— Montanha-russa. — Karoly murmurou enquanto mantinha os olhos abaixados concentrados no papel em cima da mesa do restaurante onde desenhava.
— Hã? — Sun se pronunciou.
— Eu acho que é a analogia perfeita. Da depressão, sabe. Uma montanha-russa. Ela tem altos e baixos e entre isso uma parte reta. — Continuou ainda rabiscando a folha branca.
— Ah sim, entendo. — Sun concordou bebendo seu chá. — Continue, por favor. Quero ouvir mais sobre essa analogia.
— Bom, significa que há momentos em que você está na merda, no chão, acabou de sofrer uma queda livre e nada mais faz sentido. Você não faz diferença no mundo e tem certeza de que seria mais simples se você apenas desaparecesse. — A roteirista trocou o lápis preto por um marromterra. — Há momentos em que você está lá em cima
ᴥᴥᴥᴥᴥᴥKaique desceu do carro e caminhou a passos largos em direção ao prédio ainda com as palavras de Sohye na cabeça. Tinha tomado banho há pouco tempo, mas sentia-se suando, não fazia ideia do que ia acontecer quando acabasse vendo Evan ou Hyago. Uma certa irritação se apoderava dele e pela primeira vez em bastante tempo ele se visualizou socando um rosto em específico. "Evan... Maldito... Mas não faz sentido se Hyago o magoou. Não! Quer dizer, não faz sentido o Hyago fazer isso. E a história da Jiulia entre onde? Por que ele mentiria com algo tão sem nexo assim?"Sem conseguir ligar nenhuma peça, sem saber em que palavra acreditar se dirigiu para a sala de figurinos, pois ainda tinha um tempo até começar a gravar, ou seja, ela estaria vazia e ele poderia se deitar um pouco na paz e no sossego. Abriu a porta.— Full house! — a voz
— Poxa... — Jeff se pronunciou depois de alguns minutos arrumando as cartas e as fichas em silêncio. — Você pessoas famosas não podem nem se divertir um pouco. — Colocou tudo na maleta metálica e se levantou pegando a garrafa.Deixou a maleta no sofá ao lado de Evan e abriu a tampa da tequila, virou direto do gargalo bebendo de uma só vez uma quantia considerável. Ao afastar a garrafa da boca fez uma careta e um suspiro em busca de ar, sua garganta queimava e a cabeça girava. Olhou para o loiro.— E aí? Foi o suficiente? — Kaique cerrou os olhos bufando negativamente com a cabeça e saiu da sala também deixando o outro falando sozinho. — Caramba, quanta gente estressada num só lugar.— É o que eu diga e vou acabar de me colocar na lista também. — Evan caminhou até a porta trancando-a.— O que foi
O sinal do colégio soou anunciando o fim do dia. As crianças corriam felizes para a saída, principalmente por ser quinta-feira. Várias delas entravam em carros, saiam acompanhadas dos pais ou irmãos mais velhos.Contudo, Hyago andava calmamente carregando sua pesada mochila. E, diferente dos outros, ele se encaminhou para o paraciclo onde havia, majoritariamente, bicicletas de alunos mais velhos. Ele tirou o capacete de dentro da mochila e fechou a jaqueta de uniforme destrancando o cadeado. “Já está começando a esfriar.” Pensou ao ajeitar os óculos de grau de armação vermelha para ter certeza de que não cairiam no caminho.Fitou o grande relógio que formava a grande torre da escola. “Droga. Vou me atrasar!”Começou a pedalar a toda velocidade que seus pés e os sinaleiros permitiam. As ruas de Seul eram planas e fáceis de trafeg
ᴥᴥ— O que? — Hyago falou pasmo olhando para o papel. — O senhor tem certeza? Como é possível?— Sim. — o professou respondeu. — Infelizmente você não está cumprindo seus créditos e carga horária necessárias.— Mas sonsengnim, eu faço todas as minhas disciplinas e atividades extracurriculares, é impossível que eu não tenha... — Subitamente parou de falar encontrando o problema nos papeis que lia.— Ainda há tempo de se recuperar, o semestre não acabou e há diversos clubes no colégio que pode ingressar mesmo durante o curso das aulas.— Hum... — O menino colocou o boletim sobre a mesa do professor. — Entendo. Acho que tudo isso não passa de um erro, mas irei resolver minha situação agora mesmo. — falou fazendo uma reverência e send
ᴥᴥ— E então? — Os olhos do homem brilharam ao perguntar, mas Hyago engoliu em seco olhando atentamente para o professor.— Eu... — abaixou os olhos ao responder. — Eu acho que não posso.— Por que não? É apenas quando tiver tempo livre. E eu já falei com todos, estão ansiosos para conhece-lo, para tê-lo na equipe.— Mas eu... — o garoto suspirou fundo. — Entenda Ajeosshi, eu não posso participar de um grupo teatral, isso... Não é pra mim.O homem sorriu gentilmente enquanto observava o menino virar a garrafa de água. Estavam, após o horário, no teatro destinado as aulas e apresentações do clube de artes cênicas. Os dois estavam sujos de poeira após trabalharem na montagem de um cenário. Exaustos se sentaram no palco de madeira iluminado por lâmpadas coloridas.
Kaique pressionou a mão na costela, sentindo os ossos ainda inteiros ele ficou mais aliviado. Deitado de lado no chão ele cuspiu um pouco de sangue enquanto passava a língua nos dentes para verificar se todos estavam no lugar.— Isso é tudo que tem? — O outro debochou. — Eu definitivamente esperava mais de um Monteiro. — Pode ouvir as risadas dos outros garotos enquanto seu provocador caminhava até ele. — O que foi? Seu pai não te ensinou nada? Ou será que ele já acabou com você?Kaique riu ainda com um pouco de sangue entre os dentes. “Ah sim, ele me ensinou. Ele me ensinou direitinho, seu filho da puta!” Se fez de mais dolorido do que realmente sentia e começou a se levantar do chão lentamente. A adrenalina e a raiva tomavam conta do seu corpo, mesmo se tivesse quebrado alguma coisa ele duvidava que iria sentir até finalmente ter acabado.<
Era mais uma noite movimentada no Rick’s Pub, então Kaique entrou por uma das portas dos fundos para evitar a multidão. Passou pela cozinha saindo no clube de stripetease, a área VIP que estava razoavelmente movimentada, mas definitivamente mais vazia que as outras.Se dirigiu imediatamente para o bar ali perto e, levantando a tampa do balcão, passou para o lado de dentro. Acenou com a cabeça para alguns bartenders e se dirigiu para o fundo onde havia grandes adegas climatizadas e prateleiras com bebidas. Começou a vasculhar em meio a tantas garrafas.— Uê? Já chegou? — A conhecida voz de Cindy fez o rapaz se virar subitamente. — Achei que não ia trabalhar hoje, acho que o Rick nem está aqui. — falou cruzando os braços e encarando-o.Usava um dos uniformes especiais do clube de stripe: uma blusa branca rendada na parte dos seios, um colete preto underbust qu
As pessoas do estúdio conversavam e riam enquanto fazia suas pausas e comiam alguma coisa. Nerida e Caroline discutiam freneticamente sobre termos técnicos de direção enquanto planejavam como fazer o próximo quadro e, volta e meia, falavam sobre o estranho comportamento dos atores.Nerida não era do tipo ombro amigo para chorar, mas conforme Caroline lhe convencia, talvez fosse melhor conversar com os dois, mesmo que para dar um puxão de orelha tão forte que, caso tivessem um problema entre eles, redirecionariam toda sua raiva para a diretora. Parecia um bom plano para Nerida, mas Caroline levantou outro ponto.— Como roteirista, será que Karoly não teria mais jeito para lidar com eles?Realmente fazia sentido a lógica, mas Nerida não sabia se era uma boa ideia dada a conversa que tivera em particular com a mulher. Não sabia se ela ajudaria ou pioraria as coisas. Dep