Capítulo 4

Perspectiva Blake

Virei na cadeira e apoiei os cotovelos sobre a mesa, olhei em volta e vi Liam derrubar um garçom. Esses irmãos idiotas, sempre agindo como brutamontes.

Eu ri. Bebi minha cerveja toda, acenei para a gostosa na gaiola. Ela sorriu e continuou rebolando.

"Eu amo meu trabalho."

Desviei o olhar e vi Ryder muito irritado sentar no sofá.

" Tá legal, era hora de voltar ao trabalho. "

Deixei a cerveja no balcão e me levantei, enquanto andava várias mulheres estavam acenando para mim.

– Qual o problema com o bebê da família? –Me sentei ao lado de Ryder.

–Vai se foder.

–Tá legal, eu já vi que não está pra conversa.

–Kalel e Mason são uns imbecis! –Ele cerrou os dentes e me encarou.

–Por que não bebemos e me conta tudo? –Levantamos e fomos para o bar.

–É besteira. –Ryder bufou. –Mas as vezes nos sentimos descartáveis aqui, só eles resolvem tudo e nos tratam como…

–Irmãos mais novos imaturos que só pensam em sexo? –Virei a garrafa e bebi, ele me encarou e riu.

–É. –Ele abaixou a cabeça e começou a rir.

–Qual a graça?

–É exatamente o que somos.

Balancei a cabeça negativamente, eles são todos idiotas. Terminei minha cerveja e subi, Kalel e Mason pareciam estar discutindo sobre mandar pessoas embora, a coisa não estava boa hoje.

–Mas ela foi violentada. –Mason disse. –Quando souberem com quem realmente estão transando isso vai nos trazer problemas, podem até mesmo nos processar com medo dela ter doença.

–Você tá de brincadeira, Mason? –Kalel cruzou os braços. –Ela sofreu esse acidente bem aqui em seu local de trabalho.

–Damos a ela uma comissão e a livramos disso, Kalel. Sei que parece nojo, mas não é. Hannah se foi uma vez por não conseguir conviver com você, o que você acha que aquela garota sente transando com um monte de gente.

–Já chega. Ela fica e pronto.

–Hmm. Vocês estão bem? –Sentei no sofá, e recebi seus olhares irritados. –De quem estão falando?

–De ninguém. –Mason virou e desceu.

–As vezes penso em mandar Ryder e Liam para a reabilitação de novo e Mason para sua vida de mentira. –Kalel suspirou.

–Eu não sabia que Ryder e Liam estavam reabilitação.

–Liam usou drogas por um tempo, e Ryder estava começando. –Kalel abaixou a cabeça e respirou fundo. –As vezes penso que foi um erro permitir que saíssem. Mason acredita que viver todos juntos seria uma boa ideia, mas veja tudo que aconteceu. Eu quase perdi dois irmãos.

–Eu acho que vocês estão muito bem, apesar de tudo.

–Não sei o que farei se perder um deles. –Kalel me encarou.

Eu sabia bem o que era perder um irmão, no meu caso, irmã.

–Desculpe, fico aqui falando dos meus irmãos quando você sente exatamente o que eu não quero sentir.

–Tudo bem, Kalel.

–Vamos mudar o foco aqui. –Ele ficou de pé e foi até a mesa. –O que o novo sistema achou de errado até agora?

–Nada. Tudo está funcionando muito bem, só percebi uma lentidão na hora de checar a expressão. –Fui até ele e olhei os aparelhos na mesa. –Às vezes a expressão que estão tendo é desconforto com a posição.

Eu ri, as pessoas podiam ser bem doentias em quatro paredes. Toquei no nome de uma das garotas, seu rosto mostrava mesmo dor. Não era difícil de imaginar o que eles estavam fazendo.

–Somos pervertidos por ter acesso a isso?

–De forma alguma. –Kalel riu.

–Bem, parece.

–Eu acho necessário e…não é seu celular que está tocando.

Ele apontou para os livros, procurei meu celular no bolso e peguei.

–Não. O meu está bem aqui.

–Hm. –Kalel se esticou e pegou o aparelho.

Olhei na mão dele e congelei, era meu celular antigo. Mantive essa linha ativa com esperança de que Alison pudesse ligar. Peguei o celular e atendi.

–Alison?

–Blake… Oh Meu Deus.

–Alison, é você mesmo?

–Blake, vem me buscar. –Ela disse chorando. –Eu escapei do cativeiro onde estavam me prendendo, agora eu estou na rua usando um telefone público.

–Eu vou te buscar. –Sorri, meus olhos ficaram embaçados com as lágrimas.

–Blake, eu…

–Alison? –A linha ficou muda, olhei para Kalel. –Minha irmã… Ela está viva.

–Onde ela está?

–Não sei. –Liguei para o número, não estava chamando. –Preciso encontrá-la, não posso mais ficar aqui. Me desculpe.

–Ei, calma. –Kalel segurou meu braço.

–Não me peça para ter calma, ela está em perigo.

–Eu sei, mas vamos manter os pés no chão. Primeiro você não sabe onde procurar, segundo se for sozinho vai ser morto.

–Não me importo, Kalel! –Alterei a voz, ele continuou me segurando. –Eu preciso achar minha irmã.

–Você vai, mas não estará sozinho. Eu te prometo, vamos encontrar sua irmã.

–Vai me ajudar?

–Não foi esse o nosso acordo? Você me passou as informações e eu te ajudaria a achar sua irmã.

–Obrigado.

–Você faz parte da família, Blake. Seu problema é nosso problema.

Respirei fundo e pela primeira vez em anos senti o peso se esvaindo, ela está viva. Minha pequena irmã está em algum lugar.

Trinta minutos depois, meu celular tocou novamente. Olhei para Kalel que estava falando ao telefone, ele gesticulou para atender.

–Alô?

–Irmão, desculpa. Tive a impressão de estarem me olhando, então desliguei.

–Onde você está?

–Eu sai de um navio, isso aqui parece Itália. Alguém me comprou, Blake. –Ela fez uma pausa. –Me fizeram de escrava...

Fechei os olhos e bati na mesa, nesse momento os irmãos de Kalel entraram na sala.

–Alison, tente encontrar um lugar para se esconder. Eles devem estar atrás de você.

–Eu não sei pra onde ir.

–Procure uma delegacia e conte tudo que aconteceu.

–Blake, eles estão aqui.

–O que? –Olhei para Kalel. –Alison?

Ouvi ela gritar e vozes no fundo, então a linha ficou muda.

–O que aconteceu? –Kalel perguntou.

– Ela está na Itália, perto do porto. Ela escapou de um navio.

–Chamem todos os homens, quero organizar essa missão o quanto antes.