O garçom entrou, a viu chorando e ficou sem saber o que fazer. Mas, quando Anne ouviu o barulho da porta se abrindo, levantou a cabeça e enxugou as lágrimas do rosto. Olhando para os pratos nas mãos do garçom, ficou consternada. Ela sabia que os pratos servidos não poderiam ser devolvidos e ela não tinha nem apetite, nem disposição para comer, depois daquela conversa. Tudo o que ela queria era pagar a conta e ir embora. ― Você quer que eu embale para viagem? ― Disse o garçom, estupefato. Mas, Anne se levantou e disse:― Não precisa, você pode comer tudo, se quiser! ― Ainda sob o olhar surpreso do garçom, Anne saiu da sala. Entretanto, quando foi pagar as contas, notou que Sarah já havia pagado. Então, simplesmente, se virou e saiu.Caminhando pela avenida, Anne sentiu-se tonta. O que era real em sua vida? Pois, tudo parecia ser uma imensa trama de mentiras. Depois de pegar um taxi e voltar para casa, Anne caiu na cama, sem forças para mais nada. O telefone tocou em
‘Claro, obviamente ela não vai resistir, não é?’ ― Sim, eu sei. O que mais você quer me dizer? ― Anthony perguntou, passando o dedo pelo lábio da jovem. Anne abaixou a cabeça e mordeu o dedo indicador de Anthony, com força. Ao que Anthony franziu a testa. Mas, em vez de quebrar os dentes dela com um soco, como seu primeiro impulso o obrigava a fazer, ele sorriu e perguntou:― Você gosta de morder, hein? ― Sim, Anne queria morder seus dedos. Ela odiava tudo aquilo e achava injusta sua situação. Por que deveria ser seu destino pagar as dívidas de sua mãe?Para Anthony aquilo fazia sentido e ele aproveitaria aquela noite até as últimas consequências. No dia seguinte, quando Anne acordou, já era de tarde. Seu corpo doía e ela se sentia péssima. Mas, se vestiu e arrastou o corpo fraco escada abaixo até parar no sofá do salão de entrada e olhar em volta. Então se lembrou de um detalhe da noite anterior. Antes de ser abusada por Anthony, quando passavam pela sala, sua bols
― Você contou ao Ron? ― Sarah perguntou ansiosamente, incapaz de se acalmar ― Ron veio me perguntar se eu tive algum filho antes de me casar com ele. Foi porque você disse alguma coisa? Não pode ter sido o Gregory, então deve ter sido você! ― ― Não. Não fui eu. Tchau. ― Anne desligou sem esperar resposta. Ela não queria mais falar com Sarah. Ainda irritada, a jovem colocou o telefone ao lado dela e continuou a comer. Anthony não disse nada. No entanto, Anne soube que o homem já tinha descoberto essa informação, sabe-se lá desde quando. ― Você contou para a família Marwood? ― Perguntou Anne. ― Se eu contei, o que haveria de errado nisso? ― Anthony perguntou. Ele estendeu a mão para segurar o queixo de Anne e o ergueu. ― Eu estive esperando por este dia, por muitos anos. Deixe meu velho ver a verdadeira identidade de Sarah. ― Anne olhou para aqueles olhos negros de águia. Suas pupilas se contraíram e ela tremeu ligeiramente. ― Você me odeia? ― Anthony olhou para
A maneira como Sarah estava lá fora chamando seu nome repetidamente só a fez se sentir mais deprimida e confusa. Talvez, sabendo que Anne não abriria, Sarah finalmente cansou de chamar o nome da filha e saiu. Anne continuou sentada com as costas apoiadas na porta. Seus olhos estavam lacrimejantes. Afinal, estava ciente das consequências irreversíveis no meio dessa confusão, ou seja, assim que se divorciasse, Sarah voltaria a maior parte de sua atenção para Anne. E isso tornaria muito mais difícil de manter os trigêmeos em segredo. Quanto mais ela ponderava sobre isso, mais pânico ela sentia. Então, talvez não fosse o melhor momento para Sarah se divorciar de Ron. Mas, o que Anne deveria fazer? Ela realmente deveria ir até Anthony e implorar, assim como Sarah tinha sugerido que ela fizesse?Mas, conseguir o divórcio de Ron e Sarah era justamente o objetivo de Anthony. Por que ele desistiria disso? Anne apoiou a nuca contra a porta de madeira, seus pensamentos correndo. Não hav
Anne ainda queria se encontrar com Anthony, mas parecia um mau momento para fazê-lo e ela não teve outra opção, a não ser ir embora.Mais à noite, em um restaurante sofisticado, Anthony e Bianca jantavam juntos em uma sala privativa. Bianca olhou para o homem sentado à sua frente. Ela sempre tinha gostado dele e não conseguiu esquecê-lo mesmo quando se mudou para o exterior. Depois de todos esses anos, ele parecia ainda mais charmoso do que antes. Felizmente, a idade também tinha favorecido a mulher, que tinha adquirido curvas mais sedutoras e uma expressão madura em seu rosto.Bianca disse:― Não estou nem um pouco surpresa em ver tudo o que você conquistou. Aos meus olhos, você sempre foi incrível. ― Anthony olhou para ela, mais de perto.― Mas, você ainda é a mesma de antes. ― Bianca sorriu elegantemente.― Como assim? ― Anthony sorriu e não respondeu. Ele ergueu o copo e brindou. Seus lábios tomaram um gole do vinho tinto e ficaram levemente úmidos. Bianca co
― Como assim? ― O rosto de Anne imediatamente empalideceu. ― Foi muito ruim? ― ― Não. Como eu disse, não foi nada grave e ela está bem. Foi levada diretamente para a enfermaria e agora está aqui, brincando no meu escritório. Liguei porque é política da escola informar quando isso acontece e pedir um milhão de desculpas pelo acontecimento. Você vem hoje? ― Lucas se desculpou sinceramente. Anne tocou a própria testa e percebeu que estava gelada, por causa do choque. Mas, ela respirou fundo e respondeu:― Não se preocupe com isso. Fico aliviada que está tudo bem! Irei assim que terminar de almoçar. ― ― Certo. ― Lilian voltou para seu lugar rapidamente após escutar a conversa e fingiu que nada havia acontecido. Anne voltou e Lilian perguntou:― Você está pálida, aconteceu algo? ― ― Nada demais. Uma colega se machucou e me ligou para dizer que já estava bem. ― Anne e Lilian terminaram de comer e a amiga se ofereceu para levar a jovem para a clínica, mas Anne recusou.
Anne deixou as crianças no dormitório da escola naquela noite e partiu para a Mansão Real. Assim que entrou pelo portão da frente e viu o agourento carro de Anthony, sua memória celular disparou uma crise de ansiedade. Mas, a jovem enfrentou seus temores e seguiu até a porta da frente.A porta estava aberta, mas a jovem parou abruptamente quando levantou a cabeça e olhou para o interior da sala de estar.Anthony estava sentado no sofá e em seus braços estava a mulher que Anne viu na recepção da empresa. O magnata pareceu um pouco atordoado ao ver Anne ali, mas não soltou a mulher em seus braços. Entretanto, Bianca percebeu a atmosfera estranha e virou o rosto. Quando viu a garota de aparência inocente parada na soleira de entrada, endireitou o corpo imediatamente, se afastando um pouco do homem. Entretanto, não pareceu ficar muito desconfortável, como se fosse perfeitamente normal estar em tal situação. De qualquer forma, olhou confusa para Anne, sem conseguir entender por que
Anne nunca tinha apagado o número de Tommy de seus contatos porque nunca se importou muito com isso. Além disso, desde a traição de Tommy, eles naturalmente não tinham mais se falado. Então, por que Tommy ligava para ela? ― Mamãe, é um cara mau? ― Chris perguntou. Anne afastou seus pensamentos e fez um carinho na cabecinha dele:― Não. ― Para não preocupar as crianças, ela foi até a varanda atender a ligação, como sempre fazia.― Por que você está ligando? ― ― Estou na cidade e gostaria de vê-la. ― Disse a voz profunda do rapaz. Anne não conseguia pensar em nenhum motivo para aceitar aquele convite. ― Acho que não há necessidade disso. ― ― Por que não? Tenho algo interessante para compartilhar com você. ― A testa de Anne franziu ligeiramente. Que coisa interessante Tommy poderia ter para compartilhar com ela? De qualquer forma. Não valia a pena confiar nele. ― Não estou interessada... ― Disse Anne. Tommy percebeu que ela estava prestes a desligar e decid