O trio caminhando pela calçada era o mais improvável possível.
Era fato que Sky gostava da casa onde morava e fazia de tudo para não ter de deixar a propriedade. No entanto, como toda mulher, a escritora necessitava de coisas que só poderiam ser encontradas no centro da cidade.
E que apenas ela saberia escolher.
—Ainda não acredito que disse em voz alta que a bolsa era falsa – exclamara Isadora – A vendedora claramente queria nos jogar para fora.
—O que eu deveria fazer? Aquela bolsa era um lixo tão barato que a chamar de falsificação foi um elogio. Tenho duas Gucci em meu quarto e reconheço um produto original quando vejo um. Fiquei perplexa – se exaltara a ruiva.
—Admito que foi preciso muita resistência para não rir – dissera Virginia – A vendedora pedindo que Sky falasse mais baixo e a louca falando mais alto.
<Quando as portas do elevador se abriram, o casal saíra para o corredor como se estivesse indo para uma lua de mel. A linda morena de cabelos negros usava um vestido vermelho com uma abertura rente à coxa esquerda e saia que descia até abaixo dos joelhos. O rapaz vestia terno negro e camisa branca. A gravata já tinha sido removida e os dois botões próximos à gola estavam desabotoados.Henry e Virginia formavam um belo casal.Desde o encontro no barco, haviam começado a namorar oficialmente.O rapaz dizia que era melhor anunciar o relacionamento a deixar que outros viessem a pensar que poderiam ter uma chance de conquistar a garota. Sky não entendia como o sujeito podia se dar bem com alguém que vivia tentando decifrar cada palavra que ele dizia e dar sentido próprio a elas todo o tempo.O importante nessa história era que a morena tinha ficado mais dócil depois do in
Embora a noite estivesse maravilhosa após mais de uma dúzia de orgasmos intensos, Virginia e Henry decidiram retornar para Dreamfield. De certa forma, a verdade era que Dreamfield era o lar do casal tinha já algum tempo.Além disso, passear dirigindo um Porsche era um luxo inigualável, contudo, estar longe de casa com aquele carro os deixava mais tensos que relaxados. O menor arranhão naquele veículo teria efeitos desastrosos posteriormente.O retorno renderia ainda algumas horas de viagem, mas aquela noite valera cada minuto investido. E dirigir o Porsche era um bônus. Até mesmo a psicóloga tinha assumido o volante durante algum tempo. Infelizmente, estava chegando aquele momento em que a carruagem voltava a ser abóbora.Pensando bem, a carruagem continuaria sendo maravilhosa, mas retornaria para sua verdadeira dona. Tudo parte de um conto de fadas moderno.Na volta, Henry se ves
Henry ficara observando enquanto o sujeito se afastava do carro. Contara os passos e o tempo usados pelo mesmo para chegar até a porta do celeiro logo à frente. Quinze metros. Um espaço pequeno, perfeito para combate.O lugar onde estavam parecia imerso nas sombras. Felizmente era noite de lua cheia. Em noites como aquela, era mais fácil enxergar as coisas em meio à escuridão da natureza que em cidades com suas luzes intensas e ofuscantes.Após poucos minutos, a porta do celeiro se abrira e um homem saíra.Diferente dos dois primeiros, que usavam jeans e jaquetas de couro negras, o terceiro integrante vestia um macacão amarelo e moletom azul com o capuz a lhe cobrir a cabeça. Não parecia estar armado, mas certamente não era do tipo indefeso. Aqueles caipiras sempre tinham alguma coisa.Se soubessem o quanto veteranos como Henry se esforçavam para deixar o horror e v
Sky estava na garagem, junto de Jordan, Henry e Virginia. Terremoto estava ao seu lado, acompanhando os passos e o olhar da ruiva como uma sombra. A escritora fitava a porta do veículo em silêncio. Pensava em uma justificativa plausível para o que via, ainda descrente de que ouviria.A porta possuía agora diversos pequenos furos na lataria. Uma minúscula e horrível constelação de buracos naquele que era um de seus maiores luxos. Ao se voltar para o casal, vira Virginia claramente em choque e o sujeito mais sério que o normal. Henry era aquele homem sempre sorridente e brincalhão, porém, não naquele momento. Havia um suspense assustador no ar.—O que diabos aconteceu?! – indagara, tentando manter a calma.—Fomos assaltados – respondera Henry diretamente – Queriam o carro.Jordan e Sky foram pegos de surpresa ao mesmo tempo com a resposta.
Sky estava sentada frente ao notebook em seu escritório. Refletia sobre os acontecimentos recentes e sua provável relação com aqueles eventos. A escrita no Sexy Notes refletia no mundo real, isso era um fato, entretanto, a forma como isso acontecia ainda não era clara o suficiente para que entendesse.Os tubarões que vira semanas antes podiam indicar uma escala bem maior do que ela imaginava de efeitos colaterais. Seria possível um ecossistema inteiro ser afetado pela alteração da realidade gerada com o Sexy Notes?Não podia descartar um efeito borboleta de proporções épicas. Ela poderia bem ser o agente do caos, o mensageiro do apocalipse. Mas o que fazer? Sabia que não conseguia ficar sem escrever. O que precisava era aprender como usar aquele poder para realizar coisas boas, melhorar a realidade.As experiências precisavam continuar, contudo, tinha
Após a experiência mais recente no Sexy Notes, Sky passara o resto do dia atenta ao celular, esperando que a qualquer momento Gyselle pudesse a alertar sobre a aparição de uma duplicata de si mesma. Mas não acontecera. Tudo seguira tranquilo, exceto pela forte dor de cabeça, que mesmo com os remédios tomados, não melhorara. Quando a noite chegara, a garota caíra na cama e adormecera logo, dormindo um sono longo e tranquilo. Ao amanhecer, a ruiva acordara revigorada. A dor desaparecera e se sentia tão bem e disposta quanto nunca. Sua primeira ação, antes mesmo de levantar da cama, fora checar o celular procurando por novidades. Nada de novo. Se havia uma cópia dela em algum lugar, não era em Dreamfield. Imaginava que não havia, pois tinha certeza que sua contraparte não conseguiria se manter longe dali, assim como ela não conseguia. Esperaria por mais alguns dias e caso nada mudasse, poderia afirmar que o Sexy Notes não clonava seu Guardião. Se levanta
Nos dias seguintes após se revelar um ás do bilhar, Sky continuara jogando todas as manhãs, porém, decidira mostrar interesse por outras atividades a fim de deixar claro que era uma mulher com potencial multitarefas.Fora dessa forma que nascera a Sky empreiteira, como Jordan a apelidara. A ruiva deixara as elegantes roupas que costumava usar de lado e começara a acordar logo pela manhã vestindo macacão e camisa de manga longa, seguindo o namorado por toda parte. O boné azul e branco com o logo do time de basquete Black Bears da Universidade de Orono, no Maine complementava o visual com o rabo de cavalo cor de chamas à mostra.Não demorara para Sky perceber que não levava jeito com manutenção. Tão logo desistira de perseguir o namorado, a garota passara a perseguir outros dos trabalhadores nas obras. Mais tentativas em vão de descobrir nov
Alguma vez já se sentiram tão seguros que só perceberam uma ameaça bem diante de si quando já era praticamente impossível evitar? É o tipo de coisa que costuma acontecer com pessoas orgulhosas, que se sentem sempre no controle de suas vidas e acreditam que seus castelos de cartas são inabaláveis.O problema em todos os castelos de cartas, no entanto, é que basta um leve sopro para mandar tudo ao chão. E era exatamente como Sky se sentia.Fazia três dias que Morgana estava em Dreamfield e a ruiva já sentia o cheiro de problemas no futuro. Tudo começara bem e parecia fluir bem, porém, a ruiva sabia quando havia mais nas entrelinhas do destino.Isadora e a psicóloga haviam conhecido a loira através da escritora. Morgana e Sky tinham um passado, histórias de escola, de adolescência e isso chamara a atenção das amigas logo d