Um cliente diferente

Capítulo 6

Lara

Hannah soltou a mão de Julien no carrossel, e veio sentar no banco ao meu lado. Já faz duas semanas que ela cuida da minha irmã pra mim. Eu acho que Julien ajuda ela a superar os problemas, e também é uma companhia.

Fiquei feliz por Kalel não achar ruim, afinal sou sua funcionária e Hannah é sua namorada. Meus problemas não deveriam interferir na vida da minha amiga. Se eu não estivesse desesperada por ajuda, não colocaria esse peso nas costas dela. Era sorte Hannah ser um anjo e não reclamar.

–Ela está tão feliz. –Hannah disse sorrindo.

–Ela é uma criança vivendo a vida de um adulto, cuidando da mãe que nem quer saber dela. Olha pra ela agora, sorrindo e tendo programas de criança.

–Ela é uma menina incrível.

–Eu nem sei como agradecer a tudo que tem feito, ela melhorou muito na escola.

–Não me agradeça, eu faço porque gosto. –Hannah pegou minha mão e apertou gentilmente. –Ganhei duas irmãs.

–Pode ter certeza que sim.

–Então. Me conte como anda aquela loucura?

–Bom, eu tenho evitado Mason o quanto posso. Felizmente Lucca sempre aparece pra me ajudar. Os outros acabaram me deixando em paz.

–Não entendo o que deu neles, talvez estejam gostando de você.

–Gostando de mim? –Gargalhei. –Eles não são o tipo de pessoa que gostam de alguém como eu.

–Lá vem você de novo com isso.

–É verdade, Hannah. Olha pra mim…

–Eu estou olhando e vejo uma pessoa incrível.

–Sim, você vê o que eu quero que você veja. Se eles soubessem como eu sou de verdade não iam querer, se é que eles querem alguma coisa.

–Talvez você deva se mostrar.

–Nunca.

–Se você encontrar alguém, como acha que ele vai se sentir sabendo que mentiu pra ele usando essas maquiagens?

–E você acha que alguém iria se interessar por mim vendo minha cicatriz?

–Não vejo porque não.

–Eu não quero me envolver com ninguém, não corro esse risco.

Só de pensar nessa possibilidade já ficava nervosa, era bom manter distância de todos eles. Meu foco sempre foi dar uma vida melhor para Julien, e eu estava fazendo isso.

Dali nós fomos para a casa de Hannah, era meu dia de folga acabei aceitando dormir. Julien já tinha algumas bonecas e até guarda-roupa só dela.

Eu comecei a trabalhar mais tranquila, pois sabia que ela estava em boas mãos.

**

–Lara, o chefinho Lucca está te chamando. –Samantha disse.

Levantei e ajeitei meu vestido, hoje seria um show diferente na cabine pública. Fui rápido até a recepção onde Lucca estava me esperando.

Mason estava encostado no balcão bebendo e olhando as dançarinas.

–Lara, oi. Venha. –Lucca acenou.

–Algum problema?

–Um cliente pediu seus serviços, mas ele exigiu algumas coisas.

–Que tipo de coisas?

–Ele quer você usando vendas. –Lucca estudou meu rosto, que ficou vermelho.

–Ah. –Olhei Mason ao lado, ele riu.

–Você não poderá tirar a venda do rosto até que ele dê permissão, e terá que dançar. É apenas isso que ele quer.

–Tudo bem.

–Certeza?

–Sim, por mim tudo bem.

–Ótimo, sua suíte é a sete. Você pode entrar e se aprontar.

–Mas e a cabine pública?

–Mais tarde você cumprirá isso.

–Ta. –Abaixei a cabeça e sai de perto deles. Por que eu tinha que tratar isso com os chefes e junto com Mason por perto?

Ainda podia sentir meu rosto vermelho.

Fui para a cabine, olhei a cama com a roupa que ele escolheu. Era um espartilho branco com luvas que cobriam metade do meu braço. A porta fechou e eu me troquei, peguei a venda e coloquei nos olhos.

Nunca julguei as fantasias dos clientes, achava até essa ideia legal. Mas ainda me dava um certo medo não ver quem está me tocando.

Uns minutos depois a porta abriu e ouvi fechar, então passos firmes e o som do corpo dele tocando na cama.

Eu estava de pé perto do pole dance, tudo ao redor era escuro. Ninguém disse nada sobre não falar, mas se ele não queria ser visto eu duvidava que iria conversar comigo.

–Boa noite, eu sou Lara. Espero que goste do nosso tempo juntos. –Como norma da casa, repeti a frase que já havia decorado.

Não houve resposta, mas a música começou. Mexi meu corpo de um lado para o outro, sensual como sempre.

Era uma dança muito detalhada, mas por estar com os olhos vendados eu não sabia muito bem para onde olhar.

Toquei meu pescoço e com os dedos alisei até minha coxa, desci e subi segurando no mastro.

Fiquei de lado segurando firme o ferro e joguei meu corpo ganhando impulso, envolvi minha perna no mastro e rodei até parar no chão.

Levantei com elegância, ainda com a mão no mastro. Joguei o cabelo, rodei, desci, subi e não parei.

Escalei o mastro com habilidade, me coloquei de cabeça pra baixo, e escorreguei. No chão deitei, levantei as pernas e as mexi de um lado pro outro, fazendo o que eu sabia.

Não sei quanto tempo durou, mas parecia ter se passado muito tempo. Eu já estava cansada.

Girei e girei no mastro umas duas músicas, até ouvir seu peso deixando a cama. Passos cada vez mais perto e sua respiração no meu pescoço, não tinha certeza, mas ele parecia estar me cheirando.

Meu peito subia e descia por estar cansada, e agora por medo.

–Você não pediu para tocar.

Ele não disse nada. Agora eu pude sentir o calor do seu corpo contra o meu, e sua respiração acelerar um pouco.

Levantei minha mão e toquei no peito dele, gentilmente o afastei de mim. Ele queria me tocar, mas isso seria contra as regras da casa, uma vez que ele não pediu esse pacote.

Tirei minha mão do peito dele, ouvi passos e a porta abriu. Tirei a venda rapidamente e corri até a porta, não havia ninguém.

– Quem era você? –Respirei fundo, ainda muito nervosa e agitada.

Coloquei o vestido por cima do espartilho, recolhi minhas coisas e saí da cabine. Andei bem rápido pra longe.

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