Capítulo 4

Alice narrando.

Na segunda-feira, o relógio marcava seis e meia da manhã, eu já tava acordada e pronta pra minha faculdade e depois ir trabalhar. Faço faculdade de administração, assim como meu pai fazia. Tenho muito orgulho dele e no futuro espero estar ao lado dele trabalhando. E a loja onde trabalho é de sapatos e acessórios. Eu gostava muito de trabalhar lá, mas não via a hora de terminar a faculdade e sair fora dali, pois trabalhar com vendas não era fácil. Sempre tenho que estar bem arrumada, atender com classe pois eu lidava com gente rica e as vezes bem metida.

Quando eu estava indo pro carro, recebi uma mensagem de Lola me chamando pra almoçamos mais tarde, respondi dizendo que iria e me despedi dela. Me arrumei toda e sai antes sem tomar café, estava sem fome mesmo.

Depois das minhas aulas terminarem, eu fui embora indo até o lugar marcado com a Lola. Ela já estava lá sentada me esperando. Cumprimentei ela com um abraço e me sentei a sua frente.

— Eu tenho um negócio pra te contar, mas você não pode falar pra ninguém. — Eu falo, a encarando.

— O que é? Você sabe que eu não falo pra ninguém mesmo. — Ela revirou os olhos.

— Aconteceu algo com o Luke… — Fui dizendo tudo o que tinha acontecido e ela ficou me encarando surpresa.

— Você é maluca? Perdeu o resto de juízo que possui? — Ela falou mais alto e ficou sem graça quando algumas pessoas nos olharam. Ela deu um sorriso sem graça e me encarou séria.

— Eu não queria, mas eu não sei o que me deu.

— Aí Alice, não queria? Você pode dizer qualquer coisa, menos que não queria né?

— Lola, é sério. Merda. — Resmungo, passando a mão no meu rosto.

— E a sua irmã nisso tudo, Alice? Meu Deus…

— Eu me sinto mal, mal demais Lola. Mas, eu não tenho mais o que fazer, rolou.

— Você tem razão nisso, já aconteceu e não tem como mudar mais, mas pensa bem se vale a pena fazer isso, você traiu a sua irmã… Não esqueça disso.

— Eu não esqueço né… Eu não sei se eu falo, não quero que ela me odeia. — Faço um bico.

— Óbvio ou com certeza isso vai acontecer? — Ela solta um riso. — Mas e ele beija bem?

— Eu falando sério e você querendo saber disso? — Eu reviro os olhos.

— Ué, se você fez a merda tenho que saber se valeu a pena fazer a merda mesmo. Ele beija?

— Muito amiga, acho que foi até o melhor beijo que já dei em toda minha vida. — Confesso, vendo ela sorrir.

Continuei falando tudo o que aconteceu pra ela e ela queria saber de todos os detalhes. Ela ainda me aconselhou e eu a prometi que me manteria afastada dele. Depois que terminamos de almoçar, me despedi dela e fui pra loja. Assim que piso no shopping, de longe vejo Gabi com o Luke, de mãos dadas andando pelo o shopping e vendo vitrines. Esse cafajeste era bonito e sabia que chamava atenção, pois todas que passavam perto dele só faltava babar. Fui até ao banheiro, arrumei o meu cabelo, fiz uma maquiagem básica e passei um batom vermelho, bem chamativo. Troquei minha roupa pela da loja e estava linda como sempre.

Quando cheguei na loja, cumprimentei todas, guardei minhas coisas e fiquei ali na frente, tentando conseguir clientes. De longe vi Gabi e Luke vindo em minha direção. O garoto ainda me encarava, mas eu desviei os olhos dele. Ela vinha sorrindo e parou perto de mim. Cumprimentei ela e dei um pequeno sorriso pra ele.

— Oi Lice, não sabia que você estava trabalhando hoje. — Gabi disse.

— É, hoje não tive como me livrar. — Fiz uma cara de tédio.

— Chegou alguma novidade aí? — Ela perguntou.

— Sim, aquelas bolsas que você adora.

— Opa, me mostra que vou comprar com você então.

Gabi sempre que podia vinha até a minha loja comprar, ela adorava a loja que eu trabalhava. As meninas de lá cumprimentaram a Gabi pois a conhecia e ficou disfarçadamente olhando pro Luke que estava quieto mexendo no celular.

Separei as bolsas que ela sempre gostava de usar que eram das cores claras. Mostrei todas que tinha ali e ela ficou mostrando pro Luke que tentava prestar atenção. Como as outras meninas estavam ocupadas, entrou um homem vendo a loja.

— Gabi, fica a vontade aí que eu vou ali atender o moço. — Ela concordou e eu saí de perto dela.

O homem não era velho, mas parecia ser mais velho que eu. Mas era bonito até.

— Boa tarde, posso ajudar o senhor? — Perguntei me aproximando dele.

Ele se virou e pude perceber que o homem era mais bonito de perto. Era moreno com os olhos cor de mel. Ele me encarou e me deu um sorriso.

— Oi, boa tarde. Eu quero dar um presente pra minha mãe… Talvez um salto, não sei, não sou tão bom assim pra escolher presentes. Você poderia me ajudar?

— Oh claro, temos lançamentos na loja. Tem preferência por cor? Qual o tamanho?

— Ela gosta de cores claras, sabe? E o tamanho é trinta e sete.

Eu concordei e fui até a prateleira aonde ficava os saltos. Peguei o mais bonito que eu tinha achado e o levei pro moço olhar.

— Se sua mãe gosta assim, ela vai amar esse. Se eu fosse você, daria esse daqui. — Sorrio.

— Você tem um bom gosto, ela vai amar esse mesmo. — Ele sorriu.

— Que isso, apenas faço meu serviço. — Sorio simpática.

— Qual o seu nome? — Ele me perguntou.

— Eu me chamo Alice, vamos até ali no caixa. — Sorrio.

Ele concorda e me segue. Quando me viro pra agradecer pela sua compra, de longe vejo Luke nos encarando sério. Eu o ignoro e foco no meu cliente, agradeço pela a compra e falo pra ele voltar sempre.

Fui até a Gabi e ela ainda estava em dúvida entre duas bolsas. Disse qual achei mais bonita e ela ficou ali encarando ainda.

— Gabi, essa é muito bonita, vai combinar…

— Pode apostar na escolha dela, ela tem muito bom gosto. — O meu cliente apareceu me interrompendo e sorrindo pra mim. Sorri envergonhada e Gabi agradeceu pela sua opinião. Ele foi embora e Gabi me olhou sorrindo.

— Hum… bom gosto né? — Ela brinca me fazendo revirar os olhos. — Eu já me decidi, vou levar esse aqui.

Eu concordei e a levei até o caixa pra pagar. Luke ficou ainda me encarando, mas eu fingir não perceber nada, não queria nada com ele. Ia levar a sério o que falei pra Lola, mesmo que eu tenha que ignorá-lo.

Uma semana tinha se passado desde daquele dia do shopping e eu não tinha mais visto Luke, o que eu agradeci aos céus. Ele não me procurou mais e a Gabi parecia estar bem feliz com ele. Sempre saía a tarde e voltava à noite com um sorriso enorme estampado no rosto. No fundo, isso me deixava um pouco mal, pois foi pouco, mas acabei gostando. Mas acho que era melhor assim, cada um pro seu canto e ninguém sai magoado nessa história toda.

Desde cedo Lola estava me perturbando por mensagem pra irmos ao um pagode, mas eu não estava tão animada assim. Então parei de respondê-la e foquei no filme que eu tinha colocado na televisão. Eu estava tão focada no meu filme clichê, que nem percebi que a Lola tinha entrado no meu quarto junto com a Gabi do seu lado.

— Oi amiga, já está pronta? — Lola perguntou, sorrindo pra mim.

— Eu não estou afim amiga, pode ir…

Lola deitou na minha cama e apoiou a cabeça na minha perna.

— Lice, até eu vou hoje, vamos pra você me mostrar como é tudo lá. Por favor? — Gabi perguntou, fazendo um bico.

— Não quero, podem ir, Lola te mostra tudo Gabi. — Falei, voltando a ver meu filme.

Mas quem conhece Lola sabe que ela não ia sossegar enquanto não conseguisse. Ela começou a falar de tudo e todos, o tempo todo, então meu foco no filme foi embora. Acabei me irritando

— Você não cala a boca? — Me irritei.

— Não, até você aceita ir conosco. — Ela sorriu e me olhou.

— Como você é chata, eu vou. Que merda. — Gritei, me levantando.

Gabi e Lola fizeram uma dancinha lá e eu revirei meus olhos.

Fui até o meu armário e peguei um vestido vermelho, todo colado no corpo. Eu amava como eu me sentia gostosa nele, chamava atenção de todos.

Como eu tinha tomado banho antes, apenas coloquei o vestido e fiz uma maquiagem básica. Coloquei um salto e arrumei uma bolsa que eu iria levar com minhas coisas.

Quando voltei ao quarto, Lola assobiou e me elogiou. Ela estava linda também com um vestido verde, estava até combinando com o meu. Gabi já estava vestindo uma saia colada com um croped.

Como meus pais não estavam em casa, pedimos um carro e logo chegou nos deixando no pagode que já estava cheio.

A rodinha da frente já estava cheio de conhecidos meus, inclusive amigos também e no meio deles estava Luke. Ele estava todo de preto e com uma correntinha de ouro no pescoço. Tão lindo. Desviei meu olhar e fui com as meninas até lá. Cumprimentei todos e até ele, mesmo sendo de longe. Gabi grudou nele e Lola me olhou, mas eu disfarcei o meu desconforto. Quando começou um pagode bom pra dançar coladinho, Fred veio me puxando pra dançarmos e ficamos coladinhos dançando. Ele dizia algumas palhaçadas no meu ouvido, o que me fazia o tempo todo rir. Ficamos algumas horas ali dançando ou cantando as músicas um pro outro, era muito divertido estar com ele nesses pagodes. Depois que cansei, fui pegar uma bebida e virei de uma vez. Peguei outra bebida e fiquei ali com os meninos dançando, alguns até queriam algo a mais, mas eu dispensava. De longe vi Lola com um amigo de Luke. Ela me viu e sorriu quando viu minha cara de confusa.

Olhei pro outro lado e vi Gabi sentada ao lado de Luke que estava conversando com os amigos. Gabi parecia não estar a vontade ali, então fui até ela e a puxei pela mão. Minha bebida caiu um pouco no chão.

— Eita, já está assim é? — Gabi disse, rindo de mim.

— Vem, vamos dançar.

Ela me deu a mão e fomos pro meio de uma rodinha. Na mesma hora começou a tocar funk, então coloquei minha mão no joelho e rebolei minha bunda. Joguei meus cabelos pro um lado e acabei olhando pro Luke, que estava me encarando e mordendo os lábios.

Gabi ainda dançou um pouco comigo, mas disse que não estava se sentindo bem e iria embora. Tentei impedir, mas ela foi até o Luke. Ele se levantou e saiu com ela.

Resolvi beber mais e esquecer esses dois, eu merecia. O resto da noite, fiquei dançando com vários amigos, íamos até o chão, rimos das palhaçadas. Até Lola veio pro meu lado dançar comigo. Yuri, um amigo nosso e que eu ficava de vez em quando, se aproximou e me agarrou por trás, me deixando molinha. Eu adorava quando faziam isso comigo. Ele me beijou e eu retribui. Quando não tínhamos ninguém pra ficar, as vezes ficávamos, só pra matar a vontade mesmo.

Já era tarde da noite, já estava um pouco bêbada quando me afastei deles indo até ao banheiro que tinha ali.

Senti alguém agarrando meu braço e me puxando com força. Quando vi era Luke com uma cara nada amigável. Sorri de lado e tentei me afastar dele, mas ele me segurava com força.

— Eu não mereço uma dança não? — Ele sussurrou.

— Não, cadê minha irmã? — Perguntei.

— Está em casa, a deixei lá. Vem cá…

— Não, me solta Luke. O que aconteceu antes não vai se repetir.

Ele me pressionou contra a parede e se aproximou de mim. Tentei não me abalar com isso.

— Para Luke, eu não quero mais nada disso.

— Eu só vou acreditar nisso quando você me olhar e seus olhos dizer a mesma coisa que você me fala. Pois você fala isso, mas seus olhos me dizem outra coisa. — Ele sorriu, me dando um selinho.

— Não é verdade.

— Você sabe que é, não dá pra negar. — Ele sussurrou em meu ouvido, mordendo devagar minha orelha.

Me segurei nele sentindo minha pele se arrepiar.

Um funk começou a tocar e ficamos ali dançando coladinhos. Ele estava me deixando louca, mas eu não ia fazer nada.

— Está bom, se afasta. — Eu falo, me afastando dele. — Não podemos dar mole aqui Luke.

— Eu sei, mas eu não resisto… Eu tento te ignorar, mas não consigo.

— Luke, você vai correr hoje? — Um rapaz apareceu do nosso lado, perguntando a ele.

— Vou sim, coloca meu nome lá. — Luke respondeu e o homem concordou, nos deixando a sós.

— Você vai me assistir? — Ele me pergunta.

— Não, eu vou embora, já estou bêbada.

— Cuidado viu? Agora vem cá… — Ele me puxou pelo o cabelo, quase colando nossas bocas.

— Não, sai, afasta Luke.

— Me da um selinho?

Revirei os meus olhos e me aproximei dele. Encostei nos seus lábios e ele me agarrou, não deixando me afastar. Quando consegui, o empurrei e o deixei sozinho. Idiota.

Fui atrás da Lola pra irmos embora. Estava irritada e frustrada, mesmo não ficando com ele, não dava pra negar que eu queria ficar com ele. Ele como sempre estava certo, eu dizia não querer, mas meus olhos diziam outra coisa.

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