Se Clara conseguisse se casar com Henrique, ela se tornaria a esposa do primogênito da família Aragão. Após a morte de Marcos, Henrique, sem dúvida, assumiria a liderança da família. Nesse momento, ela passaria a ser a invejada esposa de um magnata. Enquanto Clara sonhava acordada com sua futura vida maravilhosa, alguém lhe bateu no ombro com força. Levantando os olhos, se deparou com o rosto confuso de Felipe:— Por que está rindo sozinha?Clara tocou a própria bochecha com a mão, percebendo que havia perdido a compostura. Rapidamente, ajustou sua expressão facial e balançou a cabeça para Felipe.— Não é nada.O olhar de Felipe se demorou no rosto de Clara por um momento. Então ele balançou a cabeça lentamente e caminhou com passos largos e despreocupados em direção ao horizonte.À tarde, Henrique preparou todos os materiais necessários para Solange. Ele a observava atentamente enquanto ela trabalhava de maneira organizada e metódica, um olhar de satisfação surgindo em seus olhos
Todos no laboratório sabiam que Henrique era famoso por ser um maníaco por experimentos. Quando começava a trabalhar em um experimento, ele esquecia do tempo e, se ficava tarde, simplesmente dormia no sofá para continuar trabalhando ao acordar. Ele era como um pião incansável. Uma vez, se tornou o verdadeiro exemplo de modelo de trabalho na mente dos três. Neste momento, quando Henrique sugeriu ir embora, todos ficaram surpresos. Ao verem Solange ao seu lado, que parecia pronta para cair de sono, entenderam. Henrique estava preocupado que Solange não tivesse descansado bem. Marina disse, sorrindo:— Tudo bem, então vocês podem ir primeiro. Eu ainda tenho um pouco de trabalho para terminar aqui, depois eu vou.Felipe concordou:— Eu vou com Marina.Depois que Henrique e Solange saíram, Clara, que ficou em silêncio o dia todo, finalmente falou, com um tom de escárnio:— Não aguenta um pouco de sofrimento e ainda quer fazer pesquisa? Se todo mundo no time fosse assim, aposto que nã
Olhando nos olhos claros de Solange, o peito de Marcos começou a aquecer gradualmente. Ele morava na complexa família Aragão, onde seu pai biológico, fraco e decadente, nunca lhe ofereceu um pingo de carinho. Sua mãe biológica o via como um inimigo, desejando ter o estrangulado ao nascer. Seu avô e seu irmão o tratavam bem porque sentiam que lhe deviam algo, então tentavam compensá-lo tanto quanto possível. Apenas Solange se aproximava dele a qualquer custo.Nos poucos dias desde que se casaram, Marcos de repente sentiu um desejo de viver que nunca teve antes. Antes, ele não tinha nada. A vida para ele era dispensável, algo que poderia ser descartado a qualquer momento. Mas agora, ele tinha Solange. Sua vida agora tinha alguém que se importava. Ele de repente queria viver. Queria protegê-la com suas asas para que ela tivesse uma vida sem preocupações, pacífica e próspera.Marcos segurou firmemente a cintura delicada e suave de Solange com uma mão, enquanto com a outra acarici
Ele não queria ser lembrado dessa maneira, nem desejava deixar cicatrizes ainda mais profundas nas pessoas mais próximas a ele. Por isso, optou por se disfarçar com indiferença e se afastar de todos ao seu redor. Durante esses anos, Marcos sempre manteve uma aparência fria e distante, foi a aparição de Solange que quebrou essa fachada. Por mais de vinte anos, Henrique viu pela primeira vez uma característica infantil em seu irmão. Sorrindo, Henrique sentiu os olhos um pouco ácidos, e sua visão gradualmente se turvou. Ele levantou a mão para enxugar o canto dos olhos, só então percebeu que seus olhos já estavam úmidos.Por outro lado, assim que Solange entrou no carro, o sono a dominou imediatamente. Não demorou muito para que ela adormecesse. Marcos já estava acostumado com Solange falando sem parar ao seu ouvido, como um pequeno alto-falante que nunca se cansava, ansiosa para compartilhar cada evento interessante que encontrava. Hoje, contudo, Solange estava surpreendentemente
— Não, não precisa. Só um beijo está bom. — Disse Solange, piscando seus olhos claros e úmidos, olhando atônita para o homem à sua frente. Anteriormente, bastava ela fazer birra que ele a beijava obedientemente. Por que desta vez era diferente?Marcos respondeu:— Isso eu não posso fazer. Se você machucar a cabeça, meu avô me mata. Melhor irmos ao hospital para checar.Ao dizer isso, Marcos começou a ligar o motor, se preparando para levar Solange ao hospital. No segundo seguinte, a mão pequena e delicada de Solange tocou o dorso da mão dele:— Não, não vá. Estou bem, sério! Não quero mais o beijo.Solange recolheu sua mão com uma expressão de mágoa, e seus olhos rapidamente se encheram de lágrimas. Vendo isso, Marcos imediatamente perdeu o humor. Seu olhar se endureceu e ele rapidamente se inclinou para a frente:— Está brava?— Não.Solange disse isso, mas seu corpo se virou para a porta do carro. Ela deu as costas para Marcos, deixando apenas a visão de sua nuca redonda. Marc
Se lembrando das pesquisas do dia, os ombros de Solange caíram instantaneamente:— Estou realmente exausta. Não sei como Henrique e os outros conseguem manter isso todos os dias por anos.Solange achava difícil imaginar que alguém pudesse se dedicar tanto a uma única coisa. Desde pequena, sempre se interessou por novidades. Se algo lhe parecia interessante, ela aprendia apenas para se divertir por um tempo. Quando se cansava, passava para a próxima coisa. Aprendia mais rápido do que outras crianças da mesma idade, então, mesmo que estivesse apenas brincando, se mostrava mais capaz que muitos. Além disso, possuía uma memória fotográfica. Mesmo não entendendo muitas coisas na infância, à medida que crescia, conseguia compreender rapidamente os assuntos profundamente e até fazer conexões com outras questões. Por isso, desde cedo, Solange nunca teve muita paciência para persistir em algo por muito tempo. Ela achava difícil imaginar alguém gastando dez a vinte horas por dia, incansave
Ele levantou a cabeça e encarou Virgínia, que estava nos degraus, com um olhar repleto de escárnio:— Mesmo que eu esteja perdendo a face, o que isso tem a ver com você?— Você! — Virgínia prendeu a respiração, olhando para Marcos com uma expressão de choque. — Eu sou sua mãe!— Você merece ser? — Zombou Marcos friamente, seus olhos profundos tumultuados como uma tempestade feroz.Ele mal abriu os lábios, um sorriso frio e fino emergindo nos cantos de sua boca. As palavras que pronunciou fizeram as pernas de Virgínia fraquejarem, quase a fazendo cair ao chão.— Desde que nasci, você me abraçou ao menos uma vez? Se importou comigo? Nas reuniões de pais, sempre era o avô que ia. E você? Onde estava nos anos em que mais precisava de uma mãe?Marcos encarou a mulher à sua frente, sentindo um senso de abandono brotar em seu coração.— Se você escolheu me abandonar antes, por que agora acha que tem o direito de reivindicar ser minha mãe? Você merece? — Marcos desviou o olhar e deu um passo à
Os lábios levemente frios tocaram suavemente a bochecha delicada e pálida. Se Solange estivesse acordada, certamente perceberia que aqueles lábios macios e frios tremiam levemente. A voz profunda do homem ecoou pelo quarto espaçoso, carregada de um certo encanto enigmático:— Solange, talvez eu sempre tenha sido uma pessoa egoísta. Desde o momento em que você tropeçou em meus braços, nunca pensei em deixar você ir.Ele poderia dar a ela tempo para crescer lentamente, e também esperar que ela entendesse o que era o amor. Mas, enquanto ele vivesse, nunca deixaria que Solange tivesse outra opção.O homem se inclinou para frente, seus olhos profundos fixos em Solange adormecida, mostrando um desejo intenso de posse.Quando Solange acordou, já era meia-noite. O outro lado da cama estava vazio, sem nenhum vestígio de calor. Esfregando os olhos, ela se levantou e olhou ao redor do quarto casualmente, parando abruptamente ao ver algo.Na mesa de cabeceira, que antes tinha apenas um abajur,