—Senhores, poderiam dizer ao seu diretor que não quero falar com ele? —Anna respondeu, irritada.
Um dos agentes moveu a cabeça de um lado para o outro, evitando o olhar com um gesto de paciência.
—Com licença, senhora, mas devemos cumprir o que nos foi ordenado. Por favor, junte-se a nós.
Relutantemente, Anna foi forçada a segui-los pelos corredores largos e frios do hospital até o escritório do diretor.
Ao chegar, a porta se fechou atrás dela com um clique agudo e ela sentiu o espaço encolher até esmagá-la.
A amarga familiaridade de sua última lembrança naquele lugar de repente tomou conta dela, formando um nó em sua garganta.
“Nunca fiz planos com você”, essas palavras se repetiam em sua mente como um mantra doloroso.
Mikhail estava atrás de sua mesa de mogno, com seu profundo olhar verde fixo nela.
"Venha buscar o menino", pediu ele, apertando o interfone com os dedos tensos.
Anna segurou a mão de Lucas.
“Não, Lucas vai ficar comigo”, respondeu ele com os olhos cheios de desconfiança, colocando a criança nas costas e abraçando-a com força.
A secretária, assim que entrou, olhou para Mikhail e depois para Anna sem saber o que fazer.
"Eu disse para levar a criança", Mikhail repetiu amargamente, e sua secretária tremeu ligeiramente, mostrando sua indecisão.
“Anna, vou cuidar bem dele, prometo”, garantiu a secretária, tentando transmitir segurança, já que a conhecia há anos.
—E eu, que sou mãe dele, disse que não. “Meu filho fica ao meu lado e pronto”, gritou Anna, mostrando um personagem que Mikhail não conhecia.
"Como você ousa gritar comigo"
"Muito bem", disse Mikhail, assumindo um tom ameaçador enquanto seus lábios formavam uma linha dura, "então não tenho problema em confrontá-lo na frente do garoto." Já fiz isso no elevador.
Anna, embora cheia de ressentimento, finalmente concordou com um gesto brusco em mandar levar Lucas, que com seus olhinhos verdes e inocentes, cheios de medo e confusão, olhou para a mãe, quando ela saiu da sala.
O silêncio caiu pesadamente no escritório quando a porta se fechou.
Mikhail olhou para suas próprias pernas imóveis por um momento, antes de erguer os olhos para Anna, com desdém e amargura.
—Diga-me, Anna, você está feliz em me ver assim? Imagino que te encha de alegria saber que sou inútil. Você comemorou esse dia? Você disse “ele me rejeitou, me machucou, mas acabou pior do que eu”?
Anna balançou a cabeça tristemente, sentindo uma onda de culpa tomar conta dela.
—Não, Mikhail. Não era isso que eu queria. Sinto muito pelo que aconteceu, não sabia que você estava...
“Paralítica,” Mikhail completou para ela, deixando a palavra pairando no ar como uma faca. Vamos lá, o que é difícil para você dizer? Diga, repita: "Mikhail, você ficou paralisado."
Anna sentiu que aquelas palavras penetraram mais fundo nele do que nela, e Mikhail, ao vê-la franzir a testa, soltou uma risada sarcástica, torcendo o rosto em uma careta de amarga satisfação.
Anna se agachou ao lado dele, num gesto cheio de desagrado.
-Desculpe. Lamento que você esteja nesta situação para me salvar. EU….
Mikhail olhou para ela com atenção, como se tentasse ler sua alma através dos olhos dela, e sua expressão se contorceu de dor e ressentimento.
—Claro, agora você sente muito. Mas onde estava sua compaixão quando você não veio me ouvir? "Passei meses na cama e esperava que você pelo menos se dignasse a vir me agradecer", respondeu ele, antes de estender a mão e puxá-la com força em direção às suas pernas, impedindo-a de se levantar enquanto ele apertava seu pescoço com uma força surpreendente.
—Me solta! —Anna gritou, tentando beliscar uma das pernas dele em desespero.
-Fala! Quem é o pai da criança? —ele exigiu em voz alta, cravando os dedos mais fundo em seu pescoço, e Anna estava com dificuldade para respirar. —. Por que ele me chamou de pai?
Anna, atordoada e assustada, sentiu o coração batendo forte no peito.
Ela lutou para se libertar, sentiu falta de ar, mas Mikhail não a deixou ir.
Ele sabia que se Mikhail descobrisse a verdade, poderia tentar tirar a criança dele.
—O pai está esperando em casa. "Meu... meu marido está esperando por nós", ela mentiu, tentando confundi-lo, enquanto seu olhar estava cheio de um lampejo de desespero.
—Só voltei aqui para salvar meu filho. Assim que conseguir, irei embora e não voltarei, nunca prometo.
“Simplesmente assim”, Mikhail resmungou ironicamente para si mesmo.
Ele olhou para ela com intensa fúria, cravando os dedos em seu ombro, e Anna, desesperada, continuou a se mexer.
Fora do escritório, as reclamações de ambos foram claramente ouvidas. Fazendo com que o assistente de Mikhail, negligenciando Lucas por um segundo, se aproximasse de sua mesa.
Ela tirou o telefone da bolsa e ligou para a noiva de Mikhail, Maria, que também era sua amiga íntima.
—Maria, você tem que vir. “Anna está de volta... e tem um filho com ela”, disse ele, sussurrando ao telefone.
María, que por acaso estava perto do hospital, chegou rapidamente acompanhada por vários agentes de segurança.
Com passos rápidos e decididos, dirigiu-se ao escritório de Mikhail e abriu a porta.
Lá dentro, ele encontrou Anna nas pernas de Mikhail, lutando com ele, mas seus rostos estavam tão próximos e seus olhos tão fixos que parecia que eles estavam prestes a se beijar.
Só então, Mikhail empurrou Anna, que caiu no chão, atordoada e ofegante.
—O que está acontecendo aqui?! —Maria exclamou indignada, mas percebendo o olhar frio de Mikhail, ela apontou para Anna.
—Anna está aqui para te machucar de novo, Mikhail! Agentes, tirem-na daqui e não a deixem voltar para o hospital!
Os agentes se aproximaram de Anna, prontos para agarrá-la, porém, o som que a porta fez ao abri-la fez com que seus rostos se virassem.
Lucas entrou correndo.
-Mãe! —ele gritou com os olhinhos cheios de terror. Enquanto ele colocou as mãos no peito e começou a respirar pesadamente.
Anna se contorcia desesperadamente nos braços dos seguranças, sentindo como se seu coração batesse a mil quilômetros por hora e sua visão estivesse nublada pelo pânico. "Me soltem, seus bastardos miseráveis!" — ele gritou como uma fera enlouquecida. Mikhail, observando com horror o pequeno corpo de Lucas tremer e seus olhos revirarem, virou a cadeira na direção dos agentes com uma expressão de autoridade que não admitia discussão.-Parar! —ordenou com firmeza e gelo—. Solte-a agora!Anna não conseguia pensar em mais nada, mas o instinto de sua mãe e sua formação médica a levaram a agir. Ajoelhou-se ao lado do filho e embora tentasse manter a calma, suas mãos não paravam de tremer. —Não, por favor! Lucas, respira! Vamos, meu amor, respire! — ele implorou, iniciando a RCP e ignorando tudo ao seu redor."Por favor, aquele garoto está agindo", murmurou a noiva de Mikhail, com os olhos ardendo de ciúme.—Mikhail, você não pode estar falando sério! Ela está aqui para lhe causar problemas
Invadida pela raiva, María voltou-se para Anna, com uma fúria contida que prometia tempestades.—Ah, olha quem voltou. "A grande vadia aproveitadora", disse ele sarcasticamente, com um tom que soava como gotas de veneno letal. Só vim te dizer que você não vai conseguir o que quer. Eu sei o que você está fazendo. Você está tentando usar aquele garoto doente para colocar Mikhail de volta na prisão.Anna olhou para ela com descrença e fúria, mas seus olhos percorreram a sala, procurando alguma indicação da armadilha que havia sido preparada para ela, aquela mulher desastrosa que, no passado, usou o engano para destruir sua vida.—Isso não é verdade. "Eu nunca faria algo assim", disse ele indignado, sentindo a raiva queimando dentro dele. Agora, saia antes que eu chame a segurança.A noiva de Mikhail deu um passo à frente, com um sorriso malicioso e arrogante que fez a pele de Anna arrepiar.—Me levar para sair? Ele riu com um ar de arrogância tão denso que você quase poderia cortá-lo. Eu
Anna mordeu o lábio inferior com força. Pensar que foi muito egoísta da parte dela sacrificar o filho por medo de que ele fosse tirado dela a fez pular da cama."Vou tentar", disse ela quase num sussurro, como se estivesse respondendo a si mesma. Farei tudo o que puder para convencê-lo.O médico assentiu.— Farei os preparativos necessários assim que o Sr. Petrov aceitar. Por favor, fale com ele o mais rápido possível.Anna assentiu, sentindo um peso exaustivo sobre os ombros.Quando a médica saiu do quarto, ela se aproximou da cama do filho e acariciou suavemente seu rosto.—Vou fazer todo o possível, meu amor. “Eu prometo,” ela murmurou, sentindo suas lágrimas começarem a brotar.Enquanto isso, em seu escritório, Mikhail abriu a primeira gaveta de sua mesa e tirou os resultados do último estudo realizado, notando sua arma embaixo.“Anna, não posso morrer sem você morando no meu inferno”, pensou ele, lembrando-se dos pensamentos suicidas que passaram por sua cabeça.Saber que a possi
—Não te reconheço, Mikhail. Como você pode negociar com a vida de uma criança? “Nunca pensei que você fosse tão ruim”, disse Anna com decepção. Ele, por um momento, sentiu-se mal, mas imediatamente retomou o semblante frio e encolheu os ombros.—Não estou negociando com a vida do seu filho; Eu faço isso com você. Você precisa de um favor meu e só estou pedindo algo em troca.Anna deu um passo à frente, embora tremesse de impotência.—Posso te implorar de joelhos se isso te faz sentir bem, mas o que você me pede é baixo.—Aconselho você a não perder tempo. Se você se ajoelhar, minha proposta permanecerá a mesma.Anna não pensou nisso; Ela estava com tanta raiva que se virou para a porta.—Amanhã a esta mesma hora, minha oferta foi cancelada.Anna apertou a maçaneta da porta com tanta força que, se não fosse de metal, teria virado pó.Embora quando decidiu entrar no cargo tenha deixado de lado a dignidade e o orgulho, essa proposta desencadeou uma batalha feroz entre sua mente e seu cor
A senhora tirou um envelope e entregou-o a Anna.—Eu quero que você vá. Aqui você tem dinheiro suficiente para cobrir as despesas médicas do seu filho em outro país. Este hospital não é o único lugar onde você pode ser tratado.Anna olhou para o envelope com desprezo.—Eu não vou embora. Fiz a minha pesquisa e sei que este hospital é o único lugar onde o meu filho pode ser salvo. Sua doença é rara e complexa e em muitos lugares eles se recusam a operá-lo.A senhora franziu a testa, visivelmente irritada.—Não seja estúpido. Pegue o dinheiro e vá embora. Não me deixe com raiva e mude meu método.Anna ergueu o queixo com determinação.—Você não pode me comprar e sabe disso muito bem. Se você não conseguiu isso no passado, menos ainda agora. Não me sinto intimidado pelas suas ameaças. Meu filho é a única coisa que importa e farei o que for preciso para salvá-lo.A senhora, furiosa, levantou-se e jogou o envelope na cara dele.Instintivamente, Anna fechou os olhos, sentindo as notas solta
—Fique nu e vá para a cama.Anna sentiu como se uma faca fosse cravada em seu peito, a dor tão aguda que lhe tirou o fôlego. Ele cerrou os punhos, mordendo a parte interna da bochecha até que um gosto metálico encheu sua boca.“Não esqueça que essa humilhação é pela vida do Lucas” A humilhação foi tão intensa que lágrimas começaram a brotar de seus olhos, mas ela se recusou a deixá-las cair. Ela estava paralisada, como se o mundo tivesse parado ao seu redor, incapaz de decidir o que fazer.Mikhail girou em sua cadeira de rodas, observando o conflito no rosto dela. Vê-la tão perdida e afetada o fez sentir uma estranha satisfação, mas ao mesmo tempo, uma sombra de dúvida passou por sua cabeça. Eu estava sendo muito cruel? Não entendendo bem o impulso, ele rolou um pouco em direção a ela, quase sentindo a necessidade de se desculpar, de suavizar o golpe que lhe desferira. Mas nesse momento o telefone vibrou em seu bolso, quebrando o feitiço."O que diabos estou fazendo?" ele se repre
—Querido, me diga o quão pouco o Lucas está. “Tenho uma surpresa para você”, disse uma voz masculina do outro lado da linha, doce e despreocupada.Mikhail sentiu o sangue ferver. Sua pele ficou vermelha, as veias de sua testa pulsavam furiosamente.-Quem é você? ele rugiu, sua voz tão profunda que parecia um rosnado.—Pergunto a mesma coisa. Quem é você e por que está atendendo o telefone de Anna? — respondeu a voz do outro lado da linha, com um tom firme que só alimentou a raiva de Mikhail.Antes que ele pudesse responder, Anna saiu furiosa do banheiro, arrancando o telefone dele com raiva queimando em seus olhos.“Iván, te ligo mais tarde”, disse rapidamente ao telefone, sem esconder a angústia na voz.—Anna, mas... você está bem? "Não se preocupe, entrarei em contato com você mais tarde", disse Anna, tentando acalmar a voz, mas sua preocupação só deixou Mikhail mais irritado.Embora ela se regozijasse interiormente, acreditando que havia alcançado seu objetivo de causar problemas
Anna estava prestes a puxar a maçaneta da porta da frente, sentindo o metal frio sob sua mão trêmula, quando a campainha tocou e seu coração disparou e, em meio à tristeza, uma centelha de esperança tomou conta dela, apenas ser rapidamente reprimido por uma onda de raiva. Ela estava pronta para confrontar Mikhail, exigir respostas e acusá-lo de ter prometido a ela algo que no final ele não cumpriria. «Foi tudo uma estratégia para me desprezar, mas ele não conseguirá o que quer. Usar a vida do meu filho para seu plano malicioso foi seu pior erro, ele pensou, sentindo a raiva girando dentro dele enquanto seus punhos cerravam até que suas unhas cravassem na palma de suas mãos.“Acho que não vou deixar...” ela disse com os lábios tensos, enquanto abria a porta com uma velocidade que traía seu desespero, na esperança de encontrá-lo ali, do outro lado, pronto para enfrentar sua ira. Mas o que ele viu deixou sua expressão completamente perturbada.Ali, parado na porta, não estava Mikhail,