O coração de Anna disparou. Embora ele estivesse chocado e não pudesse acreditar que Mikhail estava paralisado, apesar de sua descrença, ele evitou seu olhar.
Ele precisava tirar o filho de lá; ele não queria que Mikhail estivesse perto de Lucas.
A sala de espera do hospital estava lotada, mas para Anna o mundo estava reduzido a um pequeno espaço onde existiam apenas ela, seu filho e o homem que ela amava.
“Querido, o médico está nos esperando, temos que ir”, disse Anna, segurando a mão de Lucas com uma urgência mal contida.
“Mãe, tenho que me despedir do papai”, insistiu o menino, com os olhos cheios de confusão e uma leve tristeza.
“Não, esse homem não é seu pai, não diga isso”, Anna repreendeu, colocando a mão no ombro do menino e quase o forçando a andar, fingindo não ter visto Mikhail.
Anna sentiu os joelhos tremerem de nervosismo. Ele tinha medo de que Mikhail descobrisse que Lucas era seu filho e quisesse tirá-lo dele, embora tivesse consciência de que esse encontro aconteceria quando ele visitasse aquele local.
Suor frio escorria por seu pescoço e sua respiração tornava-se cada vez mais difícil.
Mikhail também virou o rosto, cerrando os punhos até que os nós dos dedos ficaram brancos e os olhos, escuros e penetrantes, se estreitaram de dor e fúria. Ele fingiu não notar Anna, mas um profundo ressentimento queimou dentro dele.
Ele odiava vê-la, lembrava-se com amargura de como ficara paralisado por salvá-la e de como ela desaparecera do hospital sem sequer agradecer.
Anna se aproximou do elevador. Apertou o botão com impaciência, ansioso para que as portas se abrissem rapidamente para evitar qualquer encontro com Mikhail.
Porém, para azar deles, ele chegou a tempo e entrou no elevador atrás deles.
O som da porta se fechando ecoou como o rufar de tambores nos ouvidos de Anna.
A atmosfera ficou tensa. Lucas, alheio à tensão, olhou para Mikhail com curiosidade, fascínio e inocência, tentando alcançar com os dedos uma das rodas de sua cadeira.
—O que houve, Lucas? —Mikhail perguntou com uma voz profunda.
Antes que o garoto pudesse responder, Mikhail interrompeu.
"Então ele é seu filho?" —ele perguntou sarcasticamente, erguendo uma sobrancelha e fixando o olhar em Anna.
Anna engoliu em seco, sentindo um nó na garganta que dificultava a respiração.
"Sim, ele é meu filho", ela respondeu sem olhar para ele, concentrando sua atenção no botão do elevador como se fosse sua única saída.
A risada seca e aguda de Mikhail ecoou, preenchendo o pequeno espaço.
—E quem é o pai sortudo? Um homem rico cuja fortuna você tirou?
Anna olhou para ele.
"Você não tem o direito de falar assim comigo!"
Ele olhou para ela com desprezo e começou a estalar a língua zombeteiramente. Sua mandíbula estava cerrada e sua postura rígida, quase desafiando o desconforto da cadeira.
—Tenho direito a muitas coisas, Anna, porque você arruinou minha vida. Embora você tenha mudado, você ainda é o mesmo garimpeiro de sempre.
Apesar de se sentir magoada, Anna endireitou os ombros e ergueu o queixo, determinada a não demonstrar fraqueza.
—Você não sabe nada da minha vida, Mikhail. Você não tem ideia do que eu passei.
-E? Você espera que eu tenha pena de você? Conheço o seu tipo, Anna. Não importa quantos homens ricos você pegue, você sempre será uma mulher pobre. E agora parece que você está criando seu filho sozinho.
Anna cerrou os dentes e seu olhar endureceu.
—Minha vida e as decisões que tomei não dizem respeito a você. Você não sabe de nada. Nem você tem a qualidade moral para me apontar isso; Você arruinou minha vida também. Não se vitimize. Você me usou e, quando me usou, me tirou da sua vida como se eu fosse uma toalha descartável.
Lucas, medroso, puxou o braço da mãe, parecendo preocupado com os olhos grandes cheios de perguntas que não ousava fazer.
-Mãe…
Anna acariciou gentilmente a cabeça dele, tentando transmitir uma calma que ela mesma não sentia.
O elevador chegou ao seu destino e as portas se abriram. Anna e Lucas saíram rapidamente. Enquanto Mikhail os observava se afastar, sentiu uma pontada de dúvida que o paralisou por um instante.
Ele se virou para seu assistente, que permaneceu em silêncio.
“Descubra o que Anna Ivanova está procurando no meu hospital”, exigiu ele em tom autoritário.
"Sim, senhor", respondeu o assistente, pegando o telefone com mãos rápidas e eficientes.
Por sua vez, Anna entrou no consultório com passos firmes. A preocupação estava estampada em seu rosto, e a raiva mal contida a levou a se mover.
“Por favor, sente-se”, disse o Dr. Ricci, que estava revisando os relatórios médicos de Lucas.
—Senhora, depois de analisar os resultados, fica evidente que seu filho precisa de uma cirurgia urgente. O cirurgião cardiovascular mais proeminente, com alta probabilidade de sucesso em salvar a vida de seu filho, é…
A porta do escritório se abriu abruptamente. Mikhail fez sua entrada com uma presença imponente, fixando seu olhar em Lucas instantaneamente.
A aparição inesperada fez o Dr. Ricci erguer os olhos, surpreso, porque Mikhail, em seu papel de proprietário e diretor, nunca havia exercido sua autoridade para interromper uma consulta.
—Qual é o problema aqui? Mikhail perguntou com autoridade.
Anna olhou para ele com olhos brilhando de desconfiança. Ele se levantou da cadeira, colocando-se entre Mikhail e seu filho.
—O que você está fazendo aqui? Anna respondeu indignada. Você acha que não queremos pagar? O que vim aqui roubar de você? Eu não preciso do seu dinheiro!
O Dr. Ricci tentou interceder, levantando a mão em sinal de calma.
—Senhora, tenho certeza que o Dr. Mikhail só quer ajudar. Sua experiência pode ser crucial para Lucas.
Mas Anna não estava disposta a ouvir. Com um gesto enfático, agarrou com mais força a mão de Lucas, sentindo o tremor nos dedos do filho.
—Não quero sua ajuda. “Não precisamos de um diretor intrometido que só se preocupa com seus lucros”, ela retrucou, e antes que alguém pudesse impedi-la, ela deixou o escritório com Lucas a reboque.
Enquanto caminhava pelo corredor, seus passos ecoavam com fúria reprimida e os quadros nas paredes pareciam zombar de seu desespero; No entanto, dois agentes de segurança do hospital abordaram-no com cautela.
"Senhora, o diretor pediu para vê-la em seu escritório", informou um deles respeitosamente.
"Agora você quer falar comigo em particular?" —Anna respondeu, soltando algumas risadas secas—. Ele não se sente confortável com todas as coisas insultuosas que me disse!
—Senhores, poderiam dizer ao seu diretor que não quero falar com ele? —Anna respondeu, irritada.Um dos agentes moveu a cabeça de um lado para o outro, evitando o olhar com um gesto de paciência.—Com licença, senhora, mas devemos cumprir o que nos foi ordenado. Por favor, junte-se a nós.Relutantemente, Anna foi forçada a segui-los pelos corredores largos e frios do hospital até o escritório do diretor.Ao chegar, a porta se fechou atrás dela com um clique agudo e ela sentiu o espaço encolher até esmagá-la.A amarga familiaridade de sua última lembrança naquele lugar de repente tomou conta dela, formando um nó em sua garganta.“Nunca fiz planos com você”, essas palavras se repetiam em sua mente como um mantra doloroso.Mikhail estava atrás de sua mesa de mogno, com seu profundo olhar verde fixo nela."Venha buscar o menino", pediu ele, apertando o interfone com os dedos tensos.Anna segurou a mão de Lucas.“Não, Lucas vai ficar comigo”, respondeu ele com os olhos cheios de desconfian
Anna se contorcia desesperadamente nos braços dos seguranças, sentindo como se seu coração batesse a mil quilômetros por hora e sua visão estivesse nublada pelo pânico. "Me soltem, seus bastardos miseráveis!" — ele gritou como uma fera enlouquecida. Mikhail, observando com horror o pequeno corpo de Lucas tremer e seus olhos revirarem, virou a cadeira na direção dos agentes com uma expressão de autoridade que não admitia discussão.-Parar! —ordenou com firmeza e gelo—. Solte-a agora!Anna não conseguia pensar em mais nada, mas o instinto de sua mãe e sua formação médica a levaram a agir. Ajoelhou-se ao lado do filho e embora tentasse manter a calma, suas mãos não paravam de tremer. —Não, por favor! Lucas, respira! Vamos, meu amor, respire! — ele implorou, iniciando a RCP e ignorando tudo ao seu redor."Por favor, aquele garoto está agindo", murmurou a noiva de Mikhail, com os olhos ardendo de ciúme.—Mikhail, você não pode estar falando sério! Ela está aqui para lhe causar problemas
Invadida pela raiva, María voltou-se para Anna, com uma fúria contida que prometia tempestades.—Ah, olha quem voltou. "A grande vadia aproveitadora", disse ele sarcasticamente, com um tom que soava como gotas de veneno letal. Só vim te dizer que você não vai conseguir o que quer. Eu sei o que você está fazendo. Você está tentando usar aquele garoto doente para colocar Mikhail de volta na prisão.Anna olhou para ela com descrença e fúria, mas seus olhos percorreram a sala, procurando alguma indicação da armadilha que havia sido preparada para ela, aquela mulher desastrosa que, no passado, usou o engano para destruir sua vida.—Isso não é verdade. "Eu nunca faria algo assim", disse ele indignado, sentindo a raiva queimando dentro dele. Agora, saia antes que eu chame a segurança.A noiva de Mikhail deu um passo à frente, com um sorriso malicioso e arrogante que fez a pele de Anna arrepiar.—Me levar para sair? Ele riu com um ar de arrogância tão denso que você quase poderia cortá-lo. Eu
Anna mordeu o lábio inferior com força. Pensar que foi muito egoísta da parte dela sacrificar o filho por medo de que ele fosse tirado dela a fez pular da cama."Vou tentar", disse ela quase num sussurro, como se estivesse respondendo a si mesma. Farei tudo o que puder para convencê-lo.O médico assentiu.— Farei os preparativos necessários assim que o Sr. Petrov aceitar. Por favor, fale com ele o mais rápido possível.Anna assentiu, sentindo um peso exaustivo sobre os ombros.Quando a médica saiu do quarto, ela se aproximou da cama do filho e acariciou suavemente seu rosto.—Vou fazer todo o possível, meu amor. “Eu prometo,” ela murmurou, sentindo suas lágrimas começarem a brotar.Enquanto isso, em seu escritório, Mikhail abriu a primeira gaveta de sua mesa e tirou os resultados do último estudo realizado, notando sua arma embaixo.“Anna, não posso morrer sem você morando no meu inferno”, pensou ele, lembrando-se dos pensamentos suicidas que passaram por sua cabeça.Saber que a possi
—Não te reconheço, Mikhail. Como você pode negociar com a vida de uma criança? “Nunca pensei que você fosse tão ruim”, disse Anna com decepção. Ele, por um momento, sentiu-se mal, mas imediatamente retomou o semblante frio e encolheu os ombros.—Não estou negociando com a vida do seu filho; Eu faço isso com você. Você precisa de um favor meu e só estou pedindo algo em troca.Anna deu um passo à frente, embora tremesse de impotência.—Posso te implorar de joelhos se isso te faz sentir bem, mas o que você me pede é baixo.—Aconselho você a não perder tempo. Se você se ajoelhar, minha proposta permanecerá a mesma.Anna não pensou nisso; Ela estava com tanta raiva que se virou para a porta.—Amanhã a esta mesma hora, minha oferta foi cancelada.Anna apertou a maçaneta da porta com tanta força que, se não fosse de metal, teria virado pó.Embora quando decidiu entrar no cargo tenha deixado de lado a dignidade e o orgulho, essa proposta desencadeou uma batalha feroz entre sua mente e seu cor
A senhora tirou um envelope e entregou-o a Anna.—Eu quero que você vá. Aqui você tem dinheiro suficiente para cobrir as despesas médicas do seu filho em outro país. Este hospital não é o único lugar onde você pode ser tratado.Anna olhou para o envelope com desprezo.—Eu não vou embora. Fiz a minha pesquisa e sei que este hospital é o único lugar onde o meu filho pode ser salvo. Sua doença é rara e complexa e em muitos lugares eles se recusam a operá-lo.A senhora franziu a testa, visivelmente irritada.—Não seja estúpido. Pegue o dinheiro e vá embora. Não me deixe com raiva e mude meu método.Anna ergueu o queixo com determinação.—Você não pode me comprar e sabe disso muito bem. Se você não conseguiu isso no passado, menos ainda agora. Não me sinto intimidado pelas suas ameaças. Meu filho é a única coisa que importa e farei o que for preciso para salvá-lo.A senhora, furiosa, levantou-se e jogou o envelope na cara dele.Instintivamente, Anna fechou os olhos, sentindo as notas solta
—Fique nu e vá para a cama.Anna sentiu como se uma faca fosse cravada em seu peito, a dor tão aguda que lhe tirou o fôlego. Ele cerrou os punhos, mordendo a parte interna da bochecha até que um gosto metálico encheu sua boca.“Não esqueça que essa humilhação é pela vida do Lucas” A humilhação foi tão intensa que lágrimas começaram a brotar de seus olhos, mas ela se recusou a deixá-las cair. Ela estava paralisada, como se o mundo tivesse parado ao seu redor, incapaz de decidir o que fazer.Mikhail girou em sua cadeira de rodas, observando o conflito no rosto dela. Vê-la tão perdida e afetada o fez sentir uma estranha satisfação, mas ao mesmo tempo, uma sombra de dúvida passou por sua cabeça. Eu estava sendo muito cruel? Não entendendo bem o impulso, ele rolou um pouco em direção a ela, quase sentindo a necessidade de se desculpar, de suavizar o golpe que lhe desferira. Mas nesse momento o telefone vibrou em seu bolso, quebrando o feitiço."O que diabos estou fazendo?" ele se repre
—Querido, me diga o quão pouco o Lucas está. “Tenho uma surpresa para você”, disse uma voz masculina do outro lado da linha, doce e despreocupada.Mikhail sentiu o sangue ferver. Sua pele ficou vermelha, as veias de sua testa pulsavam furiosamente.-Quem é você? ele rugiu, sua voz tão profunda que parecia um rosnado.—Pergunto a mesma coisa. Quem é você e por que está atendendo o telefone de Anna? — respondeu a voz do outro lado da linha, com um tom firme que só alimentou a raiva de Mikhail.Antes que ele pudesse responder, Anna saiu furiosa do banheiro, arrancando o telefone dele com raiva queimando em seus olhos.“Iván, te ligo mais tarde”, disse rapidamente ao telefone, sem esconder a angústia na voz.—Anna, mas... você está bem? "Não se preocupe, entrarei em contato com você mais tarde", disse Anna, tentando acalmar a voz, mas sua preocupação só deixou Mikhail mais irritado.Embora ela se regozijasse interiormente, acreditando que havia alcançado seu objetivo de causar problemas