecia ultrapassar todas as barreiras.— Quinn, consegue sentir sua irmã? — perguntou Aldric. Haviam avançado sem descanso durante toda a tarde e noite.— É confuso, mas parece que ela está abaixo de nós, talvez em algum subterrâneo ou algo assim. Tentei falar com ela, mas não consigo alcançar sua loba.Quinn franzia o cenho, extremamente preocupado e, ac
NARRADORAGabrielle começou a tossir ruidosamente, sentia que Quinn não aguentaria e, a qualquer momento, entraria para resgatá-la."Ela nunca vai perdoá-lo... senhor... seu irmão... é o meu companheiro... é o homem que está lá fora," jogou a carta que acreditava poder salvar sua vida.Só esperava que funcionasse.Zarek ficou olhando para ela por um segundo que pareceu uma hora.De repente, uma risada rouca e cínica escapou de seus lábios, ainda mais assustadora; suas presas afiadas brilhavam com sua aura assassina."Vou te dar uma última chance porque, neste momento, não posso dividir minha força em tantas partes, mas se você falhar comigo de novo, Gabrielle, sabe que tenho muitas maneiras de matá-la sem que ela descubra, certo?""Vamos recuperá-la, senhor," assegurou sem muita convicção, mas o que mais poderia dizer?Ela caiu ao chão pesadamente, tossindo como se fosse expelir os pulmões.Raras vezes tinha estado do lado mais fraco; prestar contas a Zarek fazia seus dentes rangerem
NARRADORAEnquanto ela fosse sua refém, Zarek não o atacaria; afinal, todos esses truques de controle do castelo eram tudo o que ele realmente podia fazer, já que continuava preso na masmorra mais oculta e perigosa.De repente, os ouvidos sensíveis de Dante perceberam o assobio do ar e a magia mortal se dirigindo a ele; todos os seus instintos o ordenaram a se jogar no chão, e foi exatamente o que ele fez.Ele se jogou no chão duro de ferro da ponte, segurando Celine nos braços.Ela tremia e batia os dentes, os olhos fechados, cheios de umidade.—Se continuar pressionando-a assim, vai transformá-la em uma idiota antes de poder chantagear Zarek —ele disse, levantando-se e deixando Celine recostada em um canto da ponte, longe das sombras escuras e bem perto dele.—Prefiro fritar o cérebro dela do que deixar que você se beneficie dela —Merkall cuspiu sangue ao lado; ele estava ferido, e o cheiro de sangue pairava no ar.Muitos de seus seguidores precisaram se sacrificar para lhe abrir um
NARRADORA—AAHHH!—O que está acontecendo?!—O teto vai desabar!—Todo mundo, corram, saiam do aqueduto!Os gritos ecoavam de todos os lados, não importava se eram vampiros ou feiticeiros; quando as paredes começaram a tremer e pedras começaram a cair do teto, todos tentaram desesperadamente encontrar a saída.Alguém estava abalando os alicerces do velho aqueduto desde cima.No meio da escuridão e dos túneis estreitos, prestes a colapsar, não havia diferença entre amigos ou inimigos; todos pisavam uns nos outros e convocavam seus poderes para fugir e não morrer esmagados.A surpresa foi ainda maior quando, ao saírem em direção ao riacho, um exército de lobisomens os aguardava na floresta.Os sobreviventes da batalha anterior estavam exaustos, muitos feridos, mas esses lobos fortes e de elite estavam em sua máxima força, sedentos por sangue.—DESTRUAM TODOS OS REBELDES!O rugido do Rei Lycan incendiou o espírito de batalha.Um trovão ensurdecedor caiu do céu.O enorme e selvagem ruivo
NARRADORAPressionando o peito com as mãos, Laila obrigou suas pernas cansadas e feridas a se moverem novamente.O rastro de sangue ficava para trás, mas ela não parava nem mesmo para tentar se curar.Ela preferia enfrentar um lycan e morrer rápido a permanecer naquele lugar.A névoa começava a se levantar entre as tumbas como se tivesse vida própria, rodopiando ao redor de suas pernas, como mãos tentando segurá-la.Laila corria aterrorizada.Nunca havia sentido tanto medo em sua vida.Passou por baixo de um salgueiro, e, de repente, os galhos começaram a se agitar com o vento forte.—Ahhh, me solta, me solta! —gritou desesperada, enquanto os cipós verdes se enrolavam em seu pescoço, estrangulando-a, e em seus braços e pernas, imobilizando-a.Laila lutou como uma louca para se livrar, puxando os galhos com força e tentando arrancar os que estrangulavam seu pescoço.Seus passos cambaleantes a levaram para trás, o cabelo molhado cobria seus olhos, e ela jurou ver sombras e olhos vermelh
NARRADORAA escuridão, que se movia como volutas de poeira ao vento, estendeu-se como uma mão, acariciando suavemente as lágrimas em sua bochecha."Venha até mim, meu amor, não tenha medo, avance, Celine", pareceu ouvir, e finalmente deu o primeiro passo, depois o segundo e o terceiro, invadindo enfim o território sob o controle do príncipe vampiro.Sempre grudado a ela, como um parasita, estava Merkall, garantindo a todo momento que o feitiço permanecesse ativo dentro de Celine.Zarek podia ser muito poderoso, mas Merkall tinha nas mãos a maior fraqueza dele.Eles avançaram por um corredor escuro e estreito.Os olhos de vampira de Celine estavam atentos, funcionando ao máximo para observar o entorno.Ela havia assassinado seu suposto companheiro com suas próprias mãos e não sentiu nenhum remorso.Quando a ordem daquele feiticeiro entrou em sua mente, ela simplesmente não pôde resistir, assim como quando disse a Dante que ele deveria ir sozinho ao castelo.Era como se ela gritasse, pr
NARRADORAQuando os pés de Gabrielle cruzaram o limiar da porta, todo o seu corpo sofreu uma profunda transformação.Suas roupas simples e sujas de lama pelo caminho se transformaram em um deslumbrante vestido vermelho, como os que usava quando era soberana e dona do trono.Seu cabelo negro caía brilhante até a cintura, a venda que cobria seu belo rosto desapareceu, e seus olhos azuis, expressivos e severos, olharam firmemente para frente.Era a imagem digna do seu esplendor passado e, embora Gabrielle soubesse que tudo fazia parte da ilusão de Zarek, ela agradecia pela consideração.Quando Celine viu Gabrielle, imediatamente pensou em seu irmão; por mais confusa que estivesse, nunca esqueceria Quinn."Ele está bem, não se preocupe", Gabrielle a olhou por um segundo ao passar ao seu lado e conseguiu inserir essa mensagem em sua mente atormentada.Zarek não permitiu que Quinn avançasse além de um ponto e, embora ele estivesse furioso, não pôde fazer mais nada além de confiar em sua com