—Me desculpe – recomeçara a garota, colocando a bolsa que carregava em uma pequena mesa – Ben e você o chamavam por um nome diferente, como era mesmo? O Livro dos Desejos? Admito que é bastante apropriado, mas o nomeei como Sexy Notes antes de conhecer suas habilidades e prefiro o chamar assim. Sabe do que estou falando, o caderno com poderes sobrenaturais, mágicos ou sabe-se lá o quê. Aquele com o poder de alterar a realidade.
O rapaz cruzara os braços e recostara em um pequeno armário de aço.
—Me esclareça sobre o que estamos falando, não estou entendendo.
—Não se faça de idiota. Minha paciência é bem curta quando sou enganada – resmungara a jovem lançando o envelope pardo sobre a mesa – Pode conferir, um velho amigo que tenho rastreou a ligação na manhã em que me ligou. Admito que foi intel
—Tem certeza de que não prefere um tablet ou o celular?Jordan esboçara um sorriso debochado quando Sky apanhara o pequenino bloco de anotações e a caneta de dentro da bolsa. Aparentemente, os resultados pela escrita no Livro dos Desejos não tinham afetado a garota.A ruiva levara a tampa da caneta aos lábios ponderando, pensativa. Alguns segundos depois apontara para o sujeito enquanto erguia uma sobrancelha.—Vou te contar um segredo – começara ela – Computadores, smartphones ou tablets não são confiáveis. Se você os perde ou os esquece em algum lugar, alguém sempre pode os encontrar, passar pela sua senha e acessar seus dados. O método mais antigo continua mais confiável.A declaração não parecia exatamente um segredo, mas o sorriso nos lábios da moça indicavam que ela ainda escondida algum
—Compreende por que suspeitei que fosse uma escritora?—Compreendo muito mais coisas agora. E devo lhe parabenizar por acertar em cheio – respondera a ruiva – Mas continuo cheia de dúvidas… Por exemplo, o que acontece se outra pessoa apanhar o caderno e escrever nele? Disse que fui escolhida, mas eu apenas o encontrei…O rapaz bebera um pequeno gole do café com leite.Foi o caderno que a encontrou – pensara sem dizer nada à moça.—Nós tentamos isso. Fizemos centenas de experiências, acredite – dissera com certo ar de decepção em sua expressão – Eu mesmo peguei o caderno das mãos de Ben e escrevi nele. Esperamos por dias, nada aconteceu. Foi como se o caderno soubesse quem escrevia e escolhesse quem obedecer… em partes.Ao menos – pensara a escritora – não haveria perigo caso o caderno
—Tudo bem. Não sou escritor, mas vou tentar explicar da mesma forma que o velho Ben me explicou – dissera o rapaz – Quando um escritor descreve uma cena em um livro, ele aplica nela menos de dez por cento dos elementos visuais que a cena teria no mundo real. Para entender isso, basta fazer perguntas sobre detalhes que não foram descritos na narração, entende?A jovem girara a caneta entre os dedos com um sorriso nos lábios.—Sim. Descrevemos os elementos mais importantes no cenário e os leitores preenchem os itens restantes com a imaginação durante a leitura. Dessa forma, se perguntarmos a dez leitores diferentes sobre suas visões de um mesmo livro, teremos dez respostas diferentes para praticamente tudo.—Exatamente – concordara Jordan apontando para a moça com o indicador – E é aí que o poder do… Sexy Notes entra em aç&ati
Sky suspirara, estreitando o olhar lentamente, procurando se acostumar com a luminosidade do ambiente. Não funcionara. Fechara os olhos logo em seguida, procurando se proteger. Aqueles belíssimos olhos verdes traziam também uma grande sensibilidade à luz. Sentira uma pontada forte explodir bem dentro de sua mente, indício de uma terrível dor de cabeça se aproximando.Seu corpo parecia pesar uma tonelada e suas memórias estavam confusas. O que estava acontecendo? Sentia a boca seca, dores em todas as articulações e a cabeça latejando. Ressaca. Uma ressaca das fortes.Era como se seu cérebro fosse feito de algodão molhado, o que tornava extremamente difícil processar as informações. Tentava se lembrar dos eventos recentes sem sucesso. Onde estivera e onde estava? O que havia feito?Antes mesmo que abrisse os olhos, se arrepiara completamente. Um brisa in
A morena não dissera nada. Abrindo uma gaveta no criado-mudo ao lado da cama onde Sky estava algemada, apanhara um pequeno rolo de fita adesiva e cortara uma tira usando as unhas vermelhas longas e afiadas.—Você é realmente linda… – dissera finalmente – Esses olhos encantadores e esse tom de pele, seus cabelos… até essas sardas têm algum charme. Porém, definitivamente não gosto nem um pouco do som da sua voz – emendara.Antes que pudesse cobrir os lábios da ruiva com a fita, a jovem balançara a cabeça para os lados, agora gritando desesperada.—Espera! Espera! Por favor, me ouça! Apenas uma vez!!!A mulher de vestido negro afastara a fita, a encarando curiosa.—Apenas essa vez – dissera, repetindo as palavras de Sky.—Minha garganta está seca, meus lábios também – respondera Sky,
A morena então molhara o tecido e tocara os lábios de Sky, os umedecendo. Em seguida, enchera o copo com água pela metade e ajudara a ruiva a beber. Sky piscara e a morena lhe limpara os olhos. Era um tratamento estranho.—Esteve desacordada nos últimos dias, por isso não se lembra, mas venho cuidando de você. Não sou sua inimiga, mas também não sou sua amiga e não queira que eu precise escolher uma das opções – voltara a falar.Últimos dias? Dias?!A cada segundo, Sky pensava no pior das mais criativas formas. Havia algo acontecendo e não fazia ideia do que era. E não podia perguntar, pois se irritasse a mulher que a vigiava, não tinha dúvidas de que seria calada.De repente, a mulher voltara a atenção para os monitores. Em um reflexo, a escritora fizera o mesmo. Um homem passava pelas diversas câm
O sujeito erguera as sobrancelhas em tom pensativo.—Irei retirar essa fita – dissera, se aproximando da garota na cama – Temos muito o que conversar. Mas se tentar gritar, serei forçado a amordaçá-la.A ruiva acenara com a cabeça de forma positiva e o sujeito removera a fita lentamente, pedindo que ela não se mexesse para não sentir dor.—Onde estamos? Há quanto tempo estou aqui? – indagara a garota.—Serenity, sei que tem muitas perguntas, mas talvez não haja tempo agora para responder a todas. Prometo que logo entenderá tudo – respondera Ricardo.—Pois saiba que não estou entendendo nada! – exclamara Sky, tentando se controlar – Você matou aquelas mulheres, mas por quê? Vai me matar também?Era uma pergunta idiota – refletira a escritora. Por que ele lhe diria se tivesse intenç&a
Algumas vezes perdemos completamente o controle de nossas vidas. Quase sempre culpamos o destino, outras pessoas e até mesmo a sorte pelos fatídicos eventos que precisamos encarar. A verdade triste e cruel é que só há um culpado pelos terríveis obstáculos que confrontamos.Nós mesmos.Basta analisar calmamente sua linha do tempo para entender que os terríveis infortúnios que se colocam em seu caminho são nada mais que consequências das suas escolhas passadas. Você é seu maior inimigo.Era assim que Sky via o mundo. Era assim que se sentia havia muito tempo. Ninguém era responsável pelas pedras em seu caminho. A ruiva sabia que suas escolhas acarretavam nos resultados que tinha de conviver.E lá estava ela, mais uma vez encarando seu destino da pior forma possível.O pulso direito da escritora estava avermelhado, ralado e doend